Em meio a toda pompa típica de eventos formais, Dilma, essa incrível mulher eleita presidente do Brasil, dá clara demonstração de vitoriosa e significativa representante de um novo tempo. Uma mulher que não chegou ali simplesmente por ter um ombro forte pejorativo como sugere de forma aparente e superficial uma oposição mais imatura e emocionalista.
Seu discurso inicial enfatizando coragem ao citar poeta de sua terra, foi palavra de ordem ao reafirmar compromisso de campanha e de vitória em relação à imprensa, às mulheres e aos menos favorecidos, em vigoroso pronunciamento que não poderia deixar de ser mesclado pelo choro significativo de uma emoção incontida. Assim como ela também chora quando diz que é presidente de TODOS, estendendo as mãos aos políticos e camadas da sociedade que são e foram contrários.
O que me impressionou hoje diante da TV foi constatar, em plena solenidade de posse, uma série de simbolismos embutidos em cada uma das ações que aconteceram desde sua chegada até os incansáveis cumprimentos de dirigentes e representantes dos mais longínquos lugares, sempre carregados de emoção e de naturalidade. Simbolismos permeados pelo contraste entre a cerimônia formal e o toque feminino de informalidade e espontaneidade, em inconteste afirmação de marcas características da alma feminina.
Também não me deixou passar despercebida a sua singela descida rumo ao parlatório. Em momento de forte emoção ela caminha com passos firmes ao som do hino nacional, quebrando protocolo com leveza ao beijar a bandeira nacional. Fiquei ainda imaginando o que se passava em sua mente e seu coração no momento em que ela fazia a clássica revista da tropa, (certamente olhando com profunda tristeza para os que, ironicamente, representaram um dia uma repressão e que agora estão sujeitos às suas ordens), em meio a inevitáveis lembranças de época de forte resistência ao regime militar que culminou com perdas drásticas, brutais, irreversíveis. Perdas sobre as quais esta mulher forte e corajosa, discorre de forma visceral acerca de sua trajetória em tempo de escuridão e medo. Época tenebrosa onde alguns pagaram preço alto pela liberdade de muitos e aos quais faz homenagem reverenciando a eterna lembrança. E, aproveitando, reafirma seu perdão a cruéis algozes.
Outros simbolismos femininos muito fortes, e que eu não poderia deixar de observar, estão relacionados à indumentária, à postura, à performance feminina em geral. A impagável cena das duas - mãe e filha- impecáveis no rolls-royce, com a chuva dando uma trégua, o povo reverenciando com faixas garrafais de “eu te amo”, tudo isso dentro de um contexto extremamente significativo para a história.
Em seguida, três mulheres imponentes do alto do parlatório: a jovem Marcela na ponta esquerda, Dilma ao centro, e na ponta direita, a experiente Marisa.(Foto acima) Achei de um simbolismo tremendo a aparente fragilidade de três mulheres "protegendo" dois homens de seus próprios poderes e rigores!
E a interação perfeita com o público!
Em cima, o choro de Marisa em meio ao discurso e o marido a confortando; embaixo, um povo atento em único coro do hino nacional. Em cima, o encontro inusitado, a mudança de faixa e a retirada sábia do ex; embaixo o sorriso no semblante de um povo sofrido mas esperançoso. Em cima, a mulher que versa sobre metas e objetivos sem esquecer que embaixo tem um povo que acredita em sonhos.
É quando ela inicia seu discurso, dizendo dos desafios, da coragem, do espírito de união e arremata com uma frase contundente; que as metas devem ser alcançadas, mas que junto com elas também existem grandes sonhos e que devemos persegui-los. Persegui-los é romper o limite do possível. Isso é dito quando Dilma se dirige ao povo em relação a quem acabara de retirar-se estrategicamente, reiterando sua admiração por este. E, em reconhecimento, diz-se consciente de um legado que carregará com responsabilidade. Cita o exemplo de parceria deste homem com seu ilustre vice e que se sente impulsionada a seguir o mesmo caminho.
E, ainda em seu discurso, devo dizer que mais uma vez me chama à atenção a forma visceral como ela se reporta sobre o cuidado para com os mais frágeis e necessitados e ainda quando repete sua disposição em ter um contato amigável com as oposições, citando a grande Indira Ghandi sobre não ser possível trocar um aperto de mão com punho fechado.
Percebo sinceridade quando ela diz, de forma respeitosa e solene, que o lugar mais sagrado de uma nação é o coração do povo. E não me envergonho em dizer que embarco na mesma onda, emociono-me e choro também.
Por fim, o roubo de breve cena feito por Hillary Clinton com sua simpatia e naturalidade em extremo contraste ao sorriso inox da linda Marcela...
RF.
17 comentários:
Amiga REGININHA,
Que saudadesssss....
Passei aqui para desejar-lhe um Feliz 2011, repleto de paz e felicidadesss...
Maravilhoso post...e vamos torcer para que a Dilma nos surpreenda com um belíssimo trabalho, já que ela tomou posse do seu trono..rss
Beijos querida.
Paulinha, menina linda,
Que prazer ter você aqui!
Feliz ano novo pra ti também!
E bora torcer para que essa mulher guerreira não nos desaponte em mais essa missão difícil de sua vida que deve estar acima de interesses partidários, e no nível de cada um dos brasileiros, independente de sigla.
Beijos,
Rê
vocês(mulheres)estão fazendo história. "nunca antes neste país" um presidente usou saias...!!!!!
dilma merece estar ali; ganhou uma eleição democraticamente. não votei nela, queria ver o pt largar os ossos da república, mas enfim, o que é, é. espero que dilma faça um excelente governo apesar do pt. e se tudo correr bem, em 2014 o lulinha estará de volta nos braços do povo... mas a história às vezes dá dribles desconcertantes em seus digníssimos personagens.
e aí, você acha que dilma vai dar um belo drible em seu criador?
aproveito para te desejar um ano novo muito bom cheio de realizações. fui em vários blogs para deixar essa mensagem mas com certeza esqueci de alguns, creio que o seu foi um deles (imperdoável).
beijos
Então, Edu...
Como falei lá no blog da Rô, quem desceu aos porões da ditadura e ressurgiu das cinzas, é bem capaz de superar seu suposto criador rss
E em relação às mulheres, quem profetizou foi o Luís Fernando Veríssimo no texto postado lá no Café com Leite he he
Brincadeirinha...
Como você disse também lá no blog da Rô, o saudável é fazer por escolha própria, seja dona de casa ( a função administrativa mais importante do mundo!!!) ou liderando uma nação.
E Feliz Ano Novo pra ti também, não estamos atrasados, ainda tá valendo rss
Beijos especiais para o Eduardinho!
R.
Que Deus a abençoe, ela vai precisar. Mana gostou do post de fim de ano?? ficou legal né? é tudo que sinto de verdade? bjs!
BOM DIA GOSTEI MUITO DO BLOG ,TENHA UM FELIZ 2011 COM TODA SORTE DE BENÇÃO,TE ENCONTREI ATRAVÉS DE UM AMIGO JÁ ESTOU TE SEGUINDO,TENHO UM BLOG GOSTARIA DE TI CONVIDAR ME SEGUIR O ENDEREÇO É http://SNSDEUS.BLOGSPOT.COM/
POST TEU COMENTARIO VAI SER DE GRANDE BENÇÃO FICA COM DEUS.
Rô,
Ela vai precisar e muuuito, afinal as tentações são grandes e constantes.
bjus
R.
Valquíria,
Que coisa boa essa interação blogueira, não?! Muita gente disposta a fazer novas amizades.
Também já fui lá no seu espaço dar o meu pitaco rss
E feliz ano novo pra ti, que Deus a abençoe grandemente!
Beijos,
R.
Rê,
Ao ler seu texto, ficou claro, pra mim, que assistimos a mesma cerimônia!
Mas vou ser um 'cadinho' maldoso: quanto será que o Temer pagou à Marcela, pra ela posar de esposa dele por esse tempo todo? Fica meio difícil de acreditar que haja uma união baseada no amor, ali, não? Apesar de que é meio complicado entender os mistérios do coração...
Gostei muito da sua percepção da estratégica saída do Lula do poder. E creio que a Dilma não é um robô criado por Lula. Claro que sua viabilidade política de disputar o cargo máximo da nação foi por indicação dele, mas entendo que isto aconteceu por ele ter 'sacado' nela todas as qualidades que você apontou aqui! Não foi algo gratuito com intenção de futura manipulação. A própria luta dela contra a ditadura demonstra sua clareza de raciocínio e sua objetividade.
Aliás, hoje, temos uma enorme dívida de gratidão a todas essas pessoas que deram parte de suas vidas, ou, literalmente, suas vidas pela liberdade política que desfrutamos. Não é uma questão de endeusar ninguém, mas o reconhecimento do valor imensurável de suas ações!
Pra mim, o momento mais interessante foi quando ela passou as tropas em revista. Enquanto caminhava em direção ao ponto inicial da revista, ela já deve ter pensado em todas as coisas que viveu na maldita ditadura. E, depois, entendi seu beijo na Bandeira como um tapa com luvas de pelica naquela instituição militar perversa, não nos soldados que ali estavam diante dela. Foi uma declaração: "O mundo dá voltas! Vocês passaram e o Brasil continuou! Apesar de vocês o amanhã se tornou um novo dia".
Ótima percepção, Rê!
Bj e Paz! (Ah! Reverente, claro!)
Renê,
Eu também fui maldosa he he
(Olha só a gente aqui disputando quem foi mais maldoso).
Eu fui, sim, confesso! Até finalizei o texto dizendo que o sorriso é de inox e não de botox, mas pela ausência de espontaneidade. Afinal ela só tem 27 aninhos, tão na flor da idade...
Daí eu suprimi esse finalzinho porque além de fugir um pouco do tema ainda ficaria uma redação meio sem final, entende? Se bem que até ficou, mas propositadamente. E menos ácido. Ou mais sutil, digamos assim rss.
Mas eu concordo contigo que uma diferença de duas gerações é meio estranho, quero dizer, estranho e meio. Uma só geração já é esquisito, imagina duas! O cara não tem apenas síndrome de pai, mas de avô!!!
Enfim, pra ser sincera acho que isso nada tem a ver com coisas do coração mas com a psiquê he he (Abafa)
Ah, e eu quis dar ênfase à dama americana e não para supervalorizá-la, mas para estabelecer a enooorme diferença, tá ligado? rss
Quanto a Dilma eu acho que pensamos igulazinho, só que fica difícil colocar no papel todo o turbilhão de emoção que eu imaginei que ela sentiu e que mexeu com todas as suas estruturas. Até tentei, mas saiu só um esboço. Acho que porque sou muito emotiva e aí o raciocínio trava quando me emociono demais. Mas seu complemento é simplesmente fantástico!
E mesmo que o beijo tenha sido um tapa de luva, foi um gesto tão lindo, tão sublime que confesso que não interpretei exatamente assim, mas como uma afirmação de seu amor pela nação não importam as circunstâncias, não importa o passado, não importa o osso duro que ela vai ter que roer.
Mas é como vc diz: o mundo dá voltas.
E o Chico devia estar lá cantarolando enquanto ela seguia...
Valeu demais seu complemento!
Abs,
R.
Ah, eu também nunca vi a Dilma como um robô, isso foi uma invenção muito "inteligente" da mídia que apelou para o sentimento preconceituoso do brasileiro para com a mulher.
Ele apenas teve um olho clínico, um insight, coisas assim... Se fosse mulher eu diria intuição feminina rsss
E, a meu ver, ele foi muito feliz nessa sua percepção.
Abs,
R.
Rê,
Com certeza, o beijo na bandeira foi uma afirmação de seu amor pela nação! O que falei sobre o tapa de luvas é como efeito que o beijo deve ter causado naqueles participantes da ditadura que ainda estão vivos (e são muitos, inclusive, no Congresso). E a frase "a ditadura vai passar e o Brasil vai continuar" é dela mesma, quando tentava animar as colegas na prisão! Por isto eu disse que a frase estaria contida também naquele beijo. Foi a expressão máxima do mesmo amor pelo País que a levou à prisão!
Quanto à Hilary, entendi exatamente dessa forma que você diz. Está bem claro no texto. Acho que ela não oferece opções para mais do que isso! rsss
Quanto ao Lula, foi "intuição feminina" mesmo. Não digo isto para desmerecê-lo, mas porque essa intuição, normalmente, leva a boas escolhas.
Abração!
Oi bispa! Saudade de ocê!!!!
Well, ela começou bem. Sentou a ripa nos tucanos, dizendo que eles iriam privatizar tudo, e ela mesma acabou de anunciar que irá privatizar os terminais de passageiros dos aeroportos de Viracopos, Cumbica e Brasília (possivelmente através de medida provisória).
Que precisa, precisa sim, com urgência. Só foi engraçado ela fazer isso logo no primeiro dia útil de mandato... rerê!!!!
Peço a Deus que a presidenta (como ela gosta de ser chamada) me surpreenda e faça um governo muito bom. Disso dependemos (em parte) né?
foi bonita a posse. eu nem me cansei de assistir a todas as horas que durararam! hahaha...
[p.s.: espero que esteja em tempo de desejar um feliz ano novo! :)]
Renê,
Gostei da intuição feminina do nordestino cabadapeste he he
Pastor,
Rpz... esse lance de bispa num dá certo. Veja as bispas que nós temos como "exemplo" ih ih
Também senti sua falta, tá vendo o poder das palavras?!
Amana,
Eu também não costumo ficar muito tempo diante da TV (a não ser que seja programada para ver um belo filme)e, sem nem me ligar que seria exatamente naquele horário, fiquei lá plantada largando outras coisas rsss
E é claro que é sempre tempo de votos de Bom Ano! Agradeço e desejo pra ti também!
Deus te abençõe!
R.
E mais: euzinha não fiquei plantada pelo ato em si, ou pela pessoa,(Embora a admire) até porque nem votei esse ano, já que nunca transferi meu título. Além do mais já faz tempo que passei da fase do partidarismo, do afã, do oba oba e tenho os pés bem firmes no chão embora paradoxalmente seja uma eterna sonhadora. Depois não tenho saco para ouvir longos discursos, seja de quem for. Mas aí, veja você! Eu fui ficando e ficando... porque foi me atraindo o que fui vendo e ouvindo.
Beijos,
R.
De fato, não votei ESTE ano nem nesse ano que passou.
"Esse" refere-se ao que está próximo então até que não errei he he (próximo passado rss)
(Momento Pasquale)
:P
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