"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Quanto a profecias...




Penso que talvez a pior tragédia que possa acontecer na vida de uma pessoa sugestionável, seja ela ir parar em uma igreja caracterizada pelas profetadas.  Daquelas que gritam, na presença de todos, uma sentença de morte que lhe arrepia até o último fio de cabelo. 


Ora, eu não creio que o Espírito de Deus tire a roupa das pessoas em público. O anjo Gabriel não visitou Maria numa praça pública, nem a Isabel numa ala feminina de nenhuma sinagoga judaica. Ana, mulher de Elcana e mãe de Samuel, também estava sozinha no Tabernáculo. Quando olho para o modo de Jesus tratar as coisas, também não o vejo fazendo esses shows de profecia pública. Ao contrário, Ele pediu muitas vezes que não o expusessem à publicidade e algumas vezes curou e solicitou que ninguém ficasse sabendo. 


Creio em profecia, mas não creio na maioria das profecias que ouço. Aprendi que Deus é discreto. 'Pelo mar foi o Seu caminho, porém não se acham os Seus vestígios', nos diz o salmo 77. O que há, é muita profecia que não passa de pré-faccia; assim também como aquelas que são apenas exercícios estatísticos que o matemático Oswald de Souza também poderia fazer. A maioria das profecias se deriva daí. São aquelas generalidades usadas a fim de se estimular os incautos. Vê-se uma mala pronta para viagem, um varão chegando para uma menina solteira, um chamado ministerial para um garoto que não sai da igreja, um grande futuro para alguém que fala bem e muita tristeza para a pessoa mais amargurada do ambiente.


Além disso, há também muita paranormalidade no meio cristão que é entendida como profecia. Há pessoas que são capazes de dizer o que você tem escondido - e sabem isso, não porque receberam uma “revelação de Deus”, mas apenas porque são dotadas da possibilidade de lerem, até inconscientemente, as emissões que procedem da mente-cérebro dos outros. E quando o ambiente é o da crença, então tudo vira “coisa de Deus”. Assim, inúmeras tragédias acontecem em razão disso. 


O mais chocante nessa história, é quando o “profeta” dá-se ao trabalho de dizer que você vai morrer. Sinceramente, minha irmã, meu irmão, eu não consigo ver Deus agindo assim com ninguém. A nossa ignorância do futuro é pura Graça de Deus e o que vejo aí é uma sequência nefasta: uma sugestão que gera um espírito de medo que deflagra um processo de morte.

Entrega-se uma 'profecia' a alguém e se diz o que vai acontecer. E a mente se encarrega de fazer acontecer, para o bem e para o mal. O nome disso é pré-faccia. Muitas pré-faccias são sugestões, e há aqueles que ficam sugestionados pelo que ouvem. É a tal da 'profecia-auto-realizada'. Dá-se um 'script' e a pessoa vive para realizar aquilo, consciente ou inconscientemente. 



Ora, o medo mata. Mata mesmo. Ninguém brinque com isso. Há pessoas que, literalmente, morrem de medo. Assim como há pessoas que matam com o medo. O que você acha que acontece na Macumba ou nos cultos de maldição e ameaça? Já vi pessoas viverem para realizar item por item de pré-faccias que lhes foram sugeridas; e, realizam-nas até ao fim. E pior: Deus não tem nada a ver com isto.



O que é alarmante é que a mente sabe matar o corpo. Doenças psicossomáticas são a prova inconteste de que isso acontece, gerando câncer ou qualquer outra doença, e também acontece deflagrando outros processos, igualmente mortais.

Não creio que Deus age com 'estratégias' mórbidas. Ele estava em Cristo. Logo, Ele se parece com Jesus. Você pode ver Jesus chamando uma mãe e entregando a ela uma sinistra 'palavra profética'? Posso ver um bruxo fazendo isso, não um profeta de Deus que esteja cheio de Graça. Aliás, mesmo que tal 'revelação' venha de Deus, ainda assim, um verdadeiro profeta não trataria a profecia de maneira cruel, insensível e irresponsável. E, infelizmente, há até quem diga: “Viu? Não creu, mas Deus cumpriu a Sua Palavra”. Tais "profetas', muitas vezes, sentem-se até bem quando “suas palavras não caem por terra”.


Só mesmo juntando esses caras pelo cabelo e levando todos eles ao ribeiro de Quizon, como fez Elias. A Bíblia diz que a boca - as palavras, a língua - carrega o poder da morte. Tem gente que pensa que isso é coisa boba. Mas não é. Palavras podem matar. Agora, pergunte-se a esses mesmos profetas de meia tigela que falam desse ‘Dia da Grande Partida’, qual deles quer chegar primeiro lá. Garanto que nenhum desses irresponsáveis quer ser dos primeiros da fila. Entretanto, ibope, eles querem, dando uma de macumbeiro de quinta.



Dói-me ver como a vida humana é tratada no meio evangélico do mesmo modo como é tratada na umbanda, na macumba ou na quimbanda... Usando largamente o nome de Jesus!



A propósito de adaptações...
Adapto textos do CF com toda tranquilidade pois sei o que ele pensa a respeito. Inclusive vez por outra faço minhas adaptações e é claro que é sem querer desmerecer o original, mas para 'enxugar', simplificar, sintetizar, dando uma nova roupagem. Sempre dando a linkada básica, claro. Mesmo assim, um autor de uma dessas adaptações me surpreendeu dando piti dia desses, o que gerou em mim apenas ótimas risadas... E outro texto! Taí:
Bora crescer, né?
R.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O fio da meada.

Ultimamente, embora não tenha tido inspiração para escrever no meu blog e nem mesmo esse tempo todo disponível, tenho visitado determinados blogs... Engraçado isso, pois me considero em fase de desintoxicação urgente e necessária rss.  E, embora não saiba bem a que se deve essa visita constante - que já me deixa bem familiarizada e confiante para falar à vontade - confesso que me atrai tamanha lucidez e compreensão em gente tão jovem, ainda que seguindo os passos de certa denominação religiosa, digamos, tão fechada. Certamente é essa dobradinha que me fascina, pois, bora combinar, poucas são as pessoas  ali que se abrem, desarmadas e transparentes...

Bem, mas eu estou querendo mesmo é destacar um trecho de um comentário do multifaces misterioso que, vez por outra, dá o ar da graça (graça?!) no blog do meu amigo Hélio. Na verdade, eis a expressão que muito me chamou à atenção no trecho do comentário: 'o fio da meada'. (E até fiz meu comentário lá também. Mas aí eu tive a ideia de rearrumá-lo e transportá-lo para cá).

Eis a pérola:

“Os SANTOS PADRES e os imperadores cristãos deram forma e corpo àquilo que você deve chamar de Novo Testamento, determinando o valor ou conveniência desse ou daquele texto. É por isso que o protestante se perde na compreensão da Escritura. Ele não tem o "fio da meada" guardado sob as chaves de Pedro e segundo a Tradição Patrística”

Com a leitura desse fragmento de texto colocado acima entre aspas, me pego refletindo sobre o quanto a religiosidade é algo acirrado nas mentes das pessoas, tornando-as obtusas.

Em pouquíssimas palavras, enquadrou-se tudo -  denominação religiosa, gurus espirituais, líderes religiosos, obras, tradições... - só não teve espaço para o nome de Jesus. Ele está simplesmente EXCLUÍDO. Até da própria história, imagine da própria existência. Enfim, diz a Palavra que a boca fala do que o coração está cheio... Não é de se admirar que a briga é sempre entre os que estão dentro de determinada 'igreja'. Afinal, o chamado de Jesus é 'para fora' desses arraiais religiosos que alimentam a crença em detrimento da fé. Porque, note-se, a tônica ali naquelas poucas palavras é a crença. E não, a .


Considere-se ainda que há uma diferença gritante entre crença e fé. Crença tem sempre a ver com algo externo, um pacote de doutrinas que se segue, que se professa, que se defende conforme a cultura religiosa absorvida e aceita como 'certa'. Observe-se que CRENÇA está sempre ligada à exterioridade, a uma coletividade, a um grupo religioso.

Fé é algo que não aparece, não se mostra, por estar/ser relacionado à vivência estritamente pessoal. Independe de crença, de denominação, de normas igrejistas, de guru espiritual tal me dizer como devo conduzir minha vida.

Em algum momento você vai ter algumas experiências PESSOAIS, alguns insights que vão te dizer a respeito de fé, sem que precise de nenhum LUGAR, nenhum espaço geográfico; e de nenhum local denominacional criado por um líder que foi endeusado através de décadas só porque fundou determinada igreja debaixo de fogos de artifício celestiais. 

Essa experiência, esses insights, são pessoais e intransferíveis. Isso é presente de Deus, liberdade concedida a TODOS os seres humanos. O que eles vão fazer com isso... aí é que tá! Se vai ser saudável ou opressor, se vai ser engaiolado ou livre de amarras religiosas. 

Por outro lado, não podemos fazer vista grossa e passar ao largo das doenças da alma que assolam os átrios religiosos oprimindo as pessoas e fazendo-as alienadas e infelizes em nome de uma eternidade que as fazem viver uma emocionalidade coletiva e um inferno pessoal aqui e agora. (A própria História que o diga!)
Daí estive pensando quem terá sido que perdeu o fio da meada...
Se foi aquele que, pela fé, professa o nome de Jesus ou aquele que adora aplaudir as próprias crenças como se estive em um concurso. Sim, pois certo tipo de discussão não se baseia em fé, mas em meras (des)crenças. 

Ora, na fé não se precisa provar nada, a crença é que se alimenta de analogias, pressupostos e performances. Na fé, atendemos a um chamado de Deus para conhecê-Lo; na crença, atendemos a religiosos que nos sufocam com um kit informativo/cerimonioso supostamente sagrado. A fé não impõe rótulos que nos justifiquem; a crença indica a importância histórica do currículo espiritual, exaltando chefes 'espirituais', reis e imperadores, com o que eles disseram e o que deixaram de dizer. Na fé, a nossa experiência é diretamente com Deus, por meio de Jesus. Na crença, a experiência é meramente religiosa sempre baseada no comportamento exterior.

Tem gente que prefere a complexa coletividade religiosa, a ser simplesmente discípula de Jesus; prefere idolatrar a tradição que levanta muros, a cumprir o ministério da reconciliação; prefere defender com unhas e dentes a sua facção, a reconhecer uma verdadeira irmandade na comunhão com aqueles que discerniram o mistério de Deus em Cristo; prefere briguinha de comadres do que anunciar essa Boa Nova, esse Amor; tem o maior prazer em repartir a pizza religiosa entre as quatro paredes do templo sagrado, a viver/conviver/celebrar com aqueles que também amam o mesmo Amor que a eles se revelou em Cristo. Ou não se revelou?


Enfim... Quem sabe um dia a gente cresce, deixa as coisas de menino de lado e, então, larga a crença de mão... E abraça a fé! E aí, meu irmão, não há como se perder o fio da meada.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Uma transgressão chamada EVANGELHO




Toda transformação no mundo, toda mudança, toda rebeldia, toda novidade e criatividade, tudo que realmente teve relevância na sociedade no segmento da invenção, da música, da ideia, da política, da liberdade, tecnologia, medicina, foram gerados por jovens, pelo espírito jovem.

Jovens são, na sua essência, transgressores, não só da lei, mas principalmente transgressores das regras em geral. Fale para um jovem que: “não pode ser feito”, e isso vai motivá-lo a fazer. Porque o impossível não existe para os jovens, a linha limite entre o que pode e o que não pode ser feito, definitivamente não é relevante para quem tem um espírito jovem.

Uma palavra que eu gosto de usar para definir o Evangelho é : SUBVERSÃO. É como se algo viesse por baixo, na contra mão de tudo, e em algum momento se levantasse e virasse a mesa! Há uma transformação das Leis de Deus e dos métodos dos homens. Enquanto a religião fala que só alguns são especiais e têm poderes do alto, o Evangelho fala que TODOS são especiais, que não é o “poder” de um homem que faz a diferença, mas o poder de Deus.

Gosto especialmente da palavra ‘revolução’ associada ao Evangelho de Cristo. Essa palavra é JOVEM e forte! Gera mudança; não é conformista nem tímida, nem tão pouco medrosa. Revolução é contagiante, envolvente, quente e perfeita para definir o Evangelho para jovens!

É tão louco isso, chega a ser diferente de tudo! A REVOLUÇÃO causada pelo Evangelho não pega em armas, não agride, não é violenta, não causa morte nem amputações, não ofende ninguém -  A não ser os religiosos fariseus.  A revolução do Evangelho gera VIDA, perdão, amor, amizade, carinho, compaixão e mudança de atitude.  O Evangelho revoluciona a própria palavra “revolução”. Onde esperávamos guerras e subversão, encontramos paz e harmonia numa revolução de amor. E essa “transgressão” faz do Evangelho o que ele é hoje: um elemento contraditório, contra a maré. Ele não é apenas CONTRA a sociedade capitalista, mas ele é especialmente CONTRA aqueles que querem ser os donos de Deus e se dizem superiores aos outros por isso.

Uma palavra que define a juventude é: TRANSGREDIR. No entanto, como definir a juventude? O que é um jovem? Como podemos definir quem é jovem ou não? A princípio, a idade define a juventude, mas isso não é tudo, porque o fato é ‘amadurecimento’, que é diferente para cada pessoa. Alguns são maduros aos 20 anos, outros são imaturos aos 50. Ninguém consegue chamar um homem de 78 anos de jovem, mas é assim que a juventude é. Ela é interna, transgressora, e por essa rebeldia nata, não se permite definir por algo tão desimportante quanto a idade cronológica.

Para ser jovem, basta sentir-se desconfortável com algumas situações que a vida lhe apresenta. Um ‘desconforto’ que vai além da insatisfação, a vontade de mudar o mundo, a começar por mim. Isso se chama Evangelho, um desconforto chamado Evangelho para jovens.

O Evangelho é assim: feito para jovens que não querem os métodos antigos, não apenas jovens de pouca idade, mas para os jovens de espírito, que não são limitados pelas grades das prisões religiosas. O Evangelho é para jovens, só para jovens. 


Inclusive para jovens com mais de 78 anos...



Na íntegra AQUI <---




quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vossos filhos não são vossos





Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.
( Gibran Khalil Gibran )



Leitura Complementar: Nossos filhos não são nossos