Imagem cedida pelo Zé Luís |
Sabemos que muitos frequentam uma
igreja pela tradição familiar para ter uma 'garantia espiritual'. É a
história da confiança no 'templo do Senhor'. Outros passam a frequentar pelas
circunstâncias, mas desenvolvendo a mesma ilusão (para não dizer doutrina) da confiança no
templo, na denominação, no deus-denominação e no líder representante de Deus.
Vemos exemplos de pessoas de uma
mesma família se convertendo ao mesmo tempo a uma determinada denominação, geralmente quando estão vivenciando na pele um grande drama
familiar. Uma coisa a se pensar é que a curiosidade do fato fica por conta de
que os familiares que estão fora do contexto desse drama, fora dessa fragilidade emocional, quase nunca são influenciados.
Comigo aconteceu de ser influenciada apenas parcialmente; desde muito jovem cheguei a ser
metralhada de todas as formas com o velho proselitismo que perdurou durante anos e anos martelando na minha cabeça. E, apesar do terrorismo velado, meu senso crítico sempre
falava mais alto do que a pesada carga de medo e culpa impregnada nas profetadas que, eventualmente, eu ouvia. Eu creio que o
que mantinha certo equilíbrio era meu senso de questionamento desde garota, meu temperamento irreverente e 'do contra'; ainda
que de maneira bem intimista, debatendo com os meus próprios botões. Sim, pois eu sempre me perguntava, aflita, debaixo dos meus lençóis, que Deus
era aquele que me angustiava me oprimindo o peito e me adoecendo a alma em vez de
me fazer bem.
Quando me converti AO EVANGELHO -
há dez anos e totalmente FORA de qualquer muro religioso - ENCANTEI-ME com os inúmeros ministérios da
IECB e logo me filiei a ela, no afã e na imensa alegria da ocasião em trabalhar
nos tais 'ministérios'. Com a continuidade, fui
amadurecendo na fé e substituindo minha empolgação inicial pelo meu acirrado senso crítico que me fez esfriar em relação a essa coisa
de ministério. Passei a enxergar melhor o que se passa nos bastidores do
evangelismo programado e não concordei com o que vi. Não tem nada a ver com desilusão ou desânimo. Sou adulta e conheço a natureza humana. Eu não
quero é fazer parte de algo que não condiz com meus valores.
Vejo muitos dizerem que devemos
estar filiados, de carteirinha e tudo, que quem se furta a isso é porque não
quer ter responsabilidades na igreja e blá blá blá. Eu, particularmente, não
concordo com isso. Sou responsável para com o próximo, e não para com 'o
próximo' determinado pela organização igrejista. Da mesma forma que vejo
pessoas trabalhando nos ministérios para agradar, bajular, se projetar, ter
algum benefício próprio, deixando pra depois o 'zelo' pelo próximo. Como também
me enoja o apavonamento dos líderes que se alimentam desse comportamento fiel de
seus súditos.
É uma pena que muitos engessados religiosos acreditam que se alguém se pronuncia em sentido oposto ao da maioria, não está 'agindo com amor'. Está sendo agitador, perseguidor, rebelde, e mais um monte de adjetivações convenientes. Na verdade, essa 'maioria', foi induzida a falar assim sem questionar. Essa é a parte mais triste, pois fomos adestrados a abaixar a cabeça e nos submetermos às doutrinas estabelecidas desde que o mundo é mundo.
É uma pena que muitos engessados religiosos acreditam que se alguém se pronuncia em sentido oposto ao da maioria, não está 'agindo com amor'. Está sendo agitador, perseguidor, rebelde, e mais um monte de adjetivações convenientes. Na verdade, essa 'maioria', foi induzida a falar assim sem questionar. Essa é a parte mais triste, pois fomos adestrados a abaixar a cabeça e nos submetermos às doutrinas estabelecidas desde que o mundo é mundo.
Todos nós herdamos, fortemente, da cultura católica, no
sentido de recebermos o prêmio celestial se seguirmos fielmente determinadas
normas. Isso se disseminou de formas diferentes, mas idênticas na sua essência.
O tempo passou, as ramificações denominacionais surgiram
inevitavelmente, e o homem continuou fazendo vista grossa ao que Jesus alertou
acerca dos perigos das tradições, posto que são invenções dos seres humanos.
Pois, quando essas tradições entram em choque com as Escrituras, em geral, a primeira
reação é preservar o que foi criado pelo homem.
Sabemos que um calendário litúrgico varia de denominação
para denominação. Sabemos que esse calendário representa a sequência de
tradições empregadas pela Igreja Primitiva, como um meio de relacionar nossa fé
em Deus à nossa vida e atividades diárias. Ok, tudo bem. Entretanto, a questão
não é a tradição em si. Jesus observou os ritos judaicos. A questão está sempre
em torno dos vícios (hábitos, costumes) gerados e transmitidos por essa
tradição, INVALIDANDO a Palavra de Deus. Esse é o ponto.
Tenho acompanhado bem de pertinho a vida fundamentalista de alguns religiosos que eu tanto amo. Assisto- os viverem
na própria pele as consequências de doutrinas que vão contra o Evangelho. Entretanto, eles não têm força nem coragem para se pronunciar e, muito menos, migrar para
outra denominação. Sei lá, sair daquela prisão, daquela opressão, dar o grito de liberdade, ser feliz de verdade. A forte impressão que me causa é que reina uma
crença maluca sobre salvação eterna estar ligada a uma Nova Jerusalém aqui na terra.
Por outro lado, tenho observado, por meio da internet, que as novas gerações estão se pronunciando e, mesmo
dentro das quatro paredes da igreja, estão colocando a boca no trombone e
deixando claro que não aceitam mais o pacote doutrinário que enfiaram goela
abaixo durante décadas. Nos meus comentários acerca disso em blogs de amigos eu sempre digo que, a princípio eu estranho um pouco, mas, no final admiro quem quer permanecer nela, confiante na correção desses
erros.
É como falei exatamente dias
atrás em conversa por e-mail com um líder dessa denominação cristã:
'Por tudo isso, eu admiro pessoas
como vocês. Porque ficaram no meio do furacão e não se neurotizaram. Mantendo a
lucidez e o bom senso. E melhor! Botando a boca no trombone pra arrumar a casa,
ainda que se expondo e dando a cara a tapa. Vocês sim, é que são corajosos, uns valentes diante de Deus. Não tenho a
menor dúvida de que tamanha autoridade vem do Senhor Jesus. Glórias, pois a
Deus, eternamente'!
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