"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nada se cria...





José Abelardo Barbosa de Medeiros (Surubim, 30 de setembro de 1917 — Rio de Janeiro, 30 de junho de 1988), o Chacrinha, foi um grande comunicador de rádio e um dos maiores nomes da televisão no Brasil, como apresentador de programas de auditório, enorme sucesso dos anos 50 aos 80. Foi o autor da célebre frase: "nada se cria, tudo se copia". (Fonte: Wikipédia)

"Nada se cria, tudo se copia. Este termo é muito usado no meio publicitário, talvez por isso seja uma frase popularmente conhecida. O significado original se deve ao fato que, em publicidade, as idéias devem ser claras e objetivas, portanto não se desenvolvem conceitos novos para que o público em geral perca tempo na busca da compreensão. É mais fácil vender um produto falando de idéias já difundidas do que propor reflexão e raciocínio ao público em geral. Afinal, é bom lembrar que a maioria da população não tem estudos e muito menos conhecimentos suficientes para refletirem sobre temas, como por exemplo, filosofia e/ou arte. Temas estes que nos trazem constantes inovações e idéias criativas.” (Fonte: Curso Superior de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda)

O “Velho Guerreiro” foi um grande e admirável vendedor de audiência, de ilusões, um comerciante de sonhos, ele era bom nisso, um dos melhores na história da televisão brasileira. Agora, imagine dizer que “nada se cria” para personalidades como: Isaac Newton (teoria da gravitação universal), Albert Einstein (teoria da relatividade), Graham Bell (inventor do telefone), Thomas Edison (lâmpada elétrica), Santos Dumont (avião), entre outros milhares ou até milhões de artistas (Leonardo Da Vinci, Picasso...), cientistas, atletas, reis, presidentes, administradores (Ford, Taylor, Fayol...) ou todos os designers e arquitetos (Oscar Niemeyer) de todo o mundo (esses nem podem sobreviver com frases assim) e tantos outros...

Talvez a idéia original seja a de Antoine Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Ainda assim, a palavra “transformar” está diretamente ligada à idéia de criação, fazendo com que a frase pareça contraditória, embora com sentido dentro do seu contexto. Vale lembrar que o renomado químico citado estava mais interessado em aproveitar cada substância produzida pela natureza. Ele pretendia extrair o máximo do que lhe era fornecido por ela, seja para experiências científicas ou para reciclagem, criando e reinventando conceitos.

Sou 100% a favor das novas, boas e grandes idéias, tal como as “boas novas”, algo novo, novidade. Adoro criar, inovar, opinar, criticar e “ducontrariar” (ser do contra).

Não se limite, ou se conforme com afirmações que determinem um ponto final para a sua imaginação, seus sonhos, dons e talentos.

Portanto, crie, invente, descubra, pesquise, construa, troque informações, afinal, “quem não se comunica, se trumbica”.

Significados:
COPIAR – Fazer cópia de, transcrever; reproduzir, imitar.
TRANSFORMAR – Dar nova forma, feição ou caráter; tornar diferente do que era; converter, mudar, alterar, modificar, transfigurar, metamorfosear; recriar.
CRIAR – Dar existência a, tirar do nada; dar origem, gerar, formar.
(Fonte: Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

(Texto COPIADO rss dos arquivos de Leonardo Farias-meu filho)


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Evangelho segundo Paulo?!


Estava Paulo fazendo referência às suas cartas quando falava em “toda Escritura”?






Primeiro: Paulo cria que havia recebido revelação de Jesus em relação ao que ensinava como Evangelho.

Ele deixa isso claro.

Segundo: tais conteúdos têm a ver com Jesus e a justiça de Deus em Cristo. Com todos os privilégios de consciência espiritual que daí advém — e não com formas de governo, indicação de presbíteros, bispos, pastores, mestres e líderes.

Para Paulo o que era revelação era o “mistério outrora oculto e agora revelado”; a saber: “Cristo em nós, a esperança da glória”. Já os governos e suas formas eram elementos vinculados ao bom-senso e à ordem, mas não eram Revelação, como se fossem parte do Evangelho.

Tinham a ver com a necessidade histórica, com o momento, e com aquilo que o bom senso recomendava — sempre conforme o espírito do Evangelho.

Paulo não olhava para o futuro da História como muitos passaram a fazer depois de alguns anos; e, depois, por quase dois milênios. Para Paulo o tempo estava próximo, às portas. Ele não olhava para o futuro e via mais milhares de anos de História; muito menos via algo a ser chamado de “História da Igreja”; e tampouco pensava que suas cartas estariam num livro, em pé de igualdade com Isaías, Jeremias e todos os profetas - inclusive com vantagem em alguns aspectos, pela atualidade de suas compreensões em relação a Jesus.

O que Paulo desejava não era a manutenção de suas cartas.

Ele ambicionava era que o Evangelho por ele pregado não fosse deturpado em seu conteúdo acerca de Jesus.

Paulo só tinha coração para o que dizia respeito a Jesus. As demais coisas ele fazia a fim de proteger o rebanho daqueles que eram os “falsos ministros” e “falsos apóstolos” desse “evangelho” que ora diminui, ora acrescenta coisas, ora suprime por completo os conteúdos do Evangelho.

Na visão de Paulo a questão era fazer Timóteo alguém que encarnasse a compreensão e o entendimento do Evangelho que Paulo explicava em suas cartas, epístolas e pregações. Ele pensava assim, pois esse era o modo hebreu de pensar.

Além disso, o próprio Jesus havia tratado tudo com total “despreocupação” em relação a carregar com Ele um escriba, anotando todas as coisas.

O primeiro texto-evangelho sobre Jesus apareceu apenas 15 a 20 anos depois. Portanto, Paulo cria do mesmo modo. E o que ele transformava em carta, era o que ele sabia fazer como “mídia”. Não como Escritura.

É também por tal razão que Paulo trata a Timóteo como Jesus tratara os apóstolos. Por essa razão é que Paulo pede ao discípulo que ande como ele, Paulo, andava; que servisse no espírito do serviço que ele, Paulo, mostrava; e que assim fosse feito, pois, o que nele, Paulo, se podia buscar ver, ouvir e entender, era sempre Evangelho.

Para Paulo a absorção do Evangelho não era uma questão de transferência e absorção de conhecimento, mas sim de assimilação de caráter, entendimento e percepção aplicável à vida.

Assim é que ele manda Timóteo olhar para ele e imitá-lo no procedimento, na fé, no amor e no saber; pois, ele, Paulo, fazia isso como quem era uma Escritura viva de Jesus; uma carta viva, escrita pelo Espírito.

Para Paulo a doutrina era o modo de viver, e não um pacote de saberes.

Para ele, doutrina era equivalente a crer na verdade, e não uma elaboração de informações.

Sim! Para Paulo doutrina era entendimento do Evangelho aplicado à vida.

Enquanto isso, as doutrinas da “igreja”, fundamentam-se profundamente naquilo que para Paulo era apenas circunstancial, e não final.



Texto na íntegra AQUI







sábado, 20 de fevereiro de 2010

O crepúsculo






Ele era um jovem de altura mediana e mantinha sempre uma postura ereta e firme em contraste com seu olhar terno e cheio de compaixão. Durante todo o dia trabalhava na oficina, pois era carpinteiro maravilhoso e tinha muitas encomendas. Excepcionalmente, naquela noite ele estava fatigado. Ao crepúsculo, deixou a casa e subiu para a colina. Não havia ninguém por ali, pois era a hora da refeição noturna.

Eu jamais vira o céu tão vermelho como estava então, como se o firmamento se incendiasse. Mesmo as montanhas flamejavam como pedras reluzentes. Todo o verde se confundia mesclando-se em meio a um espetáculo assombroso. Parecia que o céu vinha de encontro com a terra misturando todas as cores jamais vistas.


Não sei por que o segui. Fiquei de pé, abaixo dele na pequena passagem de pedra e levantei os olhos para onde ele estava. Vestido em uma roupa branca parecia uma estátua de pedra contra a paisagem avermelhada em contraste com suas vestes esvoaçantes. Sem se mover era como se esperasse algo. Tão inspiradora de respeitoso temor era a cena de fogo tosco que por um breve momento fechei os olhos e suspirei. Em fração de segundos, quando levantei a vista, vi que ele já não estava sozinho.


Um grande anjo, alto e majestoso, estava em pé diante dele e eu senti que aquele anjo era só maldade embora tivesse um belo rosto. Sombriamente belo. Parecia estar vestido ao mesmo tempo em flama e noite, e suas asas poderosas refletiam o crepúsculo como basalto esculpido.


Ambos contemplavam-se mutuamente em silêncio e meu coração estremeceu de terror ao vê-los assim se defrontando. Falaram algo? Não sei, não vi, não lembro... Lembro apenas daquela cena estática em meio a um silêncio gritante que pairava no ar.


Enquanto os observava à espreita, vi que o anjo abaixou-se e levantou nas mãos um punhado de terra, mostrando àquele jovem que em nenhum momento demonstrou receio diante de tão terrível anjo de rosto belo, doloroso e cheio de orgulho. Esse anjo que, com um riso leve e escarnecedor, tenta mostrar a inutilidade do mundo atirando a terra e pisando sobre ela, ao mesmo tempo em que surge um som semelhante ao de um trovão que parecia vir do próprio anjo.


Então Jesus também abaixou-se. Levantou alguma terra em Suas mãos e, segurando-a ternamente, esfregava-a entre os Seus dedos. Era terra seca e árida, sem verdura e sem cor, mas enquanto Ele a segurava, subitamente floresceu um ramalhete de caule viçoso e espessas folhas verdes de onde surgiam minúsculos lírios que se curvavam delicadamente. Era uma visão tão surreal e ao mesmo tempo algo tão nítido que pude sentir o vento e a fragrância que dele vinha para me inebriar.


O anjo olhou para as flores, recuou e cobriu o rosto com as mãos. Então, desapareceu com um grito tremendo e o jovem ficou sozinho.


Corri descendo o caminho da colina em direção à minha casa e logo depois percebi maravilhada que Jesus vinha também na mesma direção. Ao chegar nada falou.

Simplesmente olhou nos meus olhos... E me abraçou em silêncio.

Foi então que eu acordei. 


(Fragmento adaptado de "Médico de Homens e de Almas" - Taylor Caldwell)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O fariseu e a máscara





Nesses dias de carnaval tenho ficado em casa com mais tempo para ler, pesquisar, escrever... E aí me detive especialmente em relação aos estereótipos que permitimos impregnar em nós mesmos ao longo da vida.



O impressionante é que é algo intrínseco à natureza humana essa forte tendência a uma auto-afirmação reinante como uma espécie de propaganda enganosa. É como se determinado rótulo colocado na embalagem do produto humano o diferenciasse silenciosamente exigindo mais respeito e atenção em detrimento de outro.


E o estranho é que - de tão repetitivo, chegando inclusive a ser algo automático e diretamente ligado à exterioridade - essa máscara que grudamos em nossa alma passa a ser uma marca que irradia por todo nosso ser. Então, não só passamos a acreditar naquela farsa que nós mesmos criamos como conseguimos a façanha de fazer o outro acreditar nela também e aí não queremos mais nos despir dela, já que revelar o que, de fato, há lá dentro vai comprometer seriamente a reputação tão habilidosamente montada.

É quando nos vem a pergunta: de onde será que veio tudo isso? E saímos viajando pela história da humanidade esbarrando inevitavelmente em outros modelos que ao longo do tempo nos fizeram forjar de modo conveniente as nossas exterioridades.

Em meio a modelos tais como os saduceus com a sua urbanidade aristocrática, o herodiano e seu cunho político, os radicais zelotes e ainda o ascético essênio das comunidades isoladas, é o doentio FASCÍNIO pelo estilo farisaico que me chama à atenção.

Sem entrar no mérito da forte característica beligerante/ortodoxa fixo-me na principal característica desse grupo: uma suposta pureza de alma.

Associe-se a isso, a enorme atração que exercia sua linguagem de origem popular aproximando-se do imaginário de homens comuns, controlando seu comportamento, IMPONDO uma ética pretensamente bíblica permeada de limitações arbitrárias... E pronto! Estava feito o modelo perfeito, unindo o “útil” ao agradável que iria perdurar por um longo tempo na natureza caída do homem neurotizado pela reputação individual e coletiva, trazendo para dentro das instituições religiosas atuais essa forte semelhança farisaica que denuncia uma teimosia dissimulada em querer moldar nosso caráter a partir de performances.

Essa dissimulação generalizada aponta forte discurso tendencioso com pitada de falsa postura zelosa numa espécie de camuflagem que leva alguém mais cuidadoso a questionar o que impulsiona uma pessoa à pregação e se, de fato, está naquele meio uma real proclamação do evangelho OU da própria instituição religiosa.

João Batista já chamava os fariseus de “raça de víboras” recomendando-lhes que ANTES de receberem o batismo produzissem “frutos dignos de arrependimento”. Vê-se depois Jesus usar a mesma metáfora citando a cobra com sua natural camuflagem ao ocultar-se entre pedras e plantas à espreita dos desatentos.

É dessa camuflagem que eu falo. Pois assim como o homem lança mão desse artifício passa a avaliar o outro de maneira superficial também. O homem tem por hábito fazer avaliações automáticas sobre o outro, identificando-o pela aparência, linguagem, circunstâncias. Tal mecanismo é rápido... E FALHO!

Jesus nos adverte sobre isso inúmeras vezes, inclusive usando a metáfora do prato e a do sepulcro caiado atentando para o fato de como é fácil alguém enganar outra pessoa com a imagem exterior. Por se preocuparem com o exterior descuidando-se do interior, os fariseus se escandalizavam ao ver Jesus comer com pecadores, conversando com prostitutas e leprosos. Eles não entendiam posto que olhavam com olhos de juízes enquanto Jesus VIA com olhos de compaixão, enxergando o outro além da mera aparência, algo inalcançável à rigidez religiosa.

Por causa dessa rigidez distante da edificação proposta, Jesus IGNORAVA todo aquele cerimonialismo hipócrita alertando sobre o que, DE FATO, contamina o homem, nos dando verdadeiros puxões de orelha em relação aos COSTUMES E TRADIÇÕES e uma grande lição aos falsos piedosos cuja disciplina espiritual baseava-se no que se via: rosto desfalecido por causa do “jejum”, expressão facial sofrida, orações chamativas, filactérios...


Continuando com sua obtusa pretensão e considerando-se melhores que os pecadores que não adotavam seus métodos, os fariseus ainda usavam a prática acintosa do SECTARISMO sem aproximar-se daqueles, ESCANDALIZANDO-SE com um MESTRE que frequenta rodas e residências de publicanos, inclusive sem “cair a ficha” quando Jesus diz que o doente é que precisa de médico. 

Observem-se a IRONIA e tremendo equívoco advindos de um pacote de normas que acaba funcionando como armadilha. E não sejamos ingênuos ou condescendentes pois o que mais se vê é a falácia escancarada do amor maior pelo templo, pela instituição, pelos dirigentes e pelo apego denominacional onde esses pequenos deuses sustentam uma crença coletiva representando a velha encenação que finda por nos afastar do real ministério.


Portanto, é urgente que nos aproximemos verdadeiramente do outro, DESPINDO-NOS das pesadas vestes farisaicas que nos empurram para uma adoração estranha que impede de enxergar e socorrer uma alma carente de esperança, conforto e paz.

Finalizando, é bom observar e refletir no quanto Jesus é contundente ao colocar uma enoooorme ponte entre evangelização e proselitismo.

Afinal, convenhamos, qualquer criança de dez anos sabe que o singelo e bem intencionado convite para frequentar a comunidade limpa e desinfetada (?!) não significa evangelizar, que Jesus não nos conclama a chamar pessoas para nossa denominação e que levantar bandeira da igreja não significa necessariamente levar pessoas à Cruz de Cristo.

E, como disse Jesus: O proselitismo faz com que se multipliquem os filhos do inferno, a evangelização colhe os frutos da misericórdia e do socorro de Deus.

Assim, fica a reflexão para essa terça de carnaval onde as máscaras estão indo (?) para o fundo do baú até o próximo ano:

- Quando você convida alguém para ir à sua igreja, está cuidando da reputação da sua denominação ou da alma da pessoa?

- Quem está sendo exaltado?

- O homem/instituição em vez de MEIO vai continuar travestido de FIM?



“Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres,
vestiduras brancas para te vestires,
a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez,
e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas”
(Ap 3.18)