"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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sábado, 12 de novembro de 2011

O equilíbrio é o Evangelho




O equilíbrio é o Evangelho, onde tudo está encarnado, de tal modo, que é na Encarnação, e somente nela, que eu posso saber o que é vida em equilíbrio mental, emocional, social, e em qualquer outra área.

Nosso problema é que Jesus acabou por se tornar uma construção doutrinária. Cada grupo constrói o 'seu Jesus', e conforme a sua teologia sistemática, e que é o fruto de suas pré-concepções, e que buscam na Bíblia uma sequência cada vez maior de versículos afins, posto que a melhor doutrina é aquele que sistematiza o maior número de passagens bíblicas.

Isto, é claro, posto por mim de maneira hiper-simplificada. Mas é assim que é. Ora, Jesus ensinou a ser santo como o Pai, ou bom como o Pai, ou amante do tipo de amor do Pai - que é Graça para com todos, maus e bons, justos e injustos!

Viver o ensino do Evangelho - onde Paulo diz que “a uma” se tem tudo: justificação, santificação, justiça e sabedoria de Deus - nada tem a ver com o que a ‘igreja’, em geral, ensina. Na maior parte das vezes o que se ensina é que Jesus pagou um preço forense de redenção, conforme o sistema jurídico dos romanos, e, assim, nos libertou da ira de Deus, mas nos salvou para a gente demonstrar que está salvo mediante ações de perfeição.

Tal conceito de perfeição muda de grupo para grupo. Os mais protestantes veem-na como perfeição na doutrina, no saber, e na conduta. Os mais pentecostais se voltam para perfeição como legalismo de usos e costumes e como manifestação do sobrenatural; e que, nesse caso, é o validador da benção de Deus; se Ele se agrada ou não da vida que diz servi-Lo. Prova disso é que a santificação pentecostal é fruto de se agradar a Deus com mortificações de vontade e desejos, até que se ‘fale em línguas’, como suposta marca definitiva do ‘batismo com o Espírito Santo’. É a santificação pela consagração da justiça-própria.

No primeiro caso gera-se uma fé grega, de doutrinas e sistemas, mas que não gera vida nem pacifica o ser. O coração não se satisfaz com nada que não seja vida. Doutrinas, portanto, servem para o ‘game intelectual’, satisfazem aos que nada querem no íntimo - mas apenas na cabeça - e como estrutura de pensamento sistematizado conforme a melhor lógica. O fruto disso é o racionalismo doutrinário - cheio de certas certezas - e arrogante com os ‘incautos e ignorantes’.

No caso da tendência ser pentecostal, o resultado está aí, à nossa volta, e nos cerca de todos os lados; e o fruto desse pensar-sentir é também arrogância, juízo e uma fé que depende do homem, e que é do homem; sendo que a santificação nesse processo acontece como desistência das ‘vaidades da aparência’ - deixando tudo feio - e o mergulho na busca de agradar a Deus pelas provas de renúncia de tudo. É o tal do sacrifício, ou da consagração, ou da santificação. Santificação, para esses, se resume a uma palavra: não!

Ora, nenhuma dessas coisas realiza o bem da alma, posto que todas elas são esforços humanos, e não há nelas descanso na Graça de Deus. O descanso na Graça, o refúgio, a ancora jogada para além do véu, só acontece quando a pessoa crê, entrega e descansa em confiança; sem barganhas com Deus e sem a presunção da auto-santificação; ou da auto-qualquer-coisa.

Quando Jesus deixa de ser doutrina ou deixa de ser apenas o crucificado que pagou o preço forense de nossa redenção, e passa a ser Deus vivo em nós, e quando a Palavra deixa de ser objeto de estudo lógico-sistematizante e é vista apenas como o que ela é, Palavra da Vida, então surge dentro de nós, sem esforço, a tendência da vida, o pendor do Espírito e o provar simples e natural das coisas excelentes.

Quem diz que o Verbo se fez carne, também diz que a Palavra está interpretada nas palavras e nas ações de Jesus. Sendo que são os gestos de Jesus - Seu modo de ser e tratar a todos nesta vida - aquilo que é o Evangelho em sua interpretação.

Não tente explicar Deus! Se Ele manda orar, ore; se Ele manda amar, ame; se Ele manda confiar, confie; se Ele manda que nos submetamos à Sua vontade, façamos isto; se Ele diz que seu mandamento é amor - pelo amor de Deus, não inventemos uma teologia dogmática ou sistemática.

Nele, em Quem temos salvação, justificação, santificação e sabedoria.


LEITURA COMPLEMENTAR:



4 comentários:

Ricardo Alexandre disse...

Suas palavras são bem profundas. Li uma meia dúzia de vezes.
Ontem, 13/11/11, o Domingo espetacular exibiu uma matéria sobre o movimento do "Cair pelo Espírito". Foram cenas lamentáveis. O movimento pentecostal não é aquilo.

Sou pentecostal, embora minha própria igreja diz que não. Porque não gosta de comparação. E estou orando por um avivamento coletivo porque, na CCB as "linguas estranhas" estão se tornando "coisas estranhas".

Regina Farias disse...

Ricardo,

Este texto acima não é meu, apenas ousei fazer algumas adaptações para dar uma 'enxugada'.

Quanto à matéria eu não vi mas li algo a respeito rapidamente no "Notícias Cristãs". Mas imagino as cenas... E é por essas e outras que o 'crente' é ridicularizado.

E eu também (e não é de hoje) SEMPRE achei muito estranha essa forma como conduzem esse falar em línguas estranhas assim abertamente dentro da CCB, assustando/intrigando/silenciando/sufocando as pessoas mais sugestionáveis, (principalmente as crianças) e, pior, sem qualquer finalidade prática ou sentido coletivo. (Já que 'o falar em línguas' é para a edificação PESSOAL)

Oremos!!!

R.

Regina Farias disse...

Ricardo,

Eu 'preparei' meu fígado e meu estômago(já que por uma questão anatômica não tenho 'ovo') e hoje resolvi assistir ao vídeo.

Inclusive, em algumas (pouquíssimas)situações daquelas filmadas, eu sou bem familiarizada, vez que minha conversão esteve, digamos, 'ligada' à igreja (carismática) que eu comecei a frequentar e que entrou nesse modismo justamente em 1994.

E eu não tenho apenas familiaridade, como também 'caí' várias vezes, sendo que antes eu resisti bastante, já que sou de natureza 'do contra' rss e espírito super crítico.

E, sinceramente, mesmo tendo sido em ambiente super discreto, de número reduzido de pessoas, sem estardalhaços e muito menos filmagens, eu não vi fazer nenhuma diferença na minha existência, na minha vida prática cristã. No máximo, algo super momentâneo, um incrível bem estar, como se você tivesse tomado uma bebida forte, um relaxante, uma droga, nada mais do que isso. Claro que, sugestionada pelo ambiente, som baixinho,(nada contra o rock rss) música lenta e tal, vc associa a uma visão do céu. Mas nada mais do que isso. Essa é minha maneira de ver o que eu mesma já experimentei algumas vezes.

Fico com o que diz o psicólogo Jacob Goldberg que diz que a histeria diminui o senso crítico provocando uma entrega passiva. Para mim, entrega a Deus é entrega pacífica, mas jamais passiva e sim lúcida e com os pés bem firmes no chão da existência.

Fico também com o que diz a cabeleireira que, quando a filha morreu, procurou conforto junto aos que a ajudaram/induziram a 'cair no espírito' e não encontrou ninguém para ajudá-la. Fico então com uma frase dela, dessa mulher que nunca estudou teologia mas que fala com lucidez e serenidade mesmo sofrendo a dor e a ausência da filha querida:

- Deus não quer te jogar no chão, Ele não quer ver você cair. Ele quer te levantar.

Não faz muito tempo, estava eu na casa de uma amiga católica carismática e a filha dela (uns 16 anos, acho) chegou com o nariz todo arrebentado, sangrando e toda orgulhosa, feliz da vida, dizendo a todo mundo que havia 'caído no espírito'. Falei isso em texto recente. O mais lamentável é que passa a fazer parte da 'doutrina'.

Enfim, se a Sandy Gospel entra nessa exposição pública é lá com ela. É problema (e responsabilidade Mt 7: 22.23) dela, enquanto evangelizadora. Eu, particularmente, fico com o cicio suave. Foi assim que Ele se revelou a mim. Leia o capítulo 19 inteiro de I Reis. Ele teve grande importância no início do meu 'descansar no SENHOR' que continua até os dias de hoje em meio a esse caos chamado relacionamentos...

'E um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do SENHOR; porém, o SENHOR não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto; depois do terremoto um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo um cicio tranquilo e suave.'

No AMOR, que não confunde,

R.

Regina Farias disse...

...e como diz o título deste texto acima e de maneira bastante apropriada:

O EQUILÍBRIO É O EVANGELHO!