Lendo um debate sobre alimento sólido, me vem à mente o que disse Paulo em sua primeira carta ao povo de Corinto (cap 13) sobre fé, esperança e amor, onde ele ressalta de maneira poética - mas não viajada, pelo contrário, de maneira real e contundente - sobre O AMOR (ou caridade, como alguns preferem) ser o mais importante dos três. Lembrando ainda que muitos confundem o exercício do amor com sentir peninha, fazer 'caridade' programada, fazer doação visando troca divina. O nome disso é a falsa piedade que Deus ABOMINA.
Afinal, se pensarmos bem, a fé e a esperança sempre visam algo de interesse pessoal, enquanto o amor nos move a AGIR em relação ao OUTRO de maneira incondicional. E, este 'outro' - o nosso próximo - Jesus nos mostra claramente quem é, por meio da clássica parábola do samaritano. (Lucas 10:25.37)
E, se novamente pensarmos bem, fazendo um paralelo, esse samaritano que ajuda incondicionalmente ao próximo ali caído e ensanguentado, encaixa-se perfeitamente no perfil do macumbeiro de hoje. Já temendo contaminar-se, o levita e o sacerdote - representantes da casta religiosa e exemplos de pureza cerimonial -passaram ao largo, indiferentes à necessidade básica de uma pessoa. Tal tradição que faz endurecer o coração era acréscimo deles mesmos, pois Deus nunca exigiu sacrifício e rigor religioso em detrimento do exercício da misericórdia e do amor! Ao contrário, ao longo das Escrituras isso fica muitíssimo claro, bem antes do ministério terreno de Jesus. Aliás, Ele diz claramente o que quer e o que não quer: 'misericórdia quero, não sacrifícios'.
O que aconteceu lá e o que acontece hoje e sempre, é que se cumpre religiosidade estabelecida por homens e se distancia do Evangelho. Foi o que aconteceu com esse rigoroso homem conhecedor da lei. De tão ocupado que estava com o cumprimento das normas, não conseguia abrir a mente e o coração para a simplicidade do Evangelho. Sabia decoradíssimo tudinho como estava escrito na Lei, mas não sabia usá-la de maneira prática, como Jesus espera dos seus discípulos. Porque as normas exigidas endureceram seu coração. Então ele, tão conhecedor das leis, sai com a pérola: 'quem é meu próximo'? Ora, ele mesmo cita, no mesmo versículo que diz que amar a Deus está atrelado ao amor ao próximo, mas não consegue atinar para essa realidade e, muito menos, vivenciar isso na prática. (Imaginemos que naquele momento da parábola citada, eles estivessem seguindo em direção ao templo para adorar com suas regras mecânicas e repetitivas, sem entender que Deus não tem nenhum altar de culto fora do amor ao próximo).
E assim age o religioso de hoje: segue repetindo a velha salada do 'intérprete da lei' que abordou Jesus, acrescentando cada vez mais, empregando versículos soltos e fora do contexto (muitos deles das cartas do próprio Paulo), distanciando-se cada vez mais de Deus, confundindo seu pretensioso sectarismo com certas atitudes (ou falta delas) usando frases típicas tais como: 'não se misturar', 'aquele não é da minha igreja salva', 'isso é ecumenismo'.
É tão simples de entender! Jesus não diz pra levantar bandeira, diz apenas para exercer a misericórdia. Ele não disse que o samaritano e o homem socorrido viraram amigos de infância. Ele diz que é agindo assim que se herda a vida eterna. Isso é alimento sólido, de gente grande. Isso é cumprimento de mandamento. O mais, é puro acréscimo. Religiosidade inventada pelo homem.
Desculpem-me pela clareza, mas com a Verdade não existe como dourar a pílula. Meia verdade é sempre uma mentira inteira e eu sou comprometida com a Verdade do Evangelho de Jesus.
R.
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