"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O fio da meada.

Ultimamente, embora não tenha tido inspiração para escrever no meu blog e nem mesmo esse tempo todo disponível, tenho visitado determinados blogs... Engraçado isso, pois me considero em fase de desintoxicação urgente e necessária rss.  E, embora não saiba bem a que se deve essa visita constante - que já me deixa bem familiarizada e confiante para falar à vontade - confesso que me atrai tamanha lucidez e compreensão em gente tão jovem, ainda que seguindo os passos de certa denominação religiosa, digamos, tão fechada. Certamente é essa dobradinha que me fascina, pois, bora combinar, poucas são as pessoas  ali que se abrem, desarmadas e transparentes...

Bem, mas eu estou querendo mesmo é destacar um trecho de um comentário do multifaces misterioso que, vez por outra, dá o ar da graça (graça?!) no blog do meu amigo Hélio. Na verdade, eis a expressão que muito me chamou à atenção no trecho do comentário: 'o fio da meada'. (E até fiz meu comentário lá também. Mas aí eu tive a ideia de rearrumá-lo e transportá-lo para cá).

Eis a pérola:

“Os SANTOS PADRES e os imperadores cristãos deram forma e corpo àquilo que você deve chamar de Novo Testamento, determinando o valor ou conveniência desse ou daquele texto. É por isso que o protestante se perde na compreensão da Escritura. Ele não tem o "fio da meada" guardado sob as chaves de Pedro e segundo a Tradição Patrística”

Com a leitura desse fragmento de texto colocado acima entre aspas, me pego refletindo sobre o quanto a religiosidade é algo acirrado nas mentes das pessoas, tornando-as obtusas.

Em pouquíssimas palavras, enquadrou-se tudo -  denominação religiosa, gurus espirituais, líderes religiosos, obras, tradições... - só não teve espaço para o nome de Jesus. Ele está simplesmente EXCLUÍDO. Até da própria história, imagine da própria existência. Enfim, diz a Palavra que a boca fala do que o coração está cheio... Não é de se admirar que a briga é sempre entre os que estão dentro de determinada 'igreja'. Afinal, o chamado de Jesus é 'para fora' desses arraiais religiosos que alimentam a crença em detrimento da fé. Porque, note-se, a tônica ali naquelas poucas palavras é a crença. E não, a .


Considere-se ainda que há uma diferença gritante entre crença e fé. Crença tem sempre a ver com algo externo, um pacote de doutrinas que se segue, que se professa, que se defende conforme a cultura religiosa absorvida e aceita como 'certa'. Observe-se que CRENÇA está sempre ligada à exterioridade, a uma coletividade, a um grupo religioso.

Fé é algo que não aparece, não se mostra, por estar/ser relacionado à vivência estritamente pessoal. Independe de crença, de denominação, de normas igrejistas, de guru espiritual tal me dizer como devo conduzir minha vida.

Em algum momento você vai ter algumas experiências PESSOAIS, alguns insights que vão te dizer a respeito de fé, sem que precise de nenhum LUGAR, nenhum espaço geográfico; e de nenhum local denominacional criado por um líder que foi endeusado através de décadas só porque fundou determinada igreja debaixo de fogos de artifício celestiais. 

Essa experiência, esses insights, são pessoais e intransferíveis. Isso é presente de Deus, liberdade concedida a TODOS os seres humanos. O que eles vão fazer com isso... aí é que tá! Se vai ser saudável ou opressor, se vai ser engaiolado ou livre de amarras religiosas. 

Por outro lado, não podemos fazer vista grossa e passar ao largo das doenças da alma que assolam os átrios religiosos oprimindo as pessoas e fazendo-as alienadas e infelizes em nome de uma eternidade que as fazem viver uma emocionalidade coletiva e um inferno pessoal aqui e agora. (A própria História que o diga!)
Daí estive pensando quem terá sido que perdeu o fio da meada...
Se foi aquele que, pela fé, professa o nome de Jesus ou aquele que adora aplaudir as próprias crenças como se estive em um concurso. Sim, pois certo tipo de discussão não se baseia em fé, mas em meras (des)crenças. 

Ora, na fé não se precisa provar nada, a crença é que se alimenta de analogias, pressupostos e performances. Na fé, atendemos a um chamado de Deus para conhecê-Lo; na crença, atendemos a religiosos que nos sufocam com um kit informativo/cerimonioso supostamente sagrado. A fé não impõe rótulos que nos justifiquem; a crença indica a importância histórica do currículo espiritual, exaltando chefes 'espirituais', reis e imperadores, com o que eles disseram e o que deixaram de dizer. Na fé, a nossa experiência é diretamente com Deus, por meio de Jesus. Na crença, a experiência é meramente religiosa sempre baseada no comportamento exterior.

Tem gente que prefere a complexa coletividade religiosa, a ser simplesmente discípula de Jesus; prefere idolatrar a tradição que levanta muros, a cumprir o ministério da reconciliação; prefere defender com unhas e dentes a sua facção, a reconhecer uma verdadeira irmandade na comunhão com aqueles que discerniram o mistério de Deus em Cristo; prefere briguinha de comadres do que anunciar essa Boa Nova, esse Amor; tem o maior prazer em repartir a pizza religiosa entre as quatro paredes do templo sagrado, a viver/conviver/celebrar com aqueles que também amam o mesmo Amor que a eles se revelou em Cristo. Ou não se revelou?


Enfim... Quem sabe um dia a gente cresce, deixa as coisas de menino de lado e, então, larga a crença de mão... E abraça a fé! E aí, meu irmão, não há como se perder o fio da meada.

11 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom! Ainda bem que o "fio da meada" é Jesus e não temos como O perder já que por Ele fomos e somos achados de uma vez para sempre. Paz e bem.

René disse...

Veja que interessante, Rê:

Hoje cedo, li um texto de Peter Rollins no 'Bacia das Almas', do Paulo Brabo, onde um trecho diz o seguinte:

"A única opção que resta ao apologista que é confrontado com alguém que de fato aprecia a vida é tentar demonstrar que esta pessoa se recusa a enfrentar a realidade e está, na verdade, clamando por Deus pela via de sua negação. Se não conseguir convencer essa pessoa feliz de que ela é, na realidade, infeliz, fica sem outra opção que não seja rejeitá-la como alguém aferrado à rebelião, ao engano e à desobediência".

Além disso, estou escrevendo um texto onde digo o seguinte, sobre ser discípulo: "Esse chamado, que se mantém através do Espírito de Cristo, agora estendido a todas as pessoas, continua o mesmo: é um chamado à vida sem um roteiro pré-estabelecido; não há certezas! Pelo contrário: o que existe é um caminho apertado, de dúvidas, de incertezas, rumo ao desconhecido!".

Acho que ambos falamos o mesmo que você.

Necessário, esse conhecimento!

Forte abraço e continue na Paz!

Regina Farias disse...

C.

Exatamente! Você definiu de forma simples e direta. Assim como Ele é. Assim como deve ser a nossa existência com Ele no comando.

R.

Regina Farias disse...

R.

Essa sintonia é muito interessante. Como diria o Jotacê sumido: mixxxxxxtéeeeeeerio :)

Pois é...

O religioso tem respostas legalistas mas não sabe viver leve. Muito fácil de entender: onde impera a lei não há espaço para a GRAÇA, que nada tem a ver com regras e imposições e apenas com consciência.

Vou lá na 'bacia' conferir, gosto de ler o PB.

E aguardo ansiosa pelo seu rss

Abs (q num é freio rss)

R.

Regina Farias disse...

R.
Fui lá na 'bacia'.
Incrível!
Para mim, um complementa o outro.
Caramba, o vento sopra onde quer... Como diz você, não existe um roteiro pré-estabelecido.
E, principalmente: a vida é pra se celebrar e não para cumprir regras, regras, regras, leis, leis, leis, normas, normas, normas!
Abs,
R.

Hélio disse...

Eu li esse texto ainda pela tarde e somente tive tempo de comentá-lo agora.

Tarefa árdua é você anunciar a fé e a graça de Deus para aqueles que já mesclaram fé com crenças e graça com religião.

É como tentar separar o leite do café quando eles se misturam, portanto tarefa nada simples para nós meros mortais.

Todavia para Deus nada é impossível e somente Ele para abrir os olhos daquele que esta cego.

Enquanto isso seguiremos...

Deus te abençoe!

Regina Farias disse...

Hélio,

Lembro-me sempre das palavras de Agostinho:

"Pregue o Evangelho, se necessário, use palavras".

E cá estamos nós rss

O mais é com o Espírito Santo, que separa qualquer 'café com leite' dos conceitos e valores. Por mais dissolvidos e/ou petrificados que estejam...

No amor de Cristo,

R.

Sonia disse...

Cada um sabe o segrêdo que há entre si e Deus...

Regina Farias disse...

Pois é, Sônia.

Só Deus conhece os segredos dos nossos corações.

"Quem há que possa discernir as próprias faltas?" diria o salmista no capítulo 19

Só Ele sabe quem se abriu e quem se fechou para Ele...

entretanto, há quem pense que rejeitar o Evangelho, é rejeitar certos discursos religiosos, mensagens de determinado partido religioso'testemunhos' e profecias fajutas.

O Evangelho, para mim, é receber o presente de estar pacificado e consciente, por meio de Jesus. E que, o que se escreve, vire palavras de VIDA no chão da existência. E, mesmo sabendo que, ainda que nos calemos, podemos descansar em paz pois as pedras, os mares e as nuvens clamarão.

Abs,

Anônimo disse...

Regina ,
Como opinei em um blogue, sei que a placa de igreja não salva ninguém; é a Graça do Filho de Deus no coração , o conhecimento e a prática dos seus mandamentos. . Placa não garante a salvação , mas onde estiver o Espírito Santo operando com livre curso , e a obediência do homem aos seus conselhos , sim! Jesus está me ajudando na evolução do meu espírito , e um dos meios é através da Sua Palavra , enviada pelo Seu Espírito. Conheço a Sua voz; mais sei quando não é. Porisso , temos que pedir sempre , o dom de discernir. Cada alma está num nível diferente de crescimento , e Deus trabalha de formas diferentes com cada uma. Porisso , cada um sabe o segredo que existe entre si e o Seu Criador ! È algo muito íntimo e o seu Criador , que outrem não é capaz de penetrar... somente o Seu Espírito. Deus conhece o gemido de nossas almas, e nos atende conforme a nossa necessidade; às
vezes , nem nós mesmo a conhecemos. Basta eu olhar para trás: Ele tem me ensinado , no lugar do "eu" colocar o "nós" , tem me ensinado a amar, a perdoar , enfim está mudando os meus pensamentos , e consequentemente os meus sentimentos. Embora , a carne sofra , devido a essa renúncia , dentro de mim , está brotando uma alegria , como nenhuma igual : a do espírito. Porque nossa alma almeja as virtudes do nosso Pai celestial a imagem à sua semelhança. Quer despir-se de tudo que é carne ; isso sim é jugo pesado , é opressão... Minha alma jubila com todo esse conhecimento; com novos aprendizados , pois ainda tenho muito que aprender! Às vezes tenho recaída , mas, O Senhor com sua infinita misericórdia , me ajuda a se levantar! Porisso "sou Feliz" ! sua irmã Sonia M. Flores Abs

Regina Farias disse...

Então, Sônia...

Ter essa consciência de que placa denominacional não salva ninguém, já um grande passo para se livrar da idolatria pelo suposto endereço fixo de Deus aqui na terra.

Daí ‘A Palavra’ não estar confinada nesses lugares onde existem as tais placas mencionadas. O Espírito de Deus é livre para agir onde, quando e como quiser. Ele age ‘até mesmo’ dentro desses locais.

Inclusive, o ajuntamento, a comunidade cristã, o local de encontro de pessoas que professam a mesma fé em Jesus, SÓ TEM SIGNIFICADO se essas mesmas pessoas que ‘louvam’ coletivamente, louvarem individualmente no seu cotidiano, sendo sal e luz lá fora, na vida prática.

Isso, para mim, é praticar os mandamentos de Deus.

Como você bem coloca, saindo do nosso ‘eu’, do nosso egoísmo, do nosso comodismo, das nossas conveniências, das nossas ‘razões’, em função do próximo. Por isso que ‘a carne’ sofre, como diz você. Porque somos resistentes a isso. E é apenas essa mudança que Deus requer de nós, e que está no nível do nosso caráter, do nosso coração, dos nossos conceitos e valores.

O mais é exigência religiosa/denominacional.

E que bom termos ainda muito a aprender. Sim, pois que é um processo constante e sem fim. E a melhor parte é contar com o amor e a misericórdia de um Pai que conhece todas as nossas limitações e mesmo assim nos ama e cuida de nós.

Meu carinho,

R.