"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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terça-feira, 19 de abril de 2011

Sem SER igreja, como congregar?!

 

Nesse lance de "culto em casa" a grande cilada para quem está engessado e nem aí para uma reconstrução verdadeira - é o risco de aderir a esse modismo porque, de fato, cansou de ver essa coisa mecânica e sem sentido de templo, ENTRETANTO insiste em per-ma-ne-cer no velho hábito religioso.

Sim, porque devido ao costume religioso arraigado no peito, o fato de mudar de lugar não significa, necessariamente, que ele vá mudar de atitude, que vá "ser igreja" enquanto respirar. Ou seja, sempre. No cotidiano. Desde as mais simples situações às mais conflituosas. Apenas por algum motivo pessoal transferiu o culto mecânico de um espaço físico para outro e nunca parou para pensar no sentido real de CULTO que tem a ver com vida prática e qualidade de vida em todos os sentidos. E o grande equívoco é que, quando se fala em "qualidade de vida", imediatamente se associa a conforto material, competitividade, se dar bem... Nunca se associa ao que diz Jesus no "vinde a mim" e no qual se principia a regeneração do ser.

Conheço muitas pessoas que trazem esse "culto" para suas residências e simplesmente nada mudou. Per-ma-ne-cem os hábitos, as regrinhas, a santidade exterior do momento sagrado de "culto no lar", incluindo até grande comoção no decorrer, abraços e beijos mil no fechamento do pacote, enquanto NADA acontece em relação ao verdadeiro culto que se projeta do próprio ser para a (e na) existência. Quer dizer: há um ritual religioso na residência, mas não o verdadeiro e constante "culto no lar" que não tem a ver apenas com determinado momento de reunião de pessoas. Paralelo às regras religiosas, a pessoa cultua também os velhos deuses interiores e segue rancorosa, fofoqueira, maliciosa e cheia de melindres.

Quantas vezes se diz e se ouve dizer: "caramba, passaram-se tantos anos e fulaninha não mudou nadinha..." E a fulaninha lá! Marchando pra igreja todo santo domingo, reunindo-se em oração, vestindo-se adequadamente e até mantendo a vasta cabeleira como passagem garantida para o céu. Mas na hora de encarar um probleminha prático do cotidiano simplesmente DENUNCIA a mentira religiosa que vive. O mundo está LOTADO dessas pessoas. É só olhar pra dentro de si mesmo e para o lado.

Ou seja, faz-se apenas uma transferência de local, quando a mudança urgente precisa ser realizada é no SER. Só que pra isso as pessoas não estão dispostas. Elas têm uma estranha atração pela performance. Adoram dizer do culto que transferiram para o lar, mas não adoram a Deus em espírito e em verdade. Adoram inaugurar uma casa de oração, mas saem de lá do jeito que entraram. Adoram estar entre os "irmãos mais chegados" e com todo aquele ritual do templo, mas nos acontecimentos que põem à prova "o fruto do espírito" só há um enooooorme vazio.

Digo isso com tristeza no coração, pois convivo com pessoas religiosas, denominacionais, que seguem meia dúzia de regras religiosas à risca por estarem bem visíveis, mas que não estão nem um pouquinho dispostas a mudar conceitos e valores que nada têm a ver com a "mente de Cristo". Conceitos e valores que (DES)norteiam suas vidas mas que não lhes dão plenitude de vida. Preferem ser e carregar o rótulo de crentes, evangélicas, religiosas. Porque ser discípulo dá trabalho. Cultuar em tempo integral é cansativo para quem vive de exterioridades. É mais bacana vestir uma bela capa e “ir para o culto”. Desnudar-se é se expor e isso é fraqueza para as tais. Mudar dá trabalho, mexe com o umbigo que vai muito bem, obrigado. Bem?! Sei não...


E assim se segue nessa neurose coletiva, cheirando o ópio impregnado nas paredes de templos transferidos para as residências.

Perdão pelo desabafo que para muitos com a vista embaçada pode parecer simples crítica, mas é que me INCOMODA demais presenciar a falsa perfeição que tenho visto no meio religioso. Dói o peito ver que em templos e em residências lá está a velha igreja. Sem nada de novo no coração.

Parafraseando meu amigo René, a minha pergunta final seria: sem SER igreja, como congregar? E, usando suas palavras, “o Evangelho é 'ser'! O Evangelho é 'relacionamento'! O Evangelho é o Reino de Deus aqui na Terra! Isto implica em amor prático, resultante de uma opção consciente, não de u'a mera paixão emocional e irracional. E o relacionamento em amor é tanto vertical, Deus/Homem/Deus, quanto horizontal, Homem/Homem. Mas, para que seja em amor, é preciso que haja transformação constante no Homem, no 'ser', coisa que os rituais religiosos impedem, escondendo perigosamente a inexistência desse amor e, pior, a impossibilidade de se formar, na pessoa, esse amor”.

Que fique a reflexão para que possamos ser pessoas melhores e mais verdadeiras e, em consequência, para um mundo melhor.

RF.



“Não confieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor é este.
Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras,
se deveras praticardes a justiça, cada um com seu próximo”.
(Jr 7:4.5)

8 comentários:

Deus em Mim disse...

De nada adianta irmos a igreja se estamos la como uma geladeira parada a olhar o tempo,mas também não adianta ficarmos em casa se querer fazer algo para Deus,então o segredo é irmos a igreja e fazer ao para Deus ao mesmo tendo.Sermos mais fervorosos na presença do nosso Papai.Ir a casa do Pai nos aproxima mais Dele,e nos faz aprender mais daquele que nos Criou!
Amiga lindo Texto fique na paz do senhor e tenha um ótimo dia!

Adriana disse...

Bem colocado, bispa.

Tudo começa no "ser".

O individuo é base para o coletivo, mesmo que seja um ermitão, se estiver viciado em esquemas doentios, a solidão da caverna fará mal a ele e a todos com os quais tiver contato.

Seu posicionamento completou , fechou a gestalt.

O&A

Rita Lemes disse...

Paz,PAZ!
Regina,muito bom seu desabafo!!
Foi para liberdade que Ele nos libertou!

Mudar a religiosidade e o engano de local não faz de ninguém a verdadeira igreja,ou templo do Espírito,o essencial se dá no SER,e no ser...é transformação que acontece de dentro pra fora,não o contrário...

O verdadeiro templo do Espírito não tem grades que aprisionam a alma(religiosidade),ao contrário, nos liberta de nós mesmos,nos faz livres para SER o que devemos SER....habitação do Espírito da verdade.

Paz e bem na verdade que liberta!

René disse...

Rê,

Fico pensando em Caim e Abel. Ambos ouviram falar de Deus, certamente, através de histórias contadas por Adão e Eva. Ambos sabiam de Sua existência e sabiam que Ele queria Se relacionar com as pessoas.

Mas o mesmo 'ouvir' originou reações diferentes. Caim disse: "Eu sei que Deus existe e que quer Se relacionar comigo. Eu também quero me relacionar com Ele, afinal, Ele criou todas as coisas. Por isto, vou fazer por onde ser agradável a Ele. Minhas ações e o resultado do meu esforço pessoal vão fazer com que Ele Se agrade de mim e reconheça que eu mereço Sua atenção e Sua companhia".

Por sua vez, Abel disse: "Eu sei que Deus existe e que quer Se relacionar comigo. Eu também quero me relacionar com Ele, afinal, Ele criou todas as coisas. Mas o pecado me mantém afastado dEle. Só o derramamento de sangue inocente pode cobrir a vergonha do meu pecado. Vou me colocar por trás desse sangue, assim, Ele verá a mim, não ao meu pecado, e vai Se relacionar comigo, apesar do pecado".

E assim caminhou a humanidade. Alguns, em um determinado momento, reconheceram que nada do que fizessem poderia agradar a Deus, ou aproximá-los dEle. Outros, entenderam que somente através do seu esforço pessoal e de ações que manifestassem este esforço garantiriam o direito de se relacionarem bem com Deus.

Creio que é nisso que seu texto se baseia. Algo antigo na humanidade. Mais antigo que os templos, porque estes são resultado do esforço humano para merecer a companhia de Deus, não a causa.

Neste exemplo, vale lembrar que Abel foi chamado de 'justo' por Deus e que Caim tornou-se uma pessoa amargurada, com rancor no coração, tanto por Deus, quanto por quem se alegrava pela intimidade com o Senhor, sem regras e sem esforço.

Forte abraço, querida amiga, e muita Paz!

Conexão da Graça disse...

Rê minha mana querida, transcrevo abaixo alguns comentários que fiz no blog do René sobre o mesmo assunto com alguns acréscimos e supressões.

1º COMENTÁRIO:"Essa é uma questão que merece nossa atenção...De um lado os "igrejados" que se jactam de sua estrutura e tradição e do outro os "desigrejados" que também se jactam da mesma forma de sua liberdade e simplicidade.A configuração do "modus operandis" de cada um dos lados muda, mas as motivações em grande parte são a mesma: "O EUVANGELHO" que eu pratico é mais bíblico!Que coisa medíocre das duas partes!Creio que precisamos encontrar "A GRAÇA DO CAMINHO", para lidar de maneira sensata, não exclusivista e não rotuladora com essa questão, e ter a sensibilidade e maturidade para não demonizar a vida e espiritualidade alheia, sabendo que existem sim expressões dignas e honrosas de serem absorvidas tanto de "igrejados" como de "desigrejados".Ambos os lados precisam conscientizar-se que nossa referência e "modus operandis" é "JESUS DE NAZARÉ", e não ideologias religiosas sejam elas mais ou menos sofisticadas e estruturadas ou os "ícones" que se destacam no meio por sua capacidade de reflexão e cosmovisão da espiritualidade."Fanatismos velados" e defensores pedrados de uma agremiação religiosa, existem em todos as expressões onde se prega o Evangelho, daí a superficialidade de nossas rotulações que só focam no exteriótipo e não na interioridade das consciências.Escrevo como alguém que já experimentou os dois lados, e viu que só muda o endereço.Se não houver uma consciência profunda de "QUEM É O CAMINHO A VERDADE E A VIDA", simplesmente é só mais uma tentativa frustrada que no final se resume em "lamber as próprias feridas" e voltar ao "próprio vômito".

2° COMENTÁRIO:Apesar de saber que existem excessos e distorções em todas as esferas de espiritualidade que se valem do Evangelho para praticar a fé, como já disse em outro comentário,bem como coisas boas e admiráveis nas várias expressões de "cristianismo", confesso que sou um admirador desse tipo de dinâmica nos lares.Na minha ótica é uma maneira mais simples, consistente de se viver a comunhão e a fé em Cristo, sem as estruturas eclesiásticas que precisam de logística e gestão meio que empresarial para se manterem e com frequência fazendo das pessoas clientes de um produto religioso.Infelizmente a maioria das pessoas gostam de "programas espirituais", e acham que essa maneira de comunhão não traz o "glamour" e a "experiência sensorial" que as super produções denominacionais proporcionam, apesar de não confessarem isso abertamente.

RÊ, SEI QUE SUA INTENÇÃO FOI ABORDAR A QUESTÃO INTRÍNSECA NO TEMA:"NÃO ADIANTA MUDAR O FORMATO, SE A REALIDADE INTERIOR É O VINHO VELHO DO MAU CARÁTER E RELIGIOSIDADE", mais achei pertinente fazer essas observações.

Me desculpe por ocupar um espaço tão grande no seu precioso reduto de reflexão, para encher linguiça rsrsrs...

Um ABRAÇÃO, Franklin

Eder Barbosa de Melo disse...

O que dizer mais, Regina é absoluta kkkkkk brincadeiras a parte, compartilho de seus desabafos, acho que precisamos tornar este tipo texto esclarecedor cada vez comum em nosso meio, isso denota que não nos rendemos, nem perdemos a esperança. Sua postagem me fez ganhar o dia. Ótimo feriadão.

Regina Farias disse...

Gente,

Estou em Fortaleza aproveitando o feriado pra curtir meus dois netinhos, tá?

De vez em quando vou dar uma espiadinha poracá, dar as minhas lidas vitais rss mas só vou me aprofundar na volta, ok?

Beijos,

Rê.

Bom feriadão pra todos.

Anônimo disse...

Só me entristeço porque vejo tanta gente que nem imagina que estas verdades descritas aqui existam, seguem suas vidinhas acreditanto estarem servindo a Deus enquanto permanecem cativas aos rituais e a lei. Ótimo texto pra variar Rê. Bj