"Então, vi que
TODO trabalho e TODA destreza em obras
provêm da INVEJA do
homem CONTRA O SEU PRÓXIMO.
Também isto é vaidade
e correr atrás do vento".
Este versículo acima (caps meus)
faz parte do capítulo quatro do livro de Eclesiastes, onde o sábio, por meio de suas
próprias experiências (então, vi...) enfoca o valor do trabalho em equipe, da
cooperação, do companheirismo, da amizade, da comunhão com os outros.
Ressaltando que o objetivo
egoísta de 'se dar bem', ter fama, popularidade e trabalhar muito apenas para
obter mais do que os outros é um impulso fútil e que não tem nenhum valor em
si. "Nem mesmo o prestígio proporcionará felicidade e contentamentos
duradouros".
.........
O breve comentário acima, eu fiz
há dois dias no Blog do Irlandês. Fala da INVEJA, esse descontentamento com o
que se tem, numa sociedade cada vez mais consumista que estimula a pessoa a uma
"escalada contínua em busca de algo melhor, mais fácil e mais
opulento".
Aí, numa espécie de sequência, lá
estava eu ontem lendo uma ‘Quem’ na sala de recepção do dentista de minha
sobrinha. É somente quando eu leio esse tipo de revista. (Abafa rss). Mas,
casualmente, e provando que se tira coisa boa de (quase) tudo, abri numa matéria que falava sobre a busca
frenética pela fama em detrimento de outros valores. Automaticamente, associei
ao texto do blog. É impressionante como isso sempre me acontece. Como se a
atestar um raciocínio anterior...
A reportagem era com a estonteante
Ana Paulo Arósio, mesmo com alguns quilinhos a mais e os cabelos esvoaçantes. Modelo e atriz que dominou altas campanhas
publicitárias, foi capa de revista constantemente e ainda participou de
‘Forever’ (1991 - Walter Hugo Khouri), marcando sua estreia no cinema.
Abandonando a carreira justamente quando escalada para protagonizar a personagem
Marina em Insensato Coração (2011), foi acusada por Gilberto Braga de ter
atitude anti-profissional. Ora, ela tinha suas razões pessoais e não cederia a
imposições globais que seduzem e induzem à obediência cega.
Eu já gostava dela, mas tornei-me
sua fã ao ler suas considerações. Palavras
sábias de uma linda mulher centrada, serena e firme nas colocações. Discorrendo
sobre esse lance do artista ter o glamour como obrigação, identifiquei-me
imediatamente com o que ia lendo. Ela falando dessa paranoia de você ter que
estar sempre bem, sempre cuidando obsessivamente da aparência, sem muito espaço
para a vida emocional. E arremata: ‘não
é apenas em função do dinheiro e da fama que a gente tem que viver’.
Há uma linha tênue que separa a
ambição saudável da competição invejosa. E, para isso, o meio artístico é campo fértil. Ora, como alude a mesma edição da citada revista, o artista é
flagrado em cenas da vida real na praia com familiares, correndo na orla
vestido com a camisa do seu time preferido, descalço no shopping porque o
sapato apertou, caminhando nas ruas com o filho vestido de super herói de sua
preferência ou fazendo caminhada com o(a) parceiro(a) nem um pouco conhecido, como qualquer mortal.
São (ou deveriam ser) pessoas
normais com comportamento normal. Entretanto, o que se percebe é que há sempre uma
resposta a uma cobrança de um público (não menos neurótico) que exige uma
postura ‘diferente’ por parte do seu ídolo. O ídolo, por sua vez, se apavona
com essa cobrança, sobe no salto e começa a se enxergar acima do bem e do mal. Veja,
por exemplo, a atitude arrogante da Rita Lee em show que lhe rendeu um senhor
processo...
O artista precisa estar sempre
lúcido, não ceder aos deslumbres para não sair do foco. Afinal, antes de tudo,
ele abraçou uma profissão cujos ‘ossos do ofício’ exigem constante concentração.
Ele não pode se permitir viajar na maionese achando que sua vida é só palco e
mídia, deixando que os holofotes o ceguem e incham o ego, confundindo os reais
valores da existência. Não é fácil, mas apenas em constante vigilância nesse
sentido, ele evita cair na cilada da mera competição
invejosa que garante sua popularidade. E não é que popularidade seja ruim.
Ruim é fazer disso o objetivo principal, pois que facilmente se esvai e logo se
é esquecido. Não é à toa que, há séculos, já dizia o sábio que ‘isso é correr
atrás do vento’.
2 comentários:
Isso! Bravo! Excelente Regina! bj
Valeu, Sônia! Beijão!
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