Outra ocorrência do verbo ganav na Bíblia está relacionada à história de José. Ele foi vendido por seus irmãos a mercadores midianitas a caminho do Egito (Gn 37:27.28). Quando preso, diz ao seu companheiro de cela que havia sido 'roubado da terra dos hebreus...' (gn 40.15). Aqui, o que se diz é que José havia sido raptado.
Aliás, é exatamente isso que está expresso nesse versículo:
'O que raptar (= furtar) alguém e o vender, ou for achado na sua mão, será morto' (Ex 21.16).
Pela Lei Mosaica (posterior a José), os irmãos de José seriam merecedores de morte por terem-no raptado e vendido.
Esse é também o sentido da palavra usada em 2Reis 11.2, quando Jeoseba sequestra Joás, filho de Acazias. Então, a mesma palavra furtar, do oitavo mandamento, é usada para se referir a roubo de pessoas, isto é, sequestro e rapto.
Assim, a palavra traduzida por 'furtar' (ganav) tem, no Antigo Testamento, o sentido de :
1- Furto de objetos inanimados (prata, ouro, dinheiro) e animados (boi, ovelha);
2- Engano;
3- Rapto de pessoas.
A questão é: qual ou quais desses sentidos deve ser aplicado ao oitavo mandamento?
Ou, em outros termos: o que exatamente está sendo proibido no oitavo mandamento?
Portanto, o oitavo mandamento proíbe não apenas o furto no sentido mais comum em nossa linguagem, mas também a mentira, a falsidade, o engano, a desonestidade e o sequestro.
O que percebemos é que roubo, furto, sequestro e engano não são problemas da sociedade moderna, tampouco da violência urbana. Milhares de anos atrás já havia leis específicas para várias situações, inclusive no contexto agrário e rural. A violência que ameaça os direitos individuais de um cidadão urbano moderno não é diferente daquela que ameaçava uma família nômade ou pastoril milhares de anos atrás.
Naquela época as pessoas precisavam ouvir e atentar para o mandamento: 'Não furtarás'. Infelizmente hoje não é diferente.
(Rev. William L. Lane)
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