"Queremos a retirada de imagens de santos, pois elas representam apenas uma religião, e transformar os espaços públicos em templos ecumênicos", disse o pastor.O promotor afirmou que vai fazer uma audiência pública para avaliar o pedido, mas entende que a representação é coerente. "O símbolo da Justiça é uma deusa cega, portanto, todos devem ser iguais e ter os mesmos direitos. Todos esperam que o Estado seja laico. Se há figuras representativas de apenas uma religião nos espaços públicos, entendo que isso não ocorre com objetivo de agredir uma ou outra religião", disse Farias.Para ele, a presença das imagens sacras, principalmente em prédios da Justiça, faz parte da cultura do país.
"Estamos em um dos países com o maior número de católicos no mundo. É até natural que existam essas imagens de santos nos plenários, nos tribunais e nos fóruns. Vamos analisar a representação e ver o é possível ser feito para oferecer um espaço que contemple todas as religiões", disse o promotor.
-------------------------------------------------------------------------
Há muito tempo eu queria escrever algo relacionado a imagens e hoje me inspirei lendo essa matéria, pois convivo com muita gente exatamente assim com esse perfil e que se sente muito incomodada na presença de imagens ditas sacras (lat. sacru = sagrado); e o que sempre me intrigou foi esse incômodo extremamente visível, como se tais imagens tivessem o poder de alcançá-las com uma ação maléfica de forma contundente.
Tenho percebido que se trata de algo muito paranóico por ser diretamente ligado a um medo infundado cravado na alma por des-orientadores doutrinários, especialistas em manipular textos sem contextos e assim neutralizar/distorcer/anular/reprimir valores e convicções pessoais do seu rebanho, acendendo e/ou reacendendo crendices e superstições culturais e religiosas. Falo de cátedra, pois houve uma época em que prosélitos legalistas quiseram imprimir essa neurose em meu coração e eu não permiti, repudiando com veemência embora à época não soubesse bem o porquê. Nessa mesma época, uma amiga evangélica, dita bem informada, psicóloga, mas terrivelmente presa à doutrina denominacional, não usava vela de jeito nenhum, não tinha quem a obrigasse. Viajava tanto nos ensinamentos adquiridos na escola dominical, que já adulta podia faltar luz elétrica à vontade, mas a casa dela ficava no escuro! Afinal, vela é o povo católico que acende pra santo e Deus- a própria Luz- não precisa dela.
Tanta confusão naquela alma tão querida me intrigava e eu imaginava em que momento se deu o início dessa prisão voluntária a um ser essencialmente pensante.
Voltando ao texto acima, percebe-se claramente na colocação do próprio evangélico o reconhecimento de que o símbolo da Justiça é uma deusa.
Embora "cega" ... É uma deusa!
(Uma deusa grega mas nossa herança no Direito tem origem romana, vale lembrar.)
Porém essa deusa não incomoda... Por ser laica!
Inclusive ele até a aceita... Por ser ela imparcial!
Ainda que seja uma deusa representada por uma simbologia que remonta a mitologia grega... Pode reinar tranquilamente!
Eis o paradoxo!
Ora, se ela, enquanto deusa da mitologia grega, dita normas de direitos iguais, então ele - como porta-voz de um grupo específico - não estaria sendo confuso e contraditório em suas convicções e argumentações?
E também com aquela imagem - a imagem da deusa - não havia nenhum problema, pois estando ela vendada não incomoda? Sendo assim, é ele mesmo quem atribui vida às que não estão vendadas.?
Senão... Por que essas imagens em espaços públicos o perturbam tanto?
Ora, o bom senso me diz que se de fato, ele tem convicção de que tais imagens não representam nada, naturalmente ele as ignore. Simples assim.
Ou então... Que convicção é essa que se abala com uma simples presença inerte?
Não estaria ele mesmo vendado em sua própria alma?
São questionamentos que me trazem à memória situações flagrantes onde algumas pessoas se percebem visivelmente perturbadas com a presença de certas imagens, chegando a evitar/repudiar lugares com as tais. Aliás, o evangélico é radical, rígido, rigoroso, sempre seguindo a linha anti-católica que o coloca permanentemente de sobreaviso, julgando tudo como a clássica maldição ora resultante de ensinamentos legalistas.
Falo anti-católico porque é com a ICAR que ele se sente ameaçado, já que esta é a denominação que iniciou cultural e religiosamente a nossa sociedade. Ele é anti-católico, ou seja, não cultua as coisas ditas católicas, mas lê e aprecia livros espíritas, consulta tarô e numerologia, assiste e deleita-se quase com devoção assídua a novelas que enfocam adoração a deuses exuberantes que enchem a vista com suas belezas e atrativos coloridos. Se fosse para filtrar e reter o que é bom eu diria que viria de uma mente sã, mas tudo isso só acrescenta mais conflito, mais dúvida, mais receio e mais... Contradição!
É tanto, que a ênfase para o rótulo de evangélico no texto em questão me leva a constatar mais uma vez que os evangélicos se ofendem com tudo, os melindres estão sempre à flor da pele levando tudo para o lado pessoal, agindo como se o mundo estivesse o tempo inteiro conspirando contra eles em paradoxo desconcertante ao que dizem de si mesmos como irrepreensíveis e cheios de entendimento.
O que qualquer criança de seis anos entende claramente como reflexo de uma auto-estima extremamente avariada, em outras palavras eu diria ser fruto de uma alma profundamente adoecida.
No texto acima destaca-se o apelo de que todos esperam que o Estado seja laico, mas que reflete mesmo é o achismo de uma minoria que realmente acredita que ali estão imagens puramente religiosas que têm algum poder (no mínimo, o poder de incomodar sua visão assustada) quando tais imagens são mera arte sacra, fruto de uma cultura católica que, de fato, nunca perdeu a oportunidade de fazer a velha apologia velada e tendenciosa através da arte, mas que nada dizem à consciência.
Observe-se ainda que seu maior receio é ver lugares públicos transformados em templos ecumênicos.
Ora, são muitos os apelos.
Mas... e daí? Se titubeamos diante de qualquer ameaça nos firmamos em quê exatamente?
Por que esse receio? Ele não tem suas próprias convicções?
Afinal a fé não é fincada em nada que se veja ou em paredes que se pegue e menos ainda em nada absolutamente institucionalizado.
Ou será que o Reino que lhe foi pregado tem alguma aparência com o que Herodes temia perder?
Isso me faz lembrar o comentário sem nexo e total expressão de pavor que presenciei no rosto de uma denominacional convicta quando se atribuiu ao atual representante da ICAR em dia de ovo virado, a afirmação bombástica de eliminar as igrejas evangélicas da face da terra. Aquilo me intrigou e me fez perguntar a mim mesma onde estaria o Deus daquela mulher tão apavorada.
Portanto em vez de temer tanto essa iminente e perturbadora fusão, ele devia acalmar o coração e relaxar, pois que esse ecumenismo proposto é uma questão bem mais política não refletindo exatamente a sua consciência. Ou reflete?
O que eu vejo é que algumas denominações tendem a doutrinar os seus fiéis de forma equivocada e perigosa, colocando a velha canga do proselitismo, induzindo-os a não pensar por si e fazerem acreditar que o mundo (citado metaforicamente por Jesus no NT e pelos autores das cartas) é um espaço físico.
Seria interessante/urgente ele rever os ensinos e doutrinas que lhe foram impostos para, a partir daí reformular conceitos e definições que o levaram a tanta neurose. Sim, porque o Evangelho da Graça é para nos proporcionar a plenitude que nos leva a experimentar paz e serenidade em meio às diversidades com as quais convivemos e não para formar cidadãos covardes que tremem diante de imagens.
A aliança que Deus fez com o homem por meio da Cruz nada tem a ver com essa entrega maluca; essa entrega cega ao deus-denominação que oprime e destrói a essência do ser, levando-o a experimentar emoções, arrepios e sensações esquisitas que enganam o próprio coração, angustiando-o.
Ora, aquele que crê descansa no amor de Deus!
E a paz que excede todo o entendimento instala-se em seu coração de tal maneira que toda angústia de ser-e viver-e estar em meio a imagens ameaçadoras é substituída pela alegria e serenidade de se saber que se vive, não em consciência coletiva cauterizada que distorce e asfixia, mas conforme A Verdade que liberta.
RF