
Início de tarde de 18 de dezembro de 2012. Chegada em Nova York totalmente inusitada. Experiência única. Tatuada no coração. Sem foto ou narrativa que traduza beleza ímpar. Esforço grande em tentar
passar o que se vivencia em férias desse naipe, daí a teimosia em colocar no papel. Coisas de quem ama escrever... (E de quem gosta de atender a pedidos rss)
Quase 40 dias de emoções. Surpresas. Encantamento.
Primeiro,
bora combinar que não avistar a bagagem na esteira não é bem uma surpresa legal. Foi quase uma agonia. Parecendo ter vontade própria, ela (a mala) decidiu na conexão do Panamá ir até Orlando, sem avisar, achando que ia me tirar do salto. Ledo engano. Tirei de letra entrando em uma
store. De pantufas a escova de dentes, me brindei com umas comprinhas inesperadas. A agonia virou alegria. Sem bagagem, mas nada que tirasse o misto de emoção da ansiedade da chegada e a concentração no encontro com meu filho. Algo mágico que incidente algum conseguiria jamais apagar.
Aquele reencontro em lágrimas pela 'perda' da mala e pelo abraço tão esperado e, logo depois, o famoso café do Starbucks (arghhh forte rsss)
A correria no trânsito de NYC, saindo do JFK para deixar Klênyo (amigo de Leo) no La Guardia (dois extremos) em meio às habituais piadas de quem não perde o humor pra nada.
Semana seguinte:
Passeio em NYC- Um dia inteirinho de caminhadas em lugares os mais diversos. Com direito a
pit stop pra tomar chocolate quente no Central Park apreciando o povo esquiando e a parada inevitável no McDonalds no
caminho para a Times Square.
Eita Nova York que me pegou de jeito! Já conhecia cidades deslumbrantes mas esse lugar é particularmente apaixonante. Voltei lá outras vezes. Cidade viciante rss Encanta-me a sua beleza estonteante, suas paisagens naturais, suas pontes gigantescas e edificações suntuosas.
A experiência mágica de enxergar o belo nos cento e oitenta graus do Empire States ou na leveza romântica de um bondinho por sobre uma ponte dourada.
Os pacotes enxutos e práticos transportando aos mais variados sonhos e magias que variam de visitas em parques, museus, estações de esqui e cassinos. A magia do teatro, os shows que resistem a décadas, as lendas vivas do rock, do blues e do jazz. Um parque que parece não ter fim assim como tantas outras atrações que não dá tempo para se apreciar...
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Mas tudo isso não me encanta mais do que as pessoas. Local de convergência das maiores divergências em perfeita harmonia. Afinal, conviver diariamente com muitas diferenças, muda a mentalidade. A diversidade encontrada provoca um choque de comportamento no provinciano ao se deparar com o apinhamento de pessoas de todas as classes sociais. Gente diferenciada, classes diferentes, gostos e idiomas diferentes, cheiros diferentes, cabelos diferentes, roupas diferentes, cores diferentes. (Con)vivendo em democracia que culmina naturalmente em tolerância de tão repetitivo convívio. Pelo menos essa é a ideia...
E agora que já acertei o caminho, vou curtindo a saudade do meu filho, (re) vendo as fotos, lembrando com carinho todos os momentos que passei ao seu lado e, lendo de vez em quando, a carta que ele me escreveu logo que retornei.
Eis uns fragmentos dela:
Desde que a sra viajou que eu venho tendo lembranças
contínuas em minha mente.
Do dia em que nos reencontramos no aeroporto.
Do choro misturado pela perda da mala e o abraço de saudade.
(...)
Do voo cancelado de Klênyo e a correria no trânsito de NYC.
Do café do Starbucks (que a sra não gostou) pra passar um
pouco da fome de almoço vencido.
Da nossa vinda para Bridgeport e jantar/almoço no Mall, com
aquela comida chinesa.
Da sua primeira ida a sua segunda casa por aqui: a
Marshall's. Ahhh a Marshall's...
(...)
Do dia em que cheguei mais cedo e assistimos Em Busca de
Liberdade.
Da ida a Marshall's.
Da ida à Ikea.
Do burrito naquele dia frio em New Haven.
Do dia todo de caminhada em NYC (e o frio).
Do chocolate quente no Central Park apreciando o povo esquiando.
Do McDonalds mais para descansar do que para comer, no
caminho para a Times Square.
Da ida a Marshall's.
(...)
Do café da manhã no Ihop de Orange.
Das fotos naquele dia gelado na casa enfeitada para o natal.
Do nosso passeio na praia de Bridgeport.
Do nosso passeio pelas mansões de Westport.
Da ida a Marshall's.
Da nossa ida ao Mall de Milford.
Do nosso passeio no centro de Fairfield.
Da nossa ida ao Walmart de Shelton (a cidade do filme O
Massacre da Serra Elétrica).
Do dia que a sra conheceu nosso College em Norwalk.
Da ida a Marshall's.
Da visita ao Christmans Tree.
Da segunda ida a NYC para o encontro com o Tio Demóstenes.
Do trem perdido em cima da hora.
Dos incríveis passeios em NYC.
(...)
Do almoço no buffet chinês em Orange.
Do natal ao som de Gonzaguinha.
Do ano novo com vinho e fondue de queijo.
Do meu aniversário surpresa com a decoração impecável.
Da ida a Marshall's.
Das infinitas perseguições aos presentes e encomendas.
Da nossa primeira vez de jogos em cassinos e aquele passeio
mágico.
(...)
Das nossas idas à igreja.
Das músicas tocadas lá que marcaram muito.
Das nossas idas semanais à Laundry.
Da sua primeira experiência dirigindo nas ruas dos EUA.
Das nossas conversas sem hora para terminar, sobre tudo,
quase todos os dias quando em voltava do trabalho...
E a partir daqui eu quero lembrar do que mais ficou em minha
memória e em meu coração, que era te ver todos os dias quando eu chegava em
casa.
Outra, dessas coisas que me emocionam muito ao lembrar, era
o beijo de boa noite de todos os dias, que quando eu esquecia e deitava para
dormir levantava-me correndo ao lembrar, para não perder a oportunidade que
aquele dia estava me dando.
Dos abraços e colos no sofá daqui de casa.
Ouvir a sua voz todos os dias.
Ver seu sorriso tímido, ainda não adaptada ao ambiente.
Sua emoção ao ver a neve pela primeira vez.
E as vezes que eu ouvia da sra a frase "eu te amo"
com a resposta imediata de "eu também te amo".
É isso aí!
Não foram apenas férias, foram momentos que eu precisava
viver, sem ser egoísta na declaração, mas ser grato pela experiência.
(...)
Nos sentimos especiais por receber esse "visita"
que percorreu uma distância considerável, enfrentou o desconhecido em lugares
estranhos e incomuns, desafiou a diferença de línguas, superou todas as
expectativas, tudo isso para nos dar o prazer de tê-la aqui.
Parabéns por isso, por essa grandeza.
Te amamos demais, sem tamanho.
Eu confesso, choro quase todos os dias, desde que a sra se
foi.
Chorei feito bebê quando a sra viajou.
Conte sempre conosco, com a nossa amizade, apoio, verdade,
sinceridade, carinho, força...
Eu te amo e quero sempre repetir isso o quanto e enquanto eu
puder.
Um beijo bem grande e bem forte!
Que Deus te abençoe muito, pois Ele nos abençoou grandemente
com a sua vinda à nossa casa.
Te amo!
Seu filhinho,
Leo