Hoje cedinho eu liguei a TV antes de me levantar e, por acaso, parei na reprise da Oprah quando a mesma dizia "não saia daí" pois logo ela iria entrevistar a criadora do Crepúsculo que virou febre entre adolescentes e pré-adolescentes.
Não deu outra, fiquei ali plantada enquanto rolavam os comerciais, pois eu confesso que fiquei curiosa em ouvir da própria re-inventora acerca da história dela sobre o amor entre um vampiro e uma pobre mortal.
Stephenie Meyer, o nome da moça.
Uma simples dona de casa, mãe de três filhos - formada em Literatura e que confessa nunca ter escrito nem diário na adolescência e muito menos visto filme de terror - torna-se famosa de forma absolutamente casual, quando um belo dia (digo, noite) tem um sonho, digamos, diferente.
E é justamente aquela cena em que a menina encontra o galã-vampiro na floresta e que serve de chamada nos trailers. E que a gente assiste mesmo não querendo.
O que me chama à atenção é o frenesi dela quando acorda e corre para colocar no papel tudo que sonhou, com riqueza de detalhes. Segundo ela, aquilo seria o início de algo que jamais imaginaria e que depois veio a ser fenômeno editorial e de bilheteria.
E foi só ela escrever o sonho e logo vir inspiração como em uma enxurrada para a formação de uma história.
Aliás, uma saga.
Segundo ela mesma contou na entrevista, o sonho seria o meio e então ela começou a escrever sem parar o começo e o desfecho, a partir daquela descrição literária que ela fez do próprio sonho em seus mínimos detalhes.
E deu no que deu.
Ainda segundo ela, com muita insistência da irmã, ousou colocar no mercado em forma de livro, porém nove agentes rejeitaram o trabalho. E ela quase desistindo. Foi quando o décimo disse: gostaria de ler novamente.
Depois, com o incentivo da mãe veio o filme...
E deu no que deu rss.
Aí eu me pergunto: como uma dona de casa reinventa com tanta propriedade tema tão recorrente?
Pois a princípio trata-se do velho conto de fadas às avessas no qual a pobre menininha mortal, frágil e indefesa, dá de cara com seu lindo e eterno protetor com aquele inexpressivo olhar de peixe morto e a cara de pancake factor number one.
Ora, não precisa ser especialista em comportamento humano pra sacar como é que uma simples dona de casa, lá pela casa dos trinta, tem um sonho desse naipe.
Inclusive - diga-se de passagem - uma jovem bonita, descolada, simpática, alegre... (Claro, né? Hoje! He He he pois ela contou sim, dos conflitos quando o intrigado marido queria o único computador da casa que ela monopolizou alegando usar apenas para uma brincadeirinha de passar o tempo).
Bem, até aí nada contra nem a favor. Muito pelo contrário.
Só acho que - xiii lá vem o meu achismo :P - sempre que se explora publicamente esse tal devaneio adolescente reprimido, inevitavelmente rende louros, fama, cifras... em cima de adolescentes, pré-adolescentes quase crianças que poderiam estar lendo ou assistindo outros temas literários mais proveitosos e ainda conforme a faixa etária.
É somente isso que me entristece.
Pois pode até parecer uma coisa boba, uma fase inofensiva, quase pueril, mas que só tem mesmo o enorme poder de idiotizar, como diria meu filho Léo.
Enfim, a Lua Nova vem aí...
Lá nos esteites já está no topo dos mais vistos.
E eu sigo fazendo o tipo não li, não vi, não gostei :P
E eu sigo fazendo o tipo não li, não vi, não gostei :P
3 comentários:
Irmã Regina, só para apimentar este "sonho" a Stephanie Meyer é mórmon, veja: http://lugarmormon.blogspot.com/2008/12/mormon-stephenie-meyer-depois-do.html
Seguidora de outro "sonhador": Joseph Smith. hummmmm....
Idem: "não vi, não li, não gostei". Assim como nunca li o tal do Paulo Coelho, Augusto Cury e tantos outros.
Eu aprecio boa literatura, e não posso conceber isso como literatura, mas - perdoe o linguajar - lixo.
O pior de tudo é que essas publicações andam fazendo a "cabeça" da nova geração, amante do internetês - essa coisa travestida de linguagem (rssss).
Ricardo
Ricardo
De Augusto Cury eu já li frases e até crônicas que me mandam por lista de e-mails, não posso negar.
Tem uma pérola dele que diz que as pedras que forem colocando no nosso caminho a gente deve guardar pra construir um castelo lá na frente. Metáforas à parte, pra que eu vou guardar coisa tão pesada e que ocupa tanto espaço?
Do Paulo Coelho nunca li toda nem sinopse de livro e é porque de vez em quando até que eu dou uma esticada de olho nesses lixos só pra me situar rss mas esse particularmente nunca me atraiu mesmo.
Márcio
Ah, agora sim, tá explicado.
Esses sonhadores que se enriquecem "casualmente" à custa de alienação (própria e de outrem) não me parecem muito românticos...
Depois que você falou sobre o Joseph Smith fui ler rapidinho o início de tudo lá no Mr. Google rss acerca do sonho/visão dele totalmente "viajado".
Valeu pela visita e participação!
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