Steven Tyler e sua filha Liv Tyler |
Repressão maltrata... E MATA!
E a coisa mais fácil do mundo é
reconhecer um repressor quando este se depara com alguém de opinião contrária à dele. E, principalmente, quando ele percebe que tal
opinião está sendo analisada e considerada pela turba anestesiada pelas suas
ideias reacionárias. Ele se sente ameaçado em seu território aparentemente
inabalável e então se denuncia por meio de duas características básicas:
Primeiro ele ameaça usando as
armas que tem; e se ele for religioso fundamentalista, não dá outra. Sua
falácia é velada, mas rica em termos mórbidos tais como: morte, enterro,
sepultamento, féretro. Percebendo que não impressionou, aciona então o plano B,
recheado de sarcasmo. Em nenhuma das situações demonstra amor ou respeito pelo
seu semelhante/interlocutor.
Que descrição lamentável. Mas
quem pensa que estou descrevendo algum personagem religioso da Idade Média está
enganado. É coisa bem atual. E sinistra. Pois ainda que não se vejam as bem
acesas labaredas de uma fogueira, a todo instante alguém com um perfil desses
tem a pretensão de jogar um nela. Um daqueles que geralmente fazem uso da
própria voz...
Pois é... De vez em quando vem à
tona neste espaço, assunto assim não muito agradável. Mas é porque eu não me conformo. E mais:
confesso que essa é a tônica dos meus minutos de teclado neste blog, sempre
incomodada em minha alma profundamente entristecida diante dos fatos que se
descortinam à minha frente, quase diariamente. Sabe... Não é por mim,
exatamente. É que eu sofro demais por esses que, literalmente sufocados, não
conseguem sair da prisão DENOMINACIONAL para vir aqui pra fora RESPIRAR na
verdadeira paz. Aí quando eu digo que é uma patologia querem me jogar na tal
fogueira da Inquisição.
Mas eu não me intimido e sempre
que vejo um ato de extremismo, de inflexibilidade e de radicalismo em nome de
Deus, não tem jeito! Reacende em mim a constatação de que anos e anos e anos
literalmente dentro de uma igreja, não leva, necessariamente, alguém a se
converter ao Evangelho. Pelo contrário, ironicamente AFASTA da proposta do
Evangelho, pois que engessa os sentidos e a pessoa passa a viver (VIVER?!) conforme
os ditames do guru espiritual que
fala na primeira pessoa do singular como se fosse Deus. E antes fosse mesmo O
DEUS que se pronunciou por meio do profeta Jeremias, puxando a orelha do povo que punha confiança no templo, no local de
adoração. Antes fosse mesmo. O SENHOR das nossas vidas, o Deus que disciplina,
mas que acolhe e que cobre multidão de pecados com o Seu Amor, Sua Graça e
Misericórdia... MAS não! É um deus raivoso, justiceiro, brigão, turrão, mal
humorado, legalista E INFLEXÍVEL. Um deus que está a postos e prestes a descer a mão pesada
como um bicho papão que aterroriza a criança, o jovem e o adulto que não
seguirem regras, regras e mais regras que só pesam os ombros e nada dizem
acerca de fé e consciência, quando o zelo e o cuidado deveriam ser com a
justiça e a reconciliação. Reconciliação principalmente com Deus, mas como se reconciliar
com um deus brigão?! Contraditório, né? Pois é, e assim segue um povo sofrendo
por falta de conhecimento da Palavra. Um povo que o próprio Deus diz ‘Meu
povo!’ Considero tudo isso, se não uma tremenda crueldade, uma enoooorme
ignorância e desconhecimento acerca dos atributos do Deus da Graça e da
Misericórdia. E não estou falando que Deus não disciplina seu povo. Estou
dizendo que o lema de alguns religiosos é a ameaça usando a mão pesada de um
deus neurótico que habita suas mentes.
Por outro lado, nunca vou
entender como pessoas, em sã consciência, permitem que outras pessoas (de
consciência por vezes duvidosa) conduzam suas vidas como se fossem marionetes, em
nome da santa abominação, digo, denominação. E, sinceramente, me é inevitável
fazer analogia com denominações que arrancam dinheiro das pessoas em troca de
curas milagrosas. Ora, nestas não se tira dinheiro (pelo menos de forma escancarada
e desavergonhadamente), mas se tira a
alegria de viver colocando uma pedra opressora no peito sobre a insígnia do
MEDO e da IMPOSIÇÃO.
Já faz um tempinho, acompanhando
uma parenta idosa em exame rotineiro, me deparei com a filha de um líder
religioso da mesma igreja dessa parenta, e que, quando criança e adolescente, frequentava a
casa desta senhora. Esbocei um sorriso e fui em sua direção, mas me espantei em
seguida com a reação da garota. Ela, que certamente deveria estar ali pra fazer
algum exame também, parecia um bicho acuado, triste, revoltado, retraído, sei
lá. No mesmo momento tive que atender a moça do balcão para preencher dados
corriqueiros e quando me virei ela havia mudado de lugar, dizendo
silenciosamente que não queria papo. Acenei-lhe respeitando aquele sinal mudo e
gritante, mas fiquei impressionada com o semblante sofrido da menina. Sou uma
pessoa experiente e sei que não parecia dor física, era uma angústia, um terror
nos seus olhos que me acompanha até agora depois de vários meses. Comentei minha
impressão com a senhora que acompanhava, mas esta, estranhamente, apenas riu amarelo,
sem emitir nenhum parecer. Estranhamente, mas nada que me surpreendesse.
‘Normal’ aquele silêncio. Já vi muito. Bem típico.
Enfim, é triste. Porém, como disse um dia, sabiamente, o Steven
do Aerosmith, ‘toda repressão um dia explode’. E explode das formas mais
diversas, inclusive das mais trágicas, como a guria angustiada e cheia de culpa que tocou fogo em si mesma,
a começar pela cabeça, porque havia cortado AS PONTAS do cabelo. (Fato real contado pelo Ricardo Gondim no
livro “É Proibido: O que a Bíblia permite e a Igreja proíbe”). O Steven, por sua
vez, referindo-se ao pai repressor, ainda adolescente, libertou-se caindo,
literalmente, no pó. Inclusive, nessa mesma matéria que assisti, o jornalista
pergunta a ele onde entrou todo o dinheiro que ele ganhou e ele respondeu:
coloquei todo no meu nariz. Hoje (adulto, não apenas cronologicamente ), ele
analisa os danos causados por aquela repressão e pela falsa liberdade como
fuga.
Repressão e fuga. Dois extremos perigosos e letais. Engraçado que as pessoas falam tanto que essa 'liberdade não é bem assim, pois se tem umas regrinhas a seguir' e, no entanto, têm uma ideia
muito limitada do sentido de matar... Engraçado também é que essas mesmas
pessoas, radicais e inflexíveis, não querem ouvir que religião é ópio...
É por essas e outras que muitos viram ateus, céticos, incrédulos.
Afinal, quem precisa de um deus neurótico e repressor?!
É isso. E enquanto fôlego eu
tiver não vou me omitir a esse respeito. Eu quero é incomodar mesmo. Comodismo
não é comigo. É uma questão de consciência, de responsabilidade, de sacerdócio.
E um lembrete aos que adoram
exibir o mandamento ‘Não Matarás’: radicalismo e extremismo MATAM. Radicalismo
e extremismo lembram rigidez; e rigidez, sim, é que lembra morte. Enquanto flexibilidade
provoca leveza e leveza tem a ver com VIDA. Portanto, esvaziemo-nos de nossas religiosidades para que o Espírito de
Deus, que é livre e multiforme, habite verdadeiramente em nós. E assim, possamos respirar verdadeiramente em paz; e exercer a nossa liberdade com o discernimento que nos aponta o segredo da flexibilidade que promove a VIDA em abundância proposta por Jesus.
RF.
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