"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mentira tem perna curta



Dia da mentira



Origem: Uma das várias explicações para essa brincadeira diz que ela surgiu na França, no século XVI, quando era festejada no dia 25 de março, com a chegada da primavera, e se estendia até o dia primeiro de abril.


Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX da França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1 de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los e enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.


Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool's Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d'aprile e poisson d'avril, o que significa literalmente "peixe de abril".


No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou "A Mentira", um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. "A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.


Superstição: Para completar, não tinha como não haver uma superstiçãozinha no meio, sugerindo-se que tal brincadeira realizada após o meio-dia, traga má sorte ao perpetrador. Acredita-se ainda que se alguém não consegue aceitar os truques, ou tirar proveito deles dentro do espírito da tolerância e do divertimento também deve sofrer com a má sorte. Diz-se ainda que aquele que for enganado por uma bonita menina será recompensado com o matrimônio, ou pelo menos, a amizade dela. Casar no Dia da Mentira não seria uma boa idéia e um homem que se casa nessa data será para sempre controlado pela esposa.


Atualidade: Com o advento da internet, como um meio de comunicação mundial, o trabalho dos traquinas foi atualizado e agilizado, embora a mesma faça com que seja difícil de saber se uma peça é perpretada antes ou depois do meio-dia já que os fusos horários são diferentes em partes diferentes do mundo, não acontecendo o primeiro de abril simultaneamente em todo o mundo.


Muitas organizações de mídia propagaram inconsciente ou deliberadamente peças no Dia da Mentira sendo as pessoas mais vulneráveis as não-ocidentais, que não se ligam bem nesse costume.


(adaptado)


Que bom se nossas mentiras fossem assim leves, brincalhonas e efêmeras, sem nenhuma consequência, senão a do alívio acompanhado de boas risadas.

Que bom se pudéssemos apenas pregar peças nas pessoas e, no momento seguinte, nos desmascarássemos sem nenhum dano para ambas as partes.

Porém, brincadeirinhas inocentes à parte - mas também sem nenhum vestígio de desaprovação moral - aproveito a data para refletir sobre nossos atos cotidianos, falando sobre essa peça que vivemos pregando ao longo da nossa vida, independente de data específica: a mentira.

Tais atos, envolvendo uma mentirinha aqui outra ali, muitas vezes tornam-se tão comuns que vira um costume, um hábito. E aí está o risco! A questão, não é a ética em si, mas a gravidade de suas consequências, que vão desde desavenças entre duas pessoas a inimizades de maiores proporções.

Quando se trata de compulsão pela mentira, já é caso de tratamento específico e tão vasto e complexo que nem ouso tratar disso no momento.

Por outro lado, convencionou-se que existem mentiras aceitáveis e até necessárias, que vão desde dizer a um vendedor inoportuno que o dono da casa não está, ou desculpas esfarrapadas para não aceitar determinados convites, e ainda uso de eufemismos que escondem coisas bem cabeludas, até a situações mais melindrosas como dizer a um moribundo aquilo que ele gostaria de ouvir.

Divididas as opiniões sobre a mentira permissível, não quero entrar no âmbito sociológico ou psicológico e menos ainda na questão moralista. Mas eu não concordo que existam pequenas mentiras aceitáveis. Não concordo com essa classificação para a mentira. E não concordo, simplesmente porque, para mim, integridade não está ligada apenas a uma coisa exterior chamada reputação nessa nossa sociedade hipócrita. Integridade para mim é um atributo do caráter e está ligada a uma realidade interior marcada por traços bem distintos que vão refletir no meu comportamento.

Portanto, mentira é mentira. Como disse certa vez um pastor em pregação, nem poeticamente devemos abrir espaço para ela. Afinal, mentiras sinceras só existem nos corações apaixonados e iludidos que vivem numa dimensão onde valores e emoções estão distorcidos pela quebra da auto-estima, como sugere a canção do Cazuza.

Quando eu era criança, ouvia muitas máximas acerca da mentira e uma delas sempre me marcou porque eu considero a que mais se aplica realmente ao nosso caráter, pela sua ambigüidade. “Quem mente, rouba”. E não necessariamente um roubo material, mas um roubo talvez mais drástico e cruel que é o da confiança muitas vezes de pessoas que amamos, que nos cercam, que fazem parte do nosso rol de amizade, enfim pessoas com as quais compartilhamos os mesmo valores.

Quando se rouba algo material existe uma lei que pune e, por meio dessa punição supõe-se uma correção e um retorno às atividades sociais; porém roubar a confiança é mais trágico e complexo porque envolve relacionamento, portanto a base de nossas emoções, dos nossos sentimentos, o centro daquilo em que acreditamos.

Todo mundo tem um sonho, uma viagem, uma utopia, não é? Pois bem, meu sonho é que outro ditado que tanto ouvi na minha infância se torne realidade: mentira tem perna curta. Já que não dá para erradicá-la, que ao menos ela realmente seja bem curtinha... cotó, mesmo! Talvez assim suas consequências se limitem a meros risos de primeiro de abril...

Cazuza, que eu tanto cantei e que amo de paixão, que me desculpe, mas... nenhuma mentira "sincera" me interessa!


“Cria em mim, ó Deus, um coração puro

e renova dentro de mim um espírito inabalável”

(Sl 51.10)

domingo, 28 de março de 2010

A verdadeira adoração




O dia mal amanhecia quando eu acordei de repente com uma frase bem nítida na mente:

- Fazer o bem sem olhar a quem.

Sabe quando você acorda como se alguém falasse com você em alto e bom som?!

Então...

Foi exatamente assim que se iniciou esse meu domingo! Com uma frase nada nova e que eu cresci ouvindo em casa, na escola, enfim, na comunidade católica em que nasci e vivi durante muitos anos da minha vida. E, ainda ali na cama, refletindo e colocando no Altar do Senhor todas as minhas imperfeições, me passou um filme de tudo que se refere a essa frase tão singular e tão determinante, fazendo-me perceber claramente o quanto essa máxima pode ser simplesmente libertária e extremamente saudável para se desenvolver uma atitude ética na vida, posto que assim ninguém fica de rabo preso, por ser algo incondicional, sem amarras, onde você simplesmente se propõe a ajudar e não tem que cobrar nada porque sabe que ajudou porque precisou ajudar!

Mas o homem é vaidoso, gosta de tirar partido, de manipular, de ser o cara, de se dar bem... Portador histórico da Síndrome do Pódio, sofre na ânsia pelo reconhecimento, aplausos, títulos e agradecimentos. E quando este é religioso, então é que a coisa pega pra valer! Esse religioso que vivendo dentro da igreja em suas limitações convenientes de ajuda, jamais vai entender acerca do viajante, do homem caído, do salteador, do sacerdote e do levita que caminhavam pela mesma estrada, MAS cada um de um jeito. Esse mesmo religioso se recusa a entender que a ATITUDE de cada um daqueles caminhantes faz uma denúncia GRITANTE acerca do tipo de “adoração” de cada um. Pois, analogamente, existem as mais diversas mentalidades que fingem cultuar o mesmo deus, até dentro de uma mesma igreja, um mesmo “pensar” doutrinário e um mesmo agrupamento religioso.

Impressiona-me ver essa mentalidade religiosa acomodada, preguiçosa, egoísta, esse estranho perfil religioso do adorador de templo com o coração derramado (?) enquanto aqui fora mostra-se empedrado, paralisado pelo egoísmo, pelo orgulho e pela acomodação. Religiosos que ali vão com o coração cheio de mágoa, inveja, ressentimento, mentira, falsidade, enganando ao outro e a si próprio de que ali, naquele lugar, naquele espaço físico, tem algo mágico e misterioso que vai lhe tocar como um pirlimpimpim em divino benefício particular e trazê-lo de volta ao cotidiano igualmente falso, para no “culto” seguinte acontecer o mesmo ritual e assim por diante. Vivenciando lá dentro um culto que o AFASTA cada vez mais do culto verdadeiro aqui fora, sempre com o cuidado de passar beeeem “de largo” de certos necessitados para não correr o risco de perder a pureza cerimonial que adquiriu lá dentro daquele espaço físico, no qual cânticos celestiais invadem a atmosfera do templo onde Deus falou ao coração coisas lindas que Ele tinha pra contar somente lá dentro.

Cada vez mais me entristece essa capacidade que o ser humano tem de se amoldar a cartilhas pré-estabelecidas, por saber que - por outro lado - esse mesmo ser humano tem a capacidade de ser gente na sua mais perfeita concepção, de ser capaz de pensar, raciocinar, ler, estudar, pesquisar, ouvir, discernir... No entanto, esse falso herói da resistência nata é levado “inocentemente” a se acomodar e/ou PREFERIR se grudar em uma crença que a doutrina pronta impõe de maneira gradativa e assustadoramente sutil e manipuladora por meio de um sinistro pacote doutrinário funcionando como uma muleta velha que insiste em “amparar” de forma tosca quem acredita no visível e no palpável. Ironicamente essa prática religiosa AFASTA o homem dos propósitos de Deus, embotando-lhe os sentidos e levando-o a cultos estranhos que em ABSOLUTAMENTE NADA têm a ver com a verdadeira adoração pois esse embaçamento o impede de enxergar a mais simples e desconcertante das descobertas: que a verdadeira adoração não tem lugar enquanto espaço físico e cujo ingrediente é simplesmente o AMOR; e que TUDO o mais é ritualismo que nada diz do CULTO VERDADEIRO.


E assim se segue na estradinha estreita espiritualmente, se repetindo na medida em que se engessa e se engessando na medida em que se repete, sem nunca permitir cair a ficha mais clara de toda essa viagem: que Deus não tem nenhum altar de culto fora do AMOR ao próximo; que não se tem que olhar, analisar, rotular, aquele que precisa de ajuda. É só ajudar. E ponto! Para isso há de se desprender dos ensinamentos igrejistas e usar de misericórdia para com o próximo, amando-o como a si mesmo. Sem questionamentos, sem racionalizações, sem explicações, sem cobranças, sem negociações, entendendo que o culto é a própria vida e que assim se herda a vida eterna! Conforme disse JESUS! (Lucas 10.25)


RF.


E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos,

aplicando-lhes óleo e vinho;

e, colocando-o sobre o seu próprio animal,

levou-o para uma hospedaria e tratou dele.

(Lucas 10.34)










quinta-feira, 25 de março de 2010

Passeio socrático




Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.

O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.

A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.

Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.

Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?

Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela...

Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.

Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos, etc.


Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.

Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da alta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.

Vou com frequência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo.  

- "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo.

Olham-me intrigados.

Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas.

E, assediado por vendedores como vocês, respondia:

- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

Frei Beto.

(Negritos meus-RF)



"Melhor é um prato de hortaliças onde há amor..."
(Provérbios 15.17a)



sexta-feira, 19 de março de 2010

FAMÍLIA SAUDÁVEL

É impossível vida familiar saudável sem mente saudável e precisamos estar certos de que o Senhor antes de tudo deseja que gozemos de excelente saúde mental.

Quando Jesus se referiu à vida abundante, estava falando sobre uma vida equilibrada, em que todos os aspectos estão sob a autoridade de Deus; uma vida que garanta ao indivíduo crescer à imagem de Cristo.




Há um equívoco tremendo entre as massas religiosas sobre a expiação dos pecados e isso acontece mesmo entre pessoas ditas bem informadas, que trabalham, que trocam altas idéias, e que até vão à igreja com certa frequência, mas que ao mesmo tempo desenvolvem uma tremenda capacidade de dissimulação por viverem entristecidas, com a alma doente e oprimida pela culpa e onde elas fatalmente findam por acreditar piamente que precisam sofrer para pagar os pecados. Ao assumirem esse papel, elas não atentam para o fato de que Jesus já fez isso por nós e que pelas suas pisaduras nós fomos sarados. Ou então, se sabem, tentam anular Seu sacrifício perfeito e definitivo, tomando para si uma função que não lhes cabe, seja por ignorância ou relutância, sempre sofrendo ao levar uma carga que elas jamais poderiam suportar.

Ao longo da história da humanidade Deus vem ordenando como deve ser a adoração, e como sacrifício definitivo pelo pecado, Ele nos revela “O Nome que está acima de todo o nome”, em substituição das ordenanças externas exigidas pela antiga aliança. Cristo consumou na Cruz tudo que se prefigurava no Antigo Testamento. Com a Nova Aliança proporcionando perdão dos pecados, passamos a ter uma relação íntima e pessoal com Deus.

Em seu ministério terreno, Jesus nos deixou claro que Ele não queria apenas nos dar a salvação, mas estabelecer novos padrões para uma vida abundante como também enfatizar a importância de se viver uma vida de qualidade. Em oração, Ele nos ensina a pedir ao Pai: “Venha a nós o vosso Reino”, numa clara indicação que o Seu Reino inicia-se aqui mesmo na terra. Portanto, não tem essa de sofrer aqui para ganhar o reino eterno. Isso é mensagem distorcida que recebemos culturalmente dos nossos pais (e eles dos seus pais) que insiste em perdurar nas mentes fracas e adoecidas. Cabe a quem tem a mente sadia a obrigação de quebrar essa corrente amaldiçoada e buscar promover uma vida sadia, a vida de qualidade proposta pelo Mestre.

E essa vida de qualidade começa na família.

Em um mundo decaído, não existem famílias perfeitas, entretanto uma família sadia é capaz de suprir suas necessidades básicas, principalmente no que diz respeito aos filhos.

Os filhos têm alguma necessidades básicas:

Físicas : comida, abrigo, vestimentas

Emocionais: amor, aceitação, afirmação

Intelectuais: por meio de habilidades desenvolvidas na vida diária

Espirituais: orientações sobre conhecer a Deus e amadurecer nesse relacionamento.

Porém, em uma família disfuncional, onde algumas ou todas essas necessidades não são atendidas, há uma urgência na revisão de valores para que haja restauração e cura de modo que seja restabelecida a sua integridade e que se possa viver uma vida PLENA.

É fácil reconhecer uma família disfuncional, pois elas têm padrões em comum:

•  Não conversam, mantendo segredo de família;

Não enxergam, adotando comportamentos inapropriados por causa da percepção distorcida que têm da realidade;

•  Não sentem, sem levar em consideração emoções verdadeiras, tornando-se cínicas ante as situações que ora se apresentam.

Não confiam, não compartilham momentos alegres e descontraídos, vivendo em isolamento, assustados e confusos, acreditando que se expondo as promessas deixarão de ser cumpridas.

Essas famílias são formadas por pais com sérias dificuldades, que constantemente distorcem ou negam a realidade para esconder seus próprios problemas sempre relacionados a comportamentos abusivos, seja na área sexual, física e emocional, geralmente envolvendo determinados vícios.

Os filhos, por sua vez, violentam-se silenciosa e gradativamente mergulhados em um turbilhão de emoções negativas, assumindo imaturamente papéis e funções invertidas, lutando desesperadamente para alcançar uma perfeição sempre na vã tentativa de preencher as expectativas dos pais adoecidos na alma.

O resultado desastroso disso tudo nos filhos é uma vergonha, um profundo senso de inadequação e falta de valor que frequentemente desaguam no cinismo.

A boa notícia é que o Senhor deseja ser o “Reparador de Brechas” para essas famílias com crianças que sofrem/sofreram abusos ou são/foram afligidas.

Quanto a nós, os pais, adultos e responsáveis pelas crianças diante de Deus, somos advertidos por Paulo a prestar atenção ao que está sendo absorvido pela nossa mente, para que não nos tornemos cegos para a verdade. Precisamos estar atentos, pois quando certas mensagens são repetidas de forma contundente, seja por palavras, seja por ações, elas se internalizam como algo verdadeiro, porém não passam de falsas crenças.

Quantas vezes alguém não se pegou dizendo:

“Eu devo ser mesmo muito má para merecer tratamento tão ruim”.

E a cura começa quando a pessoa resolve identificar e confessar as mentiras que ela acreditou sobre si mesma, por mais vergonhoso que seja. Ela precisa entender que aos olhos de Deus ela tem valor e que levando seus atos vergonhosos à Sua presença, somente Ele pode limpar completamente essas emoções ruins, ZERAR e, por fim, promover a libertação. Para isso, faz-se necessário que ela admita e se arrependa. E isso só acontece com a mudança de velhos hábitos e conceitos.

Esse é o início da cura.

Fora disso é pura crendice religiosa que só aprisiona e enche a pessoa de culpa, oprimindo-a e adoecendo-a cada vez mais.

“Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar, nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. MAS as vossas iniqüidades fazem SEPARAÇÃO entre vós e o vosso Deus”. (Is.59 1 e 2)

Precisamos estar atentos para os atributos de um Deus que nos ama e constantemente perdoa nossos erros dando-nos sempre uma nova oportunidade, outra chance de recomeço. E mesmo que experimentemos as inevitáveis consequências das nossas próprias escolhas, Ele, como Pai gracioso e perdoador, ainda usa de Sua infinita misericórdia para aqueles que escolhem viver uma vida em obediência.

Se o meu povo, que se chama pelo meu nome,
se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos,
então eu ouvirei dos céus,
perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”.
(2Cr 7.14)

“Pois, para com as suas iniqüidades,
usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei”.
(Hb 9.12)

“Então romperá a tua luz como alva, a tua cura brotará sem detença,
a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda;
então, clamarás, e o SENHOR te responderá;
gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui.
Se tirares do meio de ti o jugo,
o dedo que ameaça, o falar injurioso;
se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita,
então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como meio-dia.

O SENHOR te guiará continuamente,
fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos;
serás como um jardim regado
e como um manancial cujas águas jamais faltam.”

(Cf Isaías 58: 8 a 12- negritos e aumentados meus-RF)



(Fonte de pesquisa: A Bíblia da Mulher)






sábado, 13 de março de 2010

Vida espiritual?!




Escuto com muita frequência a expressão “fulana é muito espiritual” e isso me incomoda e me deixa muito intrigada simplesmente por não conseguir enxergar uma pessoa saudável desenvolvida separadamente em apenas uma faceta da sua existência. Para mim, o sentido de espiritualidade tem a ver com um modo sadio de se viver em todos os aspectos, daí não dar pra conceber como espiritual, alguém triste, oprimido e cabisbaixo, por exemplo.

Uma pessoa que se dedica excessivamente ao trabalho, ou que não cuida da própria saúde física sendo até desleixada com a aparência, ou que tem problemas familiares graves, e ainda tem sérias dificuldades de manter um relacionamento saudável com as pessoas, carece do princípio universal chamado equilíbrio.

Como haver equilíbrio se apenas uma dimensão da nossa existência está sendo “trabalhada”? Nós não somos mente, ou corpo, ou espírito, isoladamente. Não é possível dissociar essas três partes, pois ambas formam um único sistema.

O ser humano é resistente por natureza e por isso é muito frequente o hábito de querer carregar nas próprias costas fardos inúteis e pesados, só porque ele não se dispõe a enfrentar certas áreas da vida e entregá-las verdadeiramente a QUEM tem o poder de curar. E inevitavelmente me ocorre a questão da religião visto que esta costuma trazer sérios problemas nesse sentido, já que a mesma é mestra em mascarar a realidade com seus ensinamentos, levando o indivíduo a acreditar que está no caminho certo só porque preenche alguns requisitos exigidos por ela em detrimento do desenvolvimento sadio do ser como um todo.

Dentro do fundamentalismo religioso existe uma regra geral e simplista que me diz que se eu participo de algum ministério da igreja, se eu sigo normas áridas relacionadas com a minha exterioridade, se vou à igreja sistematicamente, se sou obediente a um pacote doutrinário, eu estou no caminho certo. Quantas vezes já se ouviu a frase absurdamente condescendente e distorcida: “Pelo menos ele está indo à igreja, lá não é o lugar do doente?”

Há essa meia verdade principalmente entre aqueles mais rígidos e legalistas cuja crença é confundida com fé, onde a verdadeira fé é substituída por meras crendices assimiladas velada e gradativamente como auto-punitivas e que, com o passar do tempo transformam-se em arraigadas superstições religiosas promovendo paralelamente uma pseudo-serenidade de espírito uma vez que lá dentro há um anestésico que eu chamo de envolvimento coletivo em manifestações emocionais, e aí é que reside a armadilha, pois de lá se sai embriagado de um espírito raso e temporário numa demonstração gritante de que esse caminho extremamente equivocado e perigoso não serve absolutamente de parâmetro para a conduta realmente cristã, posto que em nada colabora com o equilíbrio necessário para se viver uma vida prática coerente, sensata, ética. Pelo contrário, conduz a uma série de situações conflitantes que coloca a pessoa cada vez mais em parafuso em relação aos reais conceitos e valores, sendo que o mais grave de tudo é fazer isso usando sempre o nome de Jesus.

Ora, Jesus é antes de tudo ÉTICO! De nada me serve seguir a cartilha exigida pela denominação religiosa, se aqui fora, na minha vida prática, eu não tenho uma vida social e familiar equilibrada. É aí onde entra o verdadeiro equilíbrio espiritual. Que equilíbrio espiritual é esse que não me permite discernir o que é ético, o que é de fato a lista das situações cotidianas nas quais eu devo exercer a minha condição de equilibrada? As ações aqui fora da igreja é que vão dizer da minha saúde física, mental e espiritual. O cultivo e a prática de princípios e valores, a tomada de decisões, as escolhas pessoais, as minhas atitudes coerentes, estes sim, servem como fiel da balança.

Tudo isso me diz claramente que se eu tenho fidelidade apenas dentro da igreja eu não estou sendo fiel ao Deus da igreja e sim à igreja enquanto ditadora de regras inflexíveis que em vez de libertar o que faz mesmo é acorrentar a alma. Essa fidelidade apenas lá dentro é pura viagem, é ilusão, (É o tal ópio!), é religiosidade mascarada que só promove a dissimulação, a mentira e o auto-engano que entristece, que abate, que oprime, que DESANIMA.

Deus requer nossa integridade é na vida relacional aqui do lado de fora da igreja. E isso nada tem a ver com performances e tão-somente com o nosso caráter refletido nas nossas ações. Trata-se de uma busca constante que nos dá lucidez e nos liberta dos fascínios enganosos que conduzem ao poço escuro e profundo.

Para mim, isso é ser integralmente espiritual. Esse é o equilíbrio que vem da CURA. O mais é pura crendice que só adoece e aprisiona.




Disse Jesus:

Aquele que beber da água que eu lhe der
nunca mais terá sede;
pelo contrário, a água que eu lhe der
será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.

(Cf João 4.14)





quinta-feira, 11 de março de 2010

Êh, canseira!




Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos.

Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.

Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.

Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento “científico” da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.

Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar “piercing”, fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.

Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.

Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por Sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.

Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.


TEXTO NA ÍNTEGRA AQUI - (negritos meus- RF)



quarta-feira, 3 de março de 2010

IGREJA





O principal sinal da Igreja é a manifestação da multiforme Graça de Deus — na forma de amor, perdão, reconciliação, justiça e bondade procedentes da verdade que atua em amor.

Desse modo a Igreja só é Igreja quando nela habita a Graça como verdade seguida em amor.

Para Paulo, a verdadeira Igreja é o eixo da manifestação da Graça de Deus no mundo visível, visto que amor em verdade é algo que não nasce por geração espontânea em lugar algum do Universo.

Explosões cósmicas, surgimento de estrelas ou a morte delas, ou mesmo qualquer outro fenômeno universal, não têm nem de longe o significado da experiência do amor entre os homens, ainda que os que assim vivam sejam apenas uma imperceptível minoria aos sentidos estatísticos e de volume de matéria no Cosmos.

É como o diamante: não existe em abundância na Terra, mas o que existe é mais preciso aos sentidos humanos — pela raridade — do que imensas porções de matéria expressivas apenas pelo seu volume, e não pela sua qualidade.

É chocante quando indivíduos ou grupos humanos vivem em amor criativo e insistente no enfrentamento de tudo aquilo que é anti-amor na existência. Sim! Choca a todos!

A presença do AMOR que é a marca do discípulo, conforme Jesus — em qualquer vivência humana carrega a marca da Graça de Deus.

A Igreja é o ajuntamento espiritual e comunal de indivíduos rendidos ao amor de Deus, o qual só pode ser visto no mundo como obras de Graça, misericórdia e justiça.

Por esta razão Paulo diz que a Igreja é constituída de pessoas para quem todo muro de separação entre os homens foi abolido na Cruz.

Assim, sempre que pessoas ou grupos vivem além das barreiras de separação — sejam elas de qualquer que seja a natureza —, aí sempre haverá Igreja em estado de produção de perplexidade para os principados e potestades invisíveis.

O apóstolo escreve essas coisas aos de Éfeso, que foi um dos lugares onde os Principados e Potestades disseram: “Conheço a Jesus e sei quem é Paulo!” — Atos 19.

Desse modo, Paulo cria que o centro das questões cósmicas não tinha em Roma a sua sede naqueles dias, mas sim entre aqueles que viviam de modo à perplexar os observadores invisíveis, os quais apenas se chocam ante a manifestação do amor num mundo gelado pela sua ausência.
Encontrar amor no Cosmos é algo mais chocante do que se achássemos vida no centro do Sol, por exemplo.

E mais: tais manifestações chocantes pela sua raridade não respeitam muros de separação; e não se deixam aprisionar por fronteiras geopolíticas ou religiosas ou culturais; ou por qualquer outra forma de contenção e separação entre os homens.

Portanto, o que choca a anjos, demônios e todas as criaturas com poder de observar, é a multiformidade da manifestação criativa do amor num ambiente hostil a ele.
São os Bons Samaritanos da Graça aqueles que chocam a homens e anjos!

Desse modo, a Igreja que deixa aturdidos os príncipes das demais dimensões de existência, é aquela que é constituída pelas dinâmicas da Graça.

Assim, mais uma vez se fica sabendo por que SEM AMOR nada nos aproveita ante Deus e todas as formas de vida.






sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nada se cria...





José Abelardo Barbosa de Medeiros (Surubim, 30 de setembro de 1917 — Rio de Janeiro, 30 de junho de 1988), o Chacrinha, foi um grande comunicador de rádio e um dos maiores nomes da televisão no Brasil, como apresentador de programas de auditório, enorme sucesso dos anos 50 aos 80. Foi o autor da célebre frase: "nada se cria, tudo se copia". (Fonte: Wikipédia)

"Nada se cria, tudo se copia. Este termo é muito usado no meio publicitário, talvez por isso seja uma frase popularmente conhecida. O significado original se deve ao fato que, em publicidade, as idéias devem ser claras e objetivas, portanto não se desenvolvem conceitos novos para que o público em geral perca tempo na busca da compreensão. É mais fácil vender um produto falando de idéias já difundidas do que propor reflexão e raciocínio ao público em geral. Afinal, é bom lembrar que a maioria da população não tem estudos e muito menos conhecimentos suficientes para refletirem sobre temas, como por exemplo, filosofia e/ou arte. Temas estes que nos trazem constantes inovações e idéias criativas.” (Fonte: Curso Superior de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda)

O “Velho Guerreiro” foi um grande e admirável vendedor de audiência, de ilusões, um comerciante de sonhos, ele era bom nisso, um dos melhores na história da televisão brasileira. Agora, imagine dizer que “nada se cria” para personalidades como: Isaac Newton (teoria da gravitação universal), Albert Einstein (teoria da relatividade), Graham Bell (inventor do telefone), Thomas Edison (lâmpada elétrica), Santos Dumont (avião), entre outros milhares ou até milhões de artistas (Leonardo Da Vinci, Picasso...), cientistas, atletas, reis, presidentes, administradores (Ford, Taylor, Fayol...) ou todos os designers e arquitetos (Oscar Niemeyer) de todo o mundo (esses nem podem sobreviver com frases assim) e tantos outros...

Talvez a idéia original seja a de Antoine Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Ainda assim, a palavra “transformar” está diretamente ligada à idéia de criação, fazendo com que a frase pareça contraditória, embora com sentido dentro do seu contexto. Vale lembrar que o renomado químico citado estava mais interessado em aproveitar cada substância produzida pela natureza. Ele pretendia extrair o máximo do que lhe era fornecido por ela, seja para experiências científicas ou para reciclagem, criando e reinventando conceitos.

Sou 100% a favor das novas, boas e grandes idéias, tal como as “boas novas”, algo novo, novidade. Adoro criar, inovar, opinar, criticar e “ducontrariar” (ser do contra).

Não se limite, ou se conforme com afirmações que determinem um ponto final para a sua imaginação, seus sonhos, dons e talentos.

Portanto, crie, invente, descubra, pesquise, construa, troque informações, afinal, “quem não se comunica, se trumbica”.

Significados:
COPIAR – Fazer cópia de, transcrever; reproduzir, imitar.
TRANSFORMAR – Dar nova forma, feição ou caráter; tornar diferente do que era; converter, mudar, alterar, modificar, transfigurar, metamorfosear; recriar.
CRIAR – Dar existência a, tirar do nada; dar origem, gerar, formar.
(Fonte: Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

(Texto COPIADO rss dos arquivos de Leonardo Farias-meu filho)


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Evangelho segundo Paulo?!


Estava Paulo fazendo referência às suas cartas quando falava em “toda Escritura”?






Primeiro: Paulo cria que havia recebido revelação de Jesus em relação ao que ensinava como Evangelho.

Ele deixa isso claro.

Segundo: tais conteúdos têm a ver com Jesus e a justiça de Deus em Cristo. Com todos os privilégios de consciência espiritual que daí advém — e não com formas de governo, indicação de presbíteros, bispos, pastores, mestres e líderes.

Para Paulo o que era revelação era o “mistério outrora oculto e agora revelado”; a saber: “Cristo em nós, a esperança da glória”. Já os governos e suas formas eram elementos vinculados ao bom-senso e à ordem, mas não eram Revelação, como se fossem parte do Evangelho.

Tinham a ver com a necessidade histórica, com o momento, e com aquilo que o bom senso recomendava — sempre conforme o espírito do Evangelho.

Paulo não olhava para o futuro da História como muitos passaram a fazer depois de alguns anos; e, depois, por quase dois milênios. Para Paulo o tempo estava próximo, às portas. Ele não olhava para o futuro e via mais milhares de anos de História; muito menos via algo a ser chamado de “História da Igreja”; e tampouco pensava que suas cartas estariam num livro, em pé de igualdade com Isaías, Jeremias e todos os profetas - inclusive com vantagem em alguns aspectos, pela atualidade de suas compreensões em relação a Jesus.

O que Paulo desejava não era a manutenção de suas cartas.

Ele ambicionava era que o Evangelho por ele pregado não fosse deturpado em seu conteúdo acerca de Jesus.

Paulo só tinha coração para o que dizia respeito a Jesus. As demais coisas ele fazia a fim de proteger o rebanho daqueles que eram os “falsos ministros” e “falsos apóstolos” desse “evangelho” que ora diminui, ora acrescenta coisas, ora suprime por completo os conteúdos do Evangelho.

Na visão de Paulo a questão era fazer Timóteo alguém que encarnasse a compreensão e o entendimento do Evangelho que Paulo explicava em suas cartas, epístolas e pregações. Ele pensava assim, pois esse era o modo hebreu de pensar.

Além disso, o próprio Jesus havia tratado tudo com total “despreocupação” em relação a carregar com Ele um escriba, anotando todas as coisas.

O primeiro texto-evangelho sobre Jesus apareceu apenas 15 a 20 anos depois. Portanto, Paulo cria do mesmo modo. E o que ele transformava em carta, era o que ele sabia fazer como “mídia”. Não como Escritura.

É também por tal razão que Paulo trata a Timóteo como Jesus tratara os apóstolos. Por essa razão é que Paulo pede ao discípulo que ande como ele, Paulo, andava; que servisse no espírito do serviço que ele, Paulo, mostrava; e que assim fosse feito, pois, o que nele, Paulo, se podia buscar ver, ouvir e entender, era sempre Evangelho.

Para Paulo a absorção do Evangelho não era uma questão de transferência e absorção de conhecimento, mas sim de assimilação de caráter, entendimento e percepção aplicável à vida.

Assim é que ele manda Timóteo olhar para ele e imitá-lo no procedimento, na fé, no amor e no saber; pois, ele, Paulo, fazia isso como quem era uma Escritura viva de Jesus; uma carta viva, escrita pelo Espírito.

Para Paulo a doutrina era o modo de viver, e não um pacote de saberes.

Para ele, doutrina era equivalente a crer na verdade, e não uma elaboração de informações.

Sim! Para Paulo doutrina era entendimento do Evangelho aplicado à vida.

Enquanto isso, as doutrinas da “igreja”, fundamentam-se profundamente naquilo que para Paulo era apenas circunstancial, e não final.



Texto na íntegra AQUI







sábado, 20 de fevereiro de 2010

O crepúsculo






Ele era um jovem de altura mediana e mantinha sempre uma postura ereta e firme em contraste com seu olhar terno e cheio de compaixão. Durante todo o dia trabalhava na oficina, pois era carpinteiro maravilhoso e tinha muitas encomendas. Excepcionalmente, naquela noite ele estava fatigado. Ao crepúsculo, deixou a casa e subiu para a colina. Não havia ninguém por ali, pois era a hora da refeição noturna.

Eu jamais vira o céu tão vermelho como estava então, como se o firmamento se incendiasse. Mesmo as montanhas flamejavam como pedras reluzentes. Todo o verde se confundia mesclando-se em meio a um espetáculo assombroso. Parecia que o céu vinha de encontro com a terra misturando todas as cores jamais vistas.


Não sei por que o segui. Fiquei de pé, abaixo dele na pequena passagem de pedra e levantei os olhos para onde ele estava. Vestido em uma roupa branca parecia uma estátua de pedra contra a paisagem avermelhada em contraste com suas vestes esvoaçantes. Sem se mover era como se esperasse algo. Tão inspiradora de respeitoso temor era a cena de fogo tosco que por um breve momento fechei os olhos e suspirei. Em fração de segundos, quando levantei a vista, vi que ele já não estava sozinho.


Um grande anjo, alto e majestoso, estava em pé diante dele e eu senti que aquele anjo era só maldade embora tivesse um belo rosto. Sombriamente belo. Parecia estar vestido ao mesmo tempo em flama e noite, e suas asas poderosas refletiam o crepúsculo como basalto esculpido.


Ambos contemplavam-se mutuamente em silêncio e meu coração estremeceu de terror ao vê-los assim se defrontando. Falaram algo? Não sei, não vi, não lembro... Lembro apenas daquela cena estática em meio a um silêncio gritante que pairava no ar.


Enquanto os observava à espreita, vi que o anjo abaixou-se e levantou nas mãos um punhado de terra, mostrando àquele jovem que em nenhum momento demonstrou receio diante de tão terrível anjo de rosto belo, doloroso e cheio de orgulho. Esse anjo que, com um riso leve e escarnecedor, tenta mostrar a inutilidade do mundo atirando a terra e pisando sobre ela, ao mesmo tempo em que surge um som semelhante ao de um trovão que parecia vir do próprio anjo.


Então Jesus também abaixou-se. Levantou alguma terra em Suas mãos e, segurando-a ternamente, esfregava-a entre os Seus dedos. Era terra seca e árida, sem verdura e sem cor, mas enquanto Ele a segurava, subitamente floresceu um ramalhete de caule viçoso e espessas folhas verdes de onde surgiam minúsculos lírios que se curvavam delicadamente. Era uma visão tão surreal e ao mesmo tempo algo tão nítido que pude sentir o vento e a fragrância que dele vinha para me inebriar.


O anjo olhou para as flores, recuou e cobriu o rosto com as mãos. Então, desapareceu com um grito tremendo e o jovem ficou sozinho.


Corri descendo o caminho da colina em direção à minha casa e logo depois percebi maravilhada que Jesus vinha também na mesma direção. Ao chegar nada falou.

Simplesmente olhou nos meus olhos... E me abraçou em silêncio.

Foi então que eu acordei. 


(Fragmento adaptado de "Médico de Homens e de Almas" - Taylor Caldwell)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O fariseu e a máscara





Nesses dias de carnaval tenho ficado em casa com mais tempo para ler, pesquisar, escrever... E aí me detive especialmente em relação aos estereótipos que permitimos impregnar em nós mesmos ao longo da vida.



O impressionante é que é algo intrínseco à natureza humana essa forte tendência a uma auto-afirmação reinante como uma espécie de propaganda enganosa. É como se determinado rótulo colocado na embalagem do produto humano o diferenciasse silenciosamente exigindo mais respeito e atenção em detrimento de outro.


E o estranho é que - de tão repetitivo, chegando inclusive a ser algo automático e diretamente ligado à exterioridade - essa máscara que grudamos em nossa alma passa a ser uma marca que irradia por todo nosso ser. Então, não só passamos a acreditar naquela farsa que nós mesmos criamos como conseguimos a façanha de fazer o outro acreditar nela também e aí não queremos mais nos despir dela, já que revelar o que, de fato, há lá dentro vai comprometer seriamente a reputação tão habilidosamente montada.

É quando nos vem a pergunta: de onde será que veio tudo isso? E saímos viajando pela história da humanidade esbarrando inevitavelmente em outros modelos que ao longo do tempo nos fizeram forjar de modo conveniente as nossas exterioridades.

Em meio a modelos tais como os saduceus com a sua urbanidade aristocrática, o herodiano e seu cunho político, os radicais zelotes e ainda o ascético essênio das comunidades isoladas, é o doentio FASCÍNIO pelo estilo farisaico que me chama à atenção.

Sem entrar no mérito da forte característica beligerante/ortodoxa fixo-me na principal característica desse grupo: uma suposta pureza de alma.

Associe-se a isso, a enorme atração que exercia sua linguagem de origem popular aproximando-se do imaginário de homens comuns, controlando seu comportamento, IMPONDO uma ética pretensamente bíblica permeada de limitações arbitrárias... E pronto! Estava feito o modelo perfeito, unindo o “útil” ao agradável que iria perdurar por um longo tempo na natureza caída do homem neurotizado pela reputação individual e coletiva, trazendo para dentro das instituições religiosas atuais essa forte semelhança farisaica que denuncia uma teimosia dissimulada em querer moldar nosso caráter a partir de performances.

Essa dissimulação generalizada aponta forte discurso tendencioso com pitada de falsa postura zelosa numa espécie de camuflagem que leva alguém mais cuidadoso a questionar o que impulsiona uma pessoa à pregação e se, de fato, está naquele meio uma real proclamação do evangelho OU da própria instituição religiosa.

João Batista já chamava os fariseus de “raça de víboras” recomendando-lhes que ANTES de receberem o batismo produzissem “frutos dignos de arrependimento”. Vê-se depois Jesus usar a mesma metáfora citando a cobra com sua natural camuflagem ao ocultar-se entre pedras e plantas à espreita dos desatentos.

É dessa camuflagem que eu falo. Pois assim como o homem lança mão desse artifício passa a avaliar o outro de maneira superficial também. O homem tem por hábito fazer avaliações automáticas sobre o outro, identificando-o pela aparência, linguagem, circunstâncias. Tal mecanismo é rápido... E FALHO!

Jesus nos adverte sobre isso inúmeras vezes, inclusive usando a metáfora do prato e a do sepulcro caiado atentando para o fato de como é fácil alguém enganar outra pessoa com a imagem exterior. Por se preocuparem com o exterior descuidando-se do interior, os fariseus se escandalizavam ao ver Jesus comer com pecadores, conversando com prostitutas e leprosos. Eles não entendiam posto que olhavam com olhos de juízes enquanto Jesus VIA com olhos de compaixão, enxergando o outro além da mera aparência, algo inalcançável à rigidez religiosa.

Por causa dessa rigidez distante da edificação proposta, Jesus IGNORAVA todo aquele cerimonialismo hipócrita alertando sobre o que, DE FATO, contamina o homem, nos dando verdadeiros puxões de orelha em relação aos COSTUMES E TRADIÇÕES e uma grande lição aos falsos piedosos cuja disciplina espiritual baseava-se no que se via: rosto desfalecido por causa do “jejum”, expressão facial sofrida, orações chamativas, filactérios...


Continuando com sua obtusa pretensão e considerando-se melhores que os pecadores que não adotavam seus métodos, os fariseus ainda usavam a prática acintosa do SECTARISMO sem aproximar-se daqueles, ESCANDALIZANDO-SE com um MESTRE que frequenta rodas e residências de publicanos, inclusive sem “cair a ficha” quando Jesus diz que o doente é que precisa de médico. 

Observem-se a IRONIA e tremendo equívoco advindos de um pacote de normas que acaba funcionando como armadilha. E não sejamos ingênuos ou condescendentes pois o que mais se vê é a falácia escancarada do amor maior pelo templo, pela instituição, pelos dirigentes e pelo apego denominacional onde esses pequenos deuses sustentam uma crença coletiva representando a velha encenação que finda por nos afastar do real ministério.


Portanto, é urgente que nos aproximemos verdadeiramente do outro, DESPINDO-NOS das pesadas vestes farisaicas que nos empurram para uma adoração estranha que impede de enxergar e socorrer uma alma carente de esperança, conforto e paz.

Finalizando, é bom observar e refletir no quanto Jesus é contundente ao colocar uma enoooorme ponte entre evangelização e proselitismo.

Afinal, convenhamos, qualquer criança de dez anos sabe que o singelo e bem intencionado convite para frequentar a comunidade limpa e desinfetada (?!) não significa evangelizar, que Jesus não nos conclama a chamar pessoas para nossa denominação e que levantar bandeira da igreja não significa necessariamente levar pessoas à Cruz de Cristo.

E, como disse Jesus: O proselitismo faz com que se multipliquem os filhos do inferno, a evangelização colhe os frutos da misericórdia e do socorro de Deus.

Assim, fica a reflexão para essa terça de carnaval onde as máscaras estão indo (?) para o fundo do baú até o próximo ano:

- Quando você convida alguém para ir à sua igreja, está cuidando da reputação da sua denominação ou da alma da pessoa?

- Quem está sendo exaltado?

- O homem/instituição em vez de MEIO vai continuar travestido de FIM?



“Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres,
vestiduras brancas para te vestires,
a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez,
e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas”
(Ap 3.18)