"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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domingo, 31 de outubro de 2010

O tempo e a beleza (Parte II)







Essas fotos com meus tios foram tiradas na chácara de um primo meu (pilotando), às margens do rio Araguaia, localizada no municipio de Araguanã, a 90 km de Araguaína-TO. Embora não conheça ainda, tenho informações de que é um lugar muito bonito e que tem belas praias. É o mesmo rio em que está sendo filmada a novela Araguaia.

Nascida na bucólica “Balsas do Maranhão” – e não menos bela pela própria natureza - essa turma mais velha  (ela, com 84 e ele, como 89)  foi embora já há algumas décadas para Brasília, onde lá fincou suas raízes.

O rio Araguaia – rio das araras vermelhas em tupi – é um rio brasileiro que nasce no estado de Goiás, na Serra do Caipó, próximo ao Parque Nacional das Emas. Este rio faz a divisa natural entre os estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará. Possui uma extensão de 2.114 km e é considerado um dos rios mais piscosos do mundo. (cf. wiki)

Encanta-me a beleza do lugar, mas volto a dizer que o que me fascina mesmo é constatar a alegria de viver desses dois longevos. Sem excessos ou sofisticações desnecessárias, eles nos ensinam o quanto é fácil se viver com simplicidade aproveitando bem o tempo e as riquezas que a própria natureza nos oferece e, parafraseando C.S.Lewis, sendo surpreendidos pelas alegrias do caminho...

Essas relíquias em forma de fotos me foram enviadas através de e-mail por outro tio, também residente em Brasília. Sabendo ele que sou uma entusiasta da longevidade com qualidade de vida, me presenteia com essas imagens incríveis que falam por si só...

Valeu, tio!

R.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dia Nacional do Livro


(Marina e Ricardinho- meus dois netinhos)

O desenvolvimento de atividades relacionadas ao dia do escritor e ao dia do livro reside, sem dúvida, na importância das informações e no prazer que a leitura proporciona a todos. Relacionar essas duas datas é bastante adequado, uma vez que o livro não existe sem o escritor.

O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro. Essa data foi escolhida para a comemoração, considerando-se a data da fundação da Biblioteca Nacional (29/10/1810), por D. João VI. O grande acontecimento permitiu a popularização do livro, tornando mais fácil o acesso à leitura.

Além das datas já citadas, é fundamental lembrar que o dia 18 de abril foi escolhido para comemorar o Dia do Livro Infantil, por ser esse o dia do nascimento de Monteiro Lobato, um dos precursores da obra literária infantil no Brasil.


"Um país se faz com homens e livros".
(Monteiro Lobato)

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No dia 23 de abril, Dia Internacional do Livro, me lembrei de minha irmã Auricélia. E hoje, no Dia Nacional do Livro, eu gostaria de prestar homenagem a um irmão. E, apesar da restrição comemorativa de hoje, devo ser justa e dizer que ele também é “internacional” rss.

É claro que, como irmão, já existe uma admiração típica do laço fraternal que nos une. Porém, o que me fascina nele é ser o tipo do intelectual que não é chatinho, embora carregue ampla bagagem cultural com muita maestria. Com ele não tem esse lance de autoafirmação. O cara é muuuuito tranquilo.

Quem o vê, de cara pensa logo que ele é do tipo sistemático, conservador, mas em seguida percebe admirado que ele dribla isso muito bem, sendo disciplinado mas ao mesmo tempo sabendo curtir a vida como ninguém. De um gosto super aprimorado em tudo, desde bem mais jovem, é o que se pode chamar, como se dizia nas antigas, de bon vivant.

Igualzinho à minha irmã, ele também é devorador de livros e isso vem lá da pré-adolescência, apenas eu acho ele mais técnico. Sei lá, há um contraste nele que o caracteriza bem: ele é meio científico quando se expressa sem, contudo, ser enfadonho. Sua simplicidade é desconcertante diante de sua competência. Suas proposições são bem fundamentadas, reflexivas, porém sem imposições. Se expressa com tranquilidade, sem nenhum resquício de boçalidade, mas logo se percebe que é com aquela autoridade de quem conhece profundamente o tema que está tratando. Falando em um português bem claro, ele não é pedante nem antipático, e isso é que o diferencia de muitos dos intelectuais que conheço. Enfim, definitivamente, ele não é um intelectualóide. Está mais para o tipo viva e deixe viver.

Anos atrás, ele promoveu um livro meu em Fortaleza, inclusive dirigindo uma peça muito interessante baseada em fragmento do próprio livro, inovando assim o momento do lançamento. Tenho muito orgulho de ter suas considerações na contra capa do meu livro “A Mulher Crisálida”.

Ele diz:

“A Mulher Crisálida” é, no fundo, a busca de toda mulher. Expõe, de forma reveladora, a alma feminina, seus sonhos, dúvidas, desejos íntimos e projetos. Seu espírito romântico, sua pureza, sua coragem. Vai além da denúncia flagrante da renitente opressão masculina, desmascarando a implícita pretensão do macho, ainda que essa luta signifique dar murro em ponta de faca. Aponta para a emersão de um mar de ansiedade e injustiça. Tudo com o auxílio luxuoso do humor fino e sutil. É difícil largar o livro, uma vez iniciada a leitura – seja pela destreza narrativa e pela mestria com que os diálogos são escritos – seja pela propriedade do seu substrato verossímil. Impõe-se como autêntico depoimento feminino. Impõe-se como literatura.







O tempo e a beleza




Estava lendo um texto bastante interessante no blog do Marcos onde – com a proximidade de seu aniversário - ele discorria sobre os efeitos da idade. Então comecei a refletir sobre a minha própria trajetória de vida me vendo um pouco naquelas linhas, considerando que já fui coadjuvante de muitos shows da vida como ele cita alguns lá, afinal eu sou um pouquinho mais velha que ele, aliás, quase uma idosa já já rss

Diz o velho ditado aos cultuadores de beleza estética que o tempo não perdoa,  mas eu não entro em pânico (risos) porque a grande sacada é relaxar e saber respeitar os próprios limites. E ser feliz com eles. Nosso corpo pede um pouco mais de calma pois é claro que o nosso ritmo vai mudando gradativamente, a gente vai desacelerando naturalmente, em todos os sentidos.O que não significa que não há alegria e vontade de viver por mais cem anos...

Além disso, como ninguém é só corpo, tem a nossa mente que também desacelera mas não que fique lerda, como dizem erroneamente os mais jovens. O que ocorre é que, chegando aos cinquenta, ela (a mente) fica mais madura e já não precisa correr tanto. Então, tira-se o pé do acelerador da ansiedade e aproveita-se com mais intensidade o que antes se via/vivia mais de relance e com paixão em demasia.

Inclusive -  dizem os especialistas -  se você é professor e ensina boa parte de sua vida, exercita muito mais a mente e o risco de "se agarrar" com Alzheimer é menor do que se não há esse exercício intelectual. Oba,  já tô na vantagem rsss comecei a monitorar em sala de aula aos 14! A long long time ago...

Mas, olha - e isso é opinião bem pessoal - se você estiver insatisfeito(a) com alguma ruguinha chata, uma papada insistente, uma pálpebra caída antes do tempo, um bracinho mais gordinho (euzinha he he) é só dar uma passadinha no cirurgião plástico de sua preferência. Mas, de leve, sem apelações, pois ninguém se iluda achando que esticando tudo vai parecer que tem vinte anos de idade. Chega uma hora que tem que relaxar e curtir a inevitável cara de maracujá mesmo, e daí? Minha mãe (foto) tem 85 anos e é linda!

Falando nela, lembro-me de um telefonema de uma irmã minha pedindo que procurasse me informar sobre tipos e preços de aparelho auditivo para minha mãe, pois  segundo ela, tem uns bem discretos e que não causam constrangimento nos mais vaidosos e tal... Daí, durante o telefonema, alguma coisa me escapava à audição e eu pedia para ela repetir. Então a engraçadinha disse que eu aproveitasse e visse um pra mim também! Achei graça e tal, mas disse e repito aqui que não tenho nenhum problema com isso (sou apenas filha de mãezinha resistente, abafa he he), que sou totalmente desencanada e o que eu precisar utilizar para melhorar a minha qualidade de vida eu não medirei esforços em alcançar.

Então, eu vejo assim. Não tem angústia, não. É só viver as fases, na boa, optando por uma boa qualidade de vida de modo geral. Não cair na preguicinha (Como eu, de vez em quando rss) e fazer exercícios leves e regulares, sem que seja necessário grandes esforços, como também optando por alimento que, em vez de aumentar colesterol, os “queime”. Lembrando sempre da  interação entre os aspectos mental, emocional, espiritual e físico da nossa vida, e, principalmente, lembrando que nenhum tratamento de beleza estética é capaz de esconder um coração sem beleza.

A coincidência é que ontem, em revista teen, eu lia uma matéria de uma atriz muito conhecida onde ela abordava justamente sobre esse lance de idade chegando, enfatizando a auto-estima. Entretanto, por mais que ela disfarçasse com colocações bem humoradas, dava pra ler nas entrelinhas a angústia e supervalorização em relação à pele firme das mais jovens e as "cruéis" mudanças na pele, nos tecidos, nos cabelos, "nos tudo" das mulheres da casa dos "enta"...

Até aí tudo bem, mas o estranho é que durante o texto inteirinho se percebe (pelo menos é o que me passou) que sua única preocupação era em relação à estética, quando esta é apenas um dos requisitos da beleza como um todo que vai influenciar diretamente na auto-estima.

Ela diz para a jovem diminuir a autocrítica e para se aproveitar e se amar enquanto está bem na foto só porque tem a pele lisinha ainda que seja magrinha, que a banha está durinha mesmo na gordinha e o cabelo brilhante, ainda que crespo. Tudo bem, concordo. Só acho que ficou meio incompleto. Ora, se amar, sempre! Afinal, ninguém é só beleza exterior, e não é só exterior que conta para uma autoestima em alta. (Oops, foi mal o trocadilho).



“SENHOR...
ensina-nos a contar os nossos dias,
 para que alcancemos coração sábio”
(Salmos 90.12)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As aparências enganam...


Átila


Segue abaixo o comentário feito por mim lá no blog do Zé Luís. Só clicando AQUI para entender melhor :)

PoiZÉ...

Eu acredito na inocência do felino, pois as aparências enganam, sim. E euzinha que o diga!

Ontem mesmo, excepcionalmente, deixei a porta “de fora” aberta. Ela fica de frente para a porta do meu vizinho de andar.

Acontece que Átila, o filhote "dash" (do meu filhote Jr rss) está paraplégico devido a uma cirurgia realizada na coluna vertebral e por isso vem sendo submetido a um tratamento de reabilitação, que inclui hidroterapia, fisioterapia e acupuntura com moxa*. A moxa tem cheiro parecido com o de maconha (Não que eu conheça esta última rss) e a casa fica incensada.

Não deu outra, abre-se a porta do vizinho e sai ele e mais um amigo. E, enquanto esperam o elevador no hall, ficam a inalar aquele cheiro que, devo confessar, é super agradável... Além de relaxar he he

Então, eu brinco com a guria – cara de adolescente mas doutora veterinária especialista em acupuntura com moxa - dizendo que ela que se explique para aquele senhor grisalho com quem ela irá compartilhar o elevador :) Aliás, tadinha, ela vive fazendo isso por aí, pois ela sempre vai embora toda impregnada.

Eu, pelo menos estou em casa e, em seguida, corro pra tomar uma ducha. Tonta.

A fragrância is in the air, mas estamos todos inocentes: Átila, Taísa e euzinha :)

R.

Obs.: vou ficar devendo uma foto do Átila em plena sessão.

........

*De história milenar, originária do norte da China, moxabustão - 灸 - jiŭ (pinyin) significa, literalmente, "longo tempo de aplicação do fogo", uma espécie de acupuntura térmica, feita pela combustão da erva Artemisia sinenses e Artemisia vulgaris.

É uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa. Baseia-se nos mesmos princípios e conhecimento dos meridianos de energia trabalhados na acupuntura, sendo amplamente utilizada nos sistemas de medicina tradicional da China, Japão, Coréia, Vietnam, Tibete e Mongólia. Acredita-se que seja anterior à acupuntura.

A moxabustão trata e previne doenças através da aplicação de calor em pontos e/ou certos regiões do corpo humano. (Wikipedia)






(Aplicação de moxa em humano)

(Moxa (e agulhas)em Átila. Atrás dele, sua caminha;
ao fundo, no canto da sala, seu coelhinho sem uma orelha rss)

sábado, 23 de outubro de 2010

Cyberbullying



Estive lendo por esses dias, em uma dessas revistas de fofoca de sala de espera de clínica, algo bem coerente dito pela Preta Gil. Em entrevista, ela considerou deplorável a atitude do Danilo Gentili, do CQC, ao chamar a Hebe Camargo de múmia em plena época em que esta vivia um drama pessoal ligado a sérios problemas de saúde. Adianto que não tenho predileção por nenhuma das duas, que não vejo seus programas e blá, blá, blá... Porém, admiro quem se posiciona com sinceridade, sem se importar se está sendo apenas agradável. (Eu falei sinceridade e não sincericídio...)

Por outro lado, certamente Hebe não sofreu nenhum abalo com isso e duvido que esse episódio extremamente lamentável tenha trazido qualquer dano à sua autoestima ou formação emocional/psicológica/moral.

Mas...

E o adolescente e a criança que têm acesso a um comentário assim perverso?! Com certeza vão achar engraçado e, como se encontram em formação, e ainda se estiverem experimentando alguma disfunção familiar, vão achar que é legal agir dessa forma, debochando das pessoas. Então eles vão trazer essa “ferramenta” para a sala de aula, para o clubinho, para a comunidade, enfim, para o meio ambiente em que vivem. E, sem qualquer noção das implicações advindas desse tipo de violência vão achar normal depreciar pessoas mais velhas... Pessoas mais velhas doentes... Pessoas, simplesmente.

Então, em efeito dominó, os valores vão sendo minados um a um, e unicamente porque um engraçadinho da TV resolveu espalhar sua acidez de coração. E eu me recuso a acreditar que alguém que assim age não saiba da sua própria responsabilidade ao assumir determinadas posturas; ele não venha dizer que não sabe que é formador de opinião e o quanto pesa, de maneira devastadora, o seu achismo leviano e irreverente travestido de humor casual.

Analogamente, em época de contagem regressiva de eleições, tenho observado que, de maneira assustadora, há uma enxurrada de mensagens depreciativas recheando os blogs diariamente e das mais variadas formas. Isso muito me entristece porque há uma distorção indiscriminada, uma confusão coletiva, na qual algumas pessoas confundem a transgressão com liberdade de expressão, depreciação com humor e provocação com irreverência; e, principalmente porque parte de gente dita cristã que, não sei se por uma exacerbação natural ou pelo afã da ocasião, perde o senso e passa a agir de forma por vezes até cruel, sem se ligar nos estragos que causa com tamanha perversidade. Ora, para mim, isso é uma das variáveis do cyberbullying.

E cyberbullying é muito mais do que mera brincadeira de mau gosto de colegiais e seu uso/abuso sutil de brinquedinhos tecnológicos. 

Cyberbullying é crime.

Cyberbullying é uma forma de violência virtual feita por meio de mensagens com IMAGENS e comentários depreciativos recheados de deboche, implicância, discriminação e agressões verbais, cuja principal intenção é humilhar e constranger PUBLICAMENTE.

Até bem pouco tempo, o bullying era considerado comportamento agressivo apenas no âmbito escolar e entre crianças e adolescentes. Hoje em dia, não importa o ambiente, pois sendo onde for e havendo interação entre pessoas que lancem mão desse instrumento de perversão, essa atitude é considerada bullying. E as motivações do agressor são as mais variadas, indo desde a falta de limites no contexto familiar, passando pela necessidade de adquirir poder e status e autorrealização social a qualquer custo. E a mais deplorável realidade: usando o retrato familiar como modelo. Sim, pois normalmente o agressor tem uma história de distorção de valores dentro da própria casa, onde pais e filhos disputam certas habilidades -geralmente físicas e de pseudo-valores - estendendo-se, inevitavelmente, ao convívio escolar e social em forma de raiva incontida que não o deixa transformar em diálogo, levando para a vida adulta e seus ambientes tais como, locais de trabalho, clubes e até mesmo nas igrejas.

Mas o que impressiona é o que alimenta a alma do agressor: o espectador. Este é seu maior aliado. Afinal, sem a plateia ele não cresce. É o espectador quem vai definir sua popularidade e a continuidade do conflito. E ele consegue essa façanha porque, ainda que tenha senso de justiça, não consegue ficar indignado o suficiente para repelir esse tipo de atitude simplesmente porque foi na onda, achou engraçado, enfim, deu asas à perversidade escondida lá no mais íntimo do seu ser.

E, como se não bastasse, ainda na sua forma mais perversa existe também a plateia que age como verdadeira torcida organizada, aplaudindo e reforçando a agressão com palavras de incentivo, tornando-se coautores dessa ação nefasta.

Então, trazendo para o mundo virtual - dos blogs, particularmente- e, como comentei em texto anterior, reafirmo o meu repúdio a qualquer forma de comunicação onde a pessoa recebe uma informação e, só porque esta informação reforça sua antipatia e preconceito por aquele assunto, logo se arma com seu megafone levando adiante e até mesmo “aumentando um ponto” com suas considerações levianas, picantes, depreciativas.

Vivemos um momento único no qual a comunicação é mais rápida que o raio e a saraivada é giratória e extremamente agressiva. Então me vem uma frase de Churchil, em época que nem se sonhava ainda com internet, na qual ele dizia que "uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir".

Neste momento extremamente delicado onde as pessoas estão estranhas, agindo de maneira ostensiva e avessas ao diálogo, precisamos ficar bem atentos antes de levantar qualquer bandeira e sair por aí soltando o verbo. Não faz mal nenhum ficar atento para o que se vai dizer/escrever procurando ser uma pessoa sensata sabendo que se pode perfeitamente usar argumentos variados sem que seja necessário apelar para overdose de adjetivos e imagens depreciativas.

Seja um sociólogo, antropólogo, cientista político ou um casual pensador sem formação acadêmica; um blogueiro mais intempestivo ou o blogueiro antenado; não importa quem o faça, mas faça uso de sua liberdade de expressão sem apelações gratuitas, de forma decente, respeitosa e consciente. Isso para mim é ser ÉTICO. E Jesus, foi acima de tudo, ético.

É assim que eu vejo pessoalmente. E é a minha dica.

Em amor e zelo.

Regina.



“Ser cristão não é FAZER CERTAS COISAS mas fazer tudo DE CERTA MANEIRA.”



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A mídia comercial contra Lula e Dilma


Leonardo Boff

Sou profundamente a favor da liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e xulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito innovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito da má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.


Extraído DAQUI

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A psicologia de massa do fascismo à brasileira








Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro.

O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial.

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.

Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.

Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira
Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.

Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.
Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.

Minhas filhas menores frequentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.

No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, e captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio

Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.

Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar.

Luís Nassif
 
(Grifos meus- RF)

O VOTO DO NORDESTE: para além do preconceito

Tânia Bacelar


A ampla vantagem da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno no Nordeste reacende o preconceito de parte de nossas elites e da grande mídia face às camadas mais pobres da sociedade brasileira e em especial face ao voto dos nordestinos. Como se a população mais pobre não fosse capaz de compreender a vida política e nela atuar em favor de seus interesses e em defesa de seus direitos. Não “soubesse” votar.

Desta vez, a correlação com os programas de proteção social, em especial o “Bolsa Família” serviu de lastro para essas análises parciais e eivadas de preconceito. E como a maior parte da população pobre do país está no Nordeste, no Norte e nas periferias das grandes cidades (vale lembrar que o Sudeste abriga 25% das famílias atendidas pelo “Bolsa Família”), os “grotões”- como nos tratam tais analistas – teriam avermelhado. Mas os beneficiários destes Programas no Nordeste não são suficientemente numerosos para responder pelos percentuais elevados obtidos por Dilma no primeiro turno : mais de 2/3 dos votos no MA, PI e CE, mais de 50% nos demais estados, e cerca de 60% no total ( contra 20% dados a Serra).

A visão simplista e preconceituosa não consegue dar conta do que se passou nesta região nos anos recentes e que explica a tendência do voto para Governadores, parlamentares e candidatos a Presidente no Nordeste.

A marca importante do Governo Lula foi a retomada gradual de políticas nacionais, valendo destacar que elas foram um dos principais focos do desmonte do Estado nos anos 90. Muitas tiveram como norte o combate às desigualdades sociais e regionais do Brasil. E isso é bom para o Nordeste.

Por outro lado, ao invés da opção estratégica pela “inserção competitiva” do Brasil na globalização - que concentra investimentos nas regiões já mais estruturadas e dinâmicas e que marcou os dois governos do PSDB -, os Governos de Lula optaram pela integração nacional ao fundar a estratégia de crescimento na produção e consumo de massa, o que favoreceu enormemente o Nordeste. Na inserção competitiva, o Nordeste era visto apenas por alguns “clusters” (turismo, fruticultura irrigada, agronegócio graneleiro...) enquanto nos anos recentes a maioria dos seus segmentos produtivos se dinamizou, fazendo a região ser revisitada pelos empreendedores nacionais e internacionais.

Por seu turno, a estratégia de atacar pelo lado da demanda, com políticas sociais, política de reajuste real elevado do salário mínimo e a de ampliação significativa do crédito, teve impacto muito positivo no Nordeste. A região liderou - junto com o Norte - as vendas no comercio varejista do país entre 2003 e 2009. E o dinamismo do consumo atraiu investimentos para a região. Redes de supermercados, grandes magazines, indústrias alimentares e de bebidas, entre outros, expandiram sua presença no Nordeste ao mesmo tempo em que as pequenas e medias empresas locais ampliavam sua produção.

Além disso, mudanças nas políticas da Petrobras influíram muito na dinâmica econômica regional como a decisão de investir em novas refinarias (uma em construção e mais duas previstas) e em patrocinar - via suas compras - a retomada da indústria naval brasileira, o que levou o Nordeste a captar vários estaleiros.

Igualmente importante foi a política de ampliação dos investimentos em infra-estrutura – foco principal do PAC – que beneficiou o Nordeste com recursos que somados tem peso no total dos investimentos previstos superior a participação do Nordeste na economia nacional. No seu rastro,a construção civil “bombou” na região.

A política de ampliação das Universidades Federais e de expansão da rede de ensino profissional também atingiu favoravelmente o Nordeste, em especial cidades médias de seu interior. Merece destaque ainda a ampliação dos investimentos em C&T que trouxe para Universidades do Nordeste a liderança de Institutos Nacionais – antes fortemente concentrados no Sudeste - dentre os quais se destaca o Instituto de Fármacos (na UFPE) e o Instituto de Neurociências instalado na região metropolitana de Natal sob a liderança do cientista brasileiro Miguel Nicolelis que organizará uma verdadeira “cidade da ciência” num dos municípios mais pobres do RN (Macaíba).

Igualmente importante foi quebrar o mito de que a agricultura familiar era inviável. O PRONAF mais que sextuplicou seus investimentos entre 2002 e 2010 e outros programas e instrumentos de política foram criados (seguro – safra, Programa de Compra de Alimentos, estimulo a compras locais pela Merenda Escolar, entre outros) e o recente Censo Agropecuário mostrou que a agropecuária de base familiar gera 3 em cada 4 empregos rurais do país e responde por quase 40% do valor da produção agrícola nacional. E o Nordeste se beneficiou muito desta política, pois abriga 43% da população economicamente ativa do setor agrícola brasileiro.

Resultado: o Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no país com 5,9% de crescimento ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior a de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da RAIS.

Daí a ampla aprovação do Governo Lula em todos os Estados e nas diversas camadas da sociedade nordestina se refletir na acolhida a Dilma. Não é o voto da submissão - como antes - da desinformação, ou da ignorância. É o voto da auto- confiança recuperada, do reconhecimento do correto direcionamento de políticas estratégicas e da esperança na consolidação de avanços alcançados – alguns ainda insipientes e outros insuficientes. É o voto na aposta de que o Nordeste não é só miséria (e, portanto, “Bolsa Família”), mas uma região plena de potencialidades.
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Tânia Bacelar de Araújo é graduada em Ciências Sociais pela UFPE e em Ciências Econômicas pela UNICAMP. É Especialista em Planejamento Global pela CEPAL e possui Doutorado em Economia pela Universidade de Paris I – Panthéon-Sorbonne.

Atua como professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no Departamento de Ciências Geográficas (Programa de Pós-Graduação em Geografia) desde 1989, e é Sócia Diretora da CEPLAN – Consultoria Econômica e Planejamento desde 1995.

Foi Consultora do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, para apoio aos Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte (1995 a 1999); Diretora Nacional de Projeto do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)"Estratégia para apoio ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas no Nordeste do Brasil"(1997) e Consultora do PNUD – IPEA para assessorar o PARARNACIDADE e as ASSOCIAÇÕES de PREFEITOS ( AMUSEP e AMOP) na elaboração de Planos Regionais de Desenvolvimento (1998).

Exerceu os seguintes cargos públicos:

• Economista da SUDENE (20 anos) tendo sido Diretora de Planejamento Global (1985/86)

• Secretária de Planejamento de Pernambuco – 1987/88

• Secretária da Fazenda de Pernambuco – 1988/1990

• Diretora do Departamento de Economia da FUNDAJ – 1990 /1995

• Secretária de Planejamento,Urbanismo e Meio Ambiente do Recife – 2001/2002

• Secretária Nacional de Políticas Regionais pelo Ministério da Integração Nacional – 2003

• Coordenadora do Grupo de Trabalho de Recriação da SUDENE e da SUDAM – 2003



(Recebi hoje por e-mail- RF)


terça-feira, 19 de outubro de 2010

O sensato e o tolo





O sensato ouve toda verdadeira repreensão com temor grato, mas o tolo sente-se ofendido por cada verdade que poderia ajudá-lo.

O sensato sente todas as dores deste mundo e com elas lava-se em doçuras, mas o tolo extrai da dor apenas a amargura.

O sensato foge de toda luta que não seja pela vida, mas o tolo faz de toda discordância uma questão de salvação do mundo.

O sensato vive e deixa viver, embora não negocie seus princípios jamais; mas o tolo sente a obrigação de se impor sobre todos os diferentes.

O sensato faz o bem e se esquece, mas o tolo o conta como currículo.

O sensato ama a todos, até aqueles de quem não goste; mas o tolo ama apenas os que lhe agradam com consentimentos, e desgosta-se de todos os que não sejam como ele.

O sensato vê em cada outro humano um altar, mas o tolo somente vê altares em lugares onde tijolos e pedras tenham sido erguidos.

O sensato sabe que a cada semente corresponde seu próprio fruto, mas o tolo crê que pode semear uma natureza e colher outra.

O sensato leva em consideração cada acusação que recebe e nelas medita, pois crê que delas possa tirar algum proveito, ainda que em silêncio; mas o tolo perde a chance de se enxergar até nos exageros dos que o acusem.

O sensato confia no vento e no seu poder incontrolável de espalhar sementes, mas o tolo acha que se não industrializar o plantio, sua existência não será produtiva.

O sensato vive pela fé; o tolo, porém, vive do que ele acha que pode controlar ou manipular.

O sensato nunca não vai com a cara de alguém apenas por não ir, mas o tolo desgosta de tudo e todos que lhe pareçam concorrência.

O sensato somente gosta de ganhar em parceria, mas o tolo quer sempre ganhar sozinho.

O sensato vive para fazer fácil a vida, mas o tolo ama as complexidades.

O sensato cresce em todas as tribulações, mas o tolo lamuria e cresce em desconfiança em cada uma delas.

O sensato transforma traumas em lições, mas o tolo os alimenta como álibis.

O sensato foge da justiça dos homens e busca conciliação pacifica; mas o tolo ama os tribunais.

O sensato ama a simplicidade dos simples e a calma dos idosos, mas o tolo apenas dá atenção ao que lhe possa auferir ganhos de alguma forma no instante.

O sensato ama o mandamento da Vida, mas o tolo acha tudo uma obrigação.

O sensato busca renovar-se todos os dias, mas o tolo busca adaptar-se todos os dias.

O sensato crescerá em consciência...

O tolo viciar-se-á em seus modos, e neles morrerá: a menos que se converta à verdade que liberta a mente para aprender a sabedoria.






sábado, 16 de outubro de 2010

A armadura de Deus





Estive pensando...

Não, não descobri o Brasil nem reinventei a roda, vou logo adiantando a leitores de crítica acirrada. Também não fiz nem faço estudo bíblico de queimar neurônios. Apenas gosto de refletir como é importante, necessária e maravilhosa a redescoberta diária da SIMPLICIDADE do que Deus requer de nós.

Estive pensando em como os Dez Mandamentos são pautados em nossos relacionamentos com Ele, nossa família e nosso semelhante; como o Evangelho nos diz sobre nossa existência em convívio; em como é impressionante o primeiro milagre de Jesus ter sido em um casamento - onde o vinho excelente faz a festa duradoura - e em como tudo isso nos diz sobre a importância do casamento, do plano de Deus para as pessoas, do ajuntamento que se forma em volta de um casamento que deve ser festa e alegria CONTÍNUA na existência, da necessidade de se estar juntos dando suporte uns aos outros...

Então, estive pensando no quanto nos permitimos estragar esse plano de Deus para nossa vida e no quanto os próprios relacionamentos nos colocam em alerta constante para "o dia mau". O dia mau que é cotidiano e cujas forças tenebrosas nele incluídas fazem uso do homem, adulterando seus valores e seus conceitos em aparente calma e equilíbrio com o intuito de distorcer a verdade e afastar as pessoas umas das outras. Sim, pois o inimigo de nossas almas só quer isso: separar as pessoas por meio de acusações, mentiras e situações distorcidas. Precisamos ficar atentos e não nos afastarmos das pessoas entendendo que nossa luta não é contra elas. Vivemos em constante batalha espiritual e por isso o soldado tem que pôr a armadura todo dia para poder rebater as falsas acusações do inimigo com seu kit imundo de ciladas diárias em situações de conflito que provocam dúvida, medo, autopiedade, culpa e toda a sorte de pensamentos negativos. Pensamentos traduzidos em palavras e consequentes ações, das mais devastadoras...

Dias atrás escrevi um texto sobre conviver com diferenças, citando especificamente divergências entre irmãos justamente porque RESPEITAR a individualidade e diversidade dentro do próprio lar, certamente é um dos maiores desafios que a pessoa vai aprender para poder enfrentar a vida lá fora com ÉTICA E DIGNIDADE. É no lar que se desenvolve o verdadeiro companheirismo que vai moldar o caráter do ser humano. É no lar que se aprende o importante significado de convivência sadia com as diferenças. É no lar que acontece a primeira interação entre os indivíduos e que será algo decisivo na geração de novos entrelaçamentos fora do âmbito familiar, estendendo-se a todas as áreas da vida de uma pessoa.

E como trazer isso para a vida real, para a crise, para o bate boca que ora se apresenta, para as discussões inflamadas, as contendas que surgem? Na verdade, não há muita dificuldade em se entender isso. Porém, o que existe como trava é uma resistência enorme em querer se desarmar, pois todos têm suas justificativas, suas próprias racionalizações e não querem abrir mão delas. Daí a potencialização das desavenças que findam por mascarar a verdade. E aí está a cilada, pois essa resistência embaça a maneira correta de desfazer os nós formados pelo desentendimento; essa resistência insiste na permanência de uma crise que na sua grande maioria das vezes surge de uma bobagem, “do nada”. E, unicamente por meio da reconciliação EM VERDADE, confessando as próprias fraquezas (pecado) é que se retoma o caminho do amor e da compaixão que une as pessoas. Somente com amor e humildade se neutraliza todo ressentimento que porventura queira se instalar na nossa alma. E só podemos neutralizar essa situação que nos afasta uns dos outros SE estivermos capacitados para isso. E essa capacitação não vem de nós, precisamos PEDIR a ajuda de Deus.

É onde entra “a armadura de Deus”.

Aos efésios, Paulo faz uma analogia da figura da armadura de Deus com a armadura do soldado romano, mostrando que não é com nossos próprios esforços que iremos abater o inimigo que destrói relações, e sim, confiando na proteção e amparo de Deus que nos capacita a vencer suas investidas.

“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” (Efésios 6.12)

“Cingindo-vos com a verdade” – a cintura ou abdômen era vista como a área das emoções que normalmente nos enganam fazendo acreditar em uma mentira; quando temos compromisso com a verdade, independentemente das repercussões, nossas emoções não nos deixam cair nessa cilada, não importam as circunstâncias.

“Vestindo-vos da couraça da justiça” – o peito é visto como o lugar onde se encontra a alma. Quando o coração é limpo e justo, através de constante confissão e perdão, não há espaço para o inimigo fazer seu inferninho.

“Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz” Se estamos com o sapato adequado, pisamos de forma correta em qualquer ambiente a serviço do Senhor levando o Evangelho da paz e da reconciliação.

“Embraçando sempre o escudo da fé” – outra metáfora que nos alerta a não tirar o escudo do braço, sempre atentos para rebater os dardos inflamados (acusações) por meio da armadura invisível que é a fé.

“Tomai também o capacete da salvação” – nessa área na qual está o capacete somos protegidos contra os maus pensamentos que ora queiram se instalar. A certeza da salvação é uma enorme defesa contra a dúvida, a insegurança e outras obras das forças espirituais do mal.

“Tomai... a espada do Espírito” – a espada é a Palavra viva, poderosa e efetiva.

“Orando em todo tempo no Espírito” – É nessa constante comunicação com o Senhor das nossas vidas que encontramos encorajamento e direcionamento correto em meio ao vendaval. “Em todo tempo” nos aponta a seriedade e necessidade de nos mantermos a postos nessa batalha que é constante. (Efésios 6:14.18- Adaptado de A Bíblia da Mulher -pag 1502- Ed Mundo Cristão-  SBB)



“Sede sóbrios e vigilantes.
O diabo, vosso adversário, anda em derredor,
como leão que ruge procurando alguém para devorar.”
(1Pe 5.8)

“Portanto, tomai toda a armadura de Deus,
para que possais resistir no dia mau e, depois de teres vencido tudo,
permanecer inabaláveis”
(Ef 6.13)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ainda sobre o PERDÃO...




Em Lucas vemos o perdão condicionado ao arrependimento:"Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe". (17:3.4)

Creio que aqui esteja falando do perdão governamental, isto é, daquele que segue uma confissão pública e é também dado de forma pública, formal ou audível. Porém, aprendemos de outras partes que não devemos guardar raiz de amargura em nosso coração. Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. (Hb 12:15)

Então talvez o melhor caminho seja perdoar a todos os que nos ofendem como Cristo nos perdoou. Evidentemente Cristo nos perdoou quando nos convertemos e fomos a ele arrependidos pedindo por perdão, o que mostra que o perdão completo está condicionado ao reconhecimento de pecado da parte daquele que nos ofende.

Mesmo assim nosso perdão deve ser incondicional como foi o de Jesus para conosco (Lembre-se de que não teríamos ido a ele se não fosse pela ação do Espírito Santo que nos convenceu do pecado)

Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. (Ef 4.32)

Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. (Cl 3.13)

Colocando meus pensamentos em ordem, primeiro, quando sou ofendido, devo perdoar imediatamente em meu coração para me livrar da raiva e da amargura que aquela ofensa irá criar se eu guardá-la. Por que eu deveria alimentar a raiva em meu coração? Enquanto ficar corroendo aquilo corro o risco de aumentar o potencial do pecado do outro e eu mesmo pecar por isso.

Mas a partir do momento em que meu coração está disposto a perdoar, a responsabilidade toda recai sobre o ofensor. Já não é mais problema meu, porque já não me sinto mais ofendido. É ele quem deve tomar a iniciativa de pedir perdão para ser perdoado de fato. Talvez eu devesse chamar esse perdão no coração de disposição para perdoar, uma espécie de embrião do perdão.

Segundo, uma vez tendo perdoado em meu coração, já não estarei mais algemado àquele irmão por sua ofensa; não precisarei mais trocar de calçada quando o vir ou desviar o olhar dele. Com um coração apto a perdoar eu me torno acessível para o caso de ele se arrepender e me procurar. Ele deve perceber minha boa disposição em perdoar assim como percebemos essa disposição no coração de Deus que fez tudo neste sentido.

Mas não é o caso de eu ir a ele dizendo que está perdoado, como costumam ensinar os psicanalistas visando apenas o bem estar de seu paciente, e não a correção do erro da parte do ofensor. Porque se ele não reconheceu seu erro de nada irá valer o meu perdão. Este será tão inútil quanto um presente que compro para dar a alguém e a pessoa nunca passa em casa para receber. Por isso pode ser o caso de admoestá-lo pelo seu erro, como ensina Lucas 17:3, visando sua correção.

Deus nos disciplina quando erramos, portanto o perdão não deve ser encarado como um paliativo para deixar para lá o pecado como se fosse algo inofensivo. Nunca é. Do ponto de vista governamental (quero dizer administrativo, exterior ou público), o pecado deve ser reconhecido, confessado e julgado, antes de ser perdoado.

Terceiro, se ele reconhecer o erro e confessá-lo em arrependimento, devo revelar a ele o meu perdão. Quero dizer com tudo isso que, quando nós fomos a Deus para pedir perdão, ele não nos deixou esperando na fila enquanto ia pensar se devia nos perdoar ou não. O perdão estava bem ali, disponível, como um presente já comprado e pago, só aguardando nosso arrependimento e contrição para recebê-lo.

Assim deve ser conosco. Creio que o perdão fica sendo uma espécie de estado constante no coração do cristão, mas que só é manifestado publicamente quando requerido por uma confissão do ofensor arrependido. Portanto, se o ofensor não está disposto a aceitar nosso perdão, ele não está arrependido e, por isso, não terá a garantia de perdão.

Texto na íntegra AQUI 

(Grifos meus-RF)


terça-feira, 5 de outubro de 2010

É proibido





É proibido chorar sem aprender,

Levantar-se um dia sem saber o que fazer

Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas

Não lutar pelo que se quer,

Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.


É proibido não demonstrar amor

Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.


É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos

Chamá-los somente quando necessita deles.


É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,

Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,

Esquecer aqueles que gostam de você.


É proibido não fazer as coisas por si mesmo,

Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,

Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.


É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,

Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.


É proibido não tentar compreender as pessoas,

Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.


É proibido não criar sua história,

Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,

Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.


É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,

Não pensar que podemos ser melhores,

Não sentir que sem você este mundo não seria igual.



(Pablo Neruda)

sábado, 2 de outubro de 2010

Caçador de mim













(Canta: Flávio Venturini)



Por tanto amor

Por tanta emoção

A vida me fez assim

Doce ou atroz

Manso ou feroz

Eu caçador de mim



Preso a canções

Entregue a paixões

Que nunca tiveram fim

Vou me encontrar

Longe do meu lugar

Eu, caçador de mim



Nada a temer senão o correr da luta

Nada a fazer senão esquecer o medo

Abrir o peito à força, numa procura

Fugir às armadilhas da mata escura



Longe se vai

Sonhando demais

Mas onde se chega assim

Vou descobrir

O que me faz sentir

Eu, caçador de mim

(Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá)


 Obs.: foi o texto HEBREU DE MIM que me inspirou hoje a postar... RF.