"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Com que roupa eu vou?


A roupa na Igreja.
Mas o que há de mal com a roupa social? O quê dá tanta importância ao ato de “vestir-se bem” para ir à igreja? Concordo que esse tema não aborda uma questão candente. De fato, eu não me preocupo muito com o modo das pessoas se vestirem para ir à igreja. A questão candente surge com relação ao significado da “roupa fina” dentro da igreja.

Primeiramente, esta atitude reflete uma separação entre o secular e o sagrado. Acreditar que Deus se preocupa com a roupa fina que você coloca para “visitar-lhe” é uma violação do novo Pacto. Temos acesso à presença de Deus em todo momento e circunstâncias. Na verdade, será que Ele espera que nós, na condição de Seu povo, nos vistamos domingo pela manhã como se fôssemos para um concurso de beleza?

Em segundo lugar, vestir roupa chamativa e luxuosa aos domingos pela manhã transmite uma falsa mensagem: Aquela igreja é o lugar onde os cristãos escondem sua verdadeira cara, “vestem-se bem” para parecerem agradáveis e belos.

Medite sobre estas coisas. Colocar sua “melhor roupa” aos domingos não é outra coisa senão criar uma impressão. Isso dá à casa de Deus todos os elementos de um teatro: Guarda-roupa, maquilagem, acessórios, luzes, porteiros, música especial, mestre de cerimônias, cargos, programa principal.

O hábito de usar “roupa dominical” na igreja viola a realidade de que a igreja é composta por pessoas reais com problemas de difícil solução. Podem ser pessoas reais envoltas em disputas conjugais, mas que após saírem do estacionamento e entrarem pela porta da igreja cobrem-se com grandes sorrisos!

O ato de vestir-se socialmente aos domingos oculta um problema básico subjacente. Fomenta a ilusão arrogante de que somos “bons” porque nos vestimos bem para Deus. É uma pretensão que desumaniza e constitui um falso testemunho diante do mundo. É necessário reconhecer que como seres humanos decaídos são raras as vezes que estamos dispostos a mostrar aquilo que realmente somos. Quase sempre contamos com nossa performance ou aparência (roupa) para fazer com que os outros pensem coisas agradáveis a nosso respeito. Tudo isso é bem diferente da modéstia característica da igreja Primitiva.

Em terceiro lugar, “vestir-se socialmente” para ir à igreja é o mesmo que dar uma bofetada na simplicidade (marca registrada da Igreja Primitiva). Os cristãos do primeiro século não procuravam “vestir-se bem” para atender aos encontros da igreja. Eles se reuniam na simplicidade de suas casas. Não se vestiam para mostrar a que classe pertenciam. Na realidade, os primeiros cristãos faziam esforços concretos para mostrar seu absoluto desdém pelas distinções sociais.

Na igreja, todas as distinções sociais eram apagadas. Os primeiros cristãos sabiam que eles representavam uma nova espécie sobre este planeta. Por esta razão Tiago (2:1-5) repreende os crentes que tratam melhor os ricos que os pobres. Ele repreende os ricos por vestir-se diferente dos pobres. Esta passagem também indica que usar roupa da moda na igreja era uma exceção, não uma regra.

Todavia, muitos cristãos mantêm o falso conceito de que é “irreverente” usar roupa informal no culto aos domingos. Isso não difere da atitude dos escribas e fariseus ao acusarem o Senhor e Seus discípulos de “irreverência” por não seguirem as tradições de seus antepassados.

Deus olha para o coração; Ele não se impressiona com o traje que usamos (1 Sam. 16:7; Lucas 11:39; 1 Pedro 3:3-5). Nossa adoração é no espírito, não na aparência física (João 4:20-24). Em seu livro Ante Pacem: Archaeological Evidence of Church Life Before Constantine (Mercer University Press/Seedsowers, 1985), Graydon Snyder afirma que há aproximadamente 30 cartas disponíveis escritas por cristãos antes de Constantino. Estas cartas são assinadas apenas pelo primeiro nome, o que indica que os cristãos não usavam os sobrenomes dos seus irmãos. A razão: Assim a origem social deles ocultava-se uns dos outros! 

Em suma, dizer que o Senhor espera que seu povo use roupa fina ao reunir-se na igreja, é aumentar as Escrituras e falar aquilo que Deus não disse. Tal prática é mais uma tradição humana. (Mc 7:1-13)

(Fragmentos do Capítulo 5 do livro ‘Cristianismo Pagão’ – Frank A. Viola - Negritos, sublinhados e itálicos meus - RF)

Complementando o texto:
No outro extremo desse teatro, há ainda quem, distorcendo a repreensão de Tiago, aproveita para passar um ideia mentirosa, incorporando um patético personagem que capricha numa performance meticulosamente recheada de ‘simplicidade e piedade’, que vai da indumentária e cara lavada (nos dois sentidos) aos gestos comedidos, voz meiga e sorriso forçado. Esse tipinho, sim, me dá náuseas. Confesso que em certos momentos mais vulneráveis, me dá vontade de dizer ao vestido: 'sai desse corpo que não te pertence'.
R.F.


A atriz Juliana Paes, interpretando uma 'crente'.

6 comentários:

Cristao confuso disse...

Então Regina...rsrsrs

Sou mais pelo complemento abaixo. Creio que o texto em si foi meio raso no que se propôs a dizer.

O autor da análise gasta um tempo precioso de sua atenção incomodando-se com o que as pessoas usam ou deixam de usar... "Cada qual contribua..."

Eu não me visto bem para ir a igreja, já que não é costume na minha comunidade em específico mas, há quem vá muito bem arrumado para os padrões da região,com direito a uso de perfume importado dos mais caros(sem dúvida, o fixador é bem melhor).

Os evangelizadores evangélicos deste país tinham por necessidade -e não tradição - usavam chapéu, terno e gravata, já que provinham de países com inverno mais rigoroso. É normal que as pessoas por eles evangelizadas acabavam adotando o padrão de vestimenta do que consideravam mestres, não é?

Como é um culto numa aldeia indígena amazônica convertida? As mulheres ficam os seios amostra, mas se uma índia resolver usar um colar de seu marido guerreiro, ela estaria ostentando?

Fecho com você quando acaba deixando claro que o texto fala mais do tipo de olho que comenta do que o tipo de roupa que é observada.

Um abraço



http://www.youtube.com/watch?v=iNIIAtADNkA

Regina Farias disse...

PoiZé...

Primeiramente, quero dizer que ri muito com o video. É assim mesmo que acontece por aí. Parece que as pessoas religiosas perderam o senso e não se dão conta do quanto ficaram bitoladas.

Um amigo do meu filho foi fazer um trabalho numa cidade do interior e à noite saiu procurando uma igreja 'de crente' e, logo que encontrou uma, foi impedido de entrar. Motivo: estava com uma camisa estampada. Me poupe, né? Não sei se é de rir ou de chorar, mas de uma coisa eu sei: é patético.

Quanto ao texto acima, eu acredito que não foi uma ideia muito feliz, eu desmembrar uma parte do todo. Ficou parecendo meio tendencioso, como se o autor fizesse mera crítica mesmo. Mas no livro (no contexto geral) eu até acho bacana o jeito com que ele aborda a religiosidade de modo geral derrubando os mitos com embasamento. É bem a minha cara.

Quanto a mim, particularmente, gosto de me vestir bem pra ir à igreja, pra faculdade, pra o shopping, pra o restaurante, pra uma festa de aniversário... Enfim, nada de exagero ou afetação, apenas gosto de estar apresentável em qualquer ambiente, adoro um bom perfume, amo uma maquiagem aprimorada. E asseguro-lhe que não estou nem um pouquinho preocupada com quem não curte isso. Quer ser riponga, seja, ué! A minha inquietação vai ser sempre com esse lance de se querer passar algo que não é, apelando para a exterioridade e usando o nome de Jesus. É isso que eu acho o ó! Daí o complemento que fiz. Era como se no texto faltasse algo super importante que acontece 'dicunforça' no meio evangélico e que parece que há uma certa conivência/cumplicidade por parte dos 'líderes' que na verdade estimulam essa prática e até se envaidecem por considerar isso uma espécie de marca registrada da comunidade que os destacam como espiritualmente superiores. Pura cascata! Me poupe (parte dois rss)

E valeu pela visita e participação. Para mim é um enorme prazer e uma grande honra!

Abs,

Rê.

Mariana disse...

Regina,

Às vezes me incomoda esse negócio de ficarem falando de ir bem arrumada a igreja (se me incomoda, não preciso nem dizer que eu vou)...

Eu tenho o costume de ir bem vestida em qualquer lugar, com o meu maravilhoso perfume, e com certeza, no mínimo com um corretivo, base e rímel pra tampar alguma coisinha, rs! E como não podia deixar de ser, quando vou a igreja não é diferente. Acho que só venho meio largada pro trabalho, porque prefiro perder 15 minutos dormindo a fazer maquiagem.

Ao meu ver, não há a necessidade de ir bem arrumado, largado, ou de qualquer forma que seja, acho que só é preciso ter noção, pra não ir com uma roupa que talvez mostre além do necessário, ou que não tem nada a ver.

O maior problema está nos olhos de quem vê (e geralmente julga) uma roupa como comportamento, e vou falar de mim.

É costume na minha igreja de se usar saia, PONTO. Obviamente, eu uso saia.
Nos dias de culto, observa-se vestimentas que seriam mais condizentes com uma festa black-tie.
É isso sinceramente que eu não vejo com bons olhos. Não estou questionando gosto pessoal da roupa, mas a linha tênue que separa o bem arrumado do enfeitado, como se fosse para mostrar quantas roupas lindas e maravilhosas (há controvérsias! rs) eu tenho no meu armário...

Por outro lado, conto uma história que eu ouvi dentro da igreja (não sou fofoqueira não, hein! tava do meu lado e foi impossível não ouvir- e depois, conter o riso), de uma irmã que contava que não possuía nenhum tipo de vaidade e que gostava de ser humilde, que andava só com as roupas que ganhava (doadas mesmo, não presentes).

Aí é que eu me pergunto... Também não é demais? Você trabalha, tem dinheiro para comprar as suas roupas, e viver a base de doações (lembrando que ela não está abusando da boa fé de ninguém, só aquele negócio mesmo das pessoas passarem pra frente) não é loucura e uma idéia completamente deturpada de falta de vaidade e humildade?

Sei lá, posso ser meio babaca de pensar assim, e devo deixar de "achar" as coisas, mas pra mim, os dois extremos são ruins...


Regina Farias disse...

Oi, Mariana!

Seja bem vinda!

Você complementou muito bem o texto e é bem o que se vê por aí...

Eu, particularmente, repito: não tenho nada com os excessos das mulheres por aí, da falta de senso estético nem da falta de senso do ridículo de ninguém. 'Cada um, cada um', diria um grande filósofo popular rss. A minha inquietação é sempre em se usar desse expediente pra dizer que é do agrado de Deus e blá blá blá... E, pior, como se assim, se destacassem das pobres mortais, colocando-se em nível (espiritual) superior.

Quanto a receber doações, também não concordo, se eu tenho condições de comprar. Parece-me uma mania, e das feias rss E isso é o oposto do Evangelho, diga-se de passagem. O certo é repassar para quem não tem condições de obter e olhe que tem muita gente nessa situação!!! E outra: isso que ela faz não é sinônimo de simplicidade, humildade ou coisa que o valha. Se ela faz porque precisa, isso é necessidade, pois tem muita gente que usa mesmo coisa doada mas pq não tem como comprar... O que tem isso a ver com humildade?!

Muitos denominacionais têm essa mania horrível de achar que andar riponga é ser simples, ser humilde, não ter vaidade. Na minha concepção (e pelo que entendo de Evangelho) a vaidade está muito mais relacionada às coisas do coração do que ao que se usa ou deixa de usar. O que agrada a Jesus é que nos desprendamos do nosso 'eu'. Das nossas resistências, da nossa teimosia, dos nossos próprios conceitos religiosos, nossa soberba, nosso orgulho, nossas mágoas, enfim, tudo que nos impede de estender a mão ao próximo de forma desarmada e desinteressada. Mas o religioso não consegue fazer isso, é mais cômodo o pseudo ar piedoso, aí vive num eterno faz-de-conta espiritual que pensa que se engana e pensa que engana aos demais. Semelhante à historia do Rei que desfilava nu, todo mundo vendo que ele estava peladésimo e ninguém falava nada porque espalhou-se a notícia de que 'aquela roupa' só as pessoas dotadas de uma inteligência superior poderiam enxergar. Com medo de ser questionado ou de questionar algo, o povo preferiu o engessamento, virar marionete, ser comandado, sem coragem para ir de encontro ao que fora determinado ao 'senso comum'. Foi preciso uma criança - de coração livre e sem amarras - bater de frente com a farsa para o povo 'se tocar' e reagir. E, assim, segue-se um grupo enorme na farsa em nome de um Deus que não ditou nenhuma daquelas normas que se segue silenciosamente, pois que o Seu propósito é tão-somente o da reconciliação entre as pessoas a partir de Jesus.

Por fim, vc disse uma coisa muito verdadeira: o lance dos extremos é que é nocivo. Seja no que for.

Valeu pela sua colaboração e volte sempre!

Bj!

R.

Sensatez disse...

Regina linda, como vai?

Eu apareci rsrsrs, faz tempo que ando ausente de blogs...
Gostei do "tendencioso" e verdadeiro texto, ainda que não seja mera crítica...

De fato a roupa mais agradável ao Senhor não é mais bela, mais cara, mais moderna, tão pouco o cheiro do mais caro perfume.
Uma pessoa bem vestida é aquela que está coberta com a verdade, enfeitada com amor, exalando o bom perfume do Messias, e isso não tem preço, e não se compra, é algo natural de quem vive não mais para si, mas para o Pai seguindo no bom Caminho proposto pelo Filho.

Muitas vezes a religiosidade torna as pessoas escravas de si mesmas e de um sistema onde a vitrine é o ser humano, e nisso percebemos que a religiosidade está vestida de hipocrisia e cheirando a falsa conversão..

Óbvio que uma pessoa sensata e fiel as palavras reveladas terá o bom senso de vestir-se com pudor e decência, seja homem ou mulher, mas jamais colocará a melhor roupa para um evento dominical ou sabático se está nua diante do Pai, e digo nua no sentido de estar espiritualmente exposta, sem obediência por fé, sem temor, sem zelo pela verdade, sem seguir o exemplo do seu Redentor, essa é a pior nudez de alguém que se diz servo, pois diante do Criador todos estamos nus mesmo, não há como se esconder,mas o diferencial não é a roupagem exterior, mas a veste de justiça sim é que faz a diferença..

A congregação primitiva vivia de forma simples e como bem resolvida na fé não tinham essas "deficiências' mentais de disputar a melhor roupa, o melhor perfume, para eles a unidade da fé, o vínculo da paz, a fidelidade e o amor eram a roupa certa e vestida em toda ocasião.
Coisa que a moderna sociedade capitalista, religiosa e vazia como sabemos desconhece de todo.

Enfim, a melhor roupa sempre será a justiça, a fé e o amor.
Quanto mais o exterior se engrandece, menos o interior cresce.
As aparências maquiam o verdadeiro estado da alma, quanto mais é acrescentado, mais o coração é sufocado, e a mente anestesiada para a simplicidade de sermos quem somos e não oque vestimos.

A religião ausente da verdade e do amor faz essa realidade que vemos ser cruel, pois desprovida da verdadeira doutrina traz consigo a falsa pena dos escribas gerando um mundo de viciados em aparecer bem na "foto", esquecendo-se de aparecer sincero diante do "fotógrafo"do qual nada escapa...

Gostei de ler!!
Shalom Uvrachá Regina!!! Paz e benção!!


Regina Farias disse...

Rita, pois é, quanto tempo!
Você demorou mas disse a que veio!
Valeu pelas sábias palavras!
É de se ler e reler. Obrigada!
Eu também ando um pouco ausente mas de vez em quando passo a vista nos mais queridos...
Beijo grande!
R.