"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

Translate

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Relacionamento entre irmãos







Um dos maiores desafios no que diz respeito a relacionamento entre as pessoas, está dentro de nosso círculo familiar, especialmente entre irmãos onde, em meio à unidade e diversidade fraterna, cada um tem a oportunidade única de desenvolver a própria identidade, a autoestima, o valor próprio e o relacionamento com Deus.

Relacionamentos entre irmãos irão influenciar no que eles se tornarão na vida adulta principalmente pela rica oportunidade que o meio fraterno possibilita de forma ampla: desenvolver habilidades de comunicação e compreensão acerca do verdadeiro companheirismo, incluindo tolerância, respeito e apreciação pelo outro, reconhecendo valores e diferenças individuais.

Na bíblia não tem exatamente modelos de perfeição no âmbito familiar, entretanto vemos alguns casos - se não de famílias perfeitas - mas de exemplos que nos apontam princípios sobre relacionamentos saudáveis entre irmãos:

- Respeitar a individualidade; não tolher a liberdade que o irmão tem para desenvolver traços e atributos ao atender o chamado de Deus para sua vida. Marta e Maria tinham personalidades muito diferentes e mesmo assim cada uma se relacionava com o Senhor, conforme suas próprias habilidades (Lc 10:38.42; Jo 11:20.44)

- Procurar resolver as diferenças na privacidade familiar evitando assim uma série de mal entendidos e até de consequências mais graves pela impulsividade e rejeição. Miriã pagou um preço alto por ter criticado o irmão publicamente. (Nm 12:1.15)

- Acreditar na mudança sincera de algum irmão mais teimoso que vacilou e se perdeu no meio do caminho; não perder as esperanças no irmão, por mais diferente que ele seja; alegrar-se quando este recua e dá mostras de querer acertar; agir com humildade e aceitação, sem fazer comparações invejosas como se o próprio comportamento fosse o mais perfeito do mundo. Lembrando sempre que o orgulho é o grande responsável pela maioria dos conflitos entre irmãos (Lc 15:11.32)

- Levar sempre o irmão a conhecer o Senhor, ficar atento quando o irmão precisa de uma força, de uma palavra de fé, desde um simples toque que faz toda a diferença a uma explicação mais detalhada acerca do Evangelho. (Jo 1:40.42)

Em um mundo decaído não existem famílias perfeitas. Mas em um relacionamento onde Deus está em primeiro plano, suprir necessidades básicas sempre será mais leve e mais fácil para manter a família em certo equilíbrio. E a necessidade mais básica e mais urgente que precisa ser suprida na família é a espiritual. É aquela onde Deus está em primeiro plano.

Coloque Deus no topo da sua escala de valores.

Conhecer a Deus, ter com Ele um relacionamento pessoal é determinante para “re-arrumar” a escala de valores de cada um dos irmãos, situando-os dentro da família e fazendo toda a diferença, não como uma família superior, mas buscando o real suporte que a equilibra nas turbulências da vida.


(Adaptado por RF)



domingo, 26 de setembro de 2010

O gosto da surpresa



Nada é melhor do que se surpreender, olhar o mundo com olhos de criança. Por isso as pessoas gostam de viajar. Nem o trânsito, nem a fila no aeroporto, nem o eventual desconforto do hotel são empecilhos neste caso. Só viajar importa, ir de um para outro lugar e se entregar à cena que se descortina.

O turista compra a viagem baseado nas garantias que a agência de turismo oferece, mas se transporta em busca de surpresa. Porque é dela que nós precisamos mais. Isso explica a célebre frase “navegar é preciso, viver não”, erroneamente atribuída a Fernando Pessoa, já que data da Idade Média.

Agora, não é necessário se deslocar no espaço para se surpreender e se renovar. Olha atentamente uma flor, acompanhar o seu desenvolvimento, do botão à pétala caída, pode ser tão enriquecedor quanto visitar um monumento histórico.

Tudo depende do olhar. A gente tanto pode olhar sem ver nada quanto se maravilhar, uma capacidade natural na criança e que o adulto precisa conquistar, suspendendo a agitação da vida cotidiana e não se deixando absorver por preocupações egocêntricas. Como diz um provérbio chinês, a lua só se reflete perfeitamente numa água tranquila.

O que nós vemos e ouvimos depende de nós. A meditação nos afasta do clamor do cotidiano e nos permite, por exemplo, ouvir a nossa respiração. Quem escuta com o espírito e não com o ouvido, percebe os sons mais sutis. Ouve o silêncio, que é o mais profundo de todos os sons, como bem sabem os músicos. Numa de suas músicas, Caetano Veloso diz que “só o João (Gilberto) é melhor do que o silêncio”. Porque o silêncio permite entrar em contato com um outro eu, que só existe quando nos voltamos para nós mesmos.

Há milênios, os asiáticos, que valorizam a longevidade, se exercitam na meditação, enquanto nós, ocidentais, evitamos o desligamento que ela implica. Por imaginarmos que sem estar ligados não é possível existir, ignoramos que o afastamento do circuito habitual propicia uma experiência única de nós mesmos, uma experiência sempre nova.

Desde a Idade Média, muitos séculos se passaram. Mas o lema dos navegadores continua atual. Surpreender-se é preciso. A surpresa é a verdadeira fonte da juventude, promessa de renovação e de vida.

Betty Milan

(Grifos meus - RF)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eu discordo!



Discordo dos que desconhecem a Biblia e falam besteira, inventando versões malucas sobre o que não sabem!

Suspeito do hipócrita que bate no peito se chamando de santo, e, sentindo-se justificado, esconde seus pecados por trás de uma denominação religiosa!

Não me conformo com o modo como as mulheres são tratadas, como cidadãs de segunda classe, impedidas de pregar, de tocar instrumentos e alijadas dos atos da administração de igreja machista!

Reclamo do modo infantil como os jovens são tratados, como se fossem crianças sem responsabilidade, ensinados a nunca decidirem nada por si só, mas sempre consultar uma pregação para saber se amam uma pessoa ou não!

Não reconheço a autoridade de homens que se colocam no lugar de Deus, cortam a liberdade, anunciam publicamente a vergonha daqueles que erraram, não têm humildade pra pedir desculpas pelos erros que eles mesmos cometem e escondem os pecados de seus pares.

Protesto contra os que encobrem os CRIMES para proteger o nome de uma denominação, preferindo deixar o câncer percorrer o interior de uma religião a admitir publicamente erros!

Leio por outra cartilha o nome de Deus! Um Deus que nao tem preferência por denominações e cujo poder e amor é tamanho que atinge a todos os seres humanos do mundo!

Separo-me daqueles que, por tanto puritanismo em suas pregações, estimulam a mentira, o aborto e o engano entre jovens amedrontados com receio de descobrirem seu lado humano, fazem-se hipócritas e cometem crimes piores por amor ao nome de uma denominação.

Recuso aplausos aos que gritam e pulam em um púlpito, esperando louvores a si, enquanto fingem louvar a Deus.

Voto contra os que se colocam no lugar de DEUS e recusam a santa ceia aos que amam o mesmo Deus MAS não pertencem à mesma denominação.

Sou ovelha negra, tresmalhada... perante os que conduzem a massa obediente sob o cabresto do engano e do fanatismo.

Desafino da massa que dá glorias para parecer santo perante o pregador e se esquece de ser sincero perante Deus !

Encolero-me face a redução da palavra de Deus a um horóscopo ao qual se busca para mudar de emprego, casar, começar a ser adulto.

Sacudo os ombros aos que não têm decisão própria nem para usar um calção, colocar uma calça comprida, usar uma manga curta... e temem perante a idéia de serem descobertos por um ancião... sendo que maior é a própria consciência !

Abjuro aos que, por não possuírem vida própria, vivem a controlar a vida alheia, fofocar sobre o seu irmão, e alegrar-se na queda do outro, pois na sua pobreza espiritual, precisam da derrocada alheia para ter algum valor.

Abano a cabeça, cismática, perante a ignorância, o preconceito contra o diferente!

Faço pendenga, quizila e vaio aos que preferem reduzir a obra de Deus a uma série de usos e costumes, de formalidades vãs... E se esquecem da essência do amor de Cristo!

Jogo tomates e rio dos que tem preconceitos contra as demais religiões, dos que idolatram anciões, dos que se acham inteligentes por cursarem uma faculdade MAS concordam e assinam embaixo de pregações mancas de conhecimento e amor.

Pasmo diante do saber de cozinha dos que não leem a Biblia, que não conhecem história e que reduzem uma palavra de amor a uma série de proibições que nenhum proveito espiritual tem ao ser humano.

DESTÔO dos que pretendem inculcar a culpa nas mentes de jovens abalados emocionalmente para mantê-los sob o domínio de uma seita que faz mal.

Enfim, nado contra a corrente, olho de soslaio e declaro-me LIVRE, FELIZ E INDEPENDENTE para vencer o medo e a ignorância dos que usam o nome de Deus para controlar o semelhante !

Autora: Bea Santana.
 
Na íntegra, AQUI
 
(Grifos meus-RF)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ouvistes o que foi dito




Ouvistes o que foi dito: “irás ao culto às quartas, sábados e domingos”.

Eu, porém, vos digo:
Faça de sua vida um culto a Deus, que sua rotina seja cheia de gentilezas, que sua boca pronuncie sempre a verdade, doa a quem doer, que seus olhos olhem a vida com justiça e não vejam só as aparências, que seus pés pisem em todos os lugares abençoando a todos os ambientes dissipando as trevas por onde andares, que a graça em você vaze a ponto de expurgar espíritos de contendas e disputas vãs, de maledicências e de invejas, que sua palavra se alinhe à vontade de Deus para temperar a vida em volta de ti.

Ouvistes o que foi dito: “os crentes são filhos de Deus, os descrentes são filhos do diabo”.

Eu, porém, vos digo:
Não vos orgulheis por aquilo que de graça lhes foi dado, abençoai a todos, não sereis orgulhosos da posição de bem aventurança recebida de graça, nem lançareis ninguém no inferno, mas orai para que todos os que ainda não alcançaram estado de filhos, sejam agraciados com novo espírito dando-lhes vida para que vejam e ouvidos para que ouçam o que o Espírito diz a TODOS no mundo inteiro.

Ouvistes o que foi dito: “precisamos ir ao monte orar, precisamos de jejum e oração”.

Eu, porém, vos digo:
Deus é Espírito e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade, seja no monte, seja no fundo do mar, seja no ventre do grande peixe, seja no mais profundo abismo ou na geografia que for. O jejum que o Pai aceita é aquele da inanição da iniquidade, da ausência do mau, da desistência do orgulho por nossas boas obras, das muitas justificativas vãs que damos em nossas orações que transformam Deus num idiota cósmico e tenta ludibriá-Lo para fazer a nossa vontade assim na Terra como nos Céus.

Ouvistes o que foi dito: “está escrito na Palavra de Deus”.

Eu, porém, vos digo:
Não façais das Palavras de meu Pai poesia vã, tola e impraticável, mas vive-a sabendo que a pouca obediência a Sua Palavra é mais importante que o muito conhecimento que despreza Sua revelação a tratando como romance, como novela, como ficção ou como sonho de tolos.

Ouvistes o que foi dito: “vamos ter Santa Ceia domingo, preciso ficar atento esta semana”.

Eu, porém, vos digo:
Viva de modo a se auto-examinar diariamente, corrigindo sua vida interior, seus pensamentos, seus desejos, mude seus paradigmas se alinhando dia a dia a vontade de Deus revelada na Palavra.

Ouvistes o que foi dito: “não acusarás, ou julgarás, ou se levantará contra o ungido do Senhor”.

Eu, porém, vos digo:
Se o sujeito, pastor, bispo, apóstolo ou arcanjo, não se alinhar a Palavra revelada, seja anátema! Se não houver bondade, graça e misericórdia em suas palavras, seja anátema! Se falar em nome de Deus e viver em nome dos bens, seja anátema!

Usai de misericórdia para com todos, levai as cargas uns dos outros, não vos priveis do amor, da bondade, da ajuda, do socorro, da solidariedade, das orações, da comunhão constante, da humildade, da edificação mútua, da paz, da esperança...

Sabei que o mesmo Deus que te mantem vivo é aquele que mantem a TODOS igualmente com vida, não faz acepção de pessoas e não separa grupos em pessoas dEle e do diabo, visto que o diabo nada tem e que tudo e todos são dEle.

Glória a Deus!
 
Pesquei no blog da DRI
 
(Grifos meus - RF)
 
 
 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Marina Morena!





Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva , que tem diploma universitário.

Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.



Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.
Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel.../ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os Silva representam.

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

O mapa da fome

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.

Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.

Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.

Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

"Tudo vira bosta"

Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta".

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela: "Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca".

Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem... e faz piada". Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você".

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo". Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, "il péte de santé".

O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil...

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.

Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.

(Título original - A Fome de Marina - Por José Ribamar Bessa Freire - Grifos meus RF)

Vi lá no Blog da Rô onde dei o meu pitaco:

Pois é, minha amiga!

Taí um texto lúcido que bota no chinelo esses artistas que se acham acima do bem e do mal.
Aliás, fazia tempo que não lia um texto longo sem me cansar ou desistindo antes da metade, justamente porque prende, tem conteúdo, é sério, é corajoso e acima de tudo, pela VERDADE destituída de qualquer apelo emocional.
Ah, e vou aproveitar pra divulgar na minha lista de e-mail e nos meus blogs. É o mínimo que posso fazer e até sugiro a todos que o façam, não silenciemos diante dessa agressividade gratuita travestida de irreverência.
Parabéns ao autor- que já ganhou uma admiradora - a você e a cada um que repudia toda forma de preconceito!!!
bj
R.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Independência





Estamos hoje comemorando um dos acontecimentos mais importantes da nossa História - a partir do qual grandes transformações sociopolíticas aconteceram. Porém, ainda que seja inegável que essa data nos tenha proporcionado inúmeras conquistas, haverá sempre uma incessante busca por liberdade e, conforme as fases que vivenciamos ao longo da existência, sonhamos alcançar vários tipos de independência. A liberdade que conquistamos com a maioridade talvez seja a independência mais almejada. Já a independência – ou liberdade – de expressarmos livremente as nossas ideias, embora também seja igualmente constitucional, é algo pessoal pelo qual lutamos intimamente durante toda a vida, aprendendo, reaprendendo, construindo e desconstruindo formas e conceitos, uma vez que tal liberdade compromete, determina, fere e influencia diretamente as nossas relações socioafetivas. É onde lançamos mão de uma preciosa ferramenta chamada bom senso. Quero dizer, pelo menos deveríamos usar tal ferramenta.

Aí fico eu aqui com as minhas elucubrações... Sim, pois quantas vezes deixamos de nos expressar com sinceridade por temermos magoar alguém? Por outro lado, quantas vezes confundimos sinceridade com ofensa? Quantas vezes, por temermos uma reação emocional negativa, deixamos de levar uma palavra de libertação, ainda que aparente ser dura. E é claro que eu não estou fazendo nenhuma apologia ao sincericídio indiscriminado, mas não são poucas as vezes em que os melindres se tornam sérios empecilhos para uma comunicação clara e transparente; e há ainda outras vezes em que se quer simplesmente usar da liberdade de expressão sem demonstrar algo pessoal e muito menos de teor ofensivo.

É da utilização dessa liberdade que estou falando. Essa liberdade que, longe de se poder usar ao bel prazer, na verdade carrega em si inúmeras facetas aparentemente contraditórias sem regras específicas, a não ser a do Amor. O Amor impresso em nossos corações e que nos dá ousadia para usar dessa liberdade com atitude, expressando um cuidado com o bem-estar do outro, acima de qualquer ato pessoal ou provocativo. Precisamos estar muito atentos, porque muitas vezes temos dificuldade em lidar com a liberdade de não calarmos quando precisamos falar, quando na verdade, agir assim, no momento certo, é ser responsável e fugir quilômetros da hipocrisia. Por outro lado, há de se desenvolver a habilidade de calar-se no momento certo; e, ainda, discernir silêncio de omissão.

É quando percebo então uma liberdade à qual damos o nome de liberdade espiritual onde somos libertos da escravidão para nos tornarmos servos de Deus. É nessa liberdade responsável, nessa aparente contraditória liberdade onde se governa a si próprio, onde se governa o próprio espírito que atuamos de maneira saudável e principalmente agradável a Deus; pois que acima de tudo, é uma liberdade que não permite mais que a velha escravidão cale a nossa boca diante das maravilhas prometidas em oposição às opressões.

É assim que eu vejo e vivo esse ministério. Ministério delegado aos que, paradoxalmente, estão livres em Cristo para servir somente a Deus. Livres para interceder e apresentar a todos o acesso ilimitado a Deus através do próprio testemunho de vida; um testemunho pessoal onde situações peculiares atingidas no mais íntimo do ser culminaram por reorganizar valores, promovendo transformações radicais nos velhos e mofados conceitos, abrindo-nos os olhos para a VERDADE.

Isso, para mim, é independência. E, consequentemente, VIDA. Vida plena, vida em abundância.



“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

João 8.32

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mágoas em família



No livro de Números lê-se uma irônica história que se vê corriqueiramente nos corredores da própria casa, da própria família, entre irmãos e parentes próximos. E eu não me refiro a intriguinha de adolescente disputando coisas banais. Falo de competição entre adultos, membros da mesma família que se dizem servos de Deus, ENTRETANTO têm dificuldade em se libertar nessa área do seu teimoso coração de modo que possam conviver coerentes com o que professam lá fora, e principalmente de maneira saudável no nível mental e espiritual, podendo enfim colocar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila de servo realmente obediente. Ou melhor, de servo. Simplesmente servo. Servo que erra, que vacila, que peca, mas que dá o braço a torcer e volta atrás nas burradas que comete. Ou seja: arrepende-se, muda de comportamento.

Desde que me entendo por gente ouço o sábio ditado “errar é humano, permanecer no erro é diabólico”. E quantos de nós conhecemos esse ditado e permanecemos nos mesmos erros... Nossa consciência nos diz que estamos errados, pessoas nos dão toques sutis e, no entanto, insistimos neles durante dias, meses, anos, décadas e até a existência inteirinha, só por orgulho e raiva alimentada e realimentada. Sentimento ruim re-re-re-alimentado, distorcido e valorizado demais que rapidamente se transforma em ressentimento, ocupando grande parte do ser, determinando pensamentos, palavras e ações.

Miriã e Arão, os irmãos de Moisés apontados por Deus para ajudá-lo na retirada dos israelitas da escravidão, em vez de serem seus mais fiéis defensores, falavam contra ele usando como argumento o tipo de esposa que ele escolheu, porém em clara demonstração de irritação e inconformismo pela autoridade dada por Deus, gerando uma briga familiar, provocando séria divisão e profunda tristeza no servo escolhido. Curiosamente, não existe relato de qualquer sinal de ressentimento da parte de Moisés. Pelo contrário, ele orou pela irmã que se viu forçada a distanciar-se do seu povo ao prostrar-se de doença terrivelmente contagiosa. Foi então que Arão, percebendo que aquilo tudo era resultado de uma silenciosa briga pelo pódio, apressou-se em pedir perdão a Moisés pela insensatez de ambos. Este, logo clamou a Deus pela cura da irmã sem considerar nada do que ambos haviam falado de ruim a seu respeito.

Moisés recebeu enorme responsabilidade sem sequer imaginar o que aquilo iria causar nos corações dos irmãos que se apresentavam ciumentos, despeitados, invejosos. O curioso nessa história – e que me prende a atenção - é que dois irmãos ressentidos ficaram com raiva de outro como se este os tivesse magoado... E foi exatamente o oposto! Eles sim, que se deixaram cegar pela competição. Ora, o único “mal” que Moisés causou foi ter obedecido ao aceitar a incumbência para a qual, inclusive, nem se sentia apto.

Esse caso específico nos faz refletir que há, com bastante frequência, situações em que nenhuma ofensa nos foi feita e ainda assim nos sentimos magoados e ofendidos, responsabilizando alguém por um descontentamento interior, algo mal resolvido. Quantos de nós desempenhamos funções de destaque na sociedade, uma responsabilidade maior no meio social em que vivemos e até certa posição de liderança na própria família que podem despertar os mais mesquinhos sentimentos em pessoas próximas e dedicadas. E quantas vezes falamos mal do próprio irmão, queimando o filme dele até para quem não nos é muito íntimo, descarregando boa dose de maldade nas palavras e tudo isso porque estamos descontentes com a nossa vida, posto que a inveja nos prega a velha peça da ilusão ao projetarmos nossa felicidade no estilo de vida daquele outro que parece brilhar mais do que nós. Então, soltamos o verbo e, muitas vezes de maneira fútil e inconsequente, não percebemos que nossa língua é responsável pela imagem ruim que espalhamos de alguém. O autor de Hebreus nos alerta para que não deixemos que brote em nossos corações qualquer raiz de amargura para que não nos perturbe a alma nem contaminemos a outrem. E não é à toa que na Carta de Tiago há um capítulo inteiro alertando sobre a língua solta que nos contamina por inteiro destruindo a vida de alguém.

E será que não nos damos conta que, caindo nessa armadilha, instala-se um clima de raiva e animosidade extremamente perigoso capaz de gerar as mais desagradáveis situações? Será que não é hora de dar uma parada e pensar que a amargura que se guarda finda por gerar doenças, muitas delas irreversíveis? Sim, porque também tem um ditado que ouço desde a infância, que é “quando o coração não pensa o corpo padece” e que tem tudo a ver com muito do que se lê em Provérbios. Isso é muito sério e pode sim, acarretar males terríveis.

Mas eu vejo uma saída! E o nome dessa saída é ORAÇÃO. Eu creio que a oração restaura laços familiares. Não importa quando nem de que forma foram rompidos. Portanto... Simplesmente oremos! Oremos pelas pessoas que nos magoaram, oremos pelas pessoas que achamos que são responsáveis por nossos infortúnios, oremos por aqueles que fazem a nossa caveira espalhando notícias mentirosas a nosso respeito, oremos por quem nos feriu profundamente.

Então descobriremos maravilhados que à medida que oramos vamos liberando perdão e nos esvaziando de todo aquele peso da amargura que nos escravizava e que uma enorme compaixão vai tomando conta do nosso ser...

É o início da Cura!

RF. 

“Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”.