"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Celebração da Ceia do Senhor




Em muitas igrejas os diáconos são encarregados da preparação antecipada da Ceia do Senhor. Esta é uma honra que estes servos de Deus têm diante da igreja local. Devem zelar para que os elementos sejam apropriados tanto em qualidade, como o corte do pão e a distribuição do cálice, e ainda a disposição na mesa. Todavia, após o término do culto, eles são responsáveis pelas sobras dos elementos da Ceia. 

A pergunta é: o que fazer dos elementos que sobraram?


É quase impossível estabelecer uma regra absoluta quanto ao assunto. Devemos nos orientar por um princípio geral, isto é, que o preparo, o manuseio, e o eliminar dos elementos devem evitar qualquer superstição, erro doutrinário, ou a prática da veneração do pão e do cálice, antes, durante ou após a celebração da Ceia do Senhor, atribuindo-lhes algum poder inerente, ou valor permanente

A Confissão de Fé de Westminster declara que "os elementos exteriores deste sacramento, devidamente consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm tal relação com o Cristo Crucificado, que, verdadeiramente, embora só num sentido sacramental, são às vezes chamados pelos nomes das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo; se bem que, em substância e natureza, conservam-se verdadeiro e somente pão e vinho, como eram antes." 

Há diferentes práticas adotadas pelas igrejas evangélicas:

1. Muitos guardam as sobras, tanto do pão como do cálice, para a próxima realização da Ceia. O problema é que quando a celebração seguinte demora, ou sendo realizada mensalmente, os elementos podem não ter a mesma qualidade, por causa da fermentação, decomposição, ou até mesmo por serem inaproveitáveis por causa da sua inadequada preservação.
2. Em alguns casos há diáconos que após o culto, enterram as sobras do pão e do cálice. Mas, isto apenas aumenta a ignorância e piora o misticismo irracional que, diga-se de passagem, é uma herança do catolicismo romano.
3. Há aqueles que jogam no lixo as sobras da Ceia. O fato de se jogar fora pode ser por não querer aproveitar os elementos, porque uma vez cortados não é possível aproveita-los para uma refeição posterior. Mas, corre-se o risco de fazê-lo pelo mesmo motivo daqueles que preferem enterrar.

Esta confusão é desnecessária, mas ofende a consciência de alguns amados e sinceros irmãos que não foram corretamente instruídos sobre a natureza da Ceia do Senhor. 

Eis alguns motivos desta comum confusão:

1. Por serem instruídos sem base nas Escrituras a divinizar o pão e o cálice inconscientes da heresia que estão praticando.
2. Por esquecerem que o pão e cálice são meros símbolos, e que não há nenhuma mutação essencial nos elementos. Apenas a presença espiritual manifesta-se durante a Ceia nos alimentando com a graça (por isso, é um meio de graça). Os elementos da Ceia não se tornam (transubstanciação), nem contém (consubstanciação) o corpo físico de Cristo. Embora separados do uso comum, continuam sendo o que sempre foram, o pão e cálice; não sofrem nenhuma mutação substancial, mas apenas representam uma realidade espiritual presente durante a correta celebração da Ceia. Cristo está presente espiritual e não fisicamente.
3. Por confundirem que o importante na Ceia são as palavras, o ato, e o momento da celebração da comunhão nada acrescentando, nem permanecendo nos elementos de modo que devem ser considerados como objetos de veneração.

Algumas recomendações pastorais sobre "as sobras da Ceia":

1. Não alimente o sentimento pelos elementos como se eles fossem o próprio Cristo! Não podemos cair no sutil erro da idolatria como o fazem os romanistas.
2. No manuseio dos elementos não os vulgarize. Este é o outro extremo, também praticado por ignorância. Não devemos brincar com aquilo que é sério. O símbolo [pão e vinho] mesmo quando não usado na Ceia não deve ser banalizado, se separado para este fim.
3. Não há nenhum problema em se comer as sobras do pão e beber do resto do cálice, porque após o término do culto, eles se limitam a ser apenas o que sempre foram, pão e vinho, porque após a celebração perderam o seu significado e eficácia espiritual como meio de graça.
4. Se os diáconos resolverem dar as sobras dos elementos para as crianças (o que acontece em alguns lugares), deve-se inevitavelmente, com clareza, ensiná-las que aquilo que elas estão comendo não é a Ceia do Senhor (nem permiti-las brincar de Santa Ceia), mas apenas as sobras do pão e do cálice. Isto deve ser feito, de modo que, seja evitado escândalos, uma concepção errada, e a confusão na mente dos infantes que ainda não possuem discernimento da seriedade da Ceia do Senhor.

A minha real preocupação com este artigo não é com as sobras dos elementos da Ceia, mas com o pressuposto teológico. A crença modela o comportamento. Então, não é apenas durante a Ceia que manifestamos a nossa convicção de fé, mas após o seu término quando vamos nos desfazer das sobras dos elementos. Infelizmente, um expressivo número de igrejas locais são absurdamente incoerentes quanto a este assunto! Mesmo aqueles que durante a Ceia confessam que ela é apenas um mero memorial (zwinglianos), ou, ainda outros que creem que embora sendo um símbolo representa o corpo e o sangue, a presença de Cristo é somente espiritual, e não física (calvinistas); entretanto, após a Ceia acabam por negar o seu credo com ranços do romanismo. Com isto, não somente negamos a nossa doutrina na prática, mas desonramos o ensino do nosso Senhor.

Extraído daqui: Jornalismo Gospel
(Grifos meus-RF)

Textos relacionados:









sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Lugar de culto




O vídeo do Edir Macedo mostrando como roubar dinheiro dos ‘fiéis’ já faz uns dez anos que foi divulgado largamente na mídia. Assim como também, nada de novo há nessas outras denúncias. 
E outras… E outras… E outras.
Outra verdade nua e crua, nada nova também: o mundo jaz no maligno! E TODAS as ‘igrejas’ estão no mundo. Ou seja: nenhuma denominação está livre.
LOCAIS, espaços físicos e denominações JAMAIS foram garantia de ‘mais erros ou menos erros’. Se aquelas têm seus vícios, outras têm suas características viciantes. Feliz de quem tem a consciência de que erro doutrinário de uma, não invalida erro doutrinário de outra.
Ademais, roubar dinheiro não é menos grave do que roubar a psiquê das pessoas, aprisionando-as e colocando-as num formato doutrinário estabelecido por homens. Até porque, pessoas que de alguma forma, estão sendo ludibriadas por estes ou aqueles, mas estando agindo com sinceridade e busca pela verdade, não estão no mesmo rol dos dirigentes que as conduzem. Deus tenha misericórdia destes tais!

Cl 2 nos aponta essa hipocrisia doutrinária onde crentes e seus líderes, se achando os ascetas de Cristo, caem na cilada dos ‘rudimentos do mundo’. Ensinam seu rebanho a se santificar utilizando-se do pseudomoralismo que só serve pra adoecer a alma. É quando o maligno faz morada produzindo disputas, julgamentos e espírito faccioso.
Vale lembrar que a frase ‘filosofia e vãs sutilezas’ naquele contexto refere-se aos que trapaceiam o Evangelho, roubando mentes e tornando-as cativas. Esse condicionamento velado que algumas doutrinas impõem, por trás de suas performances doutrinárias ‘santificadas’, está na contramão do Evangelho. Afinal, a nova vida e a força do crente vêm por estar em Cristo e não devido a observâncias exteriores. Menos ainda, em lugares.
Enfim…

Apontar o cisco no olho do outro de nada serve, se não tiramos PRIMEIRO a trave que está no nosso – Assim o disse Jesus. E Jesus o disse, SABENDO que não temos essa competência. Porque vivemos de aparência. Quem disser que não, está mentindo! Daí se dizer que ‘este mundo jaz no maligno’. Porque jaz na mentira. Nas meias verdades. Nas aparências. Na vaidade. No orgulho. Naquilo que é visto. No que é PARA FORA. No que é proibido/ permitido como imagem certinha e que, no entanto, não passa de sombra para Deus. Porque Ele vê o coração. 

E, não nos enganemos: é na ambiência do nosso coração que ‘cultuamos'. O único lugar que a Deus importa. 

O mais é paganismo ‘cristão’.


Texto correlato:

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

E isto não vem de vós...



Refletindo no que o HP postou sobre GRAÇA (aqui), e numa casualidade que pertence a Deus, eu lia um texto agora há pouco e achei por bem compartilhar um fragmento como leitura complementar simples e acessível sobre GRAÇA, não como algo que se almeja num futuro eterno, mas que se experimenta AQUI E AGORA.
‘A Graça atinge-nos quando avançamos através do vale obscuro duma vida absurda e vazia. Atinge-nos quando sentimos que a nossa separação é mais profunda do que nunca fora, porque violamos uma outra vida, uma vida que amávamos, uma vida de que nos alienamos. Atinge-nos quando o desgosto que sentimos por nós mesmos, a nossa indiferença, a nossa fraqueza, a nossa hostilidade e a nossa falta de direção e de serenidade se nos tornaram intoleráveis. Atinge-nos quando, ano após ano, não se alcança a tão anelada perfeição de nossa vida, quando os velhos hábitos nos escravizam ao longo de décadas, quando o desespero destrói toda a alegria e toda a coragem.
Algumas vezes sucede que, nesse momento, uma vaga luz rompe a escuridão da nossa noite, e é como se uma voz nos dissesse: ‘Foste aceito. Foste aceito por algo que é maior do que tu e cujo nome tu desconheces. Não te preocupes como saber-lhe o nome agora; talvez o descubras mais tarde. Não procures fazer coisa alguma agora, talvez mais tarde faças muito. Não busques nada; não realizes nada; não pretendas nada. Simplesmente aceita o fato de seres aceito!’.
Se tal nos acontece, passamos pela experiência da Graça. Depois dessa experiência, podemos não ser melhores do que antes, podemos não acreditar mais do que antes. Mas tudo é transformado. Nesse momento, a Graça conquista o pecado, e a reconciliação preenche o fosso aberto pela alienação
E nada se requer dessa experiência, nenhuma prévia adesão religiosa ou moral ou intelectual: requer-se apenas a aceitação.
À luz desta Graça percebemos o poder da graça nas nossas relações para com os outros e para conosco mesmos. Experimentamos a graça de sermos capazes de olhar francamente nos olhos os outros, a graça miraculosa da união da vida com a vida.
Conhecemos a graça de compreendermos as palavras dos outros, de nos compreendermos uns aos outros. Compreendemos não apenas o sentido literal das palavras, mas também o que se esconde por detrás delas quando são duras e irritadas. Porque mesmo então palpita o desejo de romper os muros do isolamento.
Experimentamos a graça de sermos capazes de aceitar a vida dos outros, mesmo que nos seja hostil e nociva, porque, pela Graça, sabemos que essa vida pertence ao mesmo fundo a que nós pertencemos e pelo qual fomos aceitos. 
Experimentamos a graça que é capaz de vencer a barreira trágica dos sexos, das gerações, das nações, das raças, e mesmo a mais completa separação entre o homem e a natureza. A Graça aparece, por vezes, em todas estas separações para nos reunir àqueles a quem pertencemos’.
[Robinson, John A. T. – Um Deus diferente – Moraes Editores, 1968, Portugal, páginas 120-123]
Grifos meus - RF.
Observação: não tive a oportunidade (ainda) de ler o livro, mas arrisco dizer que o mesmo (como sugere o título), certamente aponta essa percepção de Deus além da tradição cristã imposta. Percepção esta, tão bem traçada nessas poucas linhas que dizem respeito à Graça na nossa existência. No nosso Hoje!