Em alguma proporção, e de alguma maneira, nós já experimentamos essa agonia chamada ansiedade que especialistas colocam como sentimento indefinido de apreensão desagradável, porém com sensações físicas definidas tais como opressão no peito, palpitação, sudorese e falta de ar, e que normalmente surge com a ameaça indefinida de um perigo iminente.
Diante de tais sinais não há como dissociar corpo, mente e espírito. O corpo, no qual se aloja toda uma fisiologia, carrega um compartimento chamado mente que nos fornece ferramentas para administrar toda a problemática dessa dinâmica chamada existência. Além disso, há uma dimensão espiritual que diz respeito a questionamentos acerca da vida capaz de tirar o ser humano do si-mesmo. Ou seja: somos corpo, mente e espírito cuja interligação aponta um fluir que transita entre o físico, o emocional e o espiritual.
Observe-se entretanto, que há uma clara diferença entre ansiedade e medo, e muitos de nossos supostos medos não passam de ansiedades. No medo, acontece a experiência real onde se delineia uma reação a um determinado estado; isto é, há uma ameaça perfeitamente definida. Na ansiedade, acende-se uma luzinha ante o perigo iminente antecipando uma dor e uma defesa contra algo em potencial capaz de nos reprimir, achatar, oprimir, se bem que de forma vaga, mas que está se instalando em nosso ser como perfeita ameaça. Nesse sentido, a ansiedade tem sua função benéfica ao acender essa luzinha de alerta. Porém, quando passamos a sofrer diante da possibilidade de algum ruim, já se torna uma doença da alma. É quando Jesus nos alerta sobre as inquietações com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus próprios cuidados; basta ao HOJE e agora os problemas do HOJE e agora. As questões que estamos vivenciando é que precisam ser administradas.
A ansiedade passa a ser um problemão quando se torna uma constante em resposta aos nossos medos reais e geralmente estão ligados ao receio de sermos descartados, além do forte sentimento de competição, onde todo mundo é adversário em potencial. Essa competição muda e ao mesmo tempo gritante está presente em casa e fora dela, no local de trabalho, entre pessoas que se dizem amigas, nos textos de blogs e nos comentários destes; até mesmo nas inofensivas conversas informais de grupos de amigos que saem pra tomar uma; e isso se vê com frequência até na vida conjugal onde duas pessoas que se dizem amar uma à outra brigam pelo primeiro lugar no pódio.
Outro equívoco está ligado à idéia de centralização e dependência onde, paralela à pretensão de salvador da pátria, surge no coração do homem uma ansiedade que gera pressão mas atrai e fascina e diz claramente que se ele baixar a guarda sai tudo do eixo. Daí a insônia, o desgaste físico e emocional, a dificuldade em relaxar e a insegurança que se instala provocando o medo de ser feliz.
Não sou autoridade no assunto, mas as experiências me colocaram dentro desse laboratório me fazendo uma autodidata nessa ansiedade crônica que só adianta ser tratada de uma maneira impactante, em um tratamento de choque no âmbito da fé, posto que somente assim essa doença da alma é neutralizada na raiz. E, ao cair a ficha, a percebemos vã; pois nela nada há de produtivo, pelo contrário, traz sérios danos ao ser humano em todas as esferas; é quando entendemos o quanto ela é perniciosa e tem sua origem nas nossas vaidades, nessa nossa veia competitiva e egoísta que cansa, enfada, esgota as energias e estabelece um vazio angustiante; e justamente por ser unilateral é mero correr atrás do vento. (Ec. 4.4)
"Não andeis ansiosos de coisa alguma;
em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus".
(Fp 4: 6 e 7)
6 comentários:
Tenho uma filha de 18 anos e ela sofre de ansiedade, e quando ela esta demais ela começa a ficar com as mãos suadas e geladas tanto que as lava a todo momentos e isso a deixa mais nervosa e aumenta sua ansiedade pois não consegue controlar isso, e ela sofre porque cobra muito dela mesma, ela é muito perfeccionista, e aí o dilema a acompanha. Paz querida texto muito bom e esclarecedor!
Amiga REGINA,
Quanto tempo não visitava este cantinho maravilhoso, já estava com saudades....e agora que estou de férias por duas semaninhas, estou aproveitando para ler tudo o que tenho direito...rs....
Eu confesso que sou uma pessoa muito ansiosa....hoje só sou menos que antes, porque tomei medicamentos para ansiedade e também comecei a me controlar, de forma a não ficar "sofrendo tanto por antecedência"....
Mas assimilo à ansiedade ao medo também, assim como você.....pois é o medo de que algo não vai se sair como queremos, que somos levados à um estágio de inquietação...incômodo e pavor...
Precisamos nos controlar... e procurarmos não se preocupar muito, embora às vezes seja impossível, mas sendo ansiosos ou não, as coisas vão caminhar mais ou menos como elas têm que caminhar....
Beijos querida.
Querida Rô,
Eu acho que as pessoas perfeccionistas são assim "por natureza", tendo a ver com personalidade, temperamento...
Os filhos são um bom laboratório pra discernir essas coisas, né?
Nós mães, sabemos que grande parte do nosso papel é tentar acalmá-los e mostrar-lhes por experiência própria que as cobranças internas (E externas!!!) não devem ser levadas assim tão a sério.
Tem que se viver leve. Com responsabilidade, mas LEVE.
Beijo grande!
R.
Então, Paulinha...
Eu também estava com saudade de suas palavras carinhosas.
E no teu blog pessoal e na Confraria eu sempre bato ponto mesmo que não comente.
E essa tal ansiedade é mesmo uma cilada, pois mesmo sabendo conscientemente que ela só nos faz sofrer de graça, ainda assim ela se instala. Mas, é como você diz, já foi mais ansiosa e hoje é bem menos, pois com o tempo vamos aprendendo a domar essa fera que tenta nos tirar do eixo.
bj
R.
Oi Rê,
acabei de lincar esse seu texto, naquele meu sobre esse mesmo assunto, ok?
Um beijão!
W.
Massa!
Um tem tudo a ver com o outro.
Valeu!
R.
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