"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sábado, 8 de junho de 2013

Dom Sebastião, que pergunta...




Mesmo tendo passado 15 anos ensinando em seminários teológicos e estar há dez anos em faculdades seculares, a pergunta mais difícil que me fizeram foi formulada pelo meu mentor, Dom Sebastião Gameleira, em uma de nossas reuniões de aconselhamento. Disse-me ele: Martorelli, quais são as suas estratégias para manter sob controle a sua vaidade?
Como eu não sabia o que dizer, ele compartilhou comigo uma técnica usada por seu amigo e companheiro de ministério durante muitos anos, Dom Helder Câmara. Disse que como Dom Helder era um homem de grandes virtudes e evidentes qualidades, desenvolveu como política de auto-quebrantamento, submeter-se às decisões democraticamente feitas em seu grupo ministerial.
Ou seja, mesmo não sendo o regime episcopal propenso aos expedientes em que a vontade da maioria prevalece, Dom Helder não impunha o seu querer aos irmãos de caminhada, mas aceitava aquilo que era decidido, como vontade de Deus. Às vezes ele saía evidentemente contrariado, mas era necessário, para que, em hipótese nenhuma, ele se sentisse superior aos demais.
Daquela conversa com o Bispo Gameleira pra cá, eu tenho refletido em como é necessário manter sob o domínio da razão e do senhorio de Cristo a imagem que temos de nós mesmos. Nada pode ser mais ilusório do que a figura a quem perguntamos: espelho, espelho meu...". Um dos maiores pregadores reformados que eu conheci, Tim Keller, disse certa vez que duas coisas nos afastam de Deus, nossos pecados e a confiança em nossas virtudes.
Ambos alteram as devidas posições do Criador e da criatura. Já disse que a vaidade é dos pecados o mais sutil, porque o verdadeiro vaidoso, é vaidoso de mais para se saber tal, julgando-se, por isso, humilde. Logo, a nossa consciência de humildade pode ser um sinal de alerta para a maldade instalada em nós.
Dos santos da igreja, aqueles a quem eu mais admiro, São Francisco de Assis e Santo Antonio de Pádua, eram homens que não se julgavam humildes, pelo contrário, lutavam com unhas e dentes contra o demônio da vaidade que os corroía por dentro. Sim, porque a vaidade é como o cupim ou a infiltração da parede, destrói a partir dos intestinos e dali pra fora, enfraquece para fazer tombar.
Vez por outra me pego pensando na pergunta de Dom Sebastião. Tenho orado para que Deus me ajude e tenha misericórdia de mim. Sou extremamente vaidoso, mas brinco com este meu pecado, como a criança que fustiga com uma vara um crocodilo do Nilo. Pai, tende piedade de mim! Bem disse Salomão, "a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda", Prov. 16:18.
Com carinho,
Martorelli Dantas


Meu comentário vaidoso feito no 'feici':
Ah, Dom Hélder... Se eu fosse uma religiosa e tivesse um ídolo religioso seria ele! Quanto a você, Martorelli, um dos dois pastores que conheço (o outro é Caio Fábio) que tem a ousadia de se antecipar aos críticos, desnudando-se de forma corajosa e poética. Muito me identifico com isso! Em escala bem menor sou bem assim... Não tenho essa vaidade toda kkkkkkkk Se bem que eu deveria mesmo era repetir o sábio 'sem palavras' dito acima.  Mas essa minha vaidadezinha besta em ser prolixa me enfeitiça, me condena e me derruba. (Vou afanar esse texto lá pro meu blog). Abs! 


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