Há um risco enorme em se
distorcer completamente as palavras de alguém quando se coloca,
convenientemente, apenas uma
parte do que foi dito. Isso é
muito grave, seja em que situação for, porque, conforme o que adicionamos
quando vamos nos expressar, estamos levando adiante afirmações que podem
influenciar de forma perversa (per - verso : em caminho contrário,
do outro lado, do lado oposto) na vida de alguém porque não tivemos o devido
cuidado no manejo daquela palavra, acrescentando e
subtraindo conforme a nossa limitada compreensão.
Isso acontece com muita
frequência e nas mais diversas situações, causando toda sorte de males. Em uma conversa informal gerando fofoca, por meio de uma
(des)informação técnica culminando em erro
médico, num diálogo aparentemente despretensioso do cotidiano com pitadas
de malícia ou, simplesmente, levando adiante uma
notícia deformada e tendenciosa sem antes fazer uma checagem de sua origem e do seu contexto
geral. E, em relação às palavras de Jesus, não é diferente. Pegamos um punhadinho de versículos soltos e cometemos dois
sérios erros: primeiro o da pretensão de traçar o caráter de Jesus; e, segundo
- com esse perfil traçado - condenar as pessoas em Seu Nome.
E, assim, seguem os
judaizantes de hoje.
Continuando tão equivocados quanto a nação judaica antes de Jesus, que
acreditavam que o Messias viria para derrotar seus inimigos. E que reinaria a
vitória e a paz entre eles,
os supostos abençoadinhos que viviam se esforçando em performances para encobrir
seu coração perverso. Bem atual... Um 'povo eleito' completamente corrompido:
líderes aceitando suborno, sacerdotes ministrando com olho no benefício
pessoal, profeta fazendo comércio, oprimindo os pobres sem dó nem piedade. E
todos praticando RELIGIOSAMENTE, as regrinhas que lhe davam falsas garantias de vida eterna. Enganando
a si mesmo e aos outros com sentimentos religiosos de segurança, fazendo as
ofertas queimadas, com seus azeites e seus sacrifícios religiosos conforme os
cerimonialismos da época. Enquanto o Senhor dizia que não queria nada daquilo,
e sim, misericórdia,
humildade, justiça, obediência, enfim
tudo que estava faltando. E o profeta (Mq) falou de uma nova e eterna aliança
que Deus faria em breve, conclamando a todos - líderes e povo - ao
arrependimento sincero, pois a prosperidade havia endurecido a mente daqueles
que se equivocaram com as falsas seguranças.
Então, Jesus esclareceu o
que o profeta havia dito a respeito dessa onda de corrupção moral. (Lucas 12:
51.53) Porque os homens falavam em paz quando eles mesmos – o povo de Deus –
provocavam a dissensão e
imoralidade ética e espiritual, não
havendo um amigo sequer que se pudesse confiar, principalmente dentro da
própria casa, da própria família, entre os próprios componentes de seu
convívio. Reinava uma desconfiança geral na comunidade, refletindo em casa (ou
vice versa), onde filho desprezava pai, filha se levantava contra a mãe, contra
a nora e a sogra, mostrando que não havia confiança e amizade nem mesmo dentro
da própria casa de tão corrompido que o povo estava. E o profeta (Mq) já falava
dessa paz que haveria de vir, com restauração e bênçaos aos arrependidos
sinceros, referindo-se ao
nascimento do Messias e do Seu reinado.
Outro versículo que muitos
usam sem atentar para o pano de fundo do acontecimento:
'Tendo feito um azorrague
de cordas, expulsou todos do templo,, virou as mesas e disse aos que vendiam as
pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de
negócio'. (Jo 2:14.16)
Essa passagem é
emblemática, desencadeada pelo que vinha acontecendo há muito tempo no meio do povo
de Deus que havia se corrompido por completo. E, ali, Jesus presenciou os comerciantes vendendo ‘gato
por lebre’ enquanto o cordeiro imaculado era o único que servia para a queima e oferta. Estes desonestos estavam ludibriando os pobres ignorantes e oferecendo
cordeiros ‘manchados’, e isso - entre outras coisas - levantou a ira de Jesus.
Aliás, como se diz o jargão: foi a gota d' água diante do quadro que ora se
apresentava, considerando que o que deixava Jesus irado eram a religiosidade pretensiosa e a
falta de compaixão.
Alguns religiosos
inflexíveis confundem o caráter
de Jesus com a própria natureza e os pacotes doutrinários que eles mesmos estabelecem, atribuindo-Lhe um perfil 'enérgico e duro' para com os que não querem
seguir seus ensinamentos. Entretanto, as narrativas dos evangelistas nos apontam, claramente, que Jesus só era ‘enérgico e muito duro’ com os que se usavam do
nome de Deus para, fazendo-se de santinhos
e piedosos, explorarem os
inocentes. Jesus só era ‘enérgico e duro’ com aqueles religiosos que, cheios de
si mesmo, não agiam com misericórdia para com ‘os de fora’. Jesus era enérgico
e duro com os que se arrogavam mais espirituais. Jesus era enérgico e duro com
os que se assentavam nos tronos das sinagogas, enquanto suas vidas denunciavam
sua hipocrisia. Jesus era ‘enérgico e duro’ com os que comercializavam a fé. E,
aqui, o comércio não se limita apenas ao dinheiro; pois escravizar mentes por meio do terror e da opressão
também era e continua sendo um tipo de barganha
abominável a Deus, uma vez que causa enorme estrago na dimensão da mente e das
emoções. Em relação A ISSO o vocabulário de Jesus era inflexível e duro. E
continua sendo. Afinal, as multidões continuam ‘seguindo-O', dizendo-se Seus
‘servos’, exaltando Seu Nome. Seus lábios honrando Seu Nome… Mas seus corações
distantes DELE. Posto que próximos demais dos próprios acréscimos e decréscimos
religiosos invalidando a Palavra de Deus.
Finalmente – enfatizando a
colocação correta de um texto dentro do seu devido contexto – a murmuração dos judeus, associada a total perplexidade era porque Jesus apresentava-lhe uma
forma completamente diferente de tudo que eles já haviam vivido, de tudo que
seus antecessores haviam lhe repassado e que dizia respeito a suas convicções,
seus credos, seu formato religioso de adoração. ( João 6: 28.71) Igualzinho
como se vê hoje! As pessoas estão engessadas e presas a um padrão religioso
repassado ao longo do tempo e se escandalizam com o novo. E Jesus era a
novidade. O novo. O renovo! A Nova e Eterna Aliança em pessoa! Toda a segurança
que eles tinham estava sendo questionada, indo tudo por água abaixo. O que
Jesus apresentava-lhes era muito forte. Isso esmorece qualquer um. Sua
incredulidade partia de seu engessamento religioso, seus costumes, suas leis
religiosas que lhe garantiam o céu. Seu esforço pessoal, igualzinho como nos
dias atuais!!! Eles seguiam cerimônias da lei judaica que lhes davam segurança
(ilusória). Então Jesus chega e diz que não foi Moisés quem deu pão. E que ‘o
pão que desce dos céus’ (referindo-se a ele mesmo) este sim, é o pão que dá
vida ao mundo. Isso não tem absolutamente NADA a ver com ‘sã doutrina’
denominacional. Isso tem a ver tão somente com Jesus. E foi o que Ele disse de
forma contundente. Você vem ou não? Simples assim. Isso não tem nada a ver
com esforço pessoal, mas com fé, unicamente, não estando vinculado a ‘um corpo de doutrinas’.
Há um contradição terrível
quando se afirma que a salvação é misericórdia divina e ao mesmo tempo se dizer que é
necessário ‘MOSTRAR TODO MEU ESFORÇO’. Ora, nenhum esforço é capaz de
conseguir salvação. O sacrifício já foi feito. Agora é só descansar e crer no
que está feito. Ou então seguir com as próprias convicções religiosas. Jesus
não se surpreenderá mas também não lançará maldições. Ele esclarece - e
testa - como fez com o jovem riquinho ao aproximar-se d'Ele e
perguntar-Lhe ‘o que eu posso fazer’ para ganhar a vida
eterna. Jesus devolve a negociata sutil dizendo pra ele vender tudo e
distribuir com os pobres e depois voltar e segui-Lo. Ele foi embora e Jesus não
disse ‘volte aqui agora senão vou lançá-lo no fogo do inferno’. Jesus
simplesmente esclareceu deixando-o à vontade, mas ele não quis. Afinal, o que
ele queria era saber O QUE ELE PODIA FAZER para merecer a vida eterna. Naquele
eterno paganismo da natureza humana de que FAZENDO ALGO - um esforço, seja qual
for! - teremos um benefício em troca.
Não estou dizendo que não há juízo. E é óbvio que ele faz parta da história redentora. O 'detalhe' é que o juízo não é um atributo do homem. E, sim, uma forma de manifestação da reação de Deus à perversidade. Reação... De Deus! Ainda bem...
Não estou dizendo que não há juízo. E é óbvio que ele faz parta da história redentora. O 'detalhe' é que o juízo não é um atributo do homem. E, sim, uma forma de manifestação da reação de Deus à perversidade. Reação... De Deus! Ainda bem...
'Na Cruz, o juízo e a misericórdia encontram-se e ambos saem vitoriosos'.
Dirigiram-se, pois a ele, perguntando:
- Que faremos para realizar as obras de Deus?
Respondeu-lhes Jesus:
- A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.
(João 6: 28.29)
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