"NÃO EXISTE NENHUM LUGAR DE CULTO FORA DO AMOR AO PRÓXIMO"

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domingo, 3 de março de 2013

Jesus e as Escrituras.





Paulo nos diz que a letra mata*. Mesmo que seja letra da Escritura. Que o exercício que tenta ver mágica de revelação na exegese, é tolice. Prova disso é o modo como ele usa as Escrituras do Antigo Testamento. Ele diz que qualquer interpretação que não seja via Encarnação, ou seja: centrada exclusivamente em Jesus — é engano religioso que presume ler tudo o que foi dito como interpretação correta.

Como poucos, Paulo entendeu que o Evangelho era Jesus e que Jesus era o Evangelho; e que tudo o mais que tivesse havido e sido escrito antes, como ‘Escritura’, agora, depois de Jesus, depois da Encarnação, depois de Emanuel, Deus conosco — teria que ser submetido ao espírito de Jesus, ao espírito do Evangelho. Pois, na Velha Aliança se poderia invocar a Deus para que mandasse fogo do céu para consumir os adversários. Mas, em Jesus, a mesma ideia antiga de poder espiritual, fora completamente banida, repreendida e abominada por Ele, que, ante tal proposta de piedade perversa feita por Tiago e João, apenas respondeu com a seguinte afirmação: ‘Vós não sabeis de que espírito sois’.

Toda Escritura é inspirada por Deus e apta para o ensino, a correção e a educação na justiça — dizia Paulo; embora, ao assim dizer, não transferisse para as Escrituras nada além do poder de testemunhar Jesus, no que - e se - ela desse testemunho de Jesus; posto que, para os apóstolos, o testemunho de Jesus era o espírito de toda a profecia; ou seja: a finalidade de toda a Palavra escrita era ser testemunho da verdade dos fatos do encontro entre a humanidade e Deus, e, depois, entre os hebreus e Deus, e, ainda depois, acerca de Israel como nação e Deus como o Senhor das nações. E, em Jesus, o testemunho que não se poderia entender antes de haver Encarnação. Por isto, para Paulo, Jesus era a Chave Hermenêutica para a compreensão das Escrituras.

Assim, em Jesus, se tem a separação nas Escrituras de tudo quanto fosse circunstancial, passageiro, cultural, histórico, necessário ao tempo, de um lado, e, de outro lado, tem-se o que é permanente, o que é definitivo, o que é eterno, o que é Evangelho antes da manifestação histórica do Evangelho.

Depois de Jesus, a Bíblia é a coletânea de livros nos quais se pode encontrar o testemunho histórico/profético acerca de Jesus, mas não se tem nada, além disso.

Por exemplo, depois de Jesus a leitura se inverteu. Já não se lê as Escrituras em busca do Messias, mas, a partir do Messias se lê o todo das Escrituras; visto que, depois de Jesus, tudo quanto não seja Evangelho segundo o espírito de Jesus, ainda que esteja escrito na Bíblia, caiu em estado de obsolescência e caducidade.

Sim, Jesus é tudo; e quem não considere Jesus assim, ainda não entrou no reino do entendimento segundo Deus. Este é um fato ante o qual não há barganhas a propor. Ou é assim ou, então, ter-se-á tudo com a grife Jesus, mas de Jesus mesmo não se terá nada.

Há, todavia, aqueles que se escandalizam quando digo que Jesus é o Único Verbo, a Única Palavra Eterna; e que o mais, é testemunho humano, inspirado; sim, testemunho dessa esperança ou dessa fé, mas não é nada além disso. Visto que em Jesus, e não na Bíblia, é que estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Sem tal visão tudo é idolatria. Sim, a Bíblia vira ídolo, as Escrituras ficam maior que Jesus, e as doutrinas da igreja se tornam a etiqueta comportamental de Deus, conforme definida pelos homens.

Ou seja: porque deixou de ser assim é que herdamos a desgraça do Cristianismo de Constantino, que é o que se tem como igreja e crença em Jesus até hoje, mas que nada tem a ver com o Evangelho; posto que tudo tenha sido construído a partir da Bíblia como livro e dos ‘mestres’ como decodificadores da revelação; e, em tal caso, Jesus tinha que se harmonizar com o todo da Escritura, e não a Escritura se harmonizar a Jesus.

Para os apóstolos, no entanto, se requeria a coragem de deixar de fora tudo quanto não coubesse mais, ante o avanço revelado da vontade de Deus encarnada em Jesus. Esta é a coragem de ruptura que também se demanda de quem quer que queira tornar-se discípulo de Jesus, e de Jesus somente. Você tem outra pretensão?

Ora, nossa única pretensão deveria apenas ser o tornarmo-nos cartas vivas, evangelhos de carne e sangue, epístolas de reconciliação, escrituras feitas de inscrição no coração. Sim, pois em Jesus, tanto como promessa feita pelos Profetas, como também mediante o Seu próprio Prometer aos Seus discípulos — está dito que todos os que Nele cressem seriam evangelhos andantes, cartas hebreias em sua mobilidade no caminho. A ponto de Paulo declarar que nosso chamado é para sermos cartas vivas, escritas pelo Espírito do Deus vivente. Cartas essas vistas e lidas por todos os homens, mediante os nossos atos de amor e nossa visão tomada pela mente de Cristo, que é o Evangelho.

Doutrina certa segundo Jesus é vida vivida em amor.

O que passar disso é Cristianismo, não Evangelho!

Pense nisso!

Na íntegra AQUI

* No contexto dessa passagem, Paulo está criticando os ritos e cerimônias utilizados como significado espiritual.

"Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, 
e são elas mesmas que testificam de mim. 
Contudo, não queres vir a mim para teres vida". 
(CF Jo 5:39.40)

2 comentários:

HP disse...

Uau.

É do Caio né?

Que porrada perfeita. Sem Jesus viramos fariseus do século 21 mesmo.

Ou Jesus é tudo ou ele é nada. Simples assim.

Por vezes me peguei pensando sobre idolatria sobre a Bíblia, mas nunca achei uma definicao a respeito.
O Caio foi no ponto. Sem Jesus a Bíblia vira idolatria. Que sacada genial.

Re, brigado por compartilhar essa. Minha semana comecou bem. E que venha mais!!!

Que Cristo cresca em nós!!

Abraco sister.

Regina Farias disse...

HP

Então...

O C.F. tem esse dom, de desmistificar com propriedade.

Infelizmente nem todos alcançam. E não por não serem inteligentes, mas por preferirem permanecer na moldagem que lhes fizeram. Fica difícil até para iniciar a leitura, quanto mais para digeri-la, tamanha é a resistência, a preguiça mental e espiritual, o tal 'acostumar-se' em receber o pacote já prontinho.

É igual ao comentário da irmãzinha lá que diz - não sei se por pretensão, tolice ou acomodação religiosa - não precisar de um soco nos seus velhos conceitos, se achando completa e pronta.

Ora, todos nós precisamos desse soco todo santo dia! Nossa natureza humana tem uma tendência terrível para se engessar, se acomodar, seguir convenientemente a cartilha.

Sim, porque seguir o Evangelho dá trabalho ao ego, sair do si-mesmo requer deixar de mão uma série de hábitos traduzida em performance que a religiosidade esconde muito bem e que chamamos de falsa piedade, tão abominável ao Jesus que tanto 'professam'.

Eu que estava precisando reler isso! (E o engraçado é que eu não fucei o site do C.F. Vi no blog de um amigo 'casualmente').

E que venha mais desse Deus que age na casualidade!

Para que Cristo cresça em nós! :)

Abraço, 'brow' rss