"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mentira tem perna curta



Dia da mentira



Origem: Uma das várias explicações para essa brincadeira diz que ela surgiu na França, no século XVI, quando era festejada no dia 25 de março, com a chegada da primavera, e se estendia até o dia primeiro de abril.


Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX da França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1 de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los e enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.


Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool's Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d'aprile e poisson d'avril, o que significa literalmente "peixe de abril".


No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou "A Mentira", um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. "A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.


Superstição: Para completar, não tinha como não haver uma superstiçãozinha no meio, sugerindo-se que tal brincadeira realizada após o meio-dia, traga má sorte ao perpetrador. Acredita-se ainda que se alguém não consegue aceitar os truques, ou tirar proveito deles dentro do espírito da tolerância e do divertimento também deve sofrer com a má sorte. Diz-se ainda que aquele que for enganado por uma bonita menina será recompensado com o matrimônio, ou pelo menos, a amizade dela. Casar no Dia da Mentira não seria uma boa idéia e um homem que se casa nessa data será para sempre controlado pela esposa.


Atualidade: Com o advento da internet, como um meio de comunicação mundial, o trabalho dos traquinas foi atualizado e agilizado, embora a mesma faça com que seja difícil de saber se uma peça é perpretada antes ou depois do meio-dia já que os fusos horários são diferentes em partes diferentes do mundo, não acontecendo o primeiro de abril simultaneamente em todo o mundo.


Muitas organizações de mídia propagaram inconsciente ou deliberadamente peças no Dia da Mentira sendo as pessoas mais vulneráveis as não-ocidentais, que não se ligam bem nesse costume.


(adaptado)


Que bom se nossas mentiras fossem assim leves, brincalhonas e efêmeras, sem nenhuma consequência, senão a do alívio acompanhado de boas risadas.

Que bom se pudéssemos apenas pregar peças nas pessoas e, no momento seguinte, nos desmascarássemos sem nenhum dano para ambas as partes.

Porém, brincadeirinhas inocentes à parte - mas também sem nenhum vestígio de desaprovação moral - aproveito a data para refletir sobre nossos atos cotidianos, falando sobre essa peça que vivemos pregando ao longo da nossa vida, independente de data específica: a mentira.

Tais atos, envolvendo uma mentirinha aqui outra ali, muitas vezes tornam-se tão comuns que vira um costume, um hábito. E aí está o risco! A questão, não é a ética em si, mas a gravidade de suas consequências, que vão desde desavenças entre duas pessoas a inimizades de maiores proporções.

Quando se trata de compulsão pela mentira, já é caso de tratamento específico e tão vasto e complexo que nem ouso tratar disso no momento.

Por outro lado, convencionou-se que existem mentiras aceitáveis e até necessárias, que vão desde dizer a um vendedor inoportuno que o dono da casa não está, ou desculpas esfarrapadas para não aceitar determinados convites, e ainda uso de eufemismos que escondem coisas bem cabeludas, até a situações mais melindrosas como dizer a um moribundo aquilo que ele gostaria de ouvir.

Divididas as opiniões sobre a mentira permissível, não quero entrar no âmbito sociológico ou psicológico e menos ainda na questão moralista. Mas eu não concordo que existam pequenas mentiras aceitáveis. Não concordo com essa classificação para a mentira. E não concordo, simplesmente porque, para mim, integridade não está ligada apenas a uma coisa exterior chamada reputação nessa nossa sociedade hipócrita. Integridade para mim é um atributo do caráter e está ligada a uma realidade interior marcada por traços bem distintos que vão refletir no meu comportamento.

Portanto, mentira é mentira. Como disse certa vez um pastor em pregação, nem poeticamente devemos abrir espaço para ela. Afinal, mentiras sinceras só existem nos corações apaixonados e iludidos que vivem numa dimensão onde valores e emoções estão distorcidos pela quebra da auto-estima, como sugere a canção do Cazuza.

Quando eu era criança, ouvia muitas máximas acerca da mentira e uma delas sempre me marcou porque eu considero a que mais se aplica realmente ao nosso caráter, pela sua ambigüidade. “Quem mente, rouba”. E não necessariamente um roubo material, mas um roubo talvez mais drástico e cruel que é o da confiança muitas vezes de pessoas que amamos, que nos cercam, que fazem parte do nosso rol de amizade, enfim pessoas com as quais compartilhamos os mesmo valores.

Quando se rouba algo material existe uma lei que pune e, por meio dessa punição supõe-se uma correção e um retorno às atividades sociais; porém roubar a confiança é mais trágico e complexo porque envolve relacionamento, portanto a base de nossas emoções, dos nossos sentimentos, o centro daquilo em que acreditamos.

Todo mundo tem um sonho, uma viagem, uma utopia, não é? Pois bem, meu sonho é que outro ditado que tanto ouvi na minha infância se torne realidade: mentira tem perna curta. Já que não dá para erradicá-la, que ao menos ela realmente seja bem curtinha... cotó, mesmo! Talvez assim suas consequências se limitem a meros risos de primeiro de abril...

Cazuza, que eu tanto cantei e que amo de paixão, que me desculpe, mas... nenhuma mentira "sincera" me interessa!


“Cria em mim, ó Deus, um coração puro

e renova dentro de mim um espírito inabalável”

(Sl 51.10)

Um comentário:

Tiago Scala disse...

Fato: Mentirinha é mentira. Minimizada ou não. Brincadeiras ou não, nosso caráter sempre será questionado. É isto aí! Ótimo texto!