Quando o Evangelho vai se
estabelecendo verdadeiramente em nosso ser, passamos a orar bem menos essa
oração determinada pelo denominacionismo, e, paradoxalmente, procurando sempre orar sem cessar. Pois, à medida que
vamos nos despindo da religiosidade imposta que nos cega e nos robotiza
coletivamente, a ficha vai caindo e vamos enxergando a simplicidade e a eficácia do Evangelho em nossa
vida prática. É quando começamos a aprender que não é para ficarmos o dia inteiro repetindo
petições/barganhas/súplicas direcionadas a Deus, mas tão somente compreender
que orar sem cessar (1Ts 5.17) nada mais é do que adotar um estilo de vida que reflete a
nossa relação pessoal com Deus. E, consequentemente, com o próximo, que nada
tem a ver com o irmão da mesma igreja, e sim, com o nosso semelhante, que
está acima de todas as regras religiosas, como diz Jesus, claramente, ao legalista religioso, na
parábola do samaritano.
No 'orar sem cessar' está
estabelecida uma conversa CONSTANTE com Deus.
E isso não é mágica nem tampouco
paranoia, fanatismo, obsessão... Pelo contrário! Isso é lucidez. Tenho aprendido que somente
quando desistimos da religiosidade imposta, passamos a entender que isso sim, é
estar pertinho de Deus. Mais que pertinho. Ligado. Conectado.
Nesse processo que é constante,
sem fim, interminável, pela renovação da nossa mente, sendo transformados de
glória em glória, não sentimos saudade do tempo de nossa meninice espiritual; seguimos em frente, deixando pra trás o que já não nos serve, desistindo das
coisas de menino, esquecendo das coisas que para trás ficam, como diria Paulo
em suas cartas.
Na verdadeira comunhão, há uma
conexão sem fim, uma adoração reverente na nossa vida prática, nas nossas
ações. É um 'estar' contínuo, independente de lugares físicos e sem que seja
necessário nenhum ato ou palavra pré-estabelecida pela cartilha denominacional;
não se trata de nenhuma obrigação ou momento programado como diz a música de
Gil 'Se eu quiser falar com Deus "TENHO QUE'... Ora, não tenho QUE nada! É
só falar com Deus e pronto. A alma é que tem que estar prostrada 24 horas por
dia! Quem tem genuína intimidade com Deus tem comunhão ininterrupta, e O LOUVA
de forma espontânea e sincera, sem as amarras da religião. E O LOUVA, não (apenas) com oração
feita e cântico programado, mas no cotidiano, na prática, nas escolhas, no modo
de ser, e pensar, e agir. É isso que honra a Deus e é disso que falo...
Por outro lado, há aquele
momento, geralmente nas madrugadas, que Ele próprio nos acorda com alguém em
mente, para orarmos por esse alguém. O mesmo Espírito Santo que ora por cada um
de nós com gemidos inexprimíveis, nos acorda no meio da noite pra orarmos por alguém... E ainda nomeia a pessoa! Ele, o Espírito de Deus, especifica, claramente para qual pessoa devemos orar. Depois é que a gente
vai saber quem e o porquê. E muitas vezes nem sabe, apenas cumpre. 'Mixxxxxxtério',
como diz, brincando, um colega blogueiro. Mas é mesmo algo inexplicável! E
assim é nosso Deus conosco. Apenas nos acalma o coração quando não entendemos
algo. Pois, de fato, só entendemos 'em parte'...
Não deixemos nossos encontros sinceros de oração, mas não façamos da oração um simples hábito. Façamos, sim, dos nossos hábitos, uma oração.
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6 comentários:
Eu amei o texto! Compreendo perfeitamente o que queres dizer! Vivo tudo isso!
Fui bem formada no evangelho, nunca fui religiosa e não me sinto presa a isso, mas como vejo pessoas assim e você expressou muito bem tudo o que penso a respeito de oração.
Obrigada pela mensagem!
Fique na Paz de Cristo.
Carol (http://carolcarrilhotavares.blogspot.com.br/)
Carol,
Já comigo foi diferente, pois passei por um processo bem interessante de desconstrução duas vezes. Nascida católica, praticamente dentro de convento, estudando em colégio de freira e circulando em meio eclesiástico com frequência, desde menina nunca me rendi à adoração de imagens, romarias, promessas e tantos outros rituais religiosos tão inúteis que só tem a ver com crença e jamais com fé. Aí, dez anos atrás, convertida ao Evangelho de Cristo comecei a entrar sutilmente (sim, pq a coisa é sutil e gradativa, vc não percebe que está sendo moldada pela religiosidade) na onda cerimonialista do evangelicalismo em outra versão, mas que eu rejeitava no catolicismo e quando vi já estava participando dos mesmos ritos...
Mas eu sei que fez parte do processo e o importante é seguir em frente, evoluindo, amadurecendo, o que não significa que a gente não vacile, não erre, não caia. Isso tudo ta incluindo na caminhada do Caminho...
Somos sustentados pela graça e pela misericórdia de um Pai que nunca desiste de nós, mesmo quando nos distanciamos DELE, preferindo os atos mecânicos da religião...
Regina,
Quem diria que um desabafo meu daria um post tão enriquecedor teu. "Mixxxtérios!"
Que Deus te abençoe por nos brindar com essa brilhante reflexão.
Na paz,
Henrique
É bispa, fica difícil acrescentar algo... Você sabe muito bem como eu também vivo desta forma, ou seja: fora da "forma" (assadeira, etc)...
HP,
Uso com frequência dessa 'ferramenta' rsss
Desabafo gera desabafo :)
Abs...
JC:
Então...
A tal da forma (com acento) é que nos assa ah ah ah ah trocadilho horrível!
Valeu!
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