"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Batismo no Espírito Santo




Eis a minha compreensão acerca do assunto, totalmente despida dos religiosismos que clamam por algo emocional coletivo, um fogo extraordinário, um sinal, uma visão estonteante. E não apenas compreensão ‘intelectual’, mas - acima de tudo - experiência pessoal. Sim, porque o batismo no Espírito Santo é uma experiência pessoal. Única. Que envolve tudo, intelecto (mente, alma, psiqué, como queiram), corpo, e espírito posto que é uma mudança radical no SER. É quando se diz que se ‘nasceu de novo”.

O que tenho observado ao longo dos anos é que fica difícil aos pentecostais engessados entenderem que não há um ‘poder’ especial na pessoa. Assim como nenhum ser humano na face da terra é capaz de ‘transferir’ esse suposto poder para alguém por meio de algum ‘ritual sagrado’. Simplesmente ele ‘nasceu de novo’ para a existência, para uma VIDA PRÁTICA proposta pelo evangelho sem a exacerbação de seus sentimentos, e sim, pela valorização de ser; e não, de 'sentir'.


Cada pessoa tem seu momento especial do batismo no Espírito Santo. Dizem que quando C.S. Lewis caiu em si disse apenas: Deus, tu és Deus! Ora, Deus é soberano e não precisa de templo religioso para 'fazer sua obra'. E até pode acontecer lá dentro, mas da mesma forma que acontece aos montes aqui fora. O espaço físico é o que menos conta.

E, pegando emprestada a expressão de um pregador da Palavra, tem a experiência ‘súbita’ e a ‘gradual’. Jamais estando pronta, inacabada, pois é um processo pra vida toda. Mas que houve um inconfundível ponto de partida, isso é claro como a água e queima como fogo!!! Queima o peito, rasga a alma, dilacera o coração, incinera todo o lixo fétido do ‘eu’ religioso, do ‘eu' egoísta, do 'eu' teimoso, do 'eu' pretensioso, do 'eu' arrogante do eu, eu, eu… Pois, meu irmãozinho, só mesmo fogo pra derreter, queimar e transformar em pó todas as baboseiras que se amontoaram e se solidificaram feito pedra em nossos corações ao longo das peregrinações doutrinárias/religiosas. Mas aí a água cristalina vem e limpa. E transborda! E transborda sempre. Transborda para sempre.

Como disse Jesus, mais uma vez usando largamente de metáforas:
-quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
Isto Ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber OS QUE NELE CRESSEM. (Cf Jo 8:38.39)


Pois bem….
Nessa regeneração há uma mudança radical nos conceitos da pessoa, pois ela passa a enxergar sob a perspectiva de Deus, e não conforme a própria perspectiva, como antes. E aqui eu não me refiro a regrinhas religiosas, até porque, como bem diz Paulo aos gálatas, se somos guiados pelo Espírito, não estamos debaixo da lei, ou seja, não precisamos que alguém nos dite normas, que nos espione, que nos reprima com ditames opressores.


Nosso bom senso, nossa consciência, nosso novo modo de enxergar/ver/fazer/conduzir as coisas nos ambientes em que circulamos por aí, nos proporcionarão ‘o fruto do Espírito’ que pouco ou nada tem a ver com ‘não faça’. Ao contrário, tem muito mais a ver com ‘faça’ onde o AMOR que nos preenche o ser - e esse preenchimento é um processo sem fim -  se faz evidente no nosso proceder com o próximo.  E tal preenchimento é um kit de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e o domínio próprio que o religioso acostumado com exterioridades distorce e usa tais ‘artifícios’ para exibir sua pseudo-piedade.

Nos Evangelhos de Mateus e Lucas lê-se a expressão ‘fogo’, porém em Marcos não há nenhuma alusão nesse sentido e João – QUE FOI QUEM BATIZOU JESUS – não viu fogo nenhum, pelo contrário, o que ele viu foi  ‘o Espírito descer do céu como uma pomba e pousar sobre ele’ (Jesus).

Fogo, água, pomba, metáforas, simbolismos e visões à parte, eu, particularmente, fico com a pureza e a leveza da discreta pomba. São minhas viagens poéticas bem pessoais nas quais me delicio e que nada têm a ver com influência deste pregador ou daquele dirigente espiritual.  Graças dou Àquele que nos concede essa capacidade de, com os pés no chão, fazer essa viagem sadia tirando-nos da neurose religiosa que nos deixa ansiosos e ávidos por uma queima de fogos de artifícios divinos. 

Graças dou Àquele que nos faz descansar na paz que excede todo entendimento, colocando o pé no chão da louca existência ajudando-nos a viver com lucidez, com a mente sadia e equilibrada em meio a todo esse vendaval chamado relacionamento. Roubando a conhecida frase de um pregador, eu chamaria essa lucidez de 'bênção da sanidade mínima' que nos faz cumprir o ministério da reconciliação, conforme pontua o apóstolo aos coríntios.

E eu, pessoalmente, em todos os dias da minha vida quero agradecer e louvar ao Deus da minha respiração – antes uma respiração literalmente ansiosa e angustiada – e cujo Espírito, UM DIA, sem nenhuma queima de fogos de artifício, mas que ardeu meu peito, disse em voz inconfundível: deixe que eu tome conta da tua respiração.

Não estou querendo influenciar nem convencer ninguém, até porque eu bem sei o quanto é difícil a compreensão para quem já está ‘catequizado’assim como também sei que não é impossível pois eu também já fui ‘catequizada’ e já fui ‘evangelizada’; mas, mesmo sabendo da minha limitação humana ao abordar esse tema, posso dizer sem receio de errar que, por mais que a religião insista em seus rituais como forma de regenerar o homem, não existe nenhum cerimonialismo especial e programado para o batismo no Espírito. Você pode se batizar cem vezes com a água do batismo da sua religião, mas o batismo no Espírito Santo tem seu momento especial, único. Intransferível. E que independe de religiosidade, de qualquer informação doutrinária ou aconselhamento denominacional. Pode ser em qualquer espaço ou ambiente físico, pois acontece no ambiente do SER.

Enfim, apesar de me estender, o certo é que não há muito o que dizer. É só vivenciar. 

É crer para crer.

RF.

Texto a partir de comentário feito  AQUI.

7 comentários:

René disse...

Rê,

Gosto muito da "leitura" que você faz do assunto. Entendo da mesma forma.

Mas gostei especialmente de uma expressão usada por você: "kit", ao se referir ao fruto do Espírito. Veja bem: FRUTO, sem 's'! Singular, não plural! Tenho visto muitas pessoas se referirem "aos frutos" do Espírito. Mas, na verdade, é como você disse: um kit, que é algo único, mas é completo. E esse fruto, esse kit, não surge como resultado súbito da presença do Espírito na vida das pessoas. Ele é gradual e pode ter cada um de seus itens trabalhados na pessoa, pelo Espírito, em diferentes momentos, sem deixar de ser um só fruto.

Como você concentra sua dissertação sobre o "batismo no Espírito", não no "viver no Espírito", gostaria de esclarecer, antes que alguém aponte o contrário, que os dons do Espírito continuam existindo. Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. O que muda são as necessidades, prioridades, para que tais dons sejam manifestados por Ele através de alguém. E isto é muito diferente do que se tenta demonstrar em muuuuiiitos locais, hoje em dia.

Forte abraço e continue na Paz!

Regina Farias disse...

René,

Bem apropriada essa sua colocação acerca dos dons, assim como a sua percepção para o meu enfoque. Valeu.

Muito me alegram seus comentários pois eles sempre servem para enriquecer/acrescentar e principalmente esclarecer alguns pontos que porventura possam gerar ambiguidade ou certa confusão.

E, falando em 'confusão', essa era a questão na igreja primitiva. Havia enorme confusão quanto aos dons e vejo que isso permanece nas igrejas onde supervalorizam o 'falar em línguas' como se servisse de currículo. Até está na minha pasta de rascunhos um texto que antes era um comentário também, onde abordamos em outro blog esse assunto. E onde houve também mal entendido, pois alguns achavam que eu estava debochando das línguas.

Deus te abençõe e que vc continue com sua valiosa participação,

R.

Ricardo Alexandre disse...

Regina,
Três experiências maravilhosas ocorrem na minha vida:

1. O Espirito Santo me batizou (se assim podemos dizer) estando eu ouvindo escondido uma pregação. Isto mudou minha vida. Compreendo que foi minha conversão e novo nascimento;

2. O batismo nas águas para mim foi um simbolo que representou esta experiência - Um sinal visível desta obra invisível.

3. Recebi outro batismo. Estando congregado, durante a oração, um novo poder desceu em mim e comecei a falar em línguas estranhas.

Entendo que o 1° é uma dádiva de Deus para o pecador. E o 3° uma dádiva para o salvo.

René disse...

Rê,

Se você me permite, gostaria de fazer uma observação sobre o comentário do Ricardo.

Efésios 4.1-8:

“Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam.

Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.

Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.

Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só;

HÁ UM SÓ SENHOR, UMA SÓ FÉ, UM SÓ BATISMO,

um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.

E a cada um de nós foi concedida a graça, CONFORME A MEDIDA REPARTIDA POR CRISTO.

Por isso é que foi dito: ‘Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativo muitos prisioneiros, E DEU DONS AOS HOMENS’.” (Caps. minhas).

Considero este trecho um resumo perfeito de tudo o que é dito sobre o batismo no Novo Testamento, além de conter outras lições importantes. HÁ UM SÓ BATISMO!

O entendimento do Ricardo em seu segundo item, dizendo que o batismo nas águas foi um símbolo do batismo com/no Espírito, é correto, pois isto é realmente um sinal visível do que é perfeito e já aconteceu dentro da pessoa.

No entanto, vejo que o terceiro item de seu comentário é resultado de uma pequena e normal confusão em relação ao batismo. Trata-se da manifestação de dons do Espírito, com o qual a pessoa foi batizada, e que muitos consideram um outro batismo (normalmente chamado de batismo com fogo). São os dons que Jesus deu aos homens, através de Seu Espírito que neles está, não um novo batismo! Não há margem para esse tipo de conclusão na Palavra, a não ser, pela tradição dos homens.

Quando a Palavra diz que fulano estava cheio do Espírito, ela se refere à manifestação de dons do Espírito através desta pessoa, que já tem o Espírito nela desde o seu batismo efetuado pessoalmente por Jesus (que é Quem batiza com o Espírito). Neste caso, a Palavra não está falando de uma nova descida do Espírito Santo sobre a pessoa, um novo batismo, como muitos tentam demonstrar, mas da manifestação de Seus dons.

Espero que você não me leve a mal por esta observação, Rê, muito menos, o Ricardo.

E que ambos continuem na Paz do Senhor!

Abçs.!

Regina Farias disse...

Levar a mal?!

É um aprendizado precioso e eu agradeço muito!

E mais ainda por ter sido feito de maneira enxuta e com enorme clareza.

Espero que, assim como serviu muito para maior compreensão minha, sirva também para outros. Essa é a ideia...

Deus te abençõe!

R.

Regina Farias disse...

Falando em 'confusão' (e mesmo saindo o pouco do tema), eu vejo que o equívoco em muitos de boa fé, é devido ao HÁBITO (costume) denominacional de aplicar versículos soltos em suas doutrinações. Para mim, a pior coisa que pode acontecer ao homem é acostumar-se.

Veja, por exemplo, lá no blog do Ricardo,(http://bereiano.wordpress.com/2011/11/07/o-selo-do-espirito/) o comentário de uma pessoa que identificou-se como Samuel (com todo respeito pela pessoa dele) e que saiu citando versículos dessa forma que falei. Aí eu não me contive e fiz meu comentário mais 'em cima' do dele do que propriamente em torno do texto.

Para mim, o risco é sempre esse. Não sou nenhuma teóloga nem pretendo ser, do contrário já teria tempo suficiente pra sentar nos bancos acadêmicos teológicos. Apenas não saio engolindo qualquer coisa que me entregam pronta, antes examinando na Palavra a maneira correta de viver conforme o evangelho, para uma existência sadia, sem as neuroses da religião. E, claro, aqui e ali, se comete vacilos, e euzinha confesso que já usei alguns versículos soltos, mesmo sabendo da importância do seu contexto. Um mais recente, inclusive (abafa rss) foi quando disse sobre igreja (esse é um erro clássico) ser 'onde estiverem dois ou três reunidos... ' quando na verdade a referência que Jesus faz, nesse sentido, é em relação ao perdão. Esse que eu me lembro no momento, mas são tantas a cabeçadas afff

Enfim, até Pedro, que andou com o próprio Mestre cometeu altos vacilos em relação a verdadeiras heresias, imagine euzinha pobre mortal rss

A parte boa é estar com a mente aberta para reconhecer vacilos, voltar atrás, ter humildade. Para mim, APRENDER é isso. E, um aprendizado que só tem valor se for aplicado na nossa existência, nosso cotidiano, nossos relacionamentos. Senão... Para que serviria?

René disse...

Rê, minha querida amiga,

Falando em confusão, não podemos esquecer que confusão acaba promovendo mais confusão ainda!!

Você disse, neste seu último comentário, que 'onde estiverem dois ou três reunidos... ' se refere unicamente ao perdão, não à Igreja.

É certo que essa frase está inserida em um texto, e também contexto, sobre o perdão, mas vamos dar uma pensadinha sobre o significado dela:

Antes de dizer essa frase, Jesus ensina sobre o procedimento de exortação a um irmão que erra contra a gente e então diz o porquê de nos ensinar este procedimento: "Digo-lhes a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu".

Se Ele parasse por aí, as pessoas se sentiriam com poder ilimitado, nelas mesmas.

Então, Ele explica o porquê desse poder de ligar e desligar no céu: é pelo fato de pessoas se reunirem em Seu Nome, ou seja, agirem como Sua Noiva, como Suas embaixadoras, sendo Igreja, enfim, que Ele Se junta a elas, conferindo e corroborando tal poder.

Veja que a frase 'onde estiverem dois ou três reunidos... ' começa com a palavra "Pois". Isto quer dizer que há uma sequência de informações que culminam com a explicação, ou justificativa, dessas informações. Em outras palavras, "é assim, porque vocês são Igreja, e vocês são Igreja, porque Eu estou com vocês e ajo através de Meu Espírito em vocês.

Concluindo, entendo que você não cometeu nenhuma gafe, muito menos causou confusão, ao ligar essa frase com o "ser Igreja".

Abração e Paz!