Estive lendo por esses dias, em uma dessas revistas de fofoca de sala de espera de clínica, algo bem coerente dito pela Preta Gil. Em entrevista, ela considerou deplorável a atitude do Danilo Gentili, do CQC, ao chamar a Hebe Camargo de múmia em plena época em que esta vivia um drama pessoal ligado a sérios problemas de saúde. Adianto que não tenho predileção por nenhuma das duas, que não vejo seus programas e blá, blá, blá... Porém, admiro quem se posiciona com sinceridade, sem se importar se está sendo apenas agradável. (Eu falei sinceridade e não sincericídio...)
Por outro lado, certamente Hebe não sofreu nenhum abalo com isso e duvido que esse episódio extremamente lamentável tenha trazido qualquer dano à sua autoestima ou formação emocional/psicológica/moral.
Mas...
E o adolescente e a criança que têm acesso a um comentário assim perverso?! Com certeza vão achar engraçado e, como se encontram em formação, e ainda se estiverem experimentando alguma disfunção familiar, vão achar que é legal agir dessa forma, debochando das pessoas. Então eles vão trazer essa “ferramenta” para a sala de aula, para o clubinho, para a comunidade, enfim, para o meio ambiente em que vivem. E, sem qualquer noção das implicações advindas desse tipo de violência vão achar normal depreciar pessoas mais velhas... Pessoas mais velhas doentes... Pessoas, simplesmente.
Então, em efeito dominó, os valores vão sendo minados um a um, e unicamente porque um engraçadinho da TV resolveu espalhar sua acidez de coração. E eu me recuso a acreditar que alguém que assim age não saiba da sua própria responsabilidade ao assumir determinadas posturas; ele não venha dizer que não sabe que é formador de opinião e o quanto pesa, de maneira devastadora, o seu achismo leviano e irreverente travestido de humor casual.
Analogamente, em época de contagem regressiva de eleições, tenho observado que, de maneira assustadora, há uma enxurrada de mensagens depreciativas recheando os blogs diariamente e das mais variadas formas. Isso muito me entristece porque há uma distorção indiscriminada, uma confusão coletiva, na qual algumas pessoas confundem a transgressão com liberdade de expressão, depreciação com humor e provocação com irreverência; e, principalmente porque parte de gente dita cristã que, não sei se por uma exacerbação natural ou pelo afã da ocasião, perde o senso e passa a agir de forma por vezes até cruel, sem se ligar nos estragos que causa com tamanha perversidade. Ora, para mim, isso é uma das variáveis do cyberbullying.
E cyberbullying é muito mais do que mera brincadeira de mau gosto de colegiais e seu uso/abuso sutil de brinquedinhos tecnológicos.
Cyberbullying é crime.
Cyberbullying é uma forma de violência virtual feita por meio de mensagens com IMAGENS e comentários depreciativos recheados de deboche, implicância, discriminação e agressões verbais, cuja principal intenção é humilhar e constranger PUBLICAMENTE.
Até bem pouco tempo, o bullying era considerado comportamento agressivo apenas no âmbito escolar e entre crianças e adolescentes. Hoje em dia, não importa o ambiente, pois sendo onde for e havendo interação entre pessoas que lancem mão desse instrumento de perversão, essa atitude é considerada bullying. E as motivações do agressor são as mais variadas, indo desde a falta de limites no contexto familiar, passando pela necessidade de adquirir poder e status e autorrealização social a qualquer custo. E a mais deplorável realidade: usando o retrato familiar como modelo. Sim, pois normalmente o agressor tem uma história de distorção de valores dentro da própria casa, onde pais e filhos disputam certas habilidades -geralmente físicas e de pseudo-valores - estendendo-se, inevitavelmente, ao convívio escolar e social em forma de raiva incontida que não o deixa transformar em diálogo, levando para a vida adulta e seus ambientes tais como, locais de trabalho, clubes e até mesmo nas igrejas.
Mas o que impressiona é o que alimenta a alma do agressor: o espectador. Este é seu maior aliado. Afinal, sem a plateia ele não cresce. É o espectador quem vai definir sua popularidade e a continuidade do conflito. E ele consegue essa façanha porque, ainda que tenha senso de justiça, não consegue ficar indignado o suficiente para repelir esse tipo de atitude simplesmente porque foi na onda, achou engraçado, enfim, deu asas à perversidade escondida lá no mais íntimo do seu ser.
E, como se não bastasse, ainda na sua forma mais perversa existe também a plateia que age como verdadeira torcida organizada, aplaudindo e reforçando a agressão com palavras de incentivo, tornando-se coautores dessa ação nefasta.
Então, trazendo para o mundo virtual - dos blogs, particularmente- e, como comentei em texto anterior, reafirmo o meu repúdio a qualquer forma de comunicação onde a pessoa recebe uma informação e, só porque esta informação reforça sua antipatia e preconceito por aquele assunto, logo se arma com seu megafone levando adiante e até mesmo “aumentando um ponto” com suas considerações levianas, picantes, depreciativas.
Vivemos um momento único no qual a comunicação é mais rápida que o raio e a saraivada é giratória e extremamente agressiva. Então me vem uma frase de Churchil, em época que nem se sonhava ainda com internet, na qual ele dizia que "uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir".
Neste momento extremamente delicado onde as pessoas estão estranhas, agindo de maneira ostensiva e avessas ao diálogo, precisamos ficar bem atentos antes de levantar qualquer bandeira e sair por aí soltando o verbo. Não faz mal nenhum ficar atento para o que se vai dizer/escrever procurando ser uma pessoa sensata sabendo que se pode perfeitamente usar argumentos variados sem que seja necessário apelar para overdose de adjetivos e imagens depreciativas.
Seja um sociólogo, antropólogo, cientista político ou um casual pensador sem formação acadêmica; um blogueiro mais intempestivo ou o blogueiro antenado; não importa quem o faça, mas faça uso de sua liberdade de expressão sem apelações gratuitas, de forma decente, respeitosa e consciente. Isso para mim é ser ÉTICO. E Jesus, foi acima de tudo, ético.
É assim que eu vejo pessoalmente. E é a minha dica.
Em amor e zelo.
Regina.
“Ser cristão não é FAZER CERTAS COISAS mas fazer tudo DE CERTA MANEIRA.”
11 comentários:
Apenas comentando para dizer que não tenho nada a comentar =P
Assinado
eu =D
Pois é Regina,
acredito assim também.
Hoje em dia acha-se que pelo fato de termos 'liberdade' temos também automaticamente nas mãos o direito de 'avacalhar' a quem quer que seja, sem mesmo pensar nas consequências oriúndas desses comentários e posturas preconceituosas na sociedade de uma forma em geral.
Já ví muita gente dizendo: "São pessoas públicas, se cada uma delas preferisse por privacidade não estariam na tv"!
Então quer dizer que por trabalhar aqui ou acolá eu deixo de ter minha 'privacidade'?
Os conceitos da sociedade têm mudado pois o homem tem mostrado sua verdadeira cara, sem máscaras, revelando toda a torpeza da vida sem rumo,sem direção e sem JESUS!
Ótima postagem (como sempre)
Paz!
Regina,
Eis-me aqui novamente. Gostei muitíssimo do seu texto, talvez porque eu tenho sido vítima de alguns desafetos não tão agradáveis nesse nosso mundinho virtual.
Mas olha, é uma questão de valores - e como você disse, de ética. Eu acrescento ainda que é uma questão de caráter, ou se tem ou não. As pessoas trazem pra este "mundo" os seus traços de personalidade, as sua arrogância e soberba. Umas demoram mais para se revelar, outras menos. Todavia, um dia todas mostram a sua verdadeira "cara". O fato é que somos o que somos, tanto em um quanto no outro lugar, trazendo impregnado em nosso ser as mazelas, defeitos e virtudes com que nos "recobrimos". Algumas vezes, caída a máscara, a imagem que se revela é muito feia.
Grande abraço!
Ricardo.
Acho que isso tudo começou depois do texto do bolsa família...
Pastor,
No texto a que você se refere tem alguma expressão agressiva? Deboche?
Tem algum acréscimo por pura maldade, com considerações depreciativas?
Claro que não!!! Então não foi, ué!
Entretanto, coincidentemente, foi a partir daí que eu comecei a ver a enxurrada de e-mails com imagens terríveis, debochadas, piadas de mau gosto, cheias de raiva e me impressionou por virem de blogs de pessoas ditas cristãs e por isso mesmo super incoerentes, pois em seguida no mesmo blog se via texto falando do oposto e tal, etc.etc.
Foi isso que me impulsionou a escrever este texto acima, creia!
Beijos,
R.
Lembra quando eu voltei de férias e disse que estava achando tudo meio estranho?
Isso se deu pelo fato de - na época - VÁRIOS blogs cristãos estarem fazendo campanha política para um (a) ou outro (a) candidato (a).
Senti que havia algo estranho, fora do contexto mas, como "cada um responde por seu blog", apenas falei superficialmente do caso...
Teve até o texto "Pr. João desceu do monte" lembra? (http://superjotablog.blogspot.com/2010/09/pr-joao-desceu-do-monte.html)
Era sobre isso que estava falando!
Para mim, era mais fácil colocar uma piada ou um vídeo do Iron Maiden no meu blog do que colocar algo de cunho político.
Quando menos espero, lá vem eu com um email recebido e que calhou com o que já tinha visto e ouvido sobre o assunto ("espertalhões" aproveitando das benesses governamentais...)
De cara, a minha melhor amiga virtual 9adivinha quem???) passou a despejar mensagens de repúdio ao PREconceito contra os nordestinos, coisa que EU NÃO TENHO. Minha mulher é Alagoana, assim como minha mãe e meu pai, fora o resto.
Foi para mim, claro que foi para mim...
Tentei me explicar, expondo que já havia presenciado "testemunhos vitoriosos" de gente que estava se dando bem com os programas do governo.
Assim como uma faca, que serve tanto pra passar manteiga no pão como para matar a pessoa ao lado, os programas de governo do molusco são importantíssimos, MAS MUITA GENTE O UTILIZA de má fé.
Existem vários outros tipos de "pequenas falcatruas" que as pessoas praticam, bem sei disso...
Trabalhava em banco público e conhecia UM MONTE DE CLIENTES (mulheres) que viviam com seus homens sem se casar no papel para não perder a pensão deixada pelo pai...
O pai de um amigo meu fez altos esquemas para se aposentar jovem, antes das mudanças das leis previdenciárias. Aposentou, meteu a bica na mulher e foi pra Bahia viver com "outras"...
Fora conhecidos que "sumiam de seis em seis meses" por fazerem o esquema de trabalhar registrado pelo período mínimo para ter direito ao Seguro Desemprego, aprontavam alguma e metiam o pé para a Bahia.
QUE FIQUE BEM CLARO: Por acaso, estes casos tem em comum o bom Estado, E NÃO SE TRATA de preconceito.
Estou apenas compartilhando fatos que presenciei.
Voltando ao assunto principal... ah, deixa pra lá.
Te amo muito minha irmã, saiba disso.
Ah, vou postar no blog, vai fazer bem para mim...
JC
Então, tá, pastor... eu tô mentindo :P
Não falei que tú tá mentindo minha amiga! aff!!!
Não percebeu que é um desabafo?
Beijos
Só me restou tirar onda contigo, ué.
Ou o senhor não sabe que esse sinal :P é dando língua? rss
bj
R.
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