"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A força da mulher




Não sou nenhuma cientista política, não levanto bandeira nem tenho qualquer pretensão partidária, porém, como um ser político natural, sinto-me bem à vontade e perfeitamente capaz para falar sobre algo específico que surge no cenário político brasileiro no momento.

Como eu não conhecia ainda nada acerca do estilo da Dilma, vinha adotando uma postura pessoal bem diferente nesses últimos meses, enquanto acompanhava, com muita prudência, informações bombardeadas em todos os meios de comunicação. Buscando sempre uma atitude mais amadurecida, nesse segundo turno eu me peguei pela primeira vez em uma pré-eleição onde não me manifestei a favor de nenhum dos candidatos, sem, contudo, me omitir ou deixar de fazer minhas considerações diante do que eu considerei apelativo, grotesco e agressivo.

Não sei se por desinformação apenas, ou pela simples crueldade inerente à natureza do ser humano, espalharam-se notícias e imagens malucas de toda sorte. Assisti a tudo - em parte, um tanto perplexa - mas paradoxalmente sem estranhar tanto, já que faz parte, ora lendo/ouvindo calada aqui, ora dando meu pitaco ali e opondo-me vez por outra. Fazendo valer meu direito de opinar e de fazer minhas próprias escolhas de maneira discreta, enquanto me deparava com um ambiente virtual cada vez mais inflamado, e, por vezes, desinformado em relação à nossa própria História recente, mais particularmente de um período dos mais sinistros, no qual muitos jovens deram o sangue pela conquista da liberdade que usufruímos hoje.

Porém, nesta ocasião especial, não posso deixar de falar da minha satisfação em ter a grata constatação de que nos próximos anos nosso país será dirigido por uma mulher. E não que eu seja uma feminista, mas porque uma mulher no comando quebra inúmeros paradigmas. E não é qualquer mulher, mas uma mulher que sabe do que está falando, que vivenciou na pele aquilo que defende; que ainda muito menina experimentou o amargor do autoritarismo em verdadeiro clima de terror. Uma mulher de origem búlgara cuja trajetória de vida foi marcada por uma militância política que culminou em prisão e tortura bárbara. Não foi à toa que ela disse apropriadamente em seu primeiro discurso ontem que prefere o barulho da imprensa livre ao silêncio da ditadura.

Ela também já ganhou a minha admiração e respeito quando, ao saber da vitória, se encaminhou para a casa da filha e do pai desta, numa demonstração inconteste acerca de valores básicos da existência do ser humano e de que a família é o primeiro estágio de governo dentro de uma sociedade sadia.

Outro fato que me chama à atenção de maneira singular é quando ela fala sobre ZELO. Digo isso porque eu tenho certa vivência e conheço a alma de alguém por alguns detalhes quase imperceptíveis do comportamento e da fala, gestos simples e discretos, MAS que dizem muito do seu caráter, da sua personalidade, do seu jeito de ser e agir. E ela não poderia ter sido mais feliz na escolha da expressão colocada com tanta ênfase ao falar sobre suas metas. Prometo ZELAR por isso, prometo ZELAR por aquilo... Esse cuidado me atraiu, me fez refletir e me encantou, principalmente quando ela - como mulher e cuidadora nata -  se referiu ao seu compromisso em esforçar-se em prol da mulher, de maneira que sua atuação refletisse em todas as esferas sociais.

E aí me vem à mente o termo “agressiva” que a rotularam com forte tom pejorativo e que foi tão explorado em campanha... E que nos últimos dias eu aprendi a interpretar como decidida, comprometida, determinada. O mundo e seu contexto exigem esse tipo de agressividade para que se possa não apenas sobreviver, mas principalmente viver com decência. Viver com firmeza, respeito e dignidade.

Parafraseando-a, somos um povo marcado pela superação, pela capacidade de enfrentar obstáculos e sair inteiro. Sei que não é fácil e que ela vai enfrentar outro tipo de câncer na sua gestão, desta feita um câncer externo, disseminado e metastático, mas sei que ela terá capacidade de enfrentá-lo e extirpá-lo com a mesma garra com que enfrentou no próprio sangue outro tipo não menos danoso.

Por tudo isso, deposito em Dilma, meu voto de confiança, traduzido em esperança firme de quem resolve dar um crédito, não por interesse partidário, mas pela expectativa de que, diante do exposto, podemos vislumbrar mudanças que beneficiem a todos.

Não sou prática, não sei matemática nem gosto de lidar com números como ela. Sou uma romântica incurável, sou poeta, sou das letras; não entendo de politicagem mas entendo de política no seu sentido mais amplo de cidadania, participando, cuidando e intervindo na comunidade em que vivo; e confio em sua capacidade de nos governar, rogando aos céus para que o faça governando primeiro seu próprio espírito. E acima de tudo, fico em paz porque sei Quem está no controle de tudo.



6 comentários:

Anônimo disse...

Pois é Regina,
não fui eleitor da Dilma( por achar que havia uma candidata mais com a minha cara), mas é claro que TODOS os brasileiros torcem pelo país de uma forma geral.

Tenho ficado muito espantado com o modo em que cristãos de todas as partes do Brasil e de todas as nomenclaturas e esferas têm se amedrontado com as possíveis (ou pseudas) perseguições que a Igreja passaria a viver com o governo deste ou desta candidata!

Parece mesmo que nunca se leu a Palavra.
Parace mesmo que nunca se soube do que surgiria.

Lembro-me que antes era eu que me amedrontava com os rumores do 'tempo', pois julgava que não estava preparado para 'subir' com Jesus.

Hoje parece que é a Igreja, seus membros e lideranças, que estão com medo dessa palavra profetizada séculos antes!

Desejo ao Brsil de Dilma o mesmo que desejo ao Brasil que vivo!
Paz a essa terra acostumada a tanta dor e sacrifício. Seja não o que Dilma quizer, seja o que Ele permitir!

E é claro, parabens a mulher e a sua vez!
que venham dias melhores!

WENDEL BERNARDES
---------------------------
www.wendelbernardes.blogspot.com

Regina Farias disse...

Wendel!

Que palavras sábias!

Também estou nessa mesma torcida que você!

Oremos para que venham dias melhores mesmo!

E seja o que Deus permitir!

Abs,

R.

Vera Porto disse...

Olá Regina!

Li muito antes de exercer o meu direito de cidadã na urna e aprendi uma coisa com essa eleição.
Os preconceitos devem ser trabalhados para que não tenham mais vez em nossas vidas.
E já era tempo de ter-mos uma mulher na liderança política do nosso País,afinal sabemos o quanto as mulheres são minimizadas, justamente por saberem da força que nós temos.
Adorei a matéria.
Beijos.

Regina Farias disse...

Verinha, que prazer ter você comentando em meu blog.

Então...

Eu também tenho a forte impressão de que vem muita coisa boa por aí para nós mulheres, que ela vai deixar sua marca em todos os setores da sociedade e que ainda assim, a gente ainda não tem noção da dimensão desse acontecimento.

Sei que ela vai ser muito cobrada por ser mulher e por carregar o estigma de ser PT e indicação de Lula. Mas, como falei no texto, acredito na sua força, na sua capacidade e no seu potencial.

Beijo grande!

Rê.

Elídia :) disse...

Clap clap clap, aplaudida de pé, Rê, como é bom vermos nossas ideologias identificadas em alguém q admiramos, no caso, vc... amei....bjs, muitos.

Regina Farias disse...

Elídia,

Brigadinha pela força, pelo voto de confiança :) E que legal essa afinidade, não?! Fico feliz, sinceramente. Assim como respeito quem não pensa igual, como acontece até mesmo entre familiares. Eu mesma tenho uma irmã (e marido dela) que têm aversão a Lula e tudo que vem dele (no caso, a indicação e apoio a Dilma) nunca entendi os argumentos, mas enfim, os amo mesmo assim rss
E aproveito pra repetir que o que mais me impressionou nessa eleição foi o radicalismo de uma massa desesperada que beirou a infantilidade. Até de dirigentes eclesiásticos... (Abafa rss)
Ora, erros e acertos se tem em todas as facções politicas e seus líderes, porém o que mais se viu foi uma ênfase meio patológica em relação a ser ou não ser "do bem".
É como diz o amigo Wendel, permeia no meio dito cristão uma overdose de mania de perseguição, uma esquizofrenia coletiva que diz que Deus vai "sentar a mão".
Pura viagem...

beijos,

R.