"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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domingo, 27 de março de 2011

Deus e as organizações religiosas


O governo estabelecido por Deus para a Sua Igreja, é algo muito diferente daquilo que encontramos nos milhares de sistemas ou organizações religiosas que os homens criaram e denominaram segundo seus próprios caprichos. O que vemos hoje não são manifestações locais da única e mesma igreja, mas diferentes igrejas independentes, fundadas sobre diferentes fundamentos, lideradas por diferentes homens e até mesmo identificando a si mesmas e aos seus membros diferentemente, cada uma com sua própria denominação. Nem precisamos nos debruçar muito sobre a questão para percebermos que um projeto assim não veio de Deus, mas do homem.

O que fazer numa situação assim?

Sair desse "arraial" religioso para voltar aos princípios encontrados no Novo Testamento: estar congregado somente ao nome de Jesus, sem nenhum outro nome ou identidade; ter a Ele no centro como motivo de nossa reunião - e não um pregador, uma banda, uma doutrina; e nos livrarmos de tudo que nos faça distintos de nossos irmãos salvos por Cristo e nos identifique por uma denominação que não possa ser usada por todos, sem distinção.

Existe apenas UMA igreja da qual TODOS os salvos fazem parte, mesmo aqueles que não estejam congregados conosco. No entanto, vemos cristãos serem desta ou daquela igreja, e mais ainda, alguns se acharem que são de Cristo, como se os outros não fossem. É preciso reconhecer que as divisões criadas pelo homem na forma das diferentes denominações é um pecado do qual Deus não quer que tomemos parte. Não se trata de nos livrarmos de alguns erros, mas de abandonar todo o princípio denominacional e sectário por ser contrário à Palavra de Deus. Aliás, nem é preciso dizer que Deus não reconhece denominações, pois não há fundamento bíblico para tal.

Ao examinarmos as Escrituras, sem qualquer preconceito implantado na nossa mente pelo denominacionalismo, veremos que hoje não há qualquer indício de uma classe sacerdotal como havia no Antigo Testamento. Em Cristo, cada crente é um sacerdote apto para entrar na presença de Deus sem qualquer intermediário que não seja o próprio Jesus, nosso único e suficiente Sumo Sacerdote. Tendo isto em mente evitamos cair no erro do clericalismo, hoje tão difundido na cristandade, o qual SEPARA os crentes em duas classes: clero (ou liderança) e leigos.

Segundo a Palavra de Deus, pastorear é um dom e não um posto de liderança. Por ser um dom, é concedido pelo próprio SENHOR, não por uma junta de homens, o mesmo ocorrendo com os dons de mestre, doutor e evangelista. Os evangelistas pregam o evangelho aos incrédulos, os pastores apascentam ou cuidam do bem estar daqueles que se tornaram ovelhas de Cristo, e os mestres ou doutores as alimentam com a sã doutrina.

Nenhum destes dons - pastores, evangelistas e mestres - é limitado a uma assembleia local. Tais dons foram dados à igreja como um todo. Portanto, não é correto limitar a atuação de qualquer um deles a uma assembleia local. Não existe base bíblica para dizer algo como "o pastor da igreja tal" referindo-se ao dom de pastor. Tampouco eles ocupam um papel de liderança.

Quanto aos presbíteros (anciãos) eles ocupam uma função ou ofício, independente dos dons que possuam, e são funções locais, não universais. Um ancião na assembleia de Corinto não era ancião da assembleia de Éfeso (e vice-versa) embora obviamente fossem reconhecidos por seu trabalho local em sua assembleia de origem. É bom lembrar que não existia um único presbítero ou ancião numa localidade, mas a designação sempre aparece no plural: "anciãos", "presbíteros", "bispos" - neste caso são sinônimos. Nas passagens onde encontramos sendo chamados de "pastores" (Hb 13:7 e 17), também no plural, por sua função ter algumas características de cuidado e pastoreio. A palavra "presbítero" poderia ser traduzida em termos modernos como "supervisor". Então encontramos "supervisores", e não "diretores", nas assembleias bíblicas. Supervisor é quem observa, vigia, acompanha. Diretor é quem dirige, mas ninguém pode querer dirigir o que o Espírito Santo de Deus já faz por ser esta a Sua função. (1Co 12:11 - 2Co 3:17)

Vemos que Paulo ordenou o estabelecimento de presbíteros a Tito. Trata-se de uma ordem direta de um apóstolo a uma pessoa de nome Tito, e não de uma instrução geral do tipo: "irmãos, estabeleçam presbíteros de cidade em cidade". Portanto, o que temos na passagem é uma autoridade apostólica delegando um poder ou autoridade a uma pessoa. Trata-se de uma procuração com dois nomes nela, Paulo e Tito. Mais ninguém. Qualquer outro que queira apropriar-se deste poder está indo além do teor dessa procuração. Paulo não está mais entre nós, e tampouco estão os outros apóstolos, portanto ninguém mais tem tal "procuração" para sair por aí estabelecendo presbíteros.

Alguém que se arvore na condição de "dirigente" dos santos quando estes estão reunidos, dizendo que fulano deve fazer isso, sicrano deve fazer aquilo, beltrano deve fazer aquilo outro, precisa pensar duas vezes no que está fazendo, pois pode estar usurpando uma posição que não lhe pertence. Alguns cristãos interpretam erroneamente a liberdade do Espírito nas reuniões como o líder ou "pastor" distribuir tarefas durante o culto, mas isso nada tem a ver com a liberdade e direção do Espírito. Trata-se de um homem assumindo um papel que não é dele.




 

7 comentários:

Vanderlei L. Borkoski disse...

Bom Dia Regina ! Coisa interessante é que em Apocalipse não vemos carta à Assembléia de Deus, carta a Igreja Batista, etc. Mas sim carta a Igreja de Deus que está em ...

Paulo também - carta aos Gálatas, carta aos efésios, etc.

Nunca houve denominações, houve a mesma Igreja em lugares diferentes.

Pois é ... Devemos estar atentos, afinal Jesus disse : "Quem comigo não AJUNTA, espalha" (Lc 11:23)

Shalom Aleichem !

Sensatez disse...

Paz, Bom dia Regina!
Esse texto está é ótimo,tão claro que só não vê quem não quer,ou quem prefere continuar no seu próprio entendimento...

Só há uma igreja,e um Pastor, e este é a porta das ovelhas.

Que devolvam o lugar que pertence ao Espírito da verdade ,enquanto é dia...

Bjs,e paz!!

Conexão da Graça disse...

Rê, organização religiosa no seu lado obscuro (sé é que existe outro), é a vontade do homem de querer momopolizar e contralar tudo.Concordo totalmente com o que diz:"Nenhum destes dons - pastores, evangelistas e mestres - é limitado a uma assembleia local. Tais dons foram dados à igreja como um todo. Portanto, não é correto limitar a atuação de qualquer um deles a uma assembleia local. Não existe base bíblica para dizer algo como "o pastor da igreja tal" referindo-se ao dom de pastor. Tampouco eles ocupam um papel de liderança".Infelizmente para a grande maioria, igreja e exercício de dons só tem legitimidade e selo de garantia Divino se for nas fronteiras e paredes denominacionais.Um ABRAÇÃO, valeu mesmo pelo texto!Franklin

René disse...

Ah, Rê,

Que maravilha de aula!!! Como disse a Rita, "só não vê quem não quer,ou quem prefere continuar no seu próprio entendimento"!

Tomara que o Espírito de Cristo traga muitos religiosos aqui e lhes dê esta instrução tão valiosa!!!

Forte abraço e continue na Paz!

Adriana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriana disse...

Si! presupuesto.

Desde a tenra idade somos levados a crer em caixinhas!

Limites acolhedores e acachapantes, que nos dão segurança mas que tolhem qualquer capacidade de reflexão mais profunda.

Crescer na Graça e no conhecimento, quem sabe seja "sair" da caixa, mesmo que para alguns seja necessário viver dentro dela, mas livres. Entende?

O&A K&H


desculpe a pressa...

Casal 20 disse...

Olá, Regina!

Gostei muito do texto, instigante, principalmente quando se escreve:

"...e nos livrarmos de tudo que nos faça distintos de nossos irmãos salvos por Cristo e nos identifique por uma denominação que não possa ser usada por todos, sem distinção. Existe apenas UMA igreja da qual TODOS os salvos fazem parte, mesmo aqueles que não estejam congregados conosco".

Gosto dessa liberdade do Espírito Santo que permite que sejamos Um mesmo que não estejamos debaixo do mesmo rótulo, da mesma denominação. O rótulo e a falta dele sempre serão obstáculos para o Evangelho puro e simples.

A Graça, contudo, reside no fato de que, como está no texto, o Reino de Deus é maior que os reinos dos homens. O Reino de Deus é outra coisa e em nada se identifica nem com nossos impérios e nem com nossas guerrilhas religiosas.

Em suma, olhando para Jesus, ainda que presos, somos os mais livres dos homens. Glórias a Deus.

Abraços sempre afetuosos.