(Sarongue na Antiga Civilização ou 'Idade Antiga') |
-Mas o Imperador está nu!- Disse um garotinho.
-Falou a voz da inocência! - Exclamou o pai.
E cochichou para outro o que a criança dissera:
- Ele está nu!
Correu de boca em boca.
- Ele está nu! Bradou finalmente o povo.
O Imperador ficou envergonhado porque sabia que estavam certos.
Mas refletiu: O cortejo precisa prosseguir!
Aprumou ainda mais o corpo.
E os camareiros, solenes, continuaram fingindo segurar o manto real
que não existia.
e não vestirá o homem vestido de mulher,
porque qualquer que faz isto
abominação é ao Senhor teu Deus'.
E nos dias de hoje, então... Bora combinar que não se aplica mesmo nada disso que os mais antigos continuam insistindo em querer impor aos mais jovens que, diga-se de passagem, não estão mais engolindo silenciosamente essa interminável lista de normas relacionadas à própria exterioridade. (Basta ver os comentários destes em determinados blogs)
Portanto, se mulheres de algumas denominações que se ACOSTUMARAM a identificar-se assim, destacando-se orgulhosamente (vaidosamente) seguindo à risca (à risca mesmo? Há controvérsias...), determinações ligadas a exterioridades, mulheres estas que se dizem tão 'tementes' a Deus, se elas vissem mesmo essa prática como algo ABOMINÁVEL aos olhos de Deus, certamente não ousariam descumprir uma ordem divina tão contundente, por mais que 'o trabalho' exigisse. (E por mais que o apóstolo Paulo dissesse para obedecer ao chefe). Sim, pois não são poucas as mulheres que deixam escapar a desculpa esfarrapada 'Ah, eu uso calça comprida por exigência no trabalho'. (Amparando-se em ensinamentos de cartas paulinas sobre submissão)
Outra desculpa esfarrapada, também retirada de todo um contexto de orientações paulinas - que se tornou um jargão intragável - diz que é 'para não escandalizar as mais fraquinhas'. Então, por que não começar esclarecendo? Pois, se aquele comportamento, não provoca em mim quaisquer resquícios de crise de consciência, certamente terei como falar a esse respeito com firmeza e serenidade com qualquer pessoa que me abordar nesse sentido.
Toda essa confusão religiosa me lembra uma passagem em Levítico 18 (versículos de 6 a 18) que muitos crentes de boa fé, porém engessados pelas normas religiosas, também utilizam de forma tremendamente equivocada.
Refiro-me, mais particularmente, a este versículo:
'Não descobrirás a nudez de teu pai e de tua mãe; ela é tua mãe, não lhes descobrirás a nudez'.(v7)
Lembro-me de uma senhora já idosa que havia sido operada e, quando lá cheguei para visitá-la, seu filho sentir um grande alívio pela minha presença, pedindo-me para ir lá no quarto ajudá-la a levar ao banheiro com urgência. Não entendi porque ele mesmo não o fez, e ele me explicou que não podia porque ela estava com pouca roupa por baixo dos lençóis. Além, claro, da exposição inevitável da intimidade em um evento assim. Quando questionei acerca da necessidade urgente dela, ele me deu esse versículo acima. Não concordei e expliquei a que se refere tal versículo. Ademais, que Deus inflexível é esse que impede que um filho auxilie a mãe? E se eu não chegasse ali? E só tivesse ele e mais ninguém para ampará-la? E as mães idosas que só geraram um filho? Deus ia permitir que ele a desamparasse, qualquer que fosse a situação? Deus é, acima de tudo, amparo, zelo, amor, cuidado, auxílio, atenção. E isso, Ele deseja que seja refletido na nossa vida prática, no nosso cotidiano.
Ora, qualquer pessoa que ler do versículo seis até o dezoito entenderá perfeitamente que aquela colocação ali se trata de INCESTO. Não precisa ser teólogo nem ter dons especiais, é suficiente APENAS se despir de regras estabelecidas, para entender o que está colocado de forma bem simples:
Nudez descoberta --> referência a relações sexuais e/ou coabitação.
Isso, porque naquele contexto, havia uma grande devassidão devido às ramificações espirituais e sociais ligadas ao pecado. Além disso, naquela época as pessoas viviam em clãs ou grupos numerosos, vivam em tendas, morava todo mundo junto, sendo tudo isso 'prato cheio' para a proximidade e a intimidade sexual. Inclusive, o capítulo 18 de Levítico se encerra com uma forte advertência (v24 a v30) contra o comportamento sexual pervertido, o que confirma a conotação e o sentido da evidente referência ao incesto.
Enfim... Como falei em comentário sobre 'usos e costumes' em um blog de um amigo, eu lembraria aqui as palavras de Jesus 'não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça', em mais um dos milhares momentos de controvérsias entre Ele e os judeus (com seus usos e costumes como passagem garantida para o céu), onde Ele rebate com veemência o rigor com leis estabelecidas, colocando em segundo plano a necessidade do próximo.
Gente, pensar não faz mal algum. Ao contrário, derruba mitos. Inclusive os mitos que nos oprimem o corpo e a alma. E isso faz muito bem. Liberta! Liberta-nos dos velhos e carcomidos costumes, muitos deles, de origem pagã.
N´Aquele que veio ao mundo, não para nos tirar a inteligência, mas livrar-nos dos nossos pecados. Inclusive, o da opressão religiosa.
R.