"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mágoas em família



No livro de Números lê-se uma irônica história que se vê corriqueiramente nos corredores da própria casa, da própria família, entre irmãos e parentes próximos. E eu não me refiro a intriguinha de adolescente disputando coisas banais. Falo de competição entre adultos, membros da mesma família que se dizem servos de Deus, ENTRETANTO têm dificuldade em se libertar nessa área do seu teimoso coração de modo que possam conviver coerentes com o que professam lá fora, e principalmente de maneira saudável no nível mental e espiritual, podendo enfim colocar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila de servo realmente obediente. Ou melhor, de servo. Simplesmente servo. Servo que erra, que vacila, que peca, mas que dá o braço a torcer e volta atrás nas burradas que comete. Ou seja: arrepende-se, muda de comportamento.

Desde que me entendo por gente ouço o sábio ditado “errar é humano, permanecer no erro é diabólico”. E quantos de nós conhecemos esse ditado e permanecemos nos mesmos erros... Nossa consciência nos diz que estamos errados, pessoas nos dão toques sutis e, no entanto, insistimos neles durante dias, meses, anos, décadas e até a existência inteirinha, só por orgulho e raiva alimentada e realimentada. Sentimento ruim re-re-re-alimentado, distorcido e valorizado demais que rapidamente se transforma em ressentimento, ocupando grande parte do ser, determinando pensamentos, palavras e ações.

Miriã e Arão, os irmãos de Moisés apontados por Deus para ajudá-lo na retirada dos israelitas da escravidão, em vez de serem seus mais fiéis defensores, falavam contra ele usando como argumento o tipo de esposa que ele escolheu, porém em clara demonstração de irritação e inconformismo pela autoridade dada por Deus, gerando uma briga familiar, provocando séria divisão e profunda tristeza no servo escolhido. Curiosamente, não existe relato de qualquer sinal de ressentimento da parte de Moisés. Pelo contrário, ele orou pela irmã que se viu forçada a distanciar-se do seu povo ao prostrar-se de doença terrivelmente contagiosa. Foi então que Arão, percebendo que aquilo tudo era resultado de uma silenciosa briga pelo pódio, apressou-se em pedir perdão a Moisés pela insensatez de ambos. Este, logo clamou a Deus pela cura da irmã sem considerar nada do que ambos haviam falado de ruim a seu respeito.

Moisés recebeu enorme responsabilidade sem sequer imaginar o que aquilo iria causar nos corações dos irmãos que se apresentavam ciumentos, despeitados, invejosos. O curioso nessa história – e que me prende a atenção - é que dois irmãos ressentidos ficaram com raiva de outro como se este os tivesse magoado... E foi exatamente o oposto! Eles sim, que se deixaram cegar pela competição. Ora, o único “mal” que Moisés causou foi ter obedecido ao aceitar a incumbência para a qual, inclusive, nem se sentia apto.

Esse caso específico nos faz refletir que há, com bastante frequência, situações em que nenhuma ofensa nos foi feita e ainda assim nos sentimos magoados e ofendidos, responsabilizando alguém por um descontentamento interior, algo mal resolvido. Quantos de nós desempenhamos funções de destaque na sociedade, uma responsabilidade maior no meio social em que vivemos e até certa posição de liderança na própria família que podem despertar os mais mesquinhos sentimentos em pessoas próximas e dedicadas. E quantas vezes falamos mal do próprio irmão, queimando o filme dele até para quem não nos é muito íntimo, descarregando boa dose de maldade nas palavras e tudo isso porque estamos descontentes com a nossa vida, posto que a inveja nos prega a velha peça da ilusão ao projetarmos nossa felicidade no estilo de vida daquele outro que parece brilhar mais do que nós. Então, soltamos o verbo e, muitas vezes de maneira fútil e inconsequente, não percebemos que nossa língua é responsável pela imagem ruim que espalhamos de alguém. O autor de Hebreus nos alerta para que não deixemos que brote em nossos corações qualquer raiz de amargura para que não nos perturbe a alma nem contaminemos a outrem. E não é à toa que na Carta de Tiago há um capítulo inteiro alertando sobre a língua solta que nos contamina por inteiro destruindo a vida de alguém.

E será que não nos damos conta que, caindo nessa armadilha, instala-se um clima de raiva e animosidade extremamente perigoso capaz de gerar as mais desagradáveis situações? Será que não é hora de dar uma parada e pensar que a amargura que se guarda finda por gerar doenças, muitas delas irreversíveis? Sim, porque também tem um ditado que ouço desde a infância, que é “quando o coração não pensa o corpo padece” e que tem tudo a ver com muito do que se lê em Provérbios. Isso é muito sério e pode sim, acarretar males terríveis.

Mas eu vejo uma saída! E o nome dessa saída é ORAÇÃO. Eu creio que a oração restaura laços familiares. Não importa quando nem de que forma foram rompidos. Portanto... Simplesmente oremos! Oremos pelas pessoas que nos magoaram, oremos pelas pessoas que achamos que são responsáveis por nossos infortúnios, oremos por aqueles que fazem a nossa caveira espalhando notícias mentirosas a nosso respeito, oremos por quem nos feriu profundamente.

Então descobriremos maravilhados que à medida que oramos vamos liberando perdão e nos esvaziando de todo aquele peso da amargura que nos escravizava e que uma enorme compaixão vai tomando conta do nosso ser...

É o início da Cura!

RF. 

“Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”.

3 comentários:

Adriana disse...

Vixe marilia!!

Bom hein.

A oração me transforma, senão seria monologo de uma pretensa protagonista.
Os piores venenos são os de sangue, mas a cura está dentro de casa, aprendi sofrendo.


abs

Rô Moreira disse...

Oremos por aqueles que fazem a nossa caveira espalhando notícias mentirosas a nosso respeito, oremos por quem nos feriu profundamente.

Oremos por nós para que nosso coração se acalme para que nossa alma se acalme, para que possamos encontrar novamente a paz, que ajuda a conservar-nos sempre unidos ao Senhor nosso Deus. Pois só pela oração conseguiremos isso, porque de nós mesmos, somos incapazes. Paz Re!

Adriana disse...

Amém e amém Rô e Re