"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quarta-feira, 20 de março de 2013

Figuras de Linguagem




Uma das melhores ferramentas que há - no sentido de colocar abaixo a ditadura da língua culta, estática, fria e inexpressiva - é a figura de linguagem.

Figura de linguagem é sempre enriquecedora. E sempre atualizada. E isso, porque a língua é dinâmica. E a figura de linguagem – entre suas inúmeras utilidades - serve ainda de excelente recurso quando se quer lançar mão de expressões não convencionais.

O fato de não ser erudito, clássico e formal, não torna um texto menos sério, menos importante, menos comunicativo nem, tampouco, com menor riqueza literária. Ao contrário! As figuras de linguagem sugerem criatividade, expansão e liberdade, aumentando assim os espaços e as possibilidades para enriquecer o texto e para se enriquecer com a leitura do mesmo.

Usando figuras de linguagem, não apenas assimilamos melhor os textos literários, como nos desarmamos, tornando-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. Observando com um pouco mais de atenção, percebemos que estamos SEMPRE nos deparando com essas figuras. Não são poucas as vezes que as identificamos em diversos momentos de nossos diálogos, seja de forma oral ou escrita.

A propósito, há um equivocado gueto pseudo-intelectual que classifica de ‘errado’ e pobre o texto em que se emprega palavrão, gíria e termos mais simples ou populares. Eu, particularmente, chamo isso de preconceito e pedantismo. Ora, termos e expressões não são estáticos nem donos do pedaço! Eles passam. Caem em desuso. E os que ficam são excelentes instrumentos de comunicação conforme o contexto naquela circunstância e naquela época específica.

Surgem sempre novos termos. Novos significados são dados a antigos termos, vocábulos antes considerados pesados ganham novo sentido e passam a dar ênfase satisfatória ao que se quer expressar... Tudo isso, sempre no intuito de transmitir os mais diversos conhecimentos, onde as pessoas compartilham valores e conceitos de forma profunda e sincera, aprendendo, ensinando, corrigindo e corrigindo-se, em constante enriquecimento mútuo.

‘Figuras de linguagem são certos recursos não convencionais que o escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem’.

Marca de produto é rica ferramenta para exemplificar uma determinada figura de linguagem. É que, de tanto fazer uso do produto, findamos por esquecer o nome do produto, substituindo-o pela marca. E quanto mais aquele produto nos satisfaz, mais nos distanciamos do seu nome real.

Por exemplo:

Todo santo dia eu tomo meu nescau e meu danone, dou uma lida em Luís Fernando Veríssimo, esfrego a pia com bombril, faço espuma com dove embaixo do chuveiro, passo nívea no rosto e uso cotonete. Ah, e evito usar gilete porque tenho alergia e também porque me corto... Aí uso band aid. Vou ali comer meu McDonalds, mas antes darei uma leve borrifada do meu CK One, e colocarei sundown no corpo, porque o sol não está de brincadeira.

A tais substituições damos o nome de METONÍMIA:

'Figura de linguagem baseada no uso de um nome no lugar de outro, pelo emprego da parte pelo todo, do efeito pela causa, do autor pela obra, do continente pelo conteúdo'.

Precisamos ter o máximo de cuidado, entretanto, para não confundir metonímia com metáfora, pois a primeira só é notada quando atentamos para o contexto e, a segunda, é de teor comparativo.

Entendemos melhor essa diferença com a seguinte definição de METÁFORA:

'Figura de linguagem que consiste em estabelecer uma analogia de significados entre duas palavras ou expressões, empregando uma pela outra'.

Ou seja:
Não confundir com METÁFORA, cuja característica é de analogia. Há uma comparação entre duas coisas essencialmente diferentes, a fim de sugerir uma semelhança.

A metáfora bíblica empregada nas narrativas do evangelho é excelente instrumento para revelar a natureza de Deus. Assim como, para que nos seja comunicado a respeito do Seu amor e do Seu cuidado. Por meio de exemplos simples, e, portanto, facilmente compreendidos por todas as pessoas.

Jesus foi o MESTRE (redundância rss) das metáforas! Utilizando-se de vocábulos, Ele construía suas metáforas de modo perfeitamente adequado, posto que pertinente ao contexto em que vivia nos Seus dias missionários. Todas relacionadas às questões existenciais daquele cotidiano. E, diga-se de passagem, vinculando-as todas ao Reino que se inicia aqui na Terra.

Alguns dos vocábulos usados largamente em Suas metáforas:

Água, sal, fermento, luz, grão de mostarda, joio, trigo, vinhas, vinho, pescador, ovelha, rebanho, pastor.

Mas veja bem. Jamais diga que vai aproveitar os exemplos acima para ‘levar o Evangelho’. Não cometa esse erro! Afinal, Evangelho não se leva. Evangelho se vive, se experimenta no chão da existência. E assim, dele, se dá testemunho. 

Como diria Agostinho de Hipona: 

'Pregue o Evangelho. Se necessário, use palavras'.

Vou ali tirar uma xerox deste texto...

RF.

(O texto acima foi inspirado em um diálogo em sala de aula ontem à noite...)



TEXTO CORRELATO:

4 comentários:

HP disse...

Sister,

Eu pensei que esse texto era sobre a Bíblia Freestyle...

Gostei!

Abs!

Regina Farias disse...

HP,

Rpz...

Em relação à Bíblia Freestyle rss

Como sou anti-convencional em tudo, não me escandalizo com as pessoas que ousam sair do convencional colocando, não suas próprias interpretações, mas seu jeito particular de se comunicar, ou de comunicar algo, seja de forma oral ou escrita.

Aliás, próprias interpretações e principalmente os tais acréscimos, eram criticados com veemência por Jesus, e isso quem fazia eram os líderes, os doutores das leis religiosas, os sábios escribas e os fariseus, invalidando a Palavra de Deus pelas tradições que transmitiam.

Vejo aí duas situações diversas...

Lembro-me de que, uma vez, um pregador surpreendeu a todos os ouvintes quando, em pleno culto, chamou uma simples dona de casa para subir no púlpito e dizer com as próprias palavras, o que ela entendeu de determinada passagem bíblica. Ela, então, com toda naturalidade, fez um breve, simples e claro relato, com suas próprias palavras, sem qualquer sombra de rebuscamento ou grandes explicações teológicas. E nem por isso deixou-se de entender a mensagem do texto.

Acho que é por aí...

Abs,

R.

HP disse...

Quer o suprasumo da incoerência?

Ouvi dizer que "certa denominação" quis modernizar o livro de cânticos porque havia, entre vários motivos, palavras antigas, difíceis de pronunciar e de interpretação dúbia.

Modernizaram o livro de cânticos. Daí eu me pergunto, o porquê do arrepio em querer sair da Versão Almeida de 1962 e não adotar a Nova Versão Internacional ou a Almeida com Português atual?

São anacronismos interessantes, não. É rir pra não chorar.

Abs!

Regina Farias disse...

Bem, se tiver tudo a ver com Marcos 7.13, essa conveniência de 'modernizar' é de chorar.

Outra coisa que eu não entendo (já q vc citou) é essa idolatria pela versão Almeida. Não sou contra, minha bíblia é 'versão Almeida revista e atualizada'. Só acho que há certo fanatismo e as pessoas nem entendem essa 'revisão'. Não sei pq mas só associo aos hinos que alguns juram de pés juntos serem criados pelo Espírito Santo (nem dizem que foi inspirado!)E ainda o mesmo fanatismo de que o espírito de Deus 'se manifesta' por meio de líder tal. E muitos outros acréscimos - diria Jesus.

Afff é assim que se desvia do texto rsss