"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quinta-feira, 31 de maio de 2012

VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA?





Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que eram as mais difíceis
de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua,
Já gritei de felicidade,
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a
vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas..
Tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardados num baú,
chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
'Qual sua experiência?' .
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência.. .experiência. ..
Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência?
Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta
pergunta: Experiência? "Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?"
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No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência'A redação acima foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e com certeza ele será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.



segunda-feira, 28 de maio de 2012

NÃO FURTARÁS - Parte II




Outra ocorrência do verbo ganav na Bíblia está relacionada à história de José. Ele foi vendido por seus irmãos a mercadores midianitas a caminho do Egito (Gn 37:27.28). Quando preso, diz ao seu companheiro de cela que havia sido 'roubado da terra dos hebreus...' (gn 40.15). Aqui, o que se diz é que José havia sido raptado.

Aliás, é exatamente isso que está expresso nesse versículo:

'O que raptar (= furtar) alguém e o vender, ou for achado na sua mão, será morto' (Ex 21.16).

Pela Lei Mosaica (posterior a José), os irmãos de José seriam merecedores de morte por terem-no raptado e vendido.

Esse é também o sentido da palavra usada em 2Reis 11.2, quando Jeoseba sequestra Joás, filho de Acazias. Então, a mesma palavra furtar, do oitavo mandamento, é usada para se referir a roubo de pessoas, isto é, sequestro e rapto.

Assim, a palavra traduzida por 'furtar' (ganav) tem, no Antigo Testamento, o sentido de :

1- Furto de objetos inanimados (prata, ouro, dinheiro) e animados (boi, ovelha);
2- Engano;
3- Rapto de pessoas.

A questão é: qual ou quais desses sentidos deve ser aplicado ao oitavo mandamento? 

Ou, em outros termos: o que exatamente está sendo proibido no oitavo mandamento?


Se entendemos que os Dez Mandamentos é o resumo da Lei no Pentateuco e que em outras partes desta Lei o verbo furtar (ganav) se refere explicitamente a furto de objetos (Ex 22:1,7,12), engano e falsidade (Lv 19.11) e rapto de pessoas (Dt 24.7), supõe-se que o oitavo mandamento abranja todos esses sentidos.

Portanto, o oitavo mandamento proíbe não apenas o furto no sentido mais comum em nossa linguagem, mas também a mentira, a falsidade, o engano, a desonestidade e o sequestro.

O que percebemos é que roubo, furto, sequestro e engano não são problemas da sociedade moderna, tampouco da violência urbana. Milhares de anos atrás já havia leis específicas para várias situações, inclusive no contexto agrário e rural. A violência que ameaça os direitos individuais de um cidadão urbano moderno não é diferente daquela que ameaçava uma família nômade ou pastoril milhares de anos atrás.

Naquela época as pessoas precisavam ouvir e atentar para o mandamento: 'Não furtarás'. Infelizmente hoje não é diferente.

(Rev. William L. Lane)

Extraído do boletim nº 20/2012 - Igreja Episcopal Carismática



TEXTO RELACIONADO:

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vocação



Na época do vestibular, minha sobrinha resolveu optar pelo curso de Enfermagem. – Por que não Medicina?- foi a infalível pergunta de muitos parentes e amigos. Moça paciente, explicou que não queria ser médica, queria ser enfermeira. Formou-se com brilho, fez proveitoso e bem sucedido estágio e hoje trabalha em um grande hospital de São Paulo. Mas ainda tem, vez ou outra, de explicar por que não preferiu ser médica. 


Muita gente não leva a sério essa tal vocação. Ela levou. Poderia ter entrado, sim, no curso de Medicina: sua pontuação no vestibular deixou isso claro. Mas alguma coisa dentro dela deve ter-lhe dito: serei uma ótima enfermeira. E assim foi. Confesso que a admiro por ter seguido essa voz interior que nos chama para este caminho, e não para aquele. Poucas pessoas têm tal discernimento quanto ao que efetivamente querem ser. Em geral são desviadas dessa voz porque acabam cumprindo expectativas já prontas, mais convencionais. Calculam as vantagens pecuniárias ou relativas ao status, fazem contas, avaliam “objetivamente” as opções e acabam decidindo pelo que parece ser o mais óbvio. Mas se esquecem, justamente, da mais óbvia pergunta: - Serei feliz? É exatamente isso o que eu quero? Da falta desse fecundo momento de interrogação saem os profissionais burocráticos, sonolentos em seu ofício, vagamente conformados, que passam a levar a vida, me vez de vivê-la. 



Em meu último encontro com a sobrinha pude ver que ela está feliz. Faz exatamente o que gosta, leva a sério uma das mais exigentes profissões do mundo e se realiza a cada dia com ela. E vejam que atua numa especialidade das mais penosas: oncologia infantil. Desde seu estágio, envolveu-se com seus pequenos pacientes, por quem tem grande carinho. Tenho certeza que eles encontraram nela mais do que o apoio da profissional competente; veem-na, certamente, como aquela irmã mais velha e indispensável nas horas difíceis.


Quando nossa vocação real é atendida, o trabalho não enfada, não pesa como uma maldição. Cansativo que seja, sentimos que estamos no ofício que é nosso, que nos ocupamos com algo que nos diz respeito e que, em larga medida, nos define como sujeitos. Não é pouco; é quase tudo. É o que parece dizer o olhar franco, aberto e feliz dessa jovem enfermeira. Ela não trabalha “para”atingir algum objetivo, não trabalha “para viver”, “para” ganhar a vida. Trabalhando, ela já “é”. E isso não é invejável? 



(Valentino Rodrigues)


quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Segredo do Raul




Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo sucesso surpreende muita gente. Figuras sem um vistoso currículo acadêmico, sem um grande diferencial técnico, sem muito networking ou marketing pessoal. Figuras como o Raul. Eu conheço o Raul desde os tempos da faculdade. Na época, nós tínhamos um colega de classe, o Pena, que era um gênio.  Na hora de fazer um trabalho em grupo, todos nós queríamos cair no grupo do Pena, porque o Pena fazia tudo sozinho. Ele escolhia o tema, pesquisava os livros, redigia muito bem e ainda desenhava a capa do trabalho - com tinta nanquim. Já o Raul nem dava palpite. Ficava ali num canto, dizendo que seu papel no grupo era um só apoiar o Pena. Qualquer coisa que o Pena precisasse o Raul já estava providenciando, antes que o Pena concluísse a frase. Deu no que deu.

O Pena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o resto de nós passou meio na carona do Pena que, além de nos dar uma colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que a gente colasse dele nas provas. No dia da formatura, o diretor da escola chamou o Pena de 'paradigma do estudante que enobrece esta instituição de ensino'. E o Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo. Dez anos depois, o Pena era a estrela da área de planejamento de uma multinacional. Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis projeções estratégicas de cinco e dez anos. E quem era o chefe do Pena? O Raul. E como é que o Raul tinha conseguido chegar àquela posição? Ninguém na empresa sabia explicar direito. O Raul vivia repetindo que tinha subordinados melhores do que ele, e ninguém ali parecia discordar de tal afirmação. Além disso, o Raul continuava a fazer o que fazia na escola, ele apoiava.

Alguém tinha um problema? Era só falar com o Raul que o Raul dava um jeito. Meu último contato com o Raul foi há um ano. Ele havia sido transferido para Miami, onde fica a sede da empresa. Quando conversou comigo, o Raul disse que havia ficado surpreso com o convite. Porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta. E eu perguntei ao Raul qual era a função dele. Pergunta inócua, porque eu já sabia a resposta. O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava dali, essas coisas que, na teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami para fazer. Foi quando, num evento em São Paulo, eu conheci o Vice-presidente de recursos humanos da empresa do Raul. E ele me contou que o Raul tinha uma habilidade de valor inestimável: ele entendia de gente.

Entendia tanto que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios subordinados para fazer com que eles se sentissem melhor, e fossem mais produtivos. E, para me explicar o Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler, que eu não sei ao certo quem foi, mas que tem uma frase ótima: 'Qualquer um pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo'. Essa era a habilidade aparentemente simples que o Raul tinha, de facilitar as relações entre as pessoas. Perto do Raul, todo comprador normal se sentia um expert, e todo pintor comum, um gênio. Essa era a principal competência dele.

'Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas, o verdadeiro Grande Homem é aquele que faz com que todos se sintam Grandes.'

Amigos: vocês já devem ter cruzado com pessoas assim, mas prestem atenção, eles realmente não fazem questão de serem notados...

(Max Gehringer)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

NÃO FURTARÁS




Quando lemos o oitavo mandamento - NÃO FURTARÁS - precisamos perguntar:

- Qual o significado deste mandamento?

- Será que ele proíbe apenas o furto, ou seja, o ato de apoderar-se de algo às escondidas?

Ao considerarmos o uso da palavra hebraica ganav, traduzida para o português como furtar, percebemos que ela é usada várias vezes e com significados diferentes.

A primeira vez que a palavra ganav aparece no Antigo Testamento é em Gênesis no acordo entre Jacó e Labão sobre as ovelhas salpicadas e negras, relatado em 30.33. 

Em Gn 31.20,26 e 27, ganav é usada com outro sentido.

A Edição Revista e Atualizada [RA] a traduz por lograr, e a Bíblia na Linguagem de Hoje [BLH], por enganar.

A expressão literal é 'furtar o coração'.

O versículo diz:

"E Jacó logrou a Labão [ = furtou o coração de Labão], o arameu, não lhe dando a saber que fugia". (Gn 31.20)

Portanto, furtar o coração é enganar.

Este é, também, sem dúvida, o sentido de furtar neste versículo:

"Não furtareis [= não enganareis], nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo". (Lv 19.11).

Porém, o alvo mais comum do furto são os objetos materiais, como a prata e o ouro (Gn 44.8), e os animais, como bois e ovelhas (Ex 22.1).

Ao sair de casa, Raquel 'furtou os ídolos do lar que pertenciam a seu pai' (Gn 31. 19,30,31). Esses objetos tinham valor não apenas pelo aspecto sagrado, mas representavam também a transmissão da herança. Ao tomar posse desses ídolos, Raquel estava garantindo o seu direito à herança. Mas também se refere ao dinheiro e outros bens (Ex 22.7,12).

Há também pelo menos um caso em que esse engano diz respeito ao anúncio da mensagem de Deus. Por intermédio de Jeremias, Deus condena aqueles profetas que proclamavam seus próprios sonhos e visões como sendo Palavra de Deus:

"Portanto, eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro". (Jr 23.30)

A propósito, esse é um dos grandes males da igreja evangélica hoje. Muitos estão dizendo:

"Deus disse" ou "Deus me revelou" para controlar a vida de outras pessoas e manipular as massas, sem saber (?!) que tudo não passa de um engano ou furto da Palavra de Deus.


Rev. William L. Lane - pastor presbiteriano, 
professor de hebraico e diretor do Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas- SP.

(Extraído do Boletim Nº 19/2012 - IECB, Recife, 20 de maio de 2012)

Negritos, (?!) e sublinhados meus - RF




Leitura relacionada:

domingo, 20 de maio de 2012

O Novo Ser começa no olhar




Existe uma lenda urbana que fala sobre o início das vendas de sapato na Índia. Uma grande indústria de calçados, querendo encontrar novos mercados internacionais, logo após o término da 2ª Guerra Mundial, enviou dois dos seus melhores representantes para a Índia. Um para cada parte do país.

Sem que se falassem a respeito de suas impressões, os dois enviaram seus relatórios para a sede da companhia.

O primeiro, ao final do seu relatório, pedia para que a indústria abandonasse a ideia de vender sapatos na Índia e continuasse a pesquisar outros mercados porque ninguém usava sapatos naquele país.

O segundo enviou um relatório animadíssimo dizendo para a fábrica triplicar sua produção, investir num parque industrial maior, contratar mais funcionários e enviar mais vendedores para aquele país imediatamente, porque eles estavam diante da possibilidade de conquistar o maior mercado de sapatos do mundo, a Índia, onde ninguém usava sapatos ainda e eles seriam os primeiros a chegar.


Falamos tanto sobre transformação, mudança de vida, ânimo para vencer, mas nem sempre nos damos conta de que a transformação, de verdade, começa na forma como olhamos para dentro e fora de nós mesmos.

O novo jeito de olhar cura doenças incuráveis, aquelas que habitam dentro da alma. Mesmo que a doença física, por alguma razão, não deixe de existir, o olhar iluminado transforma a experiência mais dolorosa do mundo num grande aprendizado para a vida, mesmo que o seu fim seja encarar resignadamente a morte ou a perda.

Jesus fala sobre a necessidade dos nossos olhos serem bons e brilharem. Ele diz que se os nossos olhos forem trevas ou se olharmos de forma errada para as circunstâncias, todo o nosso ser interior será uma grande escuridão sem fim (Mateus 6). E o que aprendemos com isso?

Não se trata de pensamento positivo, de entusiasmo vazio ou negação da realidade. Pelo contrário, este novo olhar descortina a verdade, encara o bicho da existência e dos problemas de frente. Dá nomes aos bois. Ele se descobre sabedor de que todas as coisas cooperam (sempre) para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo um propósito que nem sempre nos é declarado objetivamente, mas que a infinita sabedoria sabe conduzir de forma magistral.

Quando nos descobrimos amados, supridos e guardados por quem é maior do que a vida e a morte, a alma ganha fôlego para continuar de pé e crendo muito além das coisas que se veem.

O salmo 23, por exemplo, fala a respeito de alguém que anda solitariamente por um lugar chamado "vale da sombra da morte", mas que não tem medo de estar ali porque sente a presença cuidadora de quem é infinitamente mais poderoso do que aquele lugar tenebroso.

Vejo muitas comunidades religiosas adoecerem o olhar das pessoas. Paradoxo, não? O lugar onde deveria ser um ambiente de crescimento espiritual, alegria, liberdade e amadurecimento acaba se tornando a antítese dele mesmo. É gente que deveria aprender a amar ao invés de odiar, perdoar ao invés de condenar, mandar para o céu ao invés de tentar mandar todo mundo para o inferno. Mas vivem o eterno peso do medo, da angústia de ser atropelado pela vida se andarem fora daquele ambiente. E vão se tornando cada vez mais cegos, com o olhar adoecido.

Tais pessoas creem na religião, no pastor, no padre, no sacerdote, na campanha, na oferenda, no guia, na cartomante, nas runas, nas cabalas, nos horóscopos como se estivessem crendo em Deus, mas de fato, sem saberem, não estão crendo Nele. Chamam estas coisas de "deus", mas centralizaram sua fé enganosamente nas suas próprias forças e, assim, se afastam de Deus.

A arrogância, a presunção e a autossuficiência pertencem ao grupo daqueles sentimentos que escurecem o olhar e embrutecem os sentimentos. Mas não precisa ser assim.

A verdadeira fé diz respeito a crer para o alto, para a Vida além desta vida, para a liberdade de crer se sabendo amado imerecidamente. Sem precisar se valer de mapas, de guias humanos ou "atravessadores da fé". A verdadeira fé é mediada pelo novo olhar provocado pela mente de Cristo que vai sendo formada em nós a cada dia, como um sol que vai nascendo e iluminando o nosso interior.

A verdadeira fé nos abre o ousado caminho de chamar Deus de amigo, de paizinho. De olhar para Ele não como quem olha para um patrão ameaçador e sempre mal humorado, mas olhar para Deus como quem caminha ao nosso lado e nos dá a mão quando o caminho é escuro demais.

É uma atitude primariamente espiritual e não somente intelectual.


O Deus que vê com amor e graça e nos ensina a olhar assim também te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
 

(Grifos meus-RF)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fragmentos...




Eu nunca fui uma moça bem-comportada.

Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.

Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta.

Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.

A palavra é meu inferno e minha paz.

Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.

Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.

Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.

Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...

Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.

Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.

Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.

Eu acredito em profundidades.

E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.

São eles que me dão a dimensão do que sou.

(Clarice Lispector)

A hora é agora


Pedro Bial filosofando 'instagram' 1h atrás...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Neurose religiosa


Cada um se vista como bem entender,
só não use a performance como medida de santidade

Eis um exemplo simples e básico dos reflexos da neurose religiosa na vida cotidiana que simplesmente cega:

Estava eu conversando com algumas pessoas queridas em uma residência. Ou seja, não era nenhum lugar público nem se tratava de encontro formal em local estranho; pelo contrário, era um ambiente bem familiar, onde se fala com naturalidade e se mostra um pouco do que se pensa... E se revela a alma!
A certa altura, uma religiosa - sim, porque religiosa é uma coisa, crente é outra e discípula de Jesus é outra coisa mais diferente ainda – tirou o spencer de manguinha bem curta que vestia por cima de um clássico vestido de manga cavada, perfeitamente decente, na altura do joelho, para personal stylist nenhum botar defeito.
Conversa vai, conversa vem, em meio a risadas e papo totalmente descontraído entre pessoas inteligentes e bem informadas jogando a velha conversa fora... Alguns minutos depois a do spencer muda a expressão facial, fica séria e resolve vesti-lo, dizendo com um sorriso amarelo e nem um pouco convincente:
- Tá meio quente aqui, mas o calor do inferno é maior, deixa eu colocar de volta o meu casaco.
Minha surpresa diante daquele ‘argumento’ foi tão grande que eu fiquei sem ação. Apenas ri, balançando a cabeça, como que dizendo pra mim mesma: ‘não, eu não ouvi isso’. E em seguida a constatação cruel: pobre alienada, apenas repete o que ouve do dirigente espiritual...

Essa mesma pessoa, em outro momento não muito distante - fazendo uma analogia com alguns acontecimentos em sua vida - havia dado um enfoque nervoso e aflito numa passagem em que, supostamente, Jesus repreende Pedro por causa de sua ‘pequena fé’. (Mt 14:22.33) Ela disse que 'aquela palavra' Deus enviara para ela como repreensão.

E eu confesso que não sei dizer com qual evento eu fiquei mais escandalizada: se com o do spencer ou o da suposta repreeensão divina. É intrigante como a religiosidade do medo e da coação, de tão arraigada em sua alma, não lhe permitiu enxergar o que estava escrito ANTES de Jesus falar acerca da ‘pequena fé’ de Pedro.
Mas dessa vez eu me pronunciei. Afinal, se tem uma coisa que eu levo a sério pra valer, é quando alguém me diz que Jesus disse isso e aquilo. E não deu outra. Corri para conferir e ler em voz alta todo o texto detendo-me no versículo 31:
E, prontamente, Jesus estendeu a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
Então olhei bem nos seus olhos angustiados e perguntei: cadê o Jesus turrão e questionador? O que eu estou vendo, em primeiro plano, é um Jesus cuidadoso:

E, prontamente, Jesus estendeu a mão.

A minha perplexidade era perceber que ela não conseguia enxergar duas colocações inquestionáveis acerca do amor prático e lúcido de Jesus:
‘PRONTAMENTE ’ e ‘ESTENDEU A MÃO’.

Ou seja: a inflexibilidade da crença no Deus turrão só lhe permitiu captar a pergunta que - aos olhos dela - era uma crítica acirrada; o deus sádico a empurra para o inferno por causa de alguns centímetros de pano 'faltando' em seus ombros; afinal, a mão do deus religioso é implacável, rancorosa e vingativa; este é o mesmo  deus da religião inflexível e cheia de regras que a impediu de enxergar o Deus do amor e da misericórdia que PRIMEIRO estende a mão; e que, em segundo plano, leva você a refletir sobre sua confiança Nele. (Relacionamento pessoal. E não, coletivo, igrejista ou por intermédio de dirigente reacionário)

O deus da religião não deixa você enxergar a disponibilidade incondicional de um Jesus extremamente amoroso, ainda que percebendo a nossa instabilidade e a de um certo apóstolo chamado Pedro ao ir de um extremo a outro da fé, em curtíssimo espaço de tempo.

Esses dois exemplos são apenas pequenos fragmentos do universo religioso que eu presencio constantemente. Assusta-me, pois percebo como uma neurose que vai fixando-se nas mentes cada vez mais aprisionadas e adoecidas pela CRENÇA em exterioridades. Uma crença - e não fé - que tem o atrevimento de traçar o perfil do próprio Pai. Crença que tem o desplante de dar limite ao AMOR, usando e abusando de versículos soltos, armando-se assim na vida cotidiana, do mesmo juízo próprio e da tacanha justiça pessoal que ousou mensurar o amor de Deus. Sim, crença, que tem a ver com religiosidade que maltrata e mata e não com o Evangelho que cura e salva.

O Cristão





Um cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos.
Ele sente um amor supremo por Alguém que ele nunca viu.
Conversa familiarmente todos os dias com Alguém que não pode ver.

Espera ir para o céu pelos méritos de Outro.
Esvazia-se para que possa estar cheio.

Admite estar errado para que possa ser declarado certo.
Desce para que possa ir para o alto.

É mais forte quando é mais fraco.
É mais rico quando é mais pobre.
Mais feliz quando se sente o pior.

Ele morre para que possa viver.
Renuncia para que possa ter.
Doa para que possa manter.

Vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento.

(A. W. Tozer)


terça-feira, 15 de maio de 2012

Quando a igreja afasta as pessoas da igreja...

Ontem, tortura física. Hoje, tortura mental. Ambas matando lentamente...




'Porque gado a gente marca tange, ferra, engorda e mata.
Mas com gente é diferente.
Se você não concordar,
não posso me desculpar.
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar'.
(Chico Buarque, 1968)













Dois dos maiores ícones da filosofia e da psicanálise do século XIX foram grandes inimigos da religião: Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche.

Freud via a religião como um sistema irracional, indemonstrável e de recusa à realidade.

Nietzsche, por sua vez, repudiou os valores cristãos como humanos, demasiadamente humanos e chamou a moral cristã de 'moral de escravos'.

Sigmund Freud afirmava que em todas as épocas, a imoralidade não encontrou menos apoio na religião do que na moralidade.

Friedrich Nietzsche, bem mais enfático do que Freud, disse certa vez: “sempre tive a necessidade de lavar as mãos ao entrar em contato com as pessoas religiosas”.

A essa altura você deve estar se perguntando:

Por que estes homens tão inteligentes nutriram tal repulsa pela religião e pela igreja? De onde vêm a indiferença de Freud e o ódio de Nietzsche?

Como pode um homem como Nietzsche, criado em lar protestante, filho de pastor, tornar-se um inimigo declarado da religião e da igreja? Que fatores teriam contribuído para essa aversão?

Eu explico.

Para entender os motivos dessa indisposição de Freud e Nietzsche quanto à religião é preciso, logo de início, descartar certas explicações fantasiosas e infundadas como, por exemplo, dizer que Satanás cegou a ambos para que não enxergassem a vontade de Deus. Deixe o diabo fora disso; desta vez ele não tem culpa nenhuma!

A aversão de Freud e Nietzsche pela religião é coisa deste mundo, obra de homens e não tem qualquer ligação com nenhum ser metafísico, habitante do inferno ou não. A atitude de ambos foi uma reação a uma religião castradora, hipócrita e mesquinha.

Nietzsche via no cristianismo uma negação da vontade para a vida e na igreja um ambiente propício ao florescimento das atitudes hipócritas e dissimuladas. Se você quer respirar um pouco de ar puro não vá a um templo - disse certa vez ao referir-se à igreja como coisa da gentalha.

Tanto Freud como Nietzsche perceberam que a igreja não resolvia os dilemas humanos, apenas ajudava a reprimir certos impulsos para o 'pecado' que em pouco tempo voltavam a aflorar de forma mais avassaladora ainda. A igreja, neste caso, agia como certas empregadas domésticas que ao invés de recolher a sujeira jogando-a no lixo, apenas empurrava-a para debaixo do tapete.

Reprimir impulsos não é o mesmo que controlá-los racionalmente. Um 'cristão' produzido nestes termos não demora muito para'“adornar a casa e receber mais sete demônios' com festa de boas vindas e de braços abertos.

Quem nunca se deparou com um 'crente afastado dos caminhos do senhor' e que transgride dez vezes mais depois de descobrir que lhe ensinaram uma mentira e ter rompido totalmente com a igreja? O erro da igreja é querer ser certa demais quando não possui autoridade e nem moral para tanto!

O diabo não está fora das igrejas, pelo contrário, ele frequenta os cultos e missas assiduamente e inspira certos bobalhões que não sabem o que estão dizendo quando proferem baboseiras sem fim dos seus púlpitos alienantes e desprezíveis!

Além disso, há também o problema da corrupção política dentro da igreja. Uma reunião de clérigos e uma de políticos sagazes e desonestos não tem muita diferença. A instituição eclesiástica e Brasília não destoam muito uma da outra. O templo e o plenário da câmara também não!

É a igreja que afasta as pessoas da igreja, e não o coitado do diabo, como dizem os clérigos muito 'espirituais'. O cristianismo é como o mítico deus grego kronos que se alimentava dos seus próprios filhos matando-os quando deveria salvá-los!

No segundo século da era cristã, os pais apostólicos discutiam entre si sobre a possibilidade ou não de haver salvação dentro da igreja. Hoje a questão inverteu-se e talvez seja mais correto perguntar se há possibilidade de alguém salvar-se estando dentro da igreja.

Nietzsche e Freud (atualíssimos!) recomendariam: por via das dúvidas, é melhor ficar longe dos templos!

Grifos meus - RF
(Não sei a autoria desta pérola que tive a pretensão de dar um título. Estava em meus antigos arquivos, distraidamente... Quem souber a autoria me avise. E rápido, plizzzzzzz, antes que eu seja enquadrada na lei rss)

domingo, 13 de maio de 2012

Homenagem à minha mãe

(Pois é... Amiga, amiga, jogo à parte he he)
Quando menina, ela era o que se chamava de garota-prodígio. Impulsiva e de temperamento enérgico, foi aluna exemplar sem jamais perder o senso de humor,  mesmo tendo sido educada em rígido colégio interno de freiras. Desde então, passou grande parte da vida adulta circulando em meio eclesiástico, porém ensinando aos filhos os valores cristãos aplicáveis à vida prática.

Em julho, essa mulher de rocha vai fazer 87 anos. Hoje em dia ela assume a idade abertamente, mas lá pelos setenta, mais ou menos, ela dizia ter cinquenta. Mas era só pra se fazer de engraçadinha...Quero dizer, engraçada, pois a engraçadinha era euzinha. Aliás, aos cinquenta lá estava ela na Universidade Federal, fazendo Pedagogia, para anos depois ser a laureada da turma em meio a inúmeros jovens da idade de seus filhos!

Essa é a minha mãe. Cabeça boa, muito melhor que a minha, como costumo brincar, pois ela se lembra até de coisa que nunca aconteceu! Sabendo lidar com números como ninguém, faz cálculos de cabeça, privilégio de uma geração que não teve que entregar esse exercício mental a uma simples maquininha.

Já tive a feliz oportunidade de falar neste espaço, que sou fruto de pais educadores, numa época em que ser professor era uma vocação. E eu posso afirmar que, graças à minha mãe, pude me dar ao luxo de ter educação escolar praticamente em casa, já que desde pequenos, meus irmãos e eu fomos orientados por meio de um sistema educacional particular, extensivo às dependências físicas da escola. Essa formação escolar que se iniciava praticamente dentro de casa sempre foi algo sagrado para uma mãe guerreira que tinha a função dupla de educar seus próprios filhos investindo tempo integral. Sua didática, sempre aliada a novos métodos pedagógicos, me levavam a crer que a escola se confundia com o lar e vice-versa; que havia uma estreita ligação entre os dois como se um fosse continuidade simbiótica do outro.

Posso até ser muito suspeita, mas arrisco dizer com toda segurança, que nunca vi uma mãe-professora dedicar-se tanto à educação quanto ela. Não era uma simples dedicação. Era uma entrega passional de corpo e alma, uma empolgação que se renovava a cada dia, realimentando-a e estimulando-a a realizar essa missão cada vez mais prazerosa que a transformava em verdadeira enciclopédia ambulante responsável pelo bem mais precioso ao aluno: a INformação. E o rigor na ética era tanto, que ela não permitia jamais que disso tirássemos proveito, incentivando em cada um de nós, o gosto pelo estudo e pela pesquisa, apontando silenciosamente para o dicionário quando perguntávamos o significado de algum termo.

Essa mulher portadora de múltiplas habilidades encontrava tempo para ensinar inúmeras disciplinas no antigo Magistério, tocar piano nas horas vagas, pintar quadros e ainda criar e dirigir peças de teatro. Sempre inovadora e com a arte pulsando nas veias, vivia inventando uma maneira lúdica de homenagear pessoas e entidades em suas datas específicas, conforme o calendário escolar e até mesmo em suas funções de primeira-dama rotária, tarefa desempenhada com o mesmo afinco durante muitos anos de sua vida.

Minha primeira professora de português, com ela aprendi não apenas a escrever corretamente. Aprendi a viver corretamente. Aprendi valores essenciais para o resto da vida. Com ela aprendi que uma boa mãe também precisa ser firme e ter o controle da situação.

Paradoxalmente, e com inimitável habilidade, ainda hoje consegue mesclar o fino senso de humor com a teimosa rigidez que sempre a acompanhou. Sua marca rigorosa não consegue mais esconder o coração frágil e carente que pede filhos e netos à volta... Não é por acaso que sua casa é a matriz das festas familiares. É lá que nos reunimos para celebrarmos datas especiais. Como a de hoje.


Querida Mãe, agradeço a Deus por sua vida!
Herança do Senhor são os filhos;
o fruto do ventre, seu galardão.
(Sl. 127.3)

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

CORAÇÃO GELADO?!





Resposta de uma irmãzinha ao texto CORAÇÃO GELADO

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: xxxxxxxxx
Data: 9 de maio de 2012 23:01
Assunto: RE: Corações Gelados... ???
Para: xxxxxxxxx


Como eu precisava ler isso. Muito bom ouvir isso de você. Entendo perfeitamente tudo que diz quanto a sua frieza, indiferença e aparente "egoísmo", diferente de como era antes quando conhecemos ao Senhor Jesus, nosso primeiro amor. Não quero escrever bonito, quero de uma maneira bem simples dizer a você que foi maravilhoso ter ouvido tudo que ouvi de você, ter regado a fé de crer que eu tenho sim Cristo em mim, que eu faço sim diferença, pelos valores que já foram gravados no meu coração.

Concordo com o que sua amiga diz quanto ao amadurecimento e nossa mudança no comportamento cristão, mas acho que para tudo existe limite. Podemos e amadurecemos naturalmente, mas algumas coisas precisam ser praticadas, exercitadas verdadeiramente. Sinto falta da força e orações que eu fazia pedindo ao Pai que me ajudasse a perdoar, para que eu pudesse olhar para meus inimigos sem rancor ou sem desejo de que eles se ferrassem, no fim das contas rsrs

De me esforçar para sempre falar a verdade, ou de não errar para não ter que mentir, do quanto me preocupava com meu testemunho e acreditava que ele fazia diferença na vida dos que se espelhavam em mim. Eu quero isso de volta, só isso, saber que tudo que conhenci sobre meu salvador é TRANSFORMADOR, é de graça e tão escasso nos dias de hoje.

É maravilhoso falar com você, ler seus textos, crescemos juntos na fé e depois de Deus você é a pessoa que mais me conhece, conhece meus medos, minhas frustações, meus sonhos, minhas decepções e minha vontade de ser uma mulher de acordo com o coração do PAI.

QUERO OCUPAR MEUS PENSAMENTOS, MEU TEMPO E MEU CORAÇÃO COM COISAS GRANDES E ETERNAS.

QUERO ACREDITAR NA TRANSFORMAÇÃO DE VIDAS, NÃO QUERO E NÃO POSSO MAIS VIVER NATURALMENTE CONSENTINDO COM ESSE MUNDO CAÍDO MOVIDO POR INTERESSES ONDE ATITUDES QUE FEREM O CORAÇÃO DO PAI SÃO PRATICADAS NORMALMENTE.


Quando eu te pedi para me encaminhar algo para eu ler, Deus já havia colocado as palavras no seu coração.

Obrigada João, que Deus o proteja e cuide de cada detalhe da sua vida. Sua palavras me fizeram muito bem, senti a presença de Deus novamente. SINTO QUE SE INICIA UMA NOVA HISTÓRIA.

Você me levou para Cristo!

...mas agora de contigo andar... eu sei o Deus que tenho...meu Deus Senhor e Pai... me alegro em sua presença mais e mais...

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E é porque esses dois personagens dessa história real se dizem de corações gelados.
Se, nessa 'temperatura', já me desmontaram toda fico a imaginar se fossem quentes...
RF.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

NÃO É PROIBIDO PENSAR

Muitas vezes não damos o devido valor à liberdade que temos nos gestos mais simples do nosso cotidiano como pessoa civil. Também nem atentamos para o fato de que hoje em dia vivemos livremente em sociedades devido a conquistas de determinados homens que lutaram pela nossa liberdade. Não, não me refiro a lutas por terras, e sim à luta em prol da liberdade de nossas mentes.

‘A razão é capaz de evolução e progresso, e o homem é um ser perfectível’ - diria um grande pensador do século dezoito. E, perfectível, não no sentido de tornar-se perfeito, isso seria mera pretensão. Mas em relação ao desenvolvimento das suas potencialidades, que ele só consegue ao sair do seu estado ‘in natura’ e partir para o meio coletivo organizado de maneira igualitária e justa.  

Este pode parecer um pensamento romântico, mas eu penso que devemos sempre nos reportar ao legado de grandes pensadores que vem de lá da Antiguidade grega, antes de Cristo, passando pelos marcantes séculos dezoito e dezenove; e que não cessa nunca, pois que nossa evolução como ser humano – em todos os sentidos - é um processo constante e inacabado, de modo individual ou coletivo, seja em que âmbito for.

No decorrer da História observamos que os pensadores - desde os mais destacados aos de menor projeção - todos eles deram valiosa contribuição, de maneira que o precedente sempre se beneficiava das ideias do seu precursor. Os grandes discípulos abraçando a ideia do seu mestre e acrescentando suas próprias, trazendo-as à realidade do seu povo, que, por sua vez, transmite naturalmente às gerações posteriores; sempre surgindo pessoas que o faziam de maneira impactante, influenciando e induzindo a grande massa a pensar. Essa era a ideia...

E, assim, foi-se escrevendo a história, tendo como elemento marcante, o fato desses grandes pensadores terem sido muito perseguidos pelo sistema opressor de suas épocas. Isso, porque batiam de frente com os interesses particulares da minoria que trazia o povão em rédea curta. Muitos pensamentos atuais se alinham exatamente ao pensamento de séculos atrás. Precisamos viver em grupos sim, mas com o objetivo de nos conservarmos e jamais de nos deixarmos encabrestar por um dirigente reacionário. Vida em sociedade não pressupõe privação de liberdade. Os homens se agregam formando um conjunto de forças - e não para se submeterem à escravidão de um sistema opressor. O autor de Eclesiastes já dizia que ‘um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade’ (4:12)

Ao longo da história, vemos a relação entre rei e povo, senhor e escravo, guru e fiel, e constatamos que o interesse de um só homem - individualismo - será sempre o interesse privado. (Atente-se para a diferença entre individualismo e individualidade)
Então alguns pensadores acreditavam que ambos deveriam fazer um acordo: abrir mão de certos direitos (individualismo, egoismo) para obter as vantagens do bem comum; perdendo parte de sua liberdade natural e ganhando liberdade civil.

Tais pensadores eram tão espantosamente à frente de seu tempo que até aos dias de hoje suas ideias são aplicadas em todas as áreas, nas quais o bicho homem se ajunta. Afinal, quando se trata de defender direitos humanos o assunto é antigo e remonta os tempos da gênesis, sendo revisto ao longo da história, conforme o contexto histórico e a cultura de cada povo.

Inconformados com a intolerância teológica e civil e, por isso, muitas vezes rotulados de hereges, eles não se deixavam intimidar e seguiam abrindo o olho das pessoas em relação à sua liberdade individual em prol de um bem comum de verdade, no qual o povo é soberano. Alguns mais brilhantes com seu estilo apaixonado e eloquente, e dotados de grande inteligência e imaginação, ensinavam ao povo (na sua grande maioria, culturalmente analfabeto e ignorante) que, pela razão, ele poderia conquistar a liberdade e a felicidade social, política e religiosa. Isso incomodava aos dirigentes acostumados a manipular as grandes massas.

Sim, acostumados, pois esse terrível hábito é uma coisa cultural. Afinal, no início de tudo, os reis eram os deuses e o governo era teocrático. Cada povo tinha que se submeter ao sistema conforme a crença local.
E esse politeísmo gerou a intolerância teológica e civil.
Os reis eram os chefes da Igreja e o clero era senhor e legislador da Pátria. O interesse do clero era mais forte do que o interesse do Estado. Assim, a lei ‘cristã’ era mais prejudicial do que útil à forte constituição do Estado.

Naqueles tempos, sem leis para proteger-lhes de perseguições por abrirem o bocão, os grandes filósofos já rejeitavam abertamente a religião alicerçada nos deuses, patronos próprios e tutelares que determinado país impunha a seu povo; com seus dogmas, rituais, e culto exterior prescrito por leis, os direitos e deveres dos homens não podiam ir além dos seus altares. E quem não os cultuavam era considerado infiel e punido conforme decisão dos juízes que brincavam de pequenos deuses. Não se tratava de conversão, mas de submissão às leis religiosas.

E, ainda, considerando como bizarro, alguns pensadores repudiavam o sistema que dava ao homem duas legislações, dois chefes e duas pátrias, submetendo-o a deveres contraditórios, impedindo-o, a um só tempo, de ser devoto e cidadão. É bem o que acontece hoje em dia nas denominações fundamentalistas. E eu não me refiro a extremistas de outros países...

Rousseau (chamado de herege pela cúpula eclesiástica à época) defendia a religião do homem natural - desprovida de templos, altares e ritos, limitada unicamente ao culto interior do Deus Supremo e aos eternos deveres da moral - como sendo a forma mais pura e simples; sendo, portanto, a única maneira saudável de se viver o evangelho, por ser verdadeira e os homens filhos do mesmo Deus se reconhecerem todos como irmãos, e a sociedade que os une não se dissolve nem mesmo na morte.

Pensemos nisso...

RF.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

QUERES ser curado?




As narrativas do evangelho nos mostram que, quando Jesus cura alguém, suas palavras geralmente são: Vai em paz, a tua fé te salvou.

Já em relação ao homem que jazia há 38 anos, próximo ao tanque de águas curadoras, Ele fala diferente. Aliás, trava com ele um breve diálogo como não se vê ao longo das narrativas em relação a cura.

Primeiro de tudo, fica bem claro no texto que Ele não chega se apresentando ao enfermo - Olá, tudo beleza? Então, eu sou Deus e to aqui pra resolver tua bronca, manda lá! Não foi nada disso.

Ele vai direto ao cerne da questão – QUERES ser curado?

Para o enfermo - por certo muito admirado!  - ele era apenas uma pessoa que se aproximou dele e se importou com seu problema. Mas Jesus foi além, mostrando a ele que confiar em uma cura implica em tomar uma atitude, sair da mesmice, do marasmo, do engessamento.

O interessante é que Jesus logo sacou a cantoria sem fim daquele doente cheio de autocomiseração: ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor, a vida passa e eu sem ninguém, ninguém me abraça nem me quer bem lá lá lá...

Então Ele diz, enfaticamente: “Levanta-te, toma o teu leito e anda"

Conhecendo imediatamente seu coração, ignorou sua choradeira colocando-o à prova. Diz para ele se levantar, colocar o problema nas costas e seguir em frente. Jesus o aborda, mas não tem a menor paciência para ficar ali parado ouvindo sua explicação. Já conhece o tipo. O homem, por sua vez, sabia que aquela água sarava qualquer doença, mas a dó que tinha de si mesmo era tão patológica que ele não conseguia fazer um esforço mínimo.

João nos conta que ali havia uma multidão, mas Jesus se dirigiu àquele homem, particularmente. Isso me chama muito à atenção e me faz parar para fazer uma reflexão sobre alguns aspectos.

Primeiro de tudo, o homem não foi movido pela fé, uma vez que ele nem sonhava que aquele outro homem era Jesus.

"Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? Mas o que fora curado não sabia quem era." (João 5: 12.13a)

Depois, gente assim, dificilmente é curada. Sem fé, sem esperança e sem gente para amar e dar amor, ele engessou-se mais na alma do que exatamente nas pernas. Sua limitação e deficiência eram na mente.

E eu imagino que essa abordagem teve efeito imediato em sua alma, tipo um tratamento de choque, por causa do contundente AMOR com o qual aquele homem falara com o enfermo. E funcionou, não por ser uma demonstração de amor pseudo-piedoso, complacente, lerdo, mas pela maneira bem especial de demonstrar real interesse pelo problema sem sentir aquela peninha inútil que certamente o doente capta e que, em círculo vicioso, só realimenta o mal. Eu tenho um irmão de sangue de fino senso de humor que, certamente, diria que Jesus usou o infalível 'método Piaget/Pinochet' que precisamos adotar em determinadas situações.

Eu não tenho nenhuma dúvida: o paralítico foi curado pelo Amor.

A fé e a esperança são importantes, mas o mais importante é o AMOR.

Ora, esperança ele não tinha: - ‘Não tenho ninguém...’

Fé... Menos ainda! O próprio tempo em que ele passou ali, parado, coladinho na cura, denuncia isso. E mais: para o paralítico ali estava certamente a única pessoa que dele se compadeceu dando-lhe a exata atenção e as exatas palavras que ele precisava.

E, mais tarde, quando Jesus se encontra com ele no templo, ainda o adverte, pois sabendo que seu pecado era a desesperança que o havia deixado preso na alma durante 38 anos, esse era Seu cuidado: que ele não perdesse mais a esperança! E não voltasse a ter doenças iguais ou piores devido àquele seu terrível comportamento e modo de ver as coisas.

Então, sem qualquer plaquinha de identificação ou currículo religioso à mão ,  e menos ainda em tom de ameaça (como querem os seguidores do deus-turrão/sádico-vingativo), foi assim que Ele deu o toque:

- Olha que já estás curado; não peques mais para que não te suceda coisa pior.

E aos engessados religiosos que continuam pensando que falando nesses termos, Jesus estava ameaçando, vai um lembrete do que nos diz o próprio JESUS:

 - Eu vim para curar e não para julgar ou condenar.

Jesus sabe que o paralítico na alma é teimoso e resiste em romper seus limites, e ainda tenta se justificar, tendo explicações na ponta da língua para o seu caso sem solução. Uns são reclamões, outros manipulam com chantagens emocionais, outros são mais silenciosos.

Mas Jesus ignora todas essas nossas emoções negativas porque conhece as nossas potencialidades e espera que as usemos; numa sequência que nos leva a atitudes práticas. A interação entre os aspectos mental, espiritual e físico é algo puramente bíblico e essa visão holística do homem não é creditada a nenhum outro psicoterapeuta senão ao maior psicólogo de todos os tempos cuja proposta é que tenhamos uma vida saudável em todos os aspectos de modo que possamos viver com plenitude, uma vida em constante transformação e que começa pela saúde da mente.

Daí quando Ele diz para termos bom ânimo perante as aflições que certamente enfrentaríamos, ele nos incentiva a superar as adversidades, sejam quais forem, para experimentarmos, aqui mesmo, as Suas bênçãos! Porque, afinal, somos peregrinos que almejamos felicidade eterna, mas também felicidade aqui e agora!

Portanto, paremos de choramingar, de nos lamentarmos, poupemo-nos de filosofias vãs, de tanto blá blá blá.

Sai dessa letargia mental. Pega tua cama e segue em frente. Sem medo de ser feliz.

O preço do debate

CORTE RELIGIOSO


Há um preço a se pagar por debater de forma desarmada e transparente quando seu oponente está armado. Assim não dá para se exercitar o senso crítico através da arte de pensar. E, principalmente, não dá pra se expor falando de suas angústias, seus anseios e projetos pessoais. Essa dobradinha é fatal! Alguém com a disposição de esgotar determinado assunto que mexe com a vaidade, sempre sofrerá abusos; abuso de má interpretação proposital de um desafeto gratuito só para gerar mal estar e saia justa; abuso de um coração equivocado (maldoso) e sempre predisposto a julgar e condenar; abuso de mentes intolerantes e levianas que rebatem com estupidez, pois afinal, são intolerantes.

Além de tudo isso, se não concordo com arbitrariedades, não sou considerada ‘semelhante’. E mais, além de não ser semelhante, torno-me objeto de estudo, laboratório vivo. Pois, se discordamos de algo, a primeira atitude do oponente é checar nossos escritos (e nossa vida) para ver se caímos em contradição; cheio de si e lutando a ferro e fogo pelo poder denominacional/ lado pessoal, colocando-se como medida e centro da verdade. (De vez em quando a gente se depara com esse tipo de estratégia no meio blogueiro/crental).

Mas também - eu me pergunto - por que não me surpreendo, mesmo não me conformando?! Simples: não me surpreendo porque é bem típico. São as mesmas armas: caluniar, difamar, metralhar queimando o filme da gente e fazendo julgamentos só porque a gente pensa diferente. E por que, então diante do óbvio, eu não me conformo?  Por ser triste e lamentável. E o mais deprimente: constatar que há quem dá crédito a esse tipo de atitude. Mas, acima de tudo, não me conformo por não perder a esperança. Não se conformar é 'não viver conforme', 'de acordo com', é almejar mudança.

O autor de Eclesiastes - que experimentou de tudo e mais alguma coisa nesta vida – viu/viveu e sentiu na própria pele o que move o homem a competir com o outro a ponto de querer destruí-lo: a vaidade. Ele viu que todo o esforço do homem, seja de que natureza for, provém da sua inveja contra o seu próximo.

A parte boa é que não há nada que suporte tais abusos do que o amor.

(Não, não falo de amor no sentido falso-piedoso. Não falo do amor piegas, demagogo, religioso, performático. Não falo do amor permissivo que passa a mão na cabeça, pelo contrário,  aqui falo do amor que sabe das consequências ao dar o básico puxão de orelha).

Só o amor, colocado à prova em tais momentos, é capaz de enfrentar baixo nível retórico com dignidade. Sem fugir da raia. Sem medo de ser rotulado de agitador ou anarquista. Só o amor perdoa sem deixar cair a peteca.  Não há uma desistência, o amor segue em frente com sua voz, sem deixar-se intimidar.

Paulo já dizia aos coríntios sobre o amor ser ‘o dom supremo’. Ele não falou por ser o cara. A estes mesmos, declara-se como ‘o maior dos pecadores’. Ele mostra-se preocupado com aquela disputa acirrada sobre quem era mais sábio, mais espiritual, mais liberal ou mais importante. E, principalmente, sua angústia em relação à disputa por dons... Sem amor! (Claro, disputa e amor não combinam). Então, para que os conceitos sejam revistos e se entenda que o amor é a base para se administrar qualquer dom espiritual, ele incita a mudar perspectivas: coloca o amor no centro de tudo! E o faz, presenteando - nos com um belo poema em forma de prosa a nos dizer que nenhum proveito há nos dons se não forem movidos pelo amor ao próximo.

E não que seja fácil. É simples porque não precisa de nenhuma cartilha religiosa com suas infindáveis listas de pecadinhos e pecadões, do que pode e do que não pode. Afinal, a fé cristã - e não a crença religiosa - prega o arrependimento e não a erradicação do pecado. A fé cristã – e não a crença religiosa - prega que o amor é demonstrado no PERDÃO. E isso nenhuma cartilha legalista é capaz de nos imprimir, posto que vindo da disposição do coração. Trata-se do QUERER ser.

Mas não é fácil porque há um desgaste emocional, uma desconstrução; há de se sair da própria zona de conforto, sair do eu-orgulhoso. Ora, não é fácil assumir essa responsabilidade. Não é fácil perdoar ao ser provocado em cheio na própria vaidade. Não é fácil segurar a onda ao trazer certos assuntos à tona. Afinal, discussões fazem o maior rebuliço, incomodam e incitam a te tirar da água parada (lodo) que te viciou. Por isso, muitos preferem ficar de camarote vendo o circo pegar fogo, enquanto outros (estes, poucos) arriscam no papel de conciliadores.  É quando, no cuidado em preservar sua imagem religiosa, o oponente sai à francesa. E, com ares de falsa superioridade, encerra o assunto. E diz, presunçosamente, ao conciliador de plantão, que o assunto está encerrado, por ‘achar’ que o assunto é seu. No fundo, no fundo, ele se vê monologando. Falando de si para si mesmo. Então, se achando juiz, bate o martelo. Sem precisar sair do seu confortável quadrado tão bem elaborado ao longo de sua vida religiosa. Dardos inflamados lançados, ego devidamente satisfeito. O passo seguinte é disfarçar (se fazer de doido), deixar a poeira assentar e colocar tudo debaixo do tapete; e continuar delimitando espaço, usando seus dois pesos e suas duas medidas. De preferência, acompanhado de uma citação bíblica, para manter a pose de fiel seguidor das escrituras. Fechando com chave de ouro, lança uma belíssima frase de efeito bíblica, de modo que as pessoas vejam o exemplo de cristão sábio e equilibrado que jamais se exalta nem se mete em confusão. Esquecendo-se, porém, que o que ele disse, ironicamente também está registrado. E não para que os espectadores da arena o condenem. É ele próprio quem se condena ao verbalizar aquilo de que seu coração está cheio.

E assim caminha a humanidade...
RF.


TEXTO CORRELATO --->  O 'CRÍTICO' QUE CRITICA O CRÍTICO.