Joao1 disse:
Regina, responde-me uma pergunta.
Aquele que diz da boca para fora que está arrependido, e continua na mesma,
arrependeu-se de fato?
Regina Farias disse:
João, você está
lembrado que disse que eu não te engano com meu amor fingido? É claro que eu
não me ofendi, e isso já te disse. Afinal o ser humano é assim mesmo, vive se
precipitando e fazendo mau juízo dos outros. Eu sou assim, você é assim, todos
somos assim, uma hora ou outra nos pegamos fazendo isso por causa da nossa
limitada percepção das coisas.
Mas vamos ser
coerentes. Você achar que sou fingida não fica estranho me perguntar acerca de
arrependimento? Qualquer coisa que eu te disser vai te soar fingido porque você
já criou uma capa de defesa e proteção contra minha fala. Porém, como sou
educada - e mesmo sabendo quando se trata de uma pergunta capciosa - vou tentar
responder sem a pretensão de querer te convencer de alguma coisa. Afinal, Quem
nos convence é o Espírito Santo. E eu não tenho essa petulância, como li de um
comentarista que estava tirando a venda dos olhos de outro. Isso é atributo
exclusivo de Deus.
Já foi dito de
diversas formas aqui qual é a sequência numa conversão e a consequência natural dela. Porém, como diria Paulo: ‘… o querer o bem está em mim, não porém o
efetuá-lo. Porque não faço o bem QUE PREFIRO, mas o mal que NÃO QUERO, esse
faço’. Por mais que pareça contraditório, esse é o perfil do arrependido, do
convertido. Surpreendendo-se a si mesmo como réu confesso. Para mim, esse é o
retrato do processo de crescimento na conversão e que não tem a ver
simplesmente com ‘obedecer à Lei religiosa’. Pois, mesmo que se insista em
bater na tecla do cumprimento mecânico de uma lista do bonzinho arrependido, é
justamente aí que está a armadilha, a sutileza do vício religioso cuja cilada é
alimentar o cinismo e a hipocrisia.
Arrependimento não
é algo pronto e acabado, é uma coisa constante. Você tem um arrependimento
genuíno inicialmente quando a ‘ ficha cai’, mas é um processo pra vida toda.
Porque conversão é todo dia, é não se conformar, não se acomodar, é renovar a
mente, como disse Paulo. É confessar-se todos os dias ‘dando razão a Deus’, mas
com naturalidade, com um olhar limpo e desimpedido das ‘obrigações de crente’, livre das vestes de religioso. Sendo apenas um ser humano que SABE que depois de uma
experiência real com Jesus não tem como fingir diante de Deus. Porque ele SABE
que não tem nenhuma outra alternativa fora da Graça.
A bíblia nos diz
que Pedro chorou amargamente depois que negou a Jesus. Simplesmente porque uma
vez que essa revelação se instala em alguém – ainda que não haja garantia de
perfeição – essa pessoa SABE que não há qualquer opção senão a Graça
experimentada. E aí ele se arrepende e volta. E vacila, e faz bobagem e se
arrepende. E volta. Como Pedro fez. Como 'o filho pródigo’ fez. E se arrepende.
E volta. E erra e cai e se levanta com a ajuda de Deus. É isso.
Não tem uma
mágica, uma mudança estática. É algo dinâmico. É crescimento. É amadurecimento
constante. E se ele está sendo fingido, cínico, fraco, ou seja lá o que for,
não é ‘ministério’ nenhum que vai determinar isso. É Deus e somente Deus! Só
Deus conhece o coração de cada um e sabe se é fingimento ou sinceridade. É uma
sintonia, uma ligação de Espírito com espírito cujo acesso já foi realizado por meio do
Sacrifício Perfeito e que não cabe mais nada além dessa ligação.
Diante disso repito
apenas o que disse Jesus sobre sua ‘religião’ e seus mandamentos:
‘Novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos
ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns com os outros’.
Porque Deus não tem
nenhum altar de culto fora do amor ao próximo. E, neste amor que Jesus manda
amar, está incluído todo o comportamento adequado diante do nosso semelhante.
Nenhuma visita a órfão ou viúva servirá de nada se for feito apenas pela
obrigação agendada na cartilha religiosa; tem que haver um sentido bem maior,
até porque se não for por amor, de nada se aproveitará.
Parece que a gente
está dando liçãozinha, mas é tão simples o que agrada a Deus e que tem a ver apenas com o nosso comportamento com o outro. E que nada tem a ver com regrinhas
extraídas das cartas apostólicas. Tem a ver com vida coerente, sincera,
verdadeira, e acima de tudo ética e que esteja conforme o respeito,a
solidariedade e o cuidado para com o próximo.
É chato ter que
repetir o que já se disse, mas não tem outra forma de dizer a proposta simples
do Evangelho e apenas vivê-la com sinceridade. Somente isso. É de uma
simplicidade tão desconcertante que o religioso que se diz PERTENCER a uma
denominação não consegue entender.
4 comentários:
que maravilha!!!!
Que evangelho puro!!!
Uma "lufada" de ar fresco no meio de tanta cartilha, listinhas, manuais de "Como ser crente". Listinhas essas que tem começo, mas nunca fim.
Deus nos livre delas!!!
PS: vou surrupiar para o meu blog!
oi Regina!!
Olha eu tava cá a pensar com esse texto tão bom de ler..
Arrependimento é constante, realmente.
Porém,existem coisas da qual só podemos nos arrepender uma única vez.
Se houve recaída não houve arrependimento e sim uma manifestação emocional momentânea, uma dor que passa e logo se esquece a ponto de se repetir muitas vezes o mesmo erro..
Eu creio que todos nós pecamos e por isso necessitamos do fiel advogado nosso Amado, mas todos nós também temos como novas criaturas bem nascidas de novo uma consciência que os demais desconhecem...
Não pisar no sangue pecando deliberadamente a pretexto de graça libertina [que muito se vê por aí]e sem a justiça, aliás, dita eterna..pois, o amor e a graça não se sustentam sem a justiça..
Se estivéssemos livres da mesma não estaria escrito que todos comparecerão diante do tribunal do Messias..uma clara evidência que o julgamento virá para todos.
O arrependimento verdadeiro nos faz nascer de novo realmente e a cada dia vamos caminhando pela misericórdia a fim de amarmos como nos ensina a Palavra e assim ter cumprido a lei.
Todos os dias em algo tropeçamos, muitas vezes coisas bobas, palavras, pensamentos, e até ações, mas nos lavamos e nos corrigimos imediatamente porque o coração dói..
Mas realmente há pecados tais que não pode haver se não UM ÚNICO ARREPENDIMENTO.
São na maioria dos casos aqueles que cometemos antes da conversão no mundão ímpio e sem temor..
Esses, se realmente houve arrependimento NUNCA MAIS SÃO COMETIDOS.
Um abraço minha querida, te gosto dimaaaaiis e aprecio seus escritos!!!
<3
Oiiii Rita! ;)
Que bom você dando seus toques tão necessários!
Pois é...
Há esse 'pontapé inicial' onde Jesus nos faz cair do cavalo, com uma luz que nos ofusca e depois nos faz ver claramente. Isso é o marco inconfundível entre o antes e o depois.
Como diz o clichê: o divisor de águas. (E que não tem ligação alguma com igreja e muito menos com kit religioso obrigatório).
Daí em diante, o fascínio e as tentações são as mesmas, o modo como os enxergamos é que muda. Há chances de ser levado por eles? Claro! Muita gente 'cai' sim, até os mais 'corretos' diante de Deus. Isso não significa que não houve arrependimento genuíno. Mas significa que, se ele teve mesmo esse encontro que falei, se houve mesmo um arrependimento genuíno, ele pode fingir 'bondade' à vontade diante dos coleguinhas de igreja, mas jamais diante de Deus.
Esse foi o enfoque que tentei dar à pergunta feito pelo amigo. Com toda sinceridade, sem qualquer pretensão de estudo teológico sistemático e tão somente dentro do meu humilde cotidiano.
bjssssssssssssssss
Rê
HP,
Tenho pavor dessas tais listinhas.
Até porque se não seguir a tal lista, tem um sínodo farisaico que vai decidir o meu destino.
Tô forinha dessa heresia.
E fique à vontade, escrevi mas não é propriedade minha rss
R.
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