Muitos de nós conhecemos apenas as
narrativas do Evangelho. Mesmo sabendo Quem é a Verdade, estacionamos lá naquela
parte do acontecimento da crucificação sem realmente crer na Cruz de Cristo.
Seguimos fielmente determinados simbolismos. Rejeitando uns e idolatrando outros. Por exemplo, a emblemática cruz, como simbolismo religioso nas igrejas e nas catacumbas, chega a ser tenebrosa para alguns denominacionais. E isso, porque aprendemos desde a infância, a associar cruz à morte, prosseguindo com esse equívoco durante toda uma vida adulta fortemente induzida pela 'crentice' religiosa. Uns ainda, mais fracos, sugestionáveis e supersticiosos, chegam a acreditar que o tinhoso está por trás de qualquer figura que lembre uma cruz. E não que uma cruz - ou qualquer outro objeto - tenha alguma força em si, boa ou ruim. Mas se for para ser analisada pelo simbolismo, cruz vazada nos remete ao Cristo ressurreto.
Continuamos insistentes com a tradição cultural e religiosa que os judaizantes e os católicos imprimiram fortemente nas nossas vidas. Acrescentando simbolismos convenientes à denominação como componente necessário ao ritual religioso. E, como no passado, continuamos falando de Deus como se Ele estivesse longe, quase ausente. Um ídolo a ser adorado, mas distante. Um ídolo que nos impõe um kit religioso para que estejamos com Ele e Ele conosco.
Nossa confissão é de crendice religiosa
coletiva e nunca da fé individual que nos dá a certeza de que somos aceitos individualmente
pelo Senhor e Redentor que diz ‘o meu justo viverá pela fe’.
Seguimos uma interminável lista de ‘não faça isso’ ou ‘faça aquilo’ quando Jesus nos diz, claramente, que isso tudo é bobagem inútil e vã e que o mal está é no coração.
Seguimos uma interminável lista de ‘não faça isso’ ou ‘faça aquilo’ quando Jesus nos diz, claramente, que isso tudo é bobagem inútil e vã e que o mal está é no coração.
O mais curioso de tudo é que
preferimos abraçar a causa do pacote coletivo, fingindo que está tudo bem
externamente, enquanto intimamente nos falta crer que Jesus pagou o preço dos
nossos pecados. Repetimos, coletivamente, que Ele morreu pelos pecadores, mas
sozinhos, isoladamente com as nossas crises existenciais, não temos a paz que
Ele nos deixou quando morreu e ressuscitou por cada um, individualmente.
Jesus não quer ser apenas o
Salvador do mundo, Aquele que tem misericórdia dos pecadores. O benefício da
nova e eterna aliança terá que ser experimentado individualmente. No cotidiano.
Nas circunstâncias. Nas crises. Nas dificuldades. Nos relacionamentos. Porque
assim fomos lavados e assim vamos sendo curados. Assim nos desarmamos e nos colocamos por inteiro diante da Graça que
já lavou todos os nossos pecados.
Mas preferimos viver um eterno e
cansativo ritual religioso. Uma penitência herdada do catolicismo que nos acusa, nos pune e nos limpa (?) com sacrifícios grupais. Em horários programados e diante
do oráculo. Sacrifícios que remontam a antiga aliança de Deus com os israelitas (e seus acréscimos!).
Pequenos holocaustos forjados pela religiosidade que nunca entendeu o
Evangelho.
Afirmamos como em mantra que Deus
é juiz. Com pavor do dia desse tal juízo, sem percebermos que esse Dia já
aconteceu. Que o julgamento tão temido é daqueles que não quiseram a salvação
oferecida graciosamente em Cristo. Sim, pois o que crê não será julgado e o que
não crê já está julgado. Essa culpa neurótica e o juízo do si-mesmo impostos pela religiosidade, nos impedem de enxergar que Jesus
cumpriu na Cruz todo o juízo. E nada poderá nos separar do amor de Deus.
Estamos tão acostumados com os
rituais e as cerimônias que passamos a acreditar que arrependimento é deixar de
fazer ‘certas coisas’ e, no domingo na igreja, ir à frente e dizer aos irmãos
que agora sim, estamos agradando a Deus. Como vi no filme 'Coração de Pescador' ninguém descobre nada vomitando palavras de catecismo.
Enquanto os demais aplaudem nossa
mudança linda porque não estamos mais indo para as baladas beber até cair, não
percebemos em nós mesmos a mudança pra valer. A mudança que ocorre com o
arrependimento. Arrependimento que nos traz a paz que se instala no peito e promove a confiança Naquele que
nos acolhe e diz: está consumado. Aquele que nos diz que, Nele, o céu começa
aqui. Ele que nos ensinou a orar de maneira correta, ‘venha a nós o Teu Reino’,
indicando que o reino de Deus está dentro de nós.
Quem está em Cristo não teme
julgamento pois já passou da morte para a vida.
O resto é crendice religiosa que
neurotiza.
RF.
'A Crucificação foi um evento histórico.
A Cruz é um poder existencial
apropriado pela fé que descansa confiantemente em Deus'.
2 comentários:
"o Céu começa aqui."
Simplesmente lindo.
Como é bom sentir a "paz com Deus", paz que excede o entendimento, pois muitas vezes estamos num turbilhão, mas mesmo assim temos paz Nele.
Bom final de semana sister.
Abraço!
HP,
O que eu acho mais incrível nessa relação com Deus, nessa Sua maravilhosa fidelidade e infinito amor, é justamente essa paz em meio ao caos. Impressionante!!! Constrangedor - diria Paulo.
Bom fds pra ti tb e pra essa família linda!
R.
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