Uma das melhores ferramentas que
há - no sentido de colocar abaixo a ditadura
da língua culta, estática, fria e inexpressiva - é a figura de linguagem.
Figura de linguagem é sempre
enriquecedora. E sempre atualizada.
E isso, porque a língua é dinâmica. E a figura de linguagem – entre suas
inúmeras utilidades - serve ainda de excelente recurso quando se quer lançar
mão de expressões não convencionais.
O fato de não ser erudito, clássico
e formal, não torna um texto menos sério, menos importante, menos comunicativo
nem, tampouco, com menor riqueza literária. Ao contrário! As figuras de
linguagem sugerem criatividade, expansão e liberdade, aumentando assim os
espaços e as possibilidades para enriquecer o texto e para se enriquecer com a
leitura do mesmo.
Usando figuras de linguagem, não
apenas assimilamos melhor os textos literários, como nos desarmamos, tornando-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. Observando com um
pouco mais de atenção, percebemos que estamos SEMPRE nos deparando com essas
figuras. Não são poucas as vezes que as identificamos em diversos momentos de
nossos diálogos, seja de forma oral ou escrita.
A propósito, há um equivocado gueto pseudo-intelectual que
classifica de ‘errado’ e pobre o
texto em que se emprega palavrão, gíria e termos mais simples ou populares. Eu,
particularmente, chamo isso de preconceito e pedantismo. Ora, termos e expressões não são estáticos nem donos do pedaço! Eles passam. Caem em
desuso. E os que ficam são excelentes
instrumentos de comunicação conforme o contexto naquela circunstância e naquela
época específica.
Surgem sempre novos termos. Novos
significados são dados a antigos termos, vocábulos antes considerados pesados ganham novo sentido e passam a dar ênfase satisfatória ao que se quer
expressar... Tudo isso, sempre no intuito de transmitir os mais diversos
conhecimentos, onde as pessoas compartilham valores e conceitos de forma
profunda e sincera, aprendendo, ensinando, corrigindo e corrigindo-se, em
constante enriquecimento mútuo.
‘Figuras de linguagem são certos recursos não convencionais que o escritor
cria para dar maior expressividade à sua mensagem’.
Marca de produto é rica ferramenta para exemplificar uma
determinada figura de linguagem. É que, de tanto fazer uso do produto, findamos
por esquecer o nome do produto, substituindo-o pela marca. E quanto mais aquele
produto nos satisfaz, mais nos distanciamos do seu nome real.
Por exemplo:
Todo santo dia eu tomo meu nescau
e meu danone, dou uma lida em Luís Fernando Veríssimo, esfrego a pia com bombril,
faço espuma com dove embaixo do chuveiro, passo nívea no rosto e uso cotonete. Ah,
e evito usar gilete porque tenho alergia e também porque me corto... Aí uso band
aid. Vou ali comer meu McDonalds, mas antes darei uma leve borrifada do meu CK One,
e colocarei sundown no corpo, porque o sol não está de brincadeira.
A tais substituições damos o nome
de METONÍMIA:
'Figura de linguagem baseada no uso de um nome no lugar de outro, pelo
emprego da parte pelo todo, do efeito pela causa, do autor pela obra, do
continente pelo conteúdo'.
Precisamos ter o máximo de cuidado,
entretanto, para não confundir metonímia
com metáfora, pois a primeira só é notada quando atentamos para o contexto
e, a segunda, é de teor comparativo.
Entendemos melhor essa diferença
com a seguinte definição de METÁFORA:
'Figura de linguagem que consiste em estabelecer uma analogia de
significados entre duas palavras ou expressões, empregando uma pela outra'.
Ou seja:
Não confundir com METÁFORA, cuja
característica é de analogia. Há uma
comparação entre duas coisas essencialmente diferentes, a fim de sugerir uma
semelhança.
A metáfora bíblica empregada nas narrativas do evangelho é excelente instrumento para revelar a
natureza de Deus. Assim como, para que nos seja comunicado a respeito do Seu amor e do Seu cuidado. Por
meio de exemplos simples, e, portanto, facilmente compreendidos por todas as pessoas.
Jesus foi o MESTRE (redundância
rss) das metáforas! Utilizando-se de vocábulos, Ele construía suas metáforas
de modo perfeitamente adequado, posto que pertinente ao contexto em que vivia
nos Seus dias missionários. Todas relacionadas às questões existenciais daquele
cotidiano. E, diga-se de passagem, vinculando-as
todas ao Reino que se inicia aqui na Terra.
Alguns dos vocábulos usados largamente em Suas metáforas:
Água, sal, fermento, luz, grão de
mostarda, joio, trigo, vinhas, vinho, pescador, ovelha, rebanho, pastor.
Mas veja bem. Jamais diga que vai
aproveitar os exemplos acima para ‘levar o Evangelho’. Não cometa esse erro!
Afinal, Evangelho não se leva. Evangelho se vive, se experimenta no chão da
existência. E assim, dele, se dá testemunho.
Como diria Agostinho de Hipona:
'Pregue o Evangelho. Se necessário, use palavras'.
Vou ali tirar uma xerox deste texto...
RF.
RF.
(O texto acima foi inspirado em um diálogo em sala de aula ontem à noite...)
4 comentários:
Sister,
Eu pensei que esse texto era sobre a Bíblia Freestyle...
Gostei!
Abs!
HP,
Rpz...
Em relação à Bíblia Freestyle rss
Como sou anti-convencional em tudo, não me escandalizo com as pessoas que ousam sair do convencional colocando, não suas próprias interpretações, mas seu jeito particular de se comunicar, ou de comunicar algo, seja de forma oral ou escrita.
Aliás, próprias interpretações e principalmente os tais acréscimos, eram criticados com veemência por Jesus, e isso quem fazia eram os líderes, os doutores das leis religiosas, os sábios escribas e os fariseus, invalidando a Palavra de Deus pelas tradições que transmitiam.
Vejo aí duas situações diversas...
Lembro-me de que, uma vez, um pregador surpreendeu a todos os ouvintes quando, em pleno culto, chamou uma simples dona de casa para subir no púlpito e dizer com as próprias palavras, o que ela entendeu de determinada passagem bíblica. Ela, então, com toda naturalidade, fez um breve, simples e claro relato, com suas próprias palavras, sem qualquer sombra de rebuscamento ou grandes explicações teológicas. E nem por isso deixou-se de entender a mensagem do texto.
Acho que é por aí...
Abs,
R.
Quer o suprasumo da incoerência?
Ouvi dizer que "certa denominação" quis modernizar o livro de cânticos porque havia, entre vários motivos, palavras antigas, difíceis de pronunciar e de interpretação dúbia.
Modernizaram o livro de cânticos. Daí eu me pergunto, o porquê do arrepio em querer sair da Versão Almeida de 1962 e não adotar a Nova Versão Internacional ou a Almeida com Português atual?
São anacronismos interessantes, não. É rir pra não chorar.
Abs!
Bem, se tiver tudo a ver com Marcos 7.13, essa conveniência de 'modernizar' é de chorar.
Outra coisa que eu não entendo (já q vc citou) é essa idolatria pela versão Almeida. Não sou contra, minha bíblia é 'versão Almeida revista e atualizada'. Só acho que há certo fanatismo e as pessoas nem entendem essa 'revisão'. Não sei pq mas só associo aos hinos que alguns juram de pés juntos serem criados pelo Espírito Santo (nem dizem que foi inspirado!)E ainda o mesmo fanatismo de que o espírito de Deus 'se manifesta' por meio de líder tal. E muitos outros acréscimos - diria Jesus.
Afff é assim que se desvia do texto rsss
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