"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Escolha: CURA ou murro em ponta de faca





Tem gente que vive repetindo aos quatro cantos do mundo que não tem problema de carência, entretanto revela justamente o contrário quando grita por todos os poros que o mundo tem uma enorme dívida com ela. E se revolta porque não pode reverter a situação em que ela mesma se colocou, ficando mais injuriada por não poder punir quem acha que merece a devida punição. Curiosamente, consegue enxergar as pessoas que são egoístas, que só se preocupam com o próprio umbigo, analisando-as minuciosamente conforme sua própria ótica ressentida e limitada. Leva anos alimentando sua autocomiseração, sempre atribuindo a outrem as consequências das próprias escolhas. E, mesmo quando um dia resolve ‘tomar uma atitude’, e as coisas não tomam exatamente aquele rumo que queria, se frustra sem admitir que não se organizou e apenas quis que as coisas acontecessem ‘do seu jeito’. Então, quando percebe que sua vontade não foi realizada, credita a outras pessoas todo o fracasso de seus intentos.

Faz a salada da justiça própria atribuindo ao diabo todo tipo de problema, dificuldade, más intenções veladas, falsidade, covardia. Tudo o que é de ruim nessa vida simplifica com a palavra diabo. Então, sem atinar para a armadilha que o próprio diabo prepara dentro dela mesma, segue detonando todo mundo e  afirmando com todas as letras que quer mais é botar a titica no ventilador. A própria titica. Não admite nem se conforma que apenas ela esteja suja. Quer salpicar a sujeira em outros! De preferência, naqueles que, segundo seu próprio julgamento, são responsáveis por ela estar na sujeira. Ou seja: atribui ao diabo todo tipo de problema nos outros, enquanto suas próprias ações e reações insanas são permitidas, já que na sua cabeça, é tudo fruto de injustiça sofrida. Então, seu espírito religioso entra em ação com toda força, afirmando que Deus há de pesar a mão naqueles que (supostamente) a prejudicaram. Carregando uma enorme lista no coração amargo, sai acusando e nomeando claramente determinadas pessoas, por cada um dos próprios dissabores e consequentes prejuízos experimentados.

Afasta-se de todos – familiares em primeiro plano - ficando à margem de todos os tipos de relacionamentos saudáveis, sem se dar conta de que não são os outros que se afastam, e sim ela mesma que os afasta com a sua agressividade, sua amargura, sua justiça própria e sua intolerância. E, quando se depara com alguém que resolve conversar, sem intransigência, mas também sem complacência - colocando o preto no branco - 'lamenta' com forte tom irônico, o fato de ainda não ter atingido o grau de purificação daquela pessoa. E aproveita para desfolhar o rosário das diferenças entre sua interlocutora de vida arrumadinha, e ela, a completa arruinada. Afinal, em sua cabecinha surtada, tudo isso lhe dá o direito de atirar, não apenas para todos os lados, mas para cima e para baixo.

Acha que vida espiritual está dissociada da vida em geral e que resume-se a práticas religiosas agendadas; se diz em 'comunhão com Deus' mas não consegue aplicar essa comunhão na vida prática; uma dificuldade mais séria denuncia a superficialidade dessa comunhão; diz que ressentimento não tem nada a ver com atualidade, tentando enganar a si mesma que deixou no passado o que não pode ser mudado. Ora, ressentimento é algo bem atual, uma vez que surge de um sentimento que ganha força a cada dia. Um sentimento que se REnova. Daí o nome REssentimento.  É uma coisa antiga, guardada, fétida e cheia de bactérias que, atualizada, traz o seu inevitável ônus: provoca os mais terríveis destroços na própria pessoa, impedindo-a de realizar as tarefas mais simples, posto que sua mente está escravizada, presa a um passado mal resolvido que vem sempre à tona, arremessado pelas águas da amargura que a impedem de tratar do assunto mais corriqueiro de maneira sensata e equilibrada.

Constantemente confusa e contraditória, enquanto diz que consciência faz parte do julgamento no Juízo Final, afirma - em tom velado de ameaça - que tal situação tem que ser resolvida, por bem ou mal. Diz que assume as vaciladas que deu na vida, mas ao mesmo tempo faz acusações, dizendo que foi rejeitada, expulsa do convívio. Usa a expressão ‘expulsa’ sabendo que vai influenciar na mente do espectador por ser uma palavra com forte tom de reprovação ao senso comum. Porém, convenientemente, decide esquecer o contexto onde tal ‘expulsão’ aconteceu. Pela própria irreverência, pela própria intolerância, pela própria leviandade.

Paradoxalmente, considera-se o suprassumo do ser humano. Uma pessoa responsável. Excelente profissional, mãe/pai excepcional, amigo(a), companheiro(a), mas do tipo, ‘quem não me aceita, problema de quem não me aceita’. Dono(a) de um autojulgamento impecável tem convicção de que o problema está sempre nos outros. Jamais vai admitir, conscientemente, que o nome de tudo pelo qual está passando é CONSEQUÊNCIA DAS PRÓPRIAS ESCOLHAS. Consequência dos próprios atos. Pois tudo na vida tem seu preço e a conta um dia vem.

E ninguém ouse dizer-lhe para ter paciência e humildade. Na sua concepção, é uma tremenda ironia pedir a alguém que tá na m#@*& pra ter paciência, porque ela vai racionalizar lembrando as diferenças socioeconômicas, porém sem deixar de arrematar com a batida no peito que  humildade eu tenho, pois é de mim mesma, confundindo seu estilo de vida desprovido de glamour e bens materiais, com simplicidade e humildade.

Ora, definitivamente, humildade não é do ser humano. Nunca foi! Muito pelo contrário. O ser humano, pela própria natureza caída, é pretensioso, arrogante, orgulhoso, teimoso, vingativo, voluntarioso, vaidoso e cheio de justiça própria. Somente quando ele se esvazia de si mesmo e QUER o socorro verdadeiro - que nada tem a ver com denominação religiosa - é que Deus faz morada no seu ser. E assim mesmo, isso ainda é um processo pela vida inteirinha. Uma obra inacabada, onde entregamos todas as nossas resistências e somos colocados em constante renovação. E assim nos entregamos a esse moldar por toda a nossa existência. E então percebemos que o nosso coração vai sendo pacificado e vamos acalmando-nos, pois que tivemos uma experiência única em nosso ser, um encontro pessoal com Deus, e nos maravilhamos, porque sem nenhum mérito nosso, foi feita a reconciliação. Aquela reconciliação da Cruz cuja revelação teve o momento certo na nossa vida e fez cair por terra todos os nossos ‘eus’. É quando caímos na real e fazemos a nossa entrega verdadeira! É também quando descobrimos que nosso maior oponente é o nosso próprio coração. E ficamos em paz mesmo em meio ao caos.

Por isso, a paciência é uma ironia. Pois paciência vem de PAZ. Essa paz que vem de Deus e que está acima das circunstâncias. Essa paz que nos livra do autoengano e nos faz largar as armas que Satanás coloca sutilmente em nossas mãos ‘para derrotar os que nos fazem mal’, pois que não passam de armadilhas para nos destruir a nós mesmos. Essa paz que nos mostra o quanto somos tolos quando achamos que estamos sendo realistas. Essa paz que é fruto da substituição de todos os cerimonialismos pagãos das exaustivas e repetitivas orações e jejuns pela entrega total e irrestrita das nossas raivas, do nosso orgulho ferido e das nossas teimosias. E só tem um segredo para se alcançar essa paz: converter-se ao SENHOR! O convite de Jesus não é meramente para ocuparmos um banco da igreja e seguirmos uma lista de obrigações religiosas. O convite de Jesus é para o arrependimento, que vem acompanhado de uma vontade permanente de mudança de conceitos.  E, como falou certa vez um pregador, ‘a consciência do Evangelho em nós é PERDÃO. Sem essa consciência é impossível fazer a viagem existencial de mudanças interiores’. Viagem esta, que durante o seu percurso desistimos de dar murro em ponta de faca, posto que um caminho excelente que promove CURA.



Textos Complementares:






5 comentários:

René disse...

Outro dia, Rê, li sobre amargura, em algum lugar... Dizia, mais ou menos, o seguinte: "A amargura faz a pessoa tomar veneno achando que, assim, vai matar o outro".

Creio que esse também seria o pensamento dos "Narcisos", à medida que tentam "matar" tudo que seja contra o "eu maravilhoso" ou contra o "eu autocomiserativo"...

Um dia, "Narcisos" entenderão que não se faz parte do Reino de Deus só por ser "evangélico", ou "cristão", ou "religioso", mas por se aplicar voluntária e definitivamente o Cristo crucificado e ressuscitado, ou seja, o Amor, em sua própria vida!

Abração e continue na Paz!

Regina Farias disse...

Renê, meu desejo é que esse entendimento venha antes dos Narcisos, sedentos em seus egos, se jogarem no reflexo do lago...

René disse...

Que assim seja, porque esse lago é fogo!!! rssss

Regina Farias disse...

Eita, é mesmo!
Isso é muito sério.

O que eu acho mais triste de tudo é que esse tipo de comportamento vem de gente que se diz evangelizada, 'serva de Deus', que tem 'comunhão com Deus' e tal...

O problema do religioso de carteirinha é achar que comunhão com Deus é uma coisa agendada, com hora certa pra o encontro em determinado local e com determinadas pessoas e pronto, enquanto, na verdade, essa comunhão é como nosso respirar, ou seja, constante, sem parar. Daí o 'orai sem cessar" de Paulo. Ele não está dizendo para a gente passar o dia em 're' - petições mecânicas a Deus como se ele fosse um negociante. Ele tá dizendo pra a gente viver uma vida prática cristã, seja em que circunstância for. Que coisa mais hipócrita e contraditória: lá dentro da igreja, performance perfeita, olhar piedoso, sorrisos beijos, cânticos e orações. Cá fora, em meio às dificuldades, detonando o outro com acusações, ironias, indiretas e palavrões.

Wendel Bernardes - Cinema Com Graça disse...

"O problema do religioso de carteirinha é achar que comunhão com Deus é uma coisa agendada, com hora certa pra o encontro em determinado local e com determinadas pessoas e pronto, enquanto, na verdade, essa comunhão é como nosso respirar, ou seja, constante, sem parar."

"Um dia, "Narcisos" entenderão que não se faz parte do Reino de Deus só por ser "evangélico", ou "cristão", ou "religioso", mas por se aplicar voluntária e definitivamente o Cristo crucificado e ressuscitado, ou seja, o Amor, em sua própria vida!"

Vocês se 'completam' em seus comentários, nem preciso dizer que concordo e assino a súmula!
Como se diz no Facebook '#Fato'! (kkk)