"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sábado, 4 de maio de 2013

Bíblia que decora e assombra



  • Na minha infância católica eu estudava e seguia apenas o catecismo determinado. Adorava (adorava?!) a um Deus longínquo e inatingível que me fazia quase uma agnóstica. Esse Deus era um Senhor muito poderoso e vingativo que morava num Reino muuuuuito distante far far away ;) 
    Sejamos sinceros. Não é à toa que grande maioria dos cristãos que eu conheço são tão confusos e aflitos, que vivem consultando o oráculo em outras praias que não a sua, tais como o umbandismo, o espiritismo e  o esoterismo. Tem até a tal bibliomancia, sendo mais uma esquisita prática cada vez mais constante entre os cristãos pentecostais. Mas isso é outra história. Ou não...

    Minha sede pela leitura em geral foi sempre muito grande, graças ao constante incentivo de pais educadores, desde a mais tenra idade. Entretanto, particularmente em relação à bíblia, além de não haver qualquer atrativo devido à questão cultural citada acima, a partir de certa época eu me vi impedida de abri-la por causa de estranha 'força maior'. A não ser nos momentos de extrema agonia e aflição em que eu a tocava com mãos trêmulas e coração na boca, conseguia, sim, a façanha de abri-la. MAS, exclusivamente, nas partes de Salmos em que eu lia, e repetia assustada, o que Deus dizia sobre abundância de dias, minha salvação, frutos na velhice e o clássico mil cairão de um lado e dez mil de outro e, claro,  que eu não seria atingida. Daí eu me acalmava. Temporariamente...

    Em meio a todas as assombrações - crendices religiosas - que surgiam de montão à minha frente, eu passei anos e anos com a alma aprisionada, recitando, silenciosamente, esse mesmo mantra maluco e sem sentido. Até quando, um belo dia, Deus me libertou dessa neurose impregnada pela perniciosa religiosidade advinda da tradição oral - Eufemismo que uso para as frases de efeito do evangelho do medo.

    Então, depois da minha real experiência com Deus, do meu encontro verdadeiro com Jesus - que nada tem a ver com nome de nenhuma denominação - e, completamente liberta de todas essas mazelas crentais, pus-me a ler a bíblia. Avidamente. Usando todas as técnicas imagináveis. Comprei bíblias de estudos - essa parte foi linda, emoção incrível! Acompanhada de filhos e noras parecia mais um rito, uma celebração, uma iniciação solene. E foi sim, uma iniciação solene e inesquecível. Comecei a pesquisar, a estabelecer um estilo sistemático de estudo bíblico, buscava boa orientação e não perdia a oportunidade de assistir a uma pregação didática! Vivia com a bíblia literalmente debaixo do braço. Devorava-a! No afã de recuperar os anos que me foram tirados e para me dar respaldo contra os que a usavam para me afligir.

    Mas, calma, essa fase já passou. Passou a agonia de sorver tudo que substituía a anterior agonia de nada sorver. Não passou nem jamais vai passar é a paixão pelo Jesus maravilhoso que equilibra tudo isso e instala a paz em nosso ser! Como falei em comentário no blog do Irlandês: eu não quero conhecer 'mais e mais da bíblia'. Eu tenho sede é de Jesus. É Ele minha fonte eterna. Em contrapartida, ultimamente tenho  visto em alguns blogs, comentaristas enchendo as telas com versículos e mais versículos bíblicos quando tudo aquilo está denunciando muito mais uma sufocante 'verdade' legalista do que a tão ansiada liberdade em Cristo.

    E eu ainda tenho a linda e assustadora bíblia que não abria. Branca, com fios dourados, marcadores de cetim coloridos e recheada de ilustrações e mapas. A bem da verdade, com suas páginas um tanto amareladas. Ela é enorme e pesada e sua suntuosidade permanece desde os primeiros tempos de casada, quando meu marido a comprara no ambiente de trabalho a um desses vendedores oportunistas. Esta, sempre serviu como decoração na sala, assim como para a minha bibliomancia. No meu coração, sinceramente, não havia qualquer intenção de mostrar falsa religiosidade a ninguém pois - além de todo o pânico em que vivia silenciosa  - eu era meio avessa a religiosidade e a esse lance de me auto afirmar em algo.

    E lá ficava a bíblia. Assustadoramente decorativa em ponto estratégico. De modo que servisse de consulta a quem se interessasse. Eu pensava que se não servisse a mim, certamente teria serventia a outra pessoa. Só que não doava de jeito nenhum, pois era objeto lindo (e caro!) de decoração. Ah, isso eu pensava, confesso.

    Hoje ela está lá no armário entre os outros livros. E eu até a doaria, tranquilamente. Sem crise rss


    Parte de comentário feito AQUI

    ‘Sem a Rocha da Realidade que é a Palavra Revelada, todos nós, 
    de um modo ou de outro, vivemos em viagens’. 
    (Caio Fábio)

  • 2 comentários:

    Cilene disse...

    Rê eu adoro os teus textos sempre recheado de tanta coisa boa, afirmações, interrogações, diversão, momentos de seriedade, são textos para pensar e aprender, quer algo melhor pra se fazer? Claro que não.

    Você me fez lembrar de minha infância não tão distante... rsrs
    Quando criança eu e minha família fomos morar com minha avó por ela já está com bastante idade e fraquinha. E por acaso na casa na sala dela havia uma Bíblia em cima de um móvel aberta em Salmos. Esta imagem está marcada em minha memória. Obrigada pela lembrança.
    Enfim estou aguardando o próximo livro de sua autoria, porque o primeiro acabei de ler querendo mais.
    Sou tua fã. beijinhos

    Regina Farias disse...

    Olá, 'dama da Tessalônica'! :)

    Que prazer ter vc aqui abrilhantando esse humilde espaço!!!

    Quanta honra!

    E quanta alegria em ver vc definindo exatamente como sou. além de competente enfermeira você tá me saindo uma excelente psicóloga rss

    Só acrescentaria que são textos para eu mesma pensar e aprender, pode crer! ;)

    Confetes à parte, também te admiro muito, assim como a tua relação com o JC que não é Jesus Cristo rsss Peço a Deus que os faça cada vez mais 'UM'!

    Beijo grande!

    R.