"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

Translate

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Imagens Sacras

Evangélicos e outros grupos sociais querem espaços ecumênicos. Promotor disse que vai fazer audiência pública para tomar decisão.O pastor Robson da Silva, presidente da Associação Evangélica Piauiense, entrou com uma representação na Promotoria de Justiça do Piauí para que sejam retiradas as imagens sacras dos prédios públicos do estado.O documento foi entregue ao promotor Edilson Farias, na segunda-feira (17), e tem a assinatura de integrantes de outras nove entidades sociais.
"Queremos a retirada de imagens de santos, pois elas representam apenas uma religião, e transformar os espaços públicos em templos ecumênicos", disse o pastor.O promotor afirmou que vai fazer uma audiência pública para avaliar o pedido, mas entende que a representação é coerente. "O símbolo da Justiça é uma deusa cega, portanto, todos devem ser iguais e ter os mesmos direitos. Todos esperam que o Estado seja laico. Se há figuras representativas de apenas uma religião nos espaços públicos, entendo que isso não ocorre com objetivo de agredir uma ou outra religião", disse Farias.Para ele, a presença das imagens sacras, principalmente em prédios da Justiça, faz parte da cultura do país.
"Estamos em um dos países com o maior número de católicos no mundo. É até natural que existam essas imagens de santos nos plenários, nos tribunais e nos fóruns. Vamos analisar a representação e ver o é possível ser feito para oferecer um espaço que contemple todas as religiões", disse o promotor.
G1/Notícias Cristãs

-------------------------------------------------------------------------
Há muito tempo eu queria escrever algo relacionado a imagens e hoje me inspirei lendo essa matéria, pois convivo com muita gente exatamente assim com esse perfil e que se sente muito incomodada na presença de imagens ditas sacras (lat. sacru = sagrado); e o que sempre me intrigou foi esse incômodo extremamente visível, como se tais imagens tivessem o poder de alcançá-las com uma ação maléfica de forma contundente.

Tenho percebido que se trata de algo muito paranóico por ser diretamente ligado a um medo infundado cravado na alma por des-orientadores doutrinários, especialistas em manipular textos sem contextos e assim neutralizar/distorcer/anular/reprimir valores e convicções pessoais do seu rebanho, acendendo e/ou reacendendo crendices e superstições culturais e religiosas. Falo de cátedra, pois houve uma época em que prosélitos legalistas quiseram imprimir essa neurose em meu coração e eu não permiti, repudiando com veemência embora à época não soubesse bem o porquê. Nessa mesma época, uma amiga evangélica, dita bem informada, psicóloga, mas terrivelmente presa à doutrina denominacional, não usava vela de jeito nenhum, não tinha quem a obrigasse. Viajava tanto nos ensinamentos adquiridos na escola dominical, que já adulta podia faltar luz elétrica à vontade, mas a casa dela ficava no escuro! Afinal, vela é o povo católico que acende pra santo e Deus- a própria Luz- não precisa dela.
Tanta confusão naquela alma tão querida me intrigava e eu imaginava em que momento se deu o início dessa prisão voluntária a um ser essencialmente pensante.

Voltando ao texto acima, percebe-se claramente na colocação do próprio evangélico o reconhecimento de que o símbolo da Justiça é uma deusa.
Embora "cega" ... É uma deusa!
(Uma deusa grega mas nossa herança no Direito tem origem romana, vale lembrar.)
Porém essa deusa não incomoda... Por ser laica!
Inclusive ele até a aceita... Por ser ela imparcial!
Ainda que seja uma deusa representada por uma simbologia que remonta a mitologia grega... Pode reinar tranquilamente!

Eis o paradoxo!
Ora, se ela, enquanto deusa da mitologia grega, dita normas de direitos iguais, então ele - como porta-voz de um grupo específico - não estaria sendo confuso e contraditório em suas convicções e argumentações?
E também com aquela imagem - a imagem da deusa - não havia nenhum problema, pois estando ela vendada não incomoda? Sendo assim, é ele mesmo quem atribui vida às que não estão vendadas.?

Senão... Por que essas imagens em espaços públicos o perturbam tanto?
Ora, o bom senso me diz que se de fato, ele tem convicção de que tais imagens não representam nada, naturalmente ele as ignore. Simples assim.
Ou então... Que convicção é essa que se abala com uma simples presença inerte?
Não estaria ele mesmo vendado em sua própria alma?

São questionamentos que me trazem à memória situações flagrantes onde algumas pessoas se percebem visivelmente perturbadas com a presença de certas imagens, chegando a evitar/repudiar lugares com as tais. Aliás, o evangélico é radical, rígido, rigoroso, sempre seguindo a linha anti-católica que o coloca permanentemente de sobreaviso, julgando tudo como a clássica maldição ora resultante de ensinamentos legalistas.

Falo anti-católico porque é com a ICAR que ele se sente ameaçado, já que esta é a denominação que iniciou cultural e religiosamente a nossa sociedade. Ele é anti-católico, ou seja, não cultua as coisas ditas católicas, mas lê e aprecia livros espíritas, consulta tarô e numerologia, assiste e deleita-se quase com devoção assídua a novelas que enfocam adoração a deuses exuberantes que enchem a vista com suas belezas e atrativos coloridos. Se fosse para filtrar e reter o que é bom eu diria que viria de uma mente sã, mas tudo isso só acrescenta mais conflito, mais dúvida, mais receio e mais... Contradição!

É tanto, que a ênfase para o rótulo de evangélico no texto em questão me leva a constatar mais uma vez que os evangélicos se ofendem com tudo, os melindres estão sempre à flor da pele levando tudo para o lado pessoal, agindo como se o mundo estivesse o tempo inteiro conspirando contra eles em paradoxo desconcertante ao que dizem de si mesmos como irrepreensíveis e cheios de entendimento.
O que qualquer criança de seis anos entende claramente como reflexo de uma auto-estima extremamente avariada, em outras palavras eu diria ser fruto de uma alma profundamente adoecida.

No texto acima destaca-se o apelo de que todos esperam que o Estado seja laico, mas que reflete mesmo é o achismo de uma minoria que realmente acredita que ali estão imagens puramente religiosas que têm algum poder (no mínimo, o poder de incomodar sua visão assustada) quando tais imagens são mera arte sacra, fruto de uma cultura católica que, de fato, nunca perdeu a oportunidade de fazer a velha apologia velada e tendenciosa através da arte, mas que nada dizem à consciência.

Observe-se ainda que seu maior receio é ver lugares públicos transformados em templos ecumênicos.
Ora, são muitos os apelos.
Mas... e daí? Se titubeamos diante de qualquer ameaça nos firmamos em quê exatamente?
Por que esse receio? Ele não tem suas próprias convicções?
Afinal a fé não é fincada em nada que se veja ou em paredes que se pegue e menos ainda em nada absolutamente institucionalizado.

Ou será que o Reino que lhe foi pregado tem alguma aparência com o que Herodes temia perder?

Isso me faz lembrar o comentário sem nexo e total expressão de pavor que presenciei no rosto de uma denominacional convicta quando se atribuiu ao atual representante da ICAR em dia de ovo virado, a afirmação bombástica de eliminar as igrejas evangélicas da face da terra. Aquilo me intrigou e me fez perguntar a mim mesma onde estaria o Deus daquela mulher tão apavorada.

Portanto em vez de temer tanto essa iminente e perturbadora fusão, ele devia acalmar o coração e relaxar, pois que esse ecumenismo proposto é uma questão bem mais política não refletindo exatamente a sua consciência. Ou reflete?
Aí eu pergunto qual o ato mais "nobre": o do manipulador (político) ou do segregador(religioso)?

O que eu vejo é que algumas denominações tendem a doutrinar os seus fiéis de forma equivocada e perigosa, colocando a velha canga do proselitismo, induzindo-os a não pensar por si e fazerem acreditar que o mundo (citado metaforicamente por Jesus no NT e pelos autores das cartas) é um espaço físico.

Seria interessante/urgente ele rever os ensinos e doutrinas que lhe foram impostos para, a partir daí reformular conceitos e definições que o levaram a tanta neurose. Sim, porque o Evangelho da Graça é para nos proporcionar a plenitude que nos leva a experimentar paz e serenidade em meio às diversidades com as quais convivemos e não para formar cidadãos covardes que tremem diante de imagens.

A aliança que Deus fez com o homem por meio da Cruz nada tem a ver com essa entrega maluca; essa entrega cega ao deus-denominação que oprime e destrói a essência do ser, levando-o a experimentar emoções, arrepios e sensações esquisitas que enganam o próprio coração, angustiando-o.
Ora, aquele que crê descansa no amor de Deus!
E a paz que excede todo o entendimento instala-se em seu coração de tal maneira que toda angústia de ser-e viver-e estar em meio a imagens ameaçadoras é substituída pela alegria e serenidade de se saber que se vive, não em consciência coletiva cauterizada que distorce e asfixia, mas conforme A Verdade que liberta.

RF



Gente humilde

Gente humilde
Composição: Vinícius / Chico Buarque / Garoto

Tem certos dias

Em que eu penso em minha gente

E sinto assim

Todo o meu peito se apertar

Porque parece que acontece

De repente

Como um desejo de eu viver sem me notar

Igual a tudo, quando eu passo

Num subúrbio

Eu muito bem, vindo de trem

De algum lugar

Aí me dá uma inveja

Dessa gente

Que vai em frente

Sem nem ter com quem contar

São casas simples

Com cadeiras na calçada

E na fachada, escrito em cima

Que é um lar

Pela varanda, flores tristes

E baldias

Como a alegria que não tem

Onde encostar

E aí me dá uma tristeza

No meu peito

Feito um despeito de eu não ter

Como lutar

E eu não creio

Peço a Deus por minha gente

É gente humilde

Que vontade de chorar

domingo, 10 de maio de 2009

Dia das Mães

Nesse dia das mães, quero prestar uma homenagem diferente.
Quero homenagear os meus quatro filhos.
Sim, pois sem eles eu nunca teria aprendido a ser mãe.
A ser gente capaz de cuidar de gente pequena.
Gente pequena que vira gente grande e faz a gente criança.

Agradeço-lhes pela dor física do parto natural de um deles e da anestesia dos outros três, que me fizeram ver a importância acerca da existência humana.
A mostrar de forma sutil e gradativa que eles não são meros subprodutos de uma função biológica.
Agradeço-lhes pelo início atrapalhado e inseguro que induz à segurança e serenidade.

Agradeço-lhes por tudo que me tornei... com eles:
Pela consciência da responsabilidade conferida por Deus através de cada um.
Pelas vezes em que tive que decidir pelo rigor e pelas repreensões da disciplina.
Pela oportunidade da tarefa de instruir no dia a dia.

Obrigada pelos filhos que se tornaram.
Por me apoiarem.
Por continuarem me ensinando a ser mãe.

E desse modo exclusivo que só eles sabem:
Na crítica construtiva e amorosa.
No incentivo velado a mudança de atitudes e sábias decisões.
Na seriedade que me faz refletir sobre meus próprios equívocos.
No bom humor constante que reacende o meu.
Na maturidade que me amadurece.
Na alegria que me contagia.
Na energia e disposição que me rejuvenesce.

De vez em quando alguém me pergunta qual meu filho preferido.
E a minha resposta é sempre a mesma.
Deus sabe que é sincera: é como se eu tivesse apenas um filho!

Louvo a Deus pela vida de cada um!

Beijos!

R.



“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará ele”.
(Provérbios 22.6)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Profissão: MÃE

Sempre acordo cedinho pra começar o batente que não é nada fácil - mas tiro de letra rsss- e hoje dei uma de desocupada ficando um tempão colada na janela admirando o início de uma construção que começou por esses dias aqui ao lado.
Imagine a barulhada logo cedo, pois eles não estão pra brincadeira, não.
Ultrapassando os limites legais começam a pancadaria às vezes até mesmo antes das sete da manhã.
Pode uma coisa dessas?!
Enfim...
Lá estava eu observando mais um tapa-visão sendo construído quando meus olhos se desviaram casualmente para o prédio ao lado.
Então eu vi uma cena que me prendeu a atenção fazendo-me refletir e voltar no tempo.
Enquanto uma babá esperava a jovem mãe despedir-se do bebê para ir trabalhar, um pouco mais à frente a colega empurrava um carrinho com outra criança mais ou menos da mesma idade; menos de um ano de idade, com certeza.
Aquela cena carinhosa em que a mãe segurava o filho, retardando sua saída por alguns preciosos minutos e certamente fazendo as recomendações de praxe, mexeu muito menos comigo do que o ato seguinte. Aquele em que, inevitavelmente a mãe sai de cena e a babá segurou a criança.
Caramba...
A forma como ela segurou a criança! Essa cena eu queria ter registrado, publicado, denunciado!
O desleixo, o descuido, o desinteresse, todo aquele contraste com a cena anterior me chocou e naquele momento muita coisa me passou pela mente.
Enquanto as duas babás saíam displicentemente em direção ao playground fiquei pensando nessa coisa muito estranha de ter que ficar longe dos filhos para trabalhar.
Irônica e estranhamente, outras pessoas - geralmente sem nenhum vínculo afetivo com a gente - passam muito mais tempo com os nossos filhos para que nós, mulheres, ajudemos no orçamento.
Outras pessoas assumem o papel dos pais porque o pai e a mãe não têm tempo para o próprio papel.
E assim, mães precisam trabalhar para suprir as necessidades materiais que elas julgam necessárias aos filhos que vão ficando numa espécie de orfanato particular.
Então eu volto no tempo e agradeço a Deus por ter tido todo o tempo do mundo para ficar com meus quatro filhos pequenos.
E não por falta de ambição ou época de submissão ao macho. Pelo contrário, pois mesmo sendo início dos anos oitenta, a queima de sutiãs ainda ardia no peito de algumas mulheres inteligentes que mesmo clamando por liberdade, não abriam mão de serem mães presentes.
Orgulhosamente, eu era uma delas, pois também nunca abri mão do uso do bom senso e da lucidez que Deus me deu.
É claro que podia ter usado todo meu potencial para ser alguém no mundo profissional, afinal ao casar aos vinte e um anos, cheia de energia e de planos, trancara matrícula de curso de
Odontologia que eu adorava fazer e cursava há quase dois anos.
Poderia perfeitamente correr atrás de mais dinheiro para aumentar a renda e usufruir mais e mais coisas.
Mas resolvi assumi o meu papel de mãe em tempo integral. E vejo hoje claramente o quanto valeu!
E agradeço a Deus!
Analogamente - e de modo inevitável - volto à construção acima, detendo-me nos alicerces, na fundação, na sólida base sendo edificada gradativamente.
No cuidado e no rigor das minúcias que desfazem os equívocos do pseudo-alicerce, driblando transtorno futuro.
Transtorno que muda a ordem natural das coisas; que levanta edifícios sem muita base, com meia fundação.
Algo meio sem fundamento que gera as desconstruções...
RF