"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Movimento anti-casulo

Amor é decisão, é compromisso, é dedicação, é envolvimento.




Ao ler a primeira carta de Paulo escrita para o recém formado grupo de cristãos em Tessalonica, me deparei com algumas declarações de amor embutidas e alguns questionamentos foram inevitáveis.

Consigo sentir a emoção de Paulo ao dizer que sempre lembra com carinho e ora por aqueles que um dia precisou abandonar tão precocemente, Lucas descreve o entrevero no livro de Atos capitulo 17.

Ao receber noticias daquele grupo formado na cidade portuária, fruto de sua segunda viagem missionária, Paulo escreve fazendo recomendações, orientando sobre "as coisas dos últimos dias", sobre os mortos, enfim todas as questões que naquele momento inquietavam os irmãos que sofriam perseguição.

No entanto, o que me pegou foi o entendimento de que, mais do que uma carta escatológica ali estava uma carta que expressa amor e cuidado. No cap 2 e ver 8 vem o "golpe" que me derrubou:

"Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos."

Fiquei aflita para entender o que Paulo quis dizer com "comunicar nossas almas", afinal os filósofos gregos não tinham consenso a respeito da alma, suas funções e características.

Entendi que ele quis dizer o óbvio, existia naquele momento a necessidade de compartilhamento de anseios, desejos, aflições, medos, alegrias, amores, enfim tudo aquilo que denominamos pertencer a alma.

Não temos tempo, nem condição para fazer isto dentro das igrejas, ou em nossas reuniões, dificilmente compartilhamos algo além da persona de bom crente, limpinho e bom pagador das dividas. Persona que se encontra amalgamada ao eu, de forma que não há diferenciação. Os mestres tem muito a oferecer em termos de suas solidas teologias, mas pouco tocam outras almas.

Criamos casulos e nos chamamos de irmãos por pura convenção, hábito. Não estamos dispostos para nada mais do que um escandaloso "A Paz do Senhor, meu irmão" "Graça e Paz" ou "Paz de Deus", ao gosto do freguês.

Este seria o caminho inverso do desejado e arquitetado pelo Pai, basta ver o que Filho ensinou.

Em João 13, Jesus está prestes a trilhar a estrada da morte e ainda se detém para oferecer aos discípulos amados (sim ele os amou até o fim!! No versículo 1, vejo o quanto havia afeição e carinho por aqueles homens) um derradeiro ensinamento.

Ele tira a capa, envolve a cintura como uma toalha, enche uma bacia com água, manda a galera sentar, lava e enxuga os pés dos discípulos.

O ritual normal para a entrada em qualquer ambiente se tornou dinâmica de grupo Divina.

Ele amou didaticamente.

Não estamos falando de qualquer pezinho frequentador de pedicure semanal, mas sim do pé palestino, sujo, cascudo, feridento e mal cheiroso.

Ele vai além e diz que assim como Ele fez devemos fazer. Saberão que somos discípulos se assim o fizermos. E mais, seremos felizes se colocarmos em prática aquilo que aprendemos com o Mestre.

O segredo da cura está na disposição para sermos instrumentos de cura para outro, quando lavo seu pé, meu pé será lavado.

Não descerá anjo ou qualquer outra entidade para fazer o serviço, pois cabe a mim fazê-lo.

Quebro meu casulo, dessa forma me aproximo o suficiente para ver realmente aquele que se apresenta a minha frente. Interessante que a palavra grega para alma também é usada para borboleta, aquele bichinho lindo que sai do casulo.

Jesus finaliza dizendo que quem receber aquele que Ele enviou, o recebe, assim como recebe o Pai que O enviou.

Aceito como verdade para minha existência que o milagre está mais nas minhas mãos do que eu imaginava.




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