"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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domingo, 30 de setembro de 2012

O maior milagre



Há algum tempo, uns dois meses, talvez, li uma notícia que me paralisou. Um homem de Camarões, país da África, conseguiu entrar num navio como clandestino, sem nem saber para qual destino.
Fiquei pensando nesse homem, que devia ter uma vida tão sem esperança, tão sem perspectiva, que decidiu se arriscar a qualquer coisa, em qualquer lugar do mundo, à procura de um futuro. Ele não escolheu para onde queria ir, desde que pudesse deixar para trás tudo o que tinha sido sua vida até aquele momento; devia ter suas razões. Mas esse é apenas o começo da história.
Danusa Leão.
Cotidiano
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Este é apenas o parágrafo inicial de um texto que trata da dramática situação do homem que foi cruelmente atirado ao mar. Eu posso até estar enganada com meu achismo pessoal mas arrisco dizer que esse papo de que alguém ‘devia ter suas razões’ para uma transgressão às leis internacionais é muito condescendente. A autora não arrisca julgar os motivos mas diz que ele procurava ‘um futuro’.  Ora, me poupe a dona Danusa, pois que futuro digno se espera ‘atirando-se’ a esmo? Razão, na acepção da palavra, foi o dispositivo menos acionado para essa empreitada. Certamente foi o desespero que o levou a tal desatino.
Bom, mas trazendo o tema para outra realidade mais próxima, na qual o 'clandestino' se aventura em mares interiores, eu analiso a situação da pessoa que extrapolou várias vezes - deu murro em ponta de faca várias vezes, chutou o pau da barraca várias vezes, perdeu as estribeiras várias vezes - como sendo uma fuga travestida de horrores externos mas, que é, na realidade, advinda de um tenebroso ‘si mesmo’. Um ‘si mesmo’ com direito a (supostos) algozes com suas próprias punições. Ambos miseráveis e em um só pacote, posto que na mesma mente: o que foge usando meios ilícitos para justificar seus fins e o que julga a causa com os próprios meios. 
O ‘marginalizado’, acreditando ter zerado sua culpa na fuga que virou mania de perseguição, coloca-se acima do bem e do mal, roubando a confiança de quem lhe abre incondicionalmente as portas da casa e do coração e novamente se põe em fuga de (suposta) perseguição mesmo sabendo-se perdoado.

Inevitavelmente vem à tona a miserabilidade do homem sob os dois polos: o da perseguição e o da fuga, ambas desenfreadas. Principalmente quando esta perseguição é fruto da própria imaginação, que de tão repetitiva, inverte as situações, causando conflito nas mentes dos espectadores que confundem a própria compaixão passando a enxergar essa pessoa como injustiçada, rejeitada, maltratada, desprezada.

Focalizando toda sua energia na pseudo-perseguição, bate com a cara na parede a cada investida inconsequente. Trata-se da velha resposta (consequências) aos próprios atos. Em uma eterna briga interior, onde as ‘armas’ são: uma profunda amargura resultante da intransigência obsessiva de quem se vê perseguido pelas próprias racionalizações interiores; e a terrível sensação provocada pelo círculo vicioso da insistente e frustrante fuga de si mesmo.
No caso do texto da Danusa, houve uma equipe justiceira e obsessiva transgredindo uma lei maior, a lei humanitária. Parafraseando-a, a falta de perspectiva e a solidão infinda, de fato, levaram essa personagem da minha história, ao desespero de mergulhar cegamente no mais íntimo e mais profundo mar revolto. Ou seja: trazendo para o chão da existência, o orgulho e a teimosia é que o afundam e o destroemEntão, por um fio de vida (dignidade humana) ele cai em si e reconhece que apenas um milagre poderá salvá-lo. Um milagre que nada tem a ver com oba oba e fogos de artifício. Um milagre silencioso e extremamente pessoal que lava e cura seu coração e sua mente. Um milagre que, definitivamente, transforma e neutraliza o seu maior inimigo: seu próprio coração. 

'Pequeno' detalhe: esse milagre está atrelado à própria disposição em despir-se do ‘eu’ teimoso, arrogante, orgulhoso, ressentido, recalcado. Eis o impasse!
E eis a parte boa: o milagre é o convite que Cristo faz e é de dentro para fora. Ele propõe que nos desarmemos, enquanto se oferece como ceia*, onde numa genuína mudança de hábitos e conceitos, passamos a ter, por meio d´Ele, uma vida de qualidade. Independente das circunstâncias. 
R.Rosa vermelha


Cristo promete 'cear' com aquele que abrir a porta para Ele.
Na tradição judaica, compartilhar de uma refeição com alguém era um símbolo de confiança, afeição, intimidade e lealdade.



TEXTOS CORRELATOS:

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

É Deus presente...



Sempre fui fascinada pela arte em todos os sentidos.
É Deus presente na canção, na poesia, na literatura, no teatro, no cinema, na 'telinha', na fotografia, na escultura, nos rabiscos do pintor...
E olhando essa imagem acima não tem como ficar apático.
Eu simplesmente me transporto...(Na versão mais lúcida!)

Não tenho a menor dúvida de que FONTE vem a inspiração que invadiu a pessoa que a ‘inventou’.
O mais curioso é que eu comentava há pouco com o Zé Luís no Facebook sobre isso sem entender que essa pessoa era ele mesmo. (Achava que ele apenas a havia copiado da internet).
Fiquei tão impressionada com o que a imagem representa que ele enviou-a para mim.

Que coisa mais interessante... 
Que alegria me invadiu ao absorver cada pedacinho dela. 
Que perfeição!
Evangelho puro.
O simbolismo da porta/cruz oferecendo-se para libertar-nos das prisões/paredes.  
O contraste das cores inertes da selva de pedra com o azul e o branco do infinito. 
O facho de luz/esperança que nos direciona e nos indica a entrada/saída.

E pensar que nosso amigo criou esse desenho a partir de um despretensioso rabisco em plena chatice de um culto de domingo. (Eu sempre suspeitei que ele fosse um herege rss)

Que coisa mais incrível poder constatar a todo instante que ‘O Vento sopra onde quer’, da maneira que quer. Como diz Paulo (o apóstolo) em uma epístola, ‘O Espírito é multiforme’.

Deus é maravilhoso e se revela da maneira mais desconcertante, desbancando o homem apavonado com suas convenções, regras e igrejismos.  

E (falando em pretensão rss) não sou diferente, pois cá estou eu tentando dizer o que já está dito, querendo que chova no que já está molhado... Afinal, é só se deixar absorver e pronto. Mas é que a felicidade é muito grande e eu não me contive.

A Ele, toda honra e toda glória!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Toda instituição faz mal?

(Igreja: fábrica de produzir robôs)






Passado o engano, as pessoas começam a cair na real. Então, surgem muitas e muitas perguntas: 

- O que faço? 

- Para que igreja eu vou? 

- Ainda existem igrejas boas? Onde elas estão?

Sim, ainda há boas igrejas e bons pastores. 

A maioria, todavia, existe na obscuridade em razão de que se negaram a entrar no “esquemão evangélico”, espaço no qual se criam os grandes Shows de Fé, porém, vazios do Evangelho.

Muitas dessas boas igrejas nem são “interessantes” como ajuntamento e nem sempre têm pastores “carismáticos”. Mas são honestas, sinceras, sérias, misericordiosas e capazes de lidar em amor e graça com a natureza humana.

Das chamadas igrejas grandes e institucionais que conheço no país, a mais aberta, sadia, amiga, sincera, pronta a acolher, bondosa, gentil, educada, e extremamente prática no trato da vida, é a Catedral Presbiteriana do Rio.

Para mim, a Catedral é uma prova de que uma comunidade pode ter história - muita história por sinal - e não se deixar matar pelo peso das tradições e nem se deixar engolfar pelo culto a si mesma.

No entanto, tudo depende da liderança. E, sem dúvida, o pastorado do Reverendo Guilhermino Cunha é a razão de que aquela igreja seja hoje um dos lugares mais sadios do país para se frequentar e criar os filhos.

Estou dizendo isto porque desejo deixar bem claro que não é a instituição que tem o poder de matar as coisas, mas sim o coração que se deixar fixar pelos limites da instituição, fazendo da existência dela um fim em si mesmo.

Uma instituição é sempre algo como o Sábado nas narrativas do Evangelho: pode ser dia de descanso ou pode ser dia de prisão e dia de juízo e morte. 

Tudo depende de como se vê as coisas.

Simplificando: nenhuma instituição tem o poder de fazer mal quando os homens não se deixam instituir como função engessada dentro da instituição.

Ora, assim como o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado, assim também a instituição existe para servir o homem, e não o homem à instituição.

Toda instituição que existe para servir aos homens é boa e útil. 

Porém, quando ela demanda que os homens existam para mantê-la e servi-la, então, ela se torna demoníaca e instrumento do congelamento das almas humanas.

Ou seja: uma instituição só tem poder maléfico se os homens a servirem como algo que é superior à vida e a existência dos indivíduos.

Quando é assim, até o Templo de Jerusalém vira morada de demônios e gera para a escravidão. 

Quem entende isso já andou mais da metade do caminho.

Extraído DAQUI


(Negritos meus-RF)



sábado, 1 de setembro de 2012

Reuniões em nome de Jesus...



Vai, e como creste te seja feito.(Mateus 8.13)

O mestre diz essas palavras a um homem que O deixou maravilhado com tamanha fé, ao ponto de Ele dizer não ter encontrado em todo o Israel a qualidade de fé que aquele homem tinha.  Isso porque, antes disso, a Graça salvadora em fé já havia encontrado abrigo em seu coração.

Quando queremos multidões ao nosso redor, seja para enganá-las, extorqui-las e ludibriá-las, ou para massagear nossos egos e as enchermos de teologias (a pior de todas é a sistemática), estamos indo contra Jesus.

Mas aí vem a pergunta:
Então, para que servem os encontros realizados em nome de Jesus?
Servem para que nós preguemos a Sua Santa Palavra, para que a fé venha pelo ouvir da pregação e a Graça alcance o coração e entendimento dos ouvintes. (Lembrando que a ausência do 'ouvir' em lugares determinados como 'santos' nem serve como justificativa para o desconhecimento da Palavra de Deus, pois todos nós, de uma forma ou de outra, temos acesso a ela nos dias atuais)

Por ser de Cafarnaun - cidade esta que Jesus transformara em seu QG - este centurião já tinha ouvido de Jesus a Palavra da Salvação e visto as inúmeras curas realizadas por Ele. Para um centurião - homem de poder – humilhar-se diante de um judeu (Jesus) em favor de um criado seu (nem ao menos filho era, para se ter uma ideia de como o coração daquele centurião estava cheio da Graça de Deus) só mesmo depois de um derramar da Graça que gera amor para com o próximo.

A Graça já o tinha alcançado. Tanto, que Jesus afirmou que  ... muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus - afirmação esta, antecipada pelas palavras em fé daquele centurião. Ele já cria pela fé em Jesus, discerniu o mundo espiritual (Mt 8:9) e praticava o segundo grande mandamento: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O que mais faltava a este homem? Estudar teologia? Se tornar apologeta ou exegeta? Ativista pró-família contra a suruba romana nos banhos termais?

Daí o fato daquele centurião não receber o ‘VEM E SEGUE-ME’ de Jesus, mas apenas o ‘VAI’, pois tudo o que aquele homem necessitava era continuar a colocar em prática o amor ao próximo.

É por essas e outras que cada vez mais me conscientizo de que pregar sobre a Graça não é algo atrelado a cerimonialismos não estando necessariamente institucionalizado nem agendado. O Espírito de Deus é soberano e livre para agir fora dos átrios religiosos - e até mesmo dentro rss – diria Jesus, em outras palavras e outro contexto, ao legalista Nicodemos.

É por essas e outras que eu não me neurotizo nem me impressiono quanto ao número de pessoas que participam de reuniões ou que lotam as igrejas, pois que fomos chamados simplesmente para evangelizar, e não, para formar uma enorme massa de manobra zumbificada.