"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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domingo, 19 de agosto de 2012

Discursos de 'mui' amigos religiosos...






Eu me recuso a acreditar em pontos de vista como o colocado por alguns comentaristas, de que Deus castiga com doença e morte, um filho que desobedece a determinadas regras. Regras tais que nem foram criadas por Ele, e sim que estão arraigadas no imaginário religioso das denominações igrejistas que acreditam que desmembrar-se da instituição religiosa é sinônimo de 'desviar-se', 'cair da graça'. Acham-se no direito de dar justificativas e explicações, analisando e julgando com base em suas próprias crentices, POR QUÊ aconteceu isso e aquilo com os 'irmãos' que abandonaram as mesmas crenças que eles.


As pessoas não percebem que dizem coisas contrárias ao evangelho como 'Deus crucifica a carne...', por exemplo. Estas mesmas pessoas vivem dentro da igreja e ainda não aprenderam que Jesus já pagou por nossos pecados na Cruz. Que Ele foi crucificado em nosso lugar. Que a dívida já foi paga. E a preço de sangue. Parece que muitos dos denominacionais tradicionalistas e fundamentalistas não conseguem atinar para algo tão simples e o sentido básico da Boa Nova, do Novo Testamento, do Evangelho da Graça. Parece que eles não conseguem enxergar o quanto eles mesmos estão anulando o Sacrifício Perfeito.


O 'vencedor', diante de Deus, também perde coisas materiais, sofre, adoece e morre das mais terríveis doenças. Mas, a grande verdade, é que algumas doutrinas religiosas teimam em querer enfiar na cabeça de seu rebanho, a arraigada ideia judaizante que acredita piamente que, se ele está cheio de 'bênçãos', é rico, não tem lepra e não é estéril, é porque é queridinho de Deus; e se um 'desviado' está com um câncer é porque Deus castigou. Ora, Deus usa 'até' os sofrimentos e o mal para realizar os Seus propósitos, mas passar ideia de sadismo e impiedade é coerção religiosa. Deus restaura nosso relacionamento com Ele, primeiramente, para que então possamos, em paz com nós mesmos, nos relacionarmos uns com os outros. Independente das circunstâncias.  Só que, a visão simplista que os religiosos têm acerca de Deus parece que se resume em: 'fulano sofre porque pecou'.


Ora, é na própria tragédia de Jó - citada nesta postagem por um comentarista - que cai por terra esse paradigma religioso. 'Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal'(Jó 1.1b). O que significa que Jó não era, nem de longe, um 'desviado' e, no entanto, experimentou toda sorte de desventura que se possa imaginar. Então, sua história nos aponta para a velha pretensão do homem em querer julgar (e condenar) o outro e querer advogar as causas de Deus, como aconteceu com seus 'mui' amigos com seus discursos teológicos distorcidos e incompletos, conforme suas próprias experiências, suas crenças, suas tradições religiosas. (Nada de novo há...) Os amigos, em vez de perguntarem se ele estava precisando de alguma ajuda, ficaram questionando seu caráter e dizendo de Deus o que não era correto. Contra estes, sim, a ira de Deus se acendeu. Estes que questionavam - diante de um doente tremendamente sofrido - sobre as razões de Deus para permitir aflições. Caramba, não é que o pobre do Jó era ruim de amizade mesmo? (Bom, pelo menos de uns quatro lá da bíblia...) Pois além de estar ali caído, ainda levava 'coice' daqueles arrogantes. Quem tem amigo assim não precisa de inimigo. E, quem opta por seguir essa ideia, dificilmente poderá vislumbrar acerca do controle de Deus sobre os males causados pelo inimigo de nossas almas nem tampouco que nossos porquês nem sempre encontram respostas. Reconhecer Deus nas provações (Jó 19.25), apesar das tristezas e dores, é que é a verdadeira declaração de fé. Com direito a ficar confuso, ué!


Aliás, bora combinar que se fosse pra seguir essa linha de raciocínio limitado de que Deus castiga quem Lhe xinga e renega Seu nome, penso que seria uma excelente oportunidade para Ele detonar a mulher-mala sem alça de Jó. No entanto, não há registro de que Deus tenha aproveitado para se vingar, como querem alguns denominacionais, com seus ensinamentos neuróticos. Uma esposa que não conseguia ajudar o marido nem compreender a dobradinha ‘aflições versus paciência’ que, em vão, Jó tentava ensinar-lhe...  Cá pra nós, quem tem uma esposa daquelas também não precisa de inimigos. E isso não se restringe a Jó. Vemos muito isso no nosso cotidiano... E a psicologia explica, que quando o amor e as tristezas (doenças, frustrações, dificuldades financeiras) se cruzam, o raciocínio do(a) companheiro(a) é afetado, e a relação estremece nas bases. E ninguém melhor do que Jó para entender isso, respondendo com categoria ao insulto amargurado da mulher. (Jó 9.10)


Pois bem: passaram-se séculos e séculos... E absolutamente N-A-D-A mudou! Afinal, isso é bem da natureza caída do homem. Foi preciso o Verbo se fazer carne para que a gente entenda de uma vez por todas DE QUE FORMA O HOMEM DEVE ANDAR NA DIREÇÃO DO OUTRO, e mesmo assim, o povo continua cego, seguindo outro bando de cegos que dão as costas à simplicidade do Evangelho preferindo seguir cartilhas pesadas, ritualísticas, cerimonialísticas, que só os distanciam da sua genuína proposta e que (quase) N-A-D-A têm a ver com o ministério da reconciliação que nos foi imputado por Jesus. E, ironicamente, é exatamente o que acontece em algumas denominações, principalmente entre aqueles líderes religiosos, apavonados e cheios de si, que SE ACHANDO superiores espirituais, viajam na maionese da arrogância ao injuriar, constranger e condenar com argumentos injustos 'em nome do Senhor Jesus'. Isso é ter a pretensão de dizer que Deus disse o que Ele não disse. Isso, é sim, ANULAR o Perfeito Sacrifício. É disso que eu to falando...



6 comentários:

Fabiano Laureano disse...

Muito bom, Regina!

O legalismo é a saída mais fácil para quando não conseguimos aplicar o evangelho nas nossas vidas. Se não nos adequamos às "regras" do evangelho, por nossa dureza de coração, criamos nossas próprias numa tentativa lastimável de nos justificarmos.

Mariana disse...

Regina,

Moro num lar cristão, com meus pais e minha irmã mais nova e posso dizer que lá a democracia é 100% (como diz o meu pai).
Eu e meu pai frequentamos a CCB e minha mãe e irmã outra denominação e nós nunca tivemos problemas em relação a isso, muito pelo contrário, até conversamos sobre tudo, todos os assuntos e não criticamos os hábitos e costumes uns dos outros encarando tudo com bom humor.

Por que eu tô contando tudo isso? Vamos contar outra historinha...

Há cerca de uns seis anos aproximadamente, minha mãe descobriu que estava com câncer.
A primeira e lógica reação foi de choque... Medo, muito medo do que poderia acontecer. Depois, vem a coragem e a força.
Em momento nenhum a nossa fé foi abalada, principalmente a da minha mãe, que sempre nos ensinou a acreditar em Deus e foi um verdadeiro alicerce da minha casa em termos de fé.

Conhecemos várias pessoas, e nesse Brazilzão de meu Deus, onde em cada esquina se tem uma igreja aberta diferente, muitas pessoas foram em casa, e mesmo as que não foram visitar, fizeram suas ligações e informaram que estavam orando pelo restabelecimento da minha mãe, e que para que Deus nos desse força mediante a tudo o que estava nos acontecendo.

Na época, eu tinha meus 16 anos, e meu mundo caiu. Mas, ao mesmo tempo, novinha, tive noção de que todos somos iguais e estamos suscetíveis a qualquer coisa porque somos seres viventes, que nascem, crescem e morrem. E no meio disso tudo, ainda acontecem milhares de coisa. Acabei vendo na prática aquilo que a minha mãe me ensinou: TODOS SOMOS IRMÃOS, não importa a placa da igreja à porta.

E sinceramente, eu fico chocada de alguém acreditar que Deus, do alto da sua piedade e misericórdia, o Deus Pai, que nos enviou seu único Filho para que fosse o verdadeiro sacrifício vivo para remissão dos nossos pecados é um Deus que "pesa a mão".

Todos nós em algum determinado momento da vida passamos por lutas e dor, ou existe alguém é feliz todo o tempo, alguém pra quem tudo dá certo o tempo todo, alguém que nunca fica doente ou que nunca fica desempregado?
Todos nós somos pecadores, ou seja, em maior ou menor grau somos todos castigados, com pequenas ou grandes desgraças?

Isso não é castigo... Pode ser no máximo, permissão divina, ou simplesmente, a vida!
Uma vida cheia de pequenos percalços, de genética, de crise financeiras e de tantas outras coisas!

Mania desse povo de rotular Deus como carrasco, afff!

Resumindo, ADOREI o texto...

Fica com Deus,

Abraaço!

Anônimo disse...

São as mesmas aberrações de sempre... O homem imagina o que Deus 'é' segundo sua imagem e semelhança. Infelizmente isso NUNCA mudará. É a raiz religiosa moldando Deus com mãos de um oleiro...

Papeis invertidos...
Coisa cansativa!

(Wendel Bernardes)

Regina Farias disse...

Fabiano,
Exatamente! É mais fácil seguir umas regrinhas básicas visíveis ao bando religioso...

Mariana,
Sempre que leio depoimentos assim fico muito feliz em constatar que, apesar das doideiras que se lê por aí, essa nova geração vem quebrando os grilhões implantados pela opressão religiosa. E, principalmente, de forma leve, bem humorada, como vc mesma coloca. Afinal, Deus é solene mas não é sisudo.
Eu tb passei (e ainda passo) por situação de câncer entre familiares(tivemos momentos bem dolorosos) e talvez eu tenha aprendido muito mais de Deus nessas circunstâncias do que se estivesse recebendo bênçãos materiais. E em nenhum momento acreditei que fosse por castigo. Aliás, merecimento de absolutamente nada, nenhum de nós tem. Somos todos nivelados no mesmo patamar diante de Deus, só que os supostamente 'certinhos' jamais vão entender isso. Mas, eles querendo ou não, foi Deus quem assim quis, Ele sabe da natureza humana, daí sermos salvos pela GRAÇA, mediante a fé. Não de obras (esforço humano) para que ninguém se glorie. Ora, nós fomos criados por Ele, segundo o Seu propósito PARA ENTÃO realizarmos boas obras, e não o contrário! E nessas 'boas obras' não está incluída nenhuma cartilha religiosa...

Regina Farias disse...

Wendel,

Que prazer te 'rever' por essas bandas!

Pois é. A que ponto chega a pretensão humana! O homem moldando Deus e aprisionando-O dentro de suas maciças paredes religiosas.

Enfim, isso sempre houve e nunca vai acabar...

E assim caminha a humanidade, já dizia o Lulu Santos.

A parte boa é que aqui e ali a gente (re)encontra velhos e bons amigos...

Beijos na família!

Rê.

Wendel Bernardes - Lendas de Vidas disse...

Embora o assunto original num seja lá essas coisas todas (religiosidade é um saco...pombas!) Fico alegre (no bom sentido, ok?) com nosso 'reencontro'... kkkk
Beijos querida!