Existe um fato curioso no meio evangélico que sempre me
intrigou.
É que, geralmente, quando alguém descobre no outro um ‘evangélico’,
aí não dá outra e (quase) sempre sai a clássica:
- ‘Qual é a sua igreja’?
Se bem que o que me intriga não
seja exatamente a pergunta - ainda que nessa pergunta haja uma predisposição a
uma espécie de julgamento onde se escaneia
a alma do interlocutor a partir da ‘sua igreja’. ‘Normal’... Afinal, exercitamos
diariamente essa ‘capacidade’ de rotular e enquadrar; da hora que acordamos até
a hora de dormir. Trata-se do velho espírito pagão impregnado nas pessoas ditas
cristãs e que permeia dentro dos muros religiosos ao longo da história da
humanidade. Aquele espírito que conduz e estimula a um exterior comportamento
formal/moral DESunindo as pessoas. E que é oposto ao espírito do evangelho: o
de amar a todos, ser misericordioso
para com todos e não se separar de outros cristãos por
eles se expressarem de modo diferente.
O que me intriga, na realidade,
é a resposta quase sempre frequente, orgulhosa, finalizada... E automática:
- Eu sirvo a Deus... Em tal
denominação!
Ora, o ato de servir a Deus é
uma disposição no coração.
Então fico a imaginar o que diria
Jesus a esse respeito...
O mesmo Jesus que não se encaixou
em nenhum molde institucional.
O mesmo Jesus que derrubou os
muros religiosos para fazer morada dentro dos corações.
O mesmo Jesus que nos diz que, se
N´ Ele, dois ou três estão de ACORDO, ali Ele está.
O mesmo Jesus que foi chamado de
Servo do Senhor sem exaltar lugares, mas sendo submisso e dependente.
O mesmo Jesus que assiste a
igreja denominacional/institucional/ formal se acomodando e se conformando com
muito menos do que nos é dito acerca do reino que começa aqui na terra.
O mesmo Jesus que se enche de
compaixão pelos milhares colocados fora dos muros da religiosidade selecionada
e enquadrada estatisticamente.
O mesmo Jesus que não pede que se
dê testemunho de oratória emocional dentro de quatro paredes, em competição muda e gritante
sobre quem é o ‘irmão’ mais piedoso da igreja;
O mesmo Jesus que dá testemunho fora
dos templos, sem aplausos , sem competição, sem performances;
O mesmo Jesus que dá testemunho prático
e coerente no cotidiano; no ser, no respirar, sendo sal e luz, naturalmente.
O mesmo Jesus que desmontou toda
a hierarquia eclesiástica, invertendo os papéis de maior e menor no reino Dele
que começa aqui na Terra.
O mesmo Jesus que nos liberta de todas essas neuroses
igrejistas que, a princípio fascinam e que - sutil e gradativamente - tornam as
mentes cativas.
O mesmo Jesus que nos libertou para a liberdade e que, ao
subir aos céus, levou cativo todo o cativeiro.
Então? O que diria este Jesus que jamais quis toda essa
montagem em ‘Seu Nome’?
Quem sabe até Ele nem diria que paremos de congregar em Seu
Nome 'em tal igreja', mas certamente diria para repensarmos urgentemente o sentido real do termo ‘SERVIR A DEUS’.
Repensemos, então.
RF.
Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas...
(Atos 7.48)
Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão ao Pai em espírito e em verdade,
porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
(João 4.23)
4 comentários:
Adorei!! Muito bom o texto!!!
Carol,
Também gostei (risos)
E valeu pela visita. Já fui dar a espiadinha básica no teu blog e gostei muito também.
E valeu tb por divulgar no 'feici'. Urge o desapego dessa coisa material perniciosa chamada 'templo' e volta ao evangelho na prática do cotidiano.
Beijo,
R.
Quando na verdade a Igreja de Deus não é um espaço delimitado por paredes, mas são os próprios crentes, cujo corpo é o templo em onde habita o Espirito Santo de Deus!
Pois é, Mário...
Mas o APEGO (idolatria) impede que se enxergue isso.
:(
Postar um comentário