"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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terça-feira, 15 de maio de 2012

Quando a igreja afasta as pessoas da igreja...

Ontem, tortura física. Hoje, tortura mental. Ambas matando lentamente...




'Porque gado a gente marca tange, ferra, engorda e mata.
Mas com gente é diferente.
Se você não concordar,
não posso me desculpar.
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar'.
(Chico Buarque, 1968)













Dois dos maiores ícones da filosofia e da psicanálise do século XIX foram grandes inimigos da religião: Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche.

Freud via a religião como um sistema irracional, indemonstrável e de recusa à realidade.

Nietzsche, por sua vez, repudiou os valores cristãos como humanos, demasiadamente humanos e chamou a moral cristã de 'moral de escravos'.

Sigmund Freud afirmava que em todas as épocas, a imoralidade não encontrou menos apoio na religião do que na moralidade.

Friedrich Nietzsche, bem mais enfático do que Freud, disse certa vez: “sempre tive a necessidade de lavar as mãos ao entrar em contato com as pessoas religiosas”.

A essa altura você deve estar se perguntando:

Por que estes homens tão inteligentes nutriram tal repulsa pela religião e pela igreja? De onde vêm a indiferença de Freud e o ódio de Nietzsche?

Como pode um homem como Nietzsche, criado em lar protestante, filho de pastor, tornar-se um inimigo declarado da religião e da igreja? Que fatores teriam contribuído para essa aversão?

Eu explico.

Para entender os motivos dessa indisposição de Freud e Nietzsche quanto à religião é preciso, logo de início, descartar certas explicações fantasiosas e infundadas como, por exemplo, dizer que Satanás cegou a ambos para que não enxergassem a vontade de Deus. Deixe o diabo fora disso; desta vez ele não tem culpa nenhuma!

A aversão de Freud e Nietzsche pela religião é coisa deste mundo, obra de homens e não tem qualquer ligação com nenhum ser metafísico, habitante do inferno ou não. A atitude de ambos foi uma reação a uma religião castradora, hipócrita e mesquinha.

Nietzsche via no cristianismo uma negação da vontade para a vida e na igreja um ambiente propício ao florescimento das atitudes hipócritas e dissimuladas. Se você quer respirar um pouco de ar puro não vá a um templo - disse certa vez ao referir-se à igreja como coisa da gentalha.

Tanto Freud como Nietzsche perceberam que a igreja não resolvia os dilemas humanos, apenas ajudava a reprimir certos impulsos para o 'pecado' que em pouco tempo voltavam a aflorar de forma mais avassaladora ainda. A igreja, neste caso, agia como certas empregadas domésticas que ao invés de recolher a sujeira jogando-a no lixo, apenas empurrava-a para debaixo do tapete.

Reprimir impulsos não é o mesmo que controlá-los racionalmente. Um 'cristão' produzido nestes termos não demora muito para'“adornar a casa e receber mais sete demônios' com festa de boas vindas e de braços abertos.

Quem nunca se deparou com um 'crente afastado dos caminhos do senhor' e que transgride dez vezes mais depois de descobrir que lhe ensinaram uma mentira e ter rompido totalmente com a igreja? O erro da igreja é querer ser certa demais quando não possui autoridade e nem moral para tanto!

O diabo não está fora das igrejas, pelo contrário, ele frequenta os cultos e missas assiduamente e inspira certos bobalhões que não sabem o que estão dizendo quando proferem baboseiras sem fim dos seus púlpitos alienantes e desprezíveis!

Além disso, há também o problema da corrupção política dentro da igreja. Uma reunião de clérigos e uma de políticos sagazes e desonestos não tem muita diferença. A instituição eclesiástica e Brasília não destoam muito uma da outra. O templo e o plenário da câmara também não!

É a igreja que afasta as pessoas da igreja, e não o coitado do diabo, como dizem os clérigos muito 'espirituais'. O cristianismo é como o mítico deus grego kronos que se alimentava dos seus próprios filhos matando-os quando deveria salvá-los!

No segundo século da era cristã, os pais apostólicos discutiam entre si sobre a possibilidade ou não de haver salvação dentro da igreja. Hoje a questão inverteu-se e talvez seja mais correto perguntar se há possibilidade de alguém salvar-se estando dentro da igreja.

Nietzsche e Freud (atualíssimos!) recomendariam: por via das dúvidas, é melhor ficar longe dos templos!

Grifos meus - RF
(Não sei a autoria desta pérola que tive a pretensão de dar um título. Estava em meus antigos arquivos, distraidamente... Quem souber a autoria me avise. E rápido, plizzzzzzz, antes que eu seja enquadrada na lei rss)

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